Cultura e audiovisual
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- Domingos Rico Frade
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1 COMPREENDER AS POLÍTICAS DA UNIÃO EUROPEIA Cultura e audiovisual Celebrar a diversidade cultural europeia Os setores cultural e criativo da Europa contribuem de forma decisiva para o crescimento económico, o emprego e a coesão social
2 ÍNDICE COMPREENDER AS POLÍTICAS DA UNIÃO EUROPEIA A presente publicação faz parte de uma coleção que descreve a ação da União Europeia em vários domínios políticos, as razões da sua intervenção e os resultados obtidos. Por que necessitamos de uma política cultural e audiovisual europeia A abordagem da União Europeia... 4 O que faz a União Europeia... 7 Perspetivas: olhar para o futuro.. 11 Saiba mais Outros títulos disponíveis para descarregamento em linha: Como funciona a União Europeia «Europa 2020»: a estratégia europeia de crescimento Os pais fundadores da União Europeia Ação climática Agenda digital Agricultura Ajuda humanitária e proteção civil Alargamento Alfândegas Ambiente Assuntos marítimos e pescas Bancos e finanças Comércio Concorrência Consumidores Cooperação internacional e desenvolvimento Cultura e audiovisual Educação, formação, juventude e desporto Emprego e assuntos sociais Empresas Energia Fiscalidade Fronteiras e segurança Investigação e inovação direitos fundamentais e igualdade Luta contra a fraude Mercado interno Migração e asilo Orçamento Política externa e de segurança Política regional Saúde pública Segurança alimentar Transportes União Económica e Monetária e o euro Compreender as políticas da União Europeia: Cultura e audiovisual Comissão Europeia Direção-Geral da Comunicação Informação dos cidadãos 1049 Bruxelas BÉLGICA Manuscrito atualizado em novembro de 2014 Capa e imagem da página 2: istockphoto scanrail 12 pp. 21 x 29,7 cm ISBN doi: /13733 Luxemburgo: Serviço das Publicações da União Europeia, 2014 União Europeia, 2014 Reprodução autorizada. As fotografias só podem ser utilizadas ou reproduzidas separadamente mediante a autorização prévia dos titulares dos direitos de autor.
3 C U L T U R A E A U D I O V I S U A L 3 Por que necessitamos de uma política cultural e audiovisual europeia Promover o património cultural e a criatividade A cultura e a criatividade ocupam um lugar central no projeto europeu. A cultura define os contornos da nossa identidade e das nossas aspirações, bem como a forma como nos relacionamos com os outros e com o mundo. Determina também os locais e as paisagens onde vivemos e os estilos de vida que adotamos. A rápida evolução tecnológica proporciona novas oportunidades nos setores cultural e criativo europeus, mas também novos desafios. A União Europeia (UE) está empenhada em ajudar todos os intervenientes nestes setores (desde as comunidades locais que valorizam o seu património cultural aos produtores de filmes premiados) a aproveitar essas oportunidades e a superar os obstáculos com que se deparam. Os desafios são de vulto. A diversidade cultural é um trunfo para a UE, mas as diferenças linguísticas e culturais provocam uma fragmentação do mercado. A crise económica mundial dificulta cada vez mais o acesso do setor criativo ao financiamento. As novas tecnologias digitais estão a ter um grande impacto nos métodos tradicionais de distribuição: grande parte do espólio das grandes bibliotecas foi digitalizado, mas é difícil desenvolver modelos comerciais sustentáveis. A criatividade dinamiza a economia e não só Os setores cultural e criativo europeus contribuem para o crescimento económico, o emprego, a inovação e a coesão social. Estes setores representam cerca de 4,5% do produto interno bruto europeu e emprega cerca de 3,8% da mão-de-obra da UE (oito milhões e meio de pessoas). Além disso, os setores cultural e criativo europeus provaram ser mais resistentes do que outros setores em tempos de recessão económica e contribuem para a inovação, o desenvolvimento de competências e a reabilitação urbana, tendo igualmente um impacto positivo noutros setores, como o turismo e as tecnologias da informação e comunicação. Vantagens de uma estratégia à escala da União