FEED FORWARD #31 SETEMBRO Coaching, a arte secreta de convidar a Felicidade

Transcrição

1 FEED FORWARD Coaching, a arte secreta de convidar a Felicidade #31 SETEMBRO 2014 Alexandra Lemos Executive Coach International Coach Trainer da ICC para Portugal MAFALDA FERREIRA TERAPEUTA DE MEDICINAS NATURAIS MEDICINA TRADICIONAL CHINESA E REIKI PRACTITIONER EM PNL

2 ARTE SECRETA DE CONVIDAR A O que é um milagre? Pois é tudo o que não se consegue explicar. Tudo o que promova uma mudança forte e para o qual não se consiga arranjar uma explicação lógica e racional: diz-se que se tratou de um milagre. Para mim, milagre é o resultado de Acreditar, Confiar, Ter Fé e Entregar. Acreditar e Confiar em mim e no trabalho que desenvolvo. Ter Fé sempre! Trabalhar com Entrega, com Alma, com Amor. Nós somos o que escolhemos ser, mesmo com as aprendizagens que retiramos de cada experiência vivida e sentida. E o que escolhemos ser, rapidamente se transforma num hábito em nós. Muitas vezes a nossa vida evolui para um caos e não conseguimos fazer nada para a alterar. É importante encarar esse caos como uma forma de mudança. Nada é sempre igual. Estamos em rota de mudança, sempre. É um fluxo inexorável constante de mudanças e de possibilidades para resignificar. E para haver mudança, frequentemente é necessário haver rebuliço, entropia, caos, para que consigamos perceber que está na hora de mudar, de virar a página. De outra forma, não evoluiríamos, permaneceríamos cristalizados na mesma forma e isso não faria o menor sentido. Pois, tudo isto é Coaching. Ser Coach é acreditar em nós, trabalhar com Alma, com Amor e perceber que, apesar de sermos os precursores da mudança, cabe à pessoa com quem estamos a lidar, fazer essa mudança. É uma escolha que se faz. PÁG 2 6 Como é que eu quero viver? Feliz e contagiando os outros com a minha felicidade, ou infeliz e infernizando a vida de quem me rodeia?

3 Aproveito este espaço de partilha e descrevo uma experiência que tive recentemente, a qual me marcou profundamente, pela positiva. Sou Coach certificada pela ICC International Coaching Community via Mindcoach, sou também, trabalho essencialmente com Chinesa e com Reiki. Aqui há uns tempos pediram-me encarecidamente para atender um jovem com 11 anos, que não interagia com ninguém há já alguns anos. Fechado em si mesmo e entre as quatro paredes do seu quarto, recusava-se a falar fosse com quem fosse. Não comunicava com os pais, com os amigos, com os colegas, não jogava computador, nem jogos de consola, apenas via alguns desenhos animados, e sempre os mesmos. Já reprovara duas vezes na escola, o que veio a piorar a situação. A minha primeira reação foi dizer a quem me pediu para o atender, para levar o jovem a um psicólogo, ao que me responderam que já andava desde os 6 anos em psicólogos e médicos, sem nenhum resultado. Este jovem compareceu na consulta totalmente fechado, com os braços cruzados e uma tremenda cara de mau, manifestada na sua expressão facial e corporal. Como trabalho com Reiki, adquiri alguma capacidade de ler a energia das pessoas e o que verifiquei quando vi aquela família, foi dor, sofrimento, tristeza, desespero. Tudo muito cinzento, todos sem Luz absolutamente nenhuma. Após ter ouvido o desespero daqueles pais em relação ao que se tinha tornado as suas vidas, pedi-lhes que fossem dar uma volta, tomar um café ou ver o mar. Mal fiquei sozinha com a criança, pensei de imediato: Meu Deus, e agora? O que é que eu faço? Por favor iluminem-me para que possa ajudar este miúdo. Comecei a conversar com ele, tentando entrar em rapport, mas apenas obtinha respostas do género: Sim, Não, Talvez, Não sei. PÁG 3 6 Olhava para ele, observava-o sempre de braços cruzados, fechado em si e fechado para mim. Toda a sua postura me dizia: Afasta-te de mim, vai-te embora, não vais conseguir entrar, porque eu não quero e não vou deixar.

