UTILIZAÇÃO DO ÁCIDO MANDÉLICO NAS HIPERCROMIAS

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1 1 UTILIZAÇÃO DO ÁCIDO MANDÉLICO NAS HIPERCROMIAS Maria do Carmo da Rocha 1, Silvia Patrícia de Oliveira 2 1 Acadêmica do curso de Tecnologia em Estética e Imagem Pessoal da Universidade Tuiuti do Paraná (Curitiba, PR); 2 Fisioterapeuta Dermato Funcional, Profª. Adjunto na Universidade Tuiuti do Paraná. Endereço para correspondência: Maria do Carmo da Rocha, maryparana@hotmail.com RESUMO: Os produtos cosméticos despigmentantes contendo alfa-hidroxiácidos são formulações utilizadas com finalidade de reduzir as hipercromias, uma alteração fisiológica, relacionada à pigmentação cutânea. O ácido Mandélico por ter ação inibidora da tirosinase, na melanina pré e pós depositada, apresenta-se eficaz nas alterações inestéticas como o fotoenvelhecimento e manchas hipercrômicas. O objetivo desse trabalho é através de uma revisão da literatura, apresentar os mecanismos de ação do ácido mandélico e sua ação despigmentante para todos fototipos cutâneos. Seu uso com ou sem associações, facilita o profissional de estética tratar de maneira profilática e preventiva as alterações da pele, é um ácido que apresenta melhora gradual, pode ser usado em todas as estações do ano, beneficia a reorganização da pele, através da renovação celular, dando uma aparência mais homogênea, hidratando, deixando com aspecto mais luminoso e jovial. Palavras-chave: Ácido Mandélico, despigmentante, tratamento estético ABSTRACT: The depigmenting cosmetic products containing alpha-hydroxy acids are used in formulations purpose of reduce hipercromies, a physiological change, related to skin pigmentation. The Mandelic acid by having an inhibitory action of tyrosinase in melanin deposited before and after, presents itself in effective changes as unsightly blemishes and photoaging hyperchromic. The objective of this work is through a literature review, verify the mechanisms of action of mandelic acid and its action despigmentant for all phototypes skin. Their use with or without associations, facilitates professional aesthetic treat prophylactically and preventive changes of skin, is an acid that shows gradual improvement, can be used in all seasons of the year, benefiting the reorganization of the skin through cellular renovationl, giving a more homogeneous, moisturizing, leaving look more luminous and youthful. Keywords: Mandelic acid, depigmentant, aesthetic treatment

2 2 1. INTRODUÇÃO As hiperpigmentações cutâneas são decorrentes das desordens de pigmentação, motivo de preocupações dos profissionais da área da estética, cosmetologia e a população em geral. Nos últimos dez anos houve uma grande procura no mercado nacional dermocosmético, no que se refere aos produtos cosméticos e despigmentantes cutâneos. As desordens de despigmentação da pele representam a terceira causa de problemas dermatológicos com ocorrência em latinos 1. As alterações cutâneas provenientes da mudança na cor da pele com menor pigmentação ou ausência parcial de pigmentação, ou ainda um aumento na produção de pigmento na pele, são consideradas discromias. Para o tratamento deste tipo de discromia utilizam-se produtos cosméticos despigmentantes, que são preparações utilizadas com a finalidade de reduzir hipercromia 2. O ácido Mandélico, um alfa-hidroxiácido, derivado da hidrólise do extrato de amêndoas amargas, um ácido com gradual permeação, vem sendo usado com ênfase nos tratamentos de alterações de pele como, hiperpigmentação, fotoenvelhecimento, óstios, acne com ação antibacteriana quando usado topicamente, no pré-laser e cirurgias estéticas para evitar hiperpigmentação 3. O objetivo desse trabalho é apresentar os mecanismos de ação do ácido Mandélico, sua ação despigmentante para todos os fototipos cutâneos e otimizar os atendimentos em cabines fazendo uso domiciliar. 1.1 Pigmentações cutânea A pigmentação cutânea ocorre pela melanina, uma molécula química composta, pela enzima tirosinase, aminoácido tirosina, sofrendo alterações Dopa/Dopaquinona (biopolímero), responsável pela cor da pele, dos pelos e pelas estruturas coloridas dos olhos esta molécula determina a cor da pele, porém também tem outras funções como: fotoproteção, pois permite filtrar os raios ultravioletas; protegendo o núcleo celular, agrupando-se em torno dele; e neutralizando os radicais livres, evitando o envelhecimento celular 4,5. A melanina é importante para proteção contra lesão por radiação Ultravioleta, mas sua produção desordenada, através de fatores que estimulam a melanogênese