Europeia Cada país da União Europeia tem a sua própria forma de gerir as questões relacionadas com a política cultural e audiovisual. O trabalho realizado pela UE complementa as ações a nível nacional, acrescentandolhes uma nova dimensão europeia. As informações recolhidas em toda a União Europeia podem ser utilizadas para apoiar decisões a nível nacional ou fornecer exemplos de boas práticas úteis a outros países. Para o efeito, foram criados mecanismos específicos para a cooperação entre os Estados-Membros. Para o período de , a UE está a investir milhões de euros nos setores cultural e audiovisual através do programa Europa Criativa, que substitui os programas Cultura, MEDIA e MEDIA Mundus. Este investimento representa um aumento de 9% relativamente aos orçamentos anteriores. O programa Europa Criativa visa reforçar o património cultural comum europeu mediante o apoio a projetos culturais transfronteiras, tais como ações, plataformas e redes de cooperação, e projetos de tradução literária. Este programa complementa igualmente os financiamentos a nível nacional para promover o cinema europeu e a distribuição de novos filmes e reforçar a competitividade do setor audiovisual. O mercado único para os media audiovisuais e o programa «Internet mais segura», destinado a proteger, à escala da UE, os menores que navegam na Internet, são apenas dois exemplos das vantagens de uma abordagem a nível da UE relativamente a estratégias meramente nacionais. Muitas regiões e cidades dão-se conta de que a cultura e as indústrias criativas contribuem para reforçar a sua competitividade económica e criar emprego. Assim, a política regional da UE apoia os investimentos estratégicos na cultura e nos setores cultural e criativo através de verbas específicas.
4 4 C O M P R E E N D E R A S P O L Í T I C A S D A U N I Ã O E U R O P E I A A abordagem da União Europeia Colaborar para obter melhores resultados Para pôr em prática a sua agenda para a cultura, a Europa depende de parcerias sólidas entre todos os intervenientes, nomeadamente os Estados-Membros, as regiões, as organizações culturais e outros agentes culturais. Projetos locais para promover o turismo cultural, a reabilitação urbana em zonas com valor histórico e cultural ou o apoio à distribuição de filmes independentes são apenas alguns exemplos de objetivos mais facilmente alcançáveis mediante a colaboração e a conjugação de esforços e recursos entre organizações a diversos níveis. Cooperação no domínio da cultura: quadro estratégico A Agenda Europeia para a Cultura (estabelecida em 2007) promove: a diversidade cultural e o diálogo entre diferentes culturas; a cultura como catalisador da criatividade e da inovação; a cultura como parte integrante das relações internacionais da UE. Desde 2007, as autoridades nacionais, as instituições da União Europeia e o setor cultural europeu têm colaborado de forma estreita para alcançar estes objetivos. Dentro desse quadro de cooperação, as autoridades nacionais podem designar os seus representantes nos grupos de peritos da UE onde são debatidas as melhores práticas a nível nacional e regional e novas formas de colaboração sobre temas prioritários no âmbito do chamado método aberto de coordenação, uma forma de governação baseada na cooperação voluntária entre Estados-Membros. A fim de tirar o máximo partido da experiência adquirida no terreno e poder integrá-la na definição das políticas da UE, a Comissão procede regularmente a trocas de pontos de vista e de informação com organizações dos setores culturais. Esse diálogo estruturado abrange toda uma série de questões essenciais, como as indústrias culturais e criativas, o diálogo intercultural, o património cultural e o acesso à cultura. Além disso, existem em toda a Europa grupos independentes empenhados em promover a cultura. Por exemplo, no domínio do património cultural, muitas organizações atuam sob a égide da fundação «Europa Nostra». Com o objetivo de promover o património cultural, esta federação pan-europeia é constituída por uma rede de profissionais e de voluntários que reúne cerca de 250 grupos não-governamentais e sem fins lucrativos, contando mais de