4 Fiz questão em lhe explicar que não sou médica, nem psicóloga, nem doutora de nada, pois percebi o quão farto ele estava de tudo isso. Já tinha passado quase meia hora de monólogo e eu sempre à espera de ter um momento de iluminação, um momento de Aha para a Coach e Terapeuta. Surgiam ideias na minha cabeça: Agulhas? Não, é muito miúdo e nunca me irá deixar colocar agulhas. Reiki? Não está aberto para isso. Até que me surgiu uma opção de intervenção: Ok, vamos fazer aqui uma coisa gira. Peguei num papel e numa caneta e comecei a fazer com ele a Roda da sua Vida. Embora não tivesse sido ele a pedir uma sessão de Coaching, decidi arriscar. Entrei em flow e literalmente, deixei fluir o que me vinha em termos de inspiração, entreguei-me a esta criança, sem a pressionar. Depois, mostrei-lhe a vida que ele escolheu para si. Disse-lhe simplesmente: Pois meu caro amigo, esta é a vida que TU escolheste para ti. Perguntei-lhe o quão satisfeito estava com as escolhas que fez para a sua vida, ao que me respondeu que estava bem assim. Pelo menos já tinha descruzado os braços, pois pedi-lhe para ser ele a desenhar a sua roda. Perguntei-lhe se a queria alterar e respondeu-me de imediato que não. Disse muito prontamente, que estava bem assim. Pensei: Bem, isto não resultou. Não sei mais o que fazer Paciência, fiz o que pude, mas a escolha é dele e tem esse direito de querer viver assim. Falei-lhe das escolhas que fazemos e da possibilidade que temos de podermos sempre alterar a nossa vida, bastando para isso, querer. Nós só temos duas hipóteses na vida: Ou escolhemos ser felizes ou infelizes, sendo essa uma decisão que apenas ele poderia escolher. Falei-lhe no desespero dos pais, que já tinham corrido todos os médicos e que já não sabiam mais o que fazer. Perguntei-lhe se já tinha pensado que o que hoje é, amanhã ou passado um pouco, já não é. Nada na vida é certo e num instante tudo muda e perdemos aqueles que mais amamos. Cada instante da vida é único e não volta a ser vivido. PÁG 4 6 Pedi-lhe para tentar ver como seria a vida dele sem os pais, aos quais deu 2% de importância na sua vida no exercício da roda da vida que tinha feito. E se ao teu pai, ou à tua mãe lhes tivesse acontecido

5 alguma coisa e já não voltassem? E se nunca mais os visses? Se morressem? Como te sentirias? Como ficaria a tua vida? Pedi-lhe para pensar nisto, ficando ele sempre a olhar para a folha de papel. Passou rapidamente uma hora e chegaram os pais. Queriam saber como tinha corrido, mas não adiantei nada, pois nem eu sabia como tinha corrido a consulta. Dois dias depois recebo um telefonema da pessoa que lhes falou de mim a dizer que tinha acontecido um verdadeiro milagre com este jovem. No dia seguinte à consulta, acordou, deu um beijo à mãe e pediu-lhe para irem os três andar de bicicleta. Parece que andaram 3 horas de bicicleta! Foi a duas festas de aniversário e já não quis ficar fechado no seu quarto. Pediu à mãe para me ligar a dizer que queria estar outra vez comigo. Quando entraram novamente os três no meu gabinete, percebi a questão do tal milagre. Eu não queria acreditar no que estava a ver. Todos muito luminosos e sorridentes Felizes! Voltei a pedir aos pais para irem dar uma volta e fiquei de novo a sós com o miúdo. Não era a mesma pessoa, acreditem. Tinha à minha frente uma criança feliz. Pediu-me para lhe fazer uma massagem e com os olhos brilhantes contou-me que tinha comprado uma chinchila e que lhe tinha posto o nome de Mafalda. Rimos os dois e agradeci-lhe ter passado na minha vida. Aprendi muito com esta criança, pois veio ensinar-me a acreditar, a confiar e a querer trabalhar ainda mais com esta ferramenta tão especial, que é o Coaching. Fiz a Certificação Internacional de Coaching com a Alexandra Lemos, Formadora Internacional da ICC, à qual estou grata pela mudança que aquela semana provocou em mim; estou grata à Mindcoach, à ICC, a esta criança, estou grata à Vida e ao Céu. De facto é mesmo assim: PÁG 5 6

6 Não existe fracasso, apenas aprendizagem. Se a pessoa quer, muda, mesmo que não o verbalize. Todo o comportamento tem um propósito. Nós criamos a nossa realidade. A mudança cabe ao próprio, basta querer. * in O Connor, Joseph and Lages, Andrea (2004), Coaching with NLP, HarperCollins. Já temos todos os recursos que precisamos. E não há idade para isso. Finalmente, em modo de conclusão, esta experiência veio mostrar-me que, de facto, como referi no titulo que dei a este artigo, o Coaching é a arte secreta de convidar a felicidade. A felicidade implica uma mudança, basta para isso querer. O Coaching permitiu-me também entrar no plano mental desta criança, com as perguntas certas, no momento adequado para ele. A qualidade de uma pergunta não é julgada pela sua complexidade, mas pela complexidade da reflexão que ela provoca.* PÁG 6 6 Porto, 10 de Junho de 2014