3 3 (fatores genéticos, hormonais e ações dos raios UV) estas alterações intrínsecas e extrínsecas, pode levar a um aumento na pigmentação da pele Discromias As discromias são alterações na pigmentação cutânea, causadas de modo geral pela alteração na produção, na transferência ou na perda de melanina pela pele. Elas podem ser classificadas como hipercromia (aumento da pigmentação da pele) e hipocromia (diminuição da pigmentação da pele) e acromia (ausência da pigmentação da pele). Muitas substâncias ativas têm sido descritas como eficazes no tratamento das discromias, principalmente no caso das hipercromias (manchas escuras) Melanina A melanina é um pigmento produzido por uma célula denominada melanócito situado na camada basal da epiderme. Ela é produzida a partir da oxigenação do aminoácido chamado tirosina em diidroxifenilanina (DOPA), seguido da desidrogenação da Dopa em dopaquinona, por ação de uma enzima denominada tirosinase através de reações químicas, que se desenrrola nos melanossomos. Neste processo, são formados dois tipos de melanina; as eumelaninas, composta por pigmentos pardos, insolúveis e as feomelaninas, composta por pigmentos pardos avermelhados, solúveis em meio alcalino 8. Quando os melanossomos estão cheios de pigmentos, estes são transferidos aos queratinócitos vizinhos, que fazem eles mesmos com que o pigmento migre durante sua ascensão na epiderme. A este processo de produção e de distribuição da melanina na epiderme e nos pelos dá-se o nome Melanogênese Históricos do Peeling A amendoeira originária da Ásia Menor e Nordeste de África cultivou se desde a antiguidade em volta do mar Mediterrâneo. Em Portugal, a cultura desta espécie é particularmente favorecida nos vales do Alto Douro e no Algarve. No Brasil é mais encontrado em pomares da região sul 10. A amendoeira Prunus dulcis é também chamada por amendoeira-amarga (Prunus dulcis amara) ou amendoeira-doce (Prunus dulcis), pertence à família das Rosáceas 10.

4 4 A floração, em branco e rosa, ocorrem normalmente entre fevereiro e abril, é anterior ao aparecimento da folhagem, originando uma paisagem muito típica e procurada pela sua beleza 10. Os peelings ganharam popularidade no início dos anos 60, com os primeiros trabalhos de Gordon e Backer, já na antiguidade, os egípcios usavam óleos de animais, sal e alabastro para melhorar esteticamente a pele. As mulheres egípcias banhavam-se em leite azedo, para amaciar a pele (ainda que não soubessem), estavam a usar ácido láctico (alfa-hidroxiácido) 11, Peeling O peeling químico é uma técnica usada para melhorar a aparência da pele. Uma solução química conhecida como resurfacing é aplicada na pele, provocando a sua separação, descamação e o surgimento de uma nova pele mais lisa e menos enrugada que a pele antiga. É um processo de esfoliação-abrasão-descamação de células superficiais de pele, para melhorar sua textura, dar uma aparência mais luminosa devido à neovascularização, melhorar a elasticidade, atenuar manhas hipercromicas reduzindo significativamente a velocidade do processo de envelhecimento e seus agravos 13,14. Os peelings químicos são classificados em: superficial, médio e profundo, assim descritos: O peeling superficial tem ação na epiderme, o médio tem ação na derme papilar e o profundo tem ação na derme reticular 13, Funcionabilidade dos ácidos Os ácidos, que são utilizados nos procedimentos dos peelings, são substâncias que possuem ph inferior ao da pele, transformando-a em um meio ácido e proporcionando descamação ou esfoliação da pele. A concentração, o tipo do ácido ou seu percentual depende das necessidades que a paciente apresenta quando feito a anamnese. Quanto menor for o ph, mais irritabilidade provocará na pele. Os peelings muito superficiais e superficiais podem ser realizados por tecnólogos em estética e cosmetologia, fisioterapeutas, os peelings médios e profundos podem ser aplicados apenas por médicos e especialistas 15.