cinco milhões de membros empenhados na preservação do património cultural europeu em benefício das gerações atuais e futuras. A Comissão Europeia proporciona às partes interessadas e aos responsáveis políticos a possibilidade de se encontrarem para debater questões cruciais para o setor no âmbito dos Fóruns Europeus da Cultura, organizados duas vezes por ano. A União Europeia promove a cooperação cultural com países terceiros e com organizações regionais e internacionais. Desde a adoção da Agenda Europeia para a Cultura, o setor cultural é cada vez mais reconhecido como elemento estratégico e relevante em termos políticos, sociais e económicos, que contribui para os objetivos da política externa. Enquanto parte na Convenção da Unesco de 2005 sobre a proteção e a promoção da diversidade das expressões culturais, a UE está empenhada em tornar a diversidade cultural um elemento essencial da sua ação externa e em dotar a Europa de um novo papel cultural mais ativo no quadro das relações internacionais. Chegam ideias excelentes dos quatro cantos da União Europeia. istockphoto/chinaview
5 C U L T U R A E A U D I O V I S U A L 5 Cooperação em benefício do setor audiovisual Âmbito nacional: os países da UE apoiam os respetivos setores audiovisuais de diversas formas, mediante fundos provenientes de receitas fiscais, contribuições do setor televisivo e, em alguns casos, subvenções das lotarias. Cada país dispõe de um instituto nacional do cinema ou entidade equiparável que apoia a indústria cinematográfica. No que respeita à produção cinematográfica, os países da União Europeia devem respeitar certas regras destinadas a assegurar uma concorrência leal em toda a UE. Por exemplo, os auxílios estatais não deverão, em princípio, exceder 50% dos custos de produção. Grupos independentes: existem muitas organizações criadas por cidadãos em toda a UE, cujo objetivo é tornar o setor audiovisual mais competitivo e promover a criatividade, como a rede European Film Promotion e a Academia do Filme Europeu. A European Film Promotion, que reúne organizações profissionais de 34 países europeus, tem por objetivo promover e comercializar os filmes europeus no mundo inteiro. Todas as organizações sob a égide desta rede colaboram entre si para promover o talento e o cinema europeus no mundo inteiro. A Academia do Filme Europeu conta membros, todos eles profissionais do setor, que organizam seminários de formação, conferências e outros eventos para promover a cultura cinematográfica europeia. Todos os anos, as diversas atividades da Academia culminam na cerimónia de entrega dos prémios do cinema europeu. Os filmes concorrem em 21 categorias (melhor filme europeu, melhor realizador, melhor atriz e melhor ator, por exemplo), que permitem à indústria celebrar os maiores talentos da produção cinematográfica europeia. Obter a participação dos cidadãos europeus: prémios, galardões e festivais A participação dos cidadãos de toda a UE em manifestações culturais e audiovisuais é essencial para atingir os objetivos de inclusão, respeito mútuo e crescimento económico através das indústrias criativas. PRÉMIO DA UNIÃO EUROPEIA PARA A ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA: através de uma conceção inteligente do espaço, a arquitetura de qualidade pode contribuir para o bem-estar das pessoas e facilitar o seu quotidiano, onde tem repercussões ambientais, sociais e culturais. O Prémio da União Europeia para a Arquitetura Contemporânea/Prémio Mies van der Rohe distingue os arquitetos europeus mais criativos e inovadores da atualidade e do futuro. Trata-se do prémio mais prestigioso no domínio da arquitetura europeia. PRÉMIO «EUROPA NOSTRA» DA UNIÃO EUROPEIA: a Europa possui um rico património cultural, desde sítios arqueológicos a edifícios industriais, passando por obras de arte e jardins históricos. O Prémio «EUROPA Nostra» da União Europeia (conservação do património cultural) é atribuído anualmente a projetos notáveis que contribuem para preservar e estudar o património europeu, bem como para sensibilizar os cidadãos para o seu valor. Stefan Baumann Parque arqueológico de Carnuntum Marca do Património Europeu 2014.