5 Cuidados básicos para o uso de ácidos Anamnese do cliente é primordial, o preparo da pele é de suma importância, pois cada fototipo requer cuidados diferenciados no pré e pós-peeling, sessões semanais ou quinzenais são indicadas dependendo da resposta do cliente, também é indicado o uso do ácido em concentrações adequadas à noite, para potencializar o tratamento feito em cabines. Sempre deverá ser feita a orientação da remoção completa do ácido pela manhã, com sabonete neutro, de preferência os líquidos com ph mais próximo ao da pele. O uso de filtro solar é obrigatório e sua reaplicação com fator de proteção no mínimo 30 ou hidratante com fator de proteção já existentes no mercado após o terceiro dia. Importante salientar que o profissional deverá respeitar o tempo de ação de cada ácido e suas reações de acordo com cada fototipo. O cliente deve estar plenamente informado do que é peeling, seus efeitos, seus benefícios cumulatívos, suas respostas individuais, tendo interferências: idade; tabagista; frequência dos peelings; estado nutricional; ingestão de água e tratamento domiciliar Contra Indicações Gestantes, fase de amamentação, lesões de pele, sensibilidade ao ácido, eritema solar, uso de cera depilatória, pele bronzeada, uso de Isotretinoína, diabetes não controladas e herpes ativa Efeitos do ácido Mandélico como despigmentante Os produtos cosméticos despigmentantes possuem princípios ativos destinados a clarear a pele atenuando desta forma as manchas pigmentares. A ação de tais princípios ativos acontece por diferentes mecanismos de ação, porém todos estão ligados à interferência na produção ou transferência de melanina. Os ácidos podem atuar inibindo a biossíntese de tirosina, inibindo a formação de melanina, destruindo seletivamente os melanócitos, inibindo a formação de melanossomas e alteração de sua estrutura 17. Cada princípio ativo despigmentante possui características próprias que interferem na efetividade da sua ação, características físicas, químicas, físicoquímicas, terapêuticas, microbiológicas e toxicológicas 18. Os princípios ativos despigmentantes podem estar disponíveis em diferentes produtos cosméticos como, loções, pomadas, cremes, evanescentes, géis entre

6 6 outros. Podem estar combinados nos produtos com outros princípios ativos úteis, como os esfoliantes químicos. Estes realizam uma renovação celular superficial da pele, proporcionando um clareamento da mesma e preparando para receber outros ativos 19. Já, a diminuição da síntese de melanina será obtida com o uso de despigmentantes, os quais atuam diretamente sobre a região discromica, porém muitas substâncias ativas usadas para este fim apresentam-se como irritantes, podendo promover descamação na pele 20,21. Além disso, o resultado nem sempre é imediato, mas sim gradual 22. A maior parte das formulações que ajudam a reduzir a hiperpigmentação contém inibidores da tirosinase, reduzindo consequentemente a produção de melanina 20,22, Ácido Mandélico comparativo com outros ácidos O ácido Mandélico, derivado das amêndoas amargas, é considerado o alfahidroxiácido de maior peso molecular, com oito átomos de carbono, sua fórmula C8H8O3, com absorção lenta da pele, já o ácido glicólico, derivado da cana de açúcar, altamente solúvel em água, dos ácidos é o que tem o menor peso molecular, com dois carbonos, sua fórmula C2H4O3, em contra partida mais irritante a pele 23. O ácido Mandélico, alfa-hidroxiácidos, corresponde a um peeling, que promove a renovação da epiderme, provocando leve descamação, discreta ardência e rubor, agindo na retirada de manchas superficiais, da aspereza, auxiliando as peles cansadas e maltratadas, rugosidades finas, óstios e fatores provenientes do envelhecimento cutâneo 23. Muitos alfa-hidroxácidos (AHA) são solúveis em água, entre os quais, o ácido glicólico, ácido láctico, ácido málico e o ácido cítrico. Por outro lado, certos AHA são lipossolúveis, entre esses se encontram o ácido Mandélico e o ácido benzílico, os veículos mais indicados para esses ácidos são os unguentos ou uma emulsão água/óleo 24,25, Benefício do ácido Mandélico nas associações O ácido Mandélico é muito utilizado em cremes rejuvenescedores com combinações de vitaminas. A, C e E, para o tratamento de rítides finas, linhas de expressão, melhora da textura da pele, revitalizante, para clarear manchas (agindo na inibição da síntese de melanina, bem como na melanina já depositada); inclusive