6 6 C O M P R E E N D E R A S P O L Í T I C A S D A U N I Ã O E U R O P E I A European Union Prémios europeus como os «Border Breakers» dão aos jovens artistas o impulso de que necessitam. PRÉMIO MEDIA DA UNIÃO EUROPEIA: desde 2012, o prémio MEDIA da UE tem sido atribuído ao filme que, de entre os candidatos a um apoio MEDIA para a fase de desenvolvimento, tem maior potencial para vir a ser um êxito de bilheteira. O argumentista e os produtores do projeto selecionado são objeto de menções honrosas durante o festival de cinema de Cannes. PRÉMIOS EUROPEUS «BORDER BREAKERS»: a enorme diversidade cultural europeia manifesta-se também nos seus jovens músicos. Os prémios EBBA («European Border Breakers Awards») recompensam os artistas europeus que conseguem afirmar-se no estrangeiro com o seu primeiro álbum. Distinguindo os grandes talentos musicais europeus, este prémio incentiva os artistas a dar a conhecer a sua música em toda a UE. PRÉMIO DA UNIÃO EUROPEIA PARA A LITERATURA: este prémio visa pôr em destaque a qualidade e a diversidade da literatura contemporânea europeia, promovendo uma maior circulação das obras literárias na Europa e incentivando o interesse dos leitores pela produção literária de outros países. As editoras podem também candidatar-se a subvenções do programa Europa Criativa para tradução das obras vencedoras. MARCA DO PATRIMÓNIO EUROPEU: a Marca do Património Europeu é atribuída a locais simbólicos para o processo de integração europeia. Trata-se de locais que celebram e simbolizam a integração europeia e os ideais, valores e história da Europa. Esses «marcos» são cuidadosamente selecionados pelo seu valor simbólico, pelo papel que desempenharam na história da Europa e pelas oportunidades que proporcionam para aproximar a União Europeia dos seus cidadãos.
7 C U L T U R A E A U D I O V I S U A L 7 O que faz a União Europeia Financiamento da cultura: programa Europa Criativa O programa Europa Criativa baseia-se no êxito dos programas Cultura, MEDIA e MEDIA Mundus e tem por objetivo reforçar os setores cultural e criativo europeus. Este programa contribui não só para preservar e promover a diversidade cultural e linguística europeia e destacar a riqueza cultural da Europa, mas também para alcançar as metas conducentes a um crescimento económico inteligente, sustentável e inclusivo para a Europa e ajudar os setores cultural e criativo a adaptarem-se à era digital e à globalização. Abre igualmente novas oportunidades e facilita o acesso a mercados e públicos internacionais. Os projetos financiados pelo programa atingem milhões de pessoas e de organizações, nomeadamente realizadores, distribuidores, agentes comerciais e outros profissionais do setor audiovisual, bem como cinéfilos, artistas e profissionais da cultura, editores e amantes da leitura. O programa prevê apoios para: projetos de cooperação transnacionais entre organizações culturais e criativas dentro e fora da UE; redes que ajudam os setores cultural e criativo europeus a operarem num contexto transnacional e a aumentarem a sua competitividade; tradução e promoção de obras literárias europeias; plataformas de agentes culturais que promovam novos artistas e incentivem uma verdadeira programação europeia de obras culturais e artísticas; reforço das capacidades e formação dos profissionais do setor audiovisual; criação de obras de ficção e de animação e de documentários criativos e jogos de vídeo para os mercados do cinema e da televisão europeus e outras plataformas; formação e reforço das competências dos profissionais do audiovisual; distribuição e comercialização de obras audiovisuais, dentro e fora da Europa; festivais de cinema que promovam filmes europeias; fundos para coprodução internacional de filmes; constituição de novos públicos para incentivar a cultura cinematográfica e aumentar o interesse pelos filmes europeus através de uma grande diversidade de eventos. A partir de 2016, o programa Europa Criativa passará a dispor de um instrumento de garantia financeira com um orçamento de 121 milhões de euros para facilitar o acesso ao crédito por parte dos setores cultural e criativo. Outros programas financiados pela UE apoiam igualmente os setores cultural e criativo: o programa Erasmus+ apoia a aquisição de competências através do ensino e da formação, bem como do desenvolvimento de conhecimentos e de parcerias através das chamadas «alianças do conhecimento» e «alianças de competências setoriais»; COSME, o programa da UE para a competitividade das empresas e das pequenas e médias empresas, apoia o empreendedorismo e o acesso das PME ao financiamento e aos mercados; o programa Horizonte 2020 apoia a investigação e a inovação no domínio da cultura e do património cultural. Desde 2007, o Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) atribuiu 3,3 mil milhões de euros à proteção e conservação do património cultural, 2,2 mil milhões de euros ao desenvolvimento de infraestruturas culturais e 555 milhões de euros ao apoio dos serviços culturais. Além disso, desde 1998, foram também investidos 150 milhões de euros no âmbito dos programas-quadro da UE para a investigação e o desenvolvimento tecnológico. Diretiva «Serviços de Comunicação Social Audiovisual» Se cada país da UE tivesse a sua própria regulamentação em matéria de radiodifusão televisiva, seria difícil ver programas de televisão transmitidos por outros países europeus. Por isso a União Europeia adotou, em 1989, a Diretiva «Televisão sem Fronteiras», que estabelece um conjunto de regras mínimas comuns para toda a UE.