7 7 vantajoso para o rejuvenescimento de peles mais morenas, sem apresentar agravos significativos Efeitos do ácido Mandélico Pigmentação anormal, incluindo melasma, hiperpigmentação pós-inflamatória e melanose senil melhoram gradualmente quando tratadas com produtos contendo ácido Mandélico 3. A aplicação de ácidos tem variáveis em relação à penetração na pele e seus resultados, dependem da pré-preparação da pele, da concentração na formulação, ph (potencial hidrogênico) quantidade de ácido aplicado, número de aplicações, sensibilidade da pele, tempo de ação na pele observando a classificação de Fitzpatrik e forma de neutralização 27. O efeito do ácido Mandélico é mantido durante meses e anos de tratamento, com gradual e contínua melhora das linhas finas e rítides, por efeito de uma pele mais hidratada, menos espessa. Há também uma notável diferença no tratamento de peles pigmentadas. A melhora progressiva pode ser observada em pacientes nas classificações Fitzpatrick de I a VI, sem inflamação pós-inflamatória METODOLOGIA Foi realizada uma pesquisa bibliográfica com publicações entre os anos de 1990 a 2013, por meio do site da Bireme para consulta de seus acervos de dados como Lilacs, Medline, PubMed e Scielo bem como livros da área da saúde e medicina estética, utilizando os seguintes descritores: ácido Mandélico, despigmentantes e tratamentos estéticos.. 3. DISCUSSÃO A atuação do profissional em estética e cosmetologia na área da estética facial permite tratar de maneira profilática e preventiva os processos de envelhecimento, fazendo uso de antioxidantes, retinóides, e alfa-hidroxiácidos 28. Com o aumento da expectativa de vida, o interesse pelo retardo do envelhecimento tem aumentado, principalmente quando se trata de cuidados estéticos, ainda mais com a moderna tecnologia e com todos os recursos para maximizar os resultados dos tratamentos 29.

8 8 A face é a parte do corpo que mantém um relacionamento mais direto com o mundo e a partir do qual se dá o primeiro contato interpessoal. Dentro da estética e cosmetologia encontramos recursos para melhora da boa aparência e autoestima, levando o ser humano ao bem estar 30. Para um bom resultado de qualquer procedimento, depende do profissional e especialmente do paciente, tendo todos os cuidados diários que a pele necessita, como por exemplo, o uso de filtro solar, sua reaplicação, exposta ou não a radiação solar 16. A aplicação de ácidos tem seus resultados variáveis em relação à penetração na pele e seus resultados, dependendo de sua concentração na formulação, ph, quantidade de ácido aplicado, número de aplicações, sensibilidade da pele, forma de neutralização 27. De acordo com a ANVISA a utilização de AHAs e seus derivados deverá ter sua concentração máxima permitida em produtos cosméticos, limitada a 10%, calculada na forma ácida, em ph maior ou igual a 3,5. As formulações com valor de ph maior ou igual a 3,5 e menor ou igual a 5,0 caracterizam o produto como Grau 2, e formulações com valor de ph superior a 5,0 caracterizam o produto como Grau Os alfa-hidroxiácidos na ANVISA têm RDC números 211/2005 e 15/2013, Lei número de setembro 1976, Decreto número de 05 janeiro O uso do ácido Mandélico, a 10%, ph 3,5 como clareador em tratamentos estéticos, se demonstra eficaz por ser considerado um peeling universal, englobando todos os fototipos CONSIDERAÇÕES FINAIS O ácido Mandélico apresenta gradual melhora nas hipercromias, é um despigmentante leve, clareador, age na inibição da tirosinase, na melanina pré e pós-depositada, pode ser usado em todos os fototipos cutâneos com pequenas restrições, em algumas literaturas citado como o ácido das regiões tropicais, não fotossensibilizante podendo ser usado em todas as estações do ano. Seu uso pode ser potencializado fazendo associações com vitaminas, antioxidantes e despigmentantes mais potentes agindo assim de forma benéfica fazendo uma reorganização da pele, através da renovação celular, dando uma aparência mais homogênea, hidratando, revitalizando, deixando com aspecto mais luminoso e jovial.

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