8 8 C O M P R E E N D E R A S P O L Í T I C A S D A U N I Ã O E U R O P E I A istockphoto Deklofenak A rede Europa Cinemas promove o cinema europeu. A transmissão de programas de televisão pela Internet e as novas formas de divulgação dos conteúdos audiovisuais colocam novos desafios às entidades reguladoras, como a proteção dos menores contra conteúdos prejudiciais e a proibição do incitamento ao ódio, assegurando simultaneamente a liberdade de expressão. Em 2007, a Diretiva «Televisão sem Fronteiras» foi alterada e passou a chamar-se Diretiva «Serviços de Comunicação Social Audiovisual» ( 1 ) (que foi posteriormente codificada em 2010) Além de abranger todos os serviços dos media audiovisuais, desde a televisão tradicional (serviço linear) até aos serviços de vídeo a pedido (serviços não lineares), a diretiva estabelece uma série de condições gerais aplicáveis aos mesmos, como a identificação dos fornecedores de serviços de comunicação social, a proibição do incitamento ao ódio, a acessibilidade para as pessoas com deficiência, as medidas relativas à promoção das obras europeias, certas exigências qualitativas para as comunicações comerciais, o patrocínio e a colocação de produtos. No entanto, a Diretiva «Serviços de Comunicação Social Audiovisual» tem em conta o grau de controlo do utilizador sobre o serviço e, por conseguinte, aborda de forma diferente os serviços lineares e os serviços a pedido. Os serviços a pedido estão, assim, sujeitos a uma regulamentação um pouco menos restritiva, que corresponde ao impacto relativo destes serviços na sociedade. Em contrapartida, os programas televisivos estão sujeitos a requisitos mais rigorosos, especialmente em matéria de publicidade, proteção de menores e promoção e distribuição de obras europeias. ( 1 ) Diretiva 2010/13/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 10 de março de 2010, relativa à coordenação de certas disposições legislativas, regulamentares e administrativas dos Estados-Membros respeitantes à oferta de serviços de comunicação social audiovisual (Diretiva «Serviços de Comunicação Social Audiovisual»), JO L 95 de , p. 1. No que respeita à promoção dessas obras, as disposições aplicáveis à radiodifusão impõem que a maior parte do tempo de emissão seja reservado a obras europeias de diversos tipos. Os organismos de radiodifusão devem também reservar, pelo menos, 10% do seu tempo de emissão ou do seu orçamento de programação a obras europeias de produtores independentes. Quanto aos serviços de vídeo a pedido, os Estados-Membros dispõem de mais margem em matéria de promoção de obras europeias, podendo, por exemplo, introduzir medidas relativas à quota-parte de obras europeias nos respetivos catálogos, bem como medidas para assegurar a essas obras um lugar de destaque, ou impor aos fornecedores de serviços de vídeo a pedido uma contribuição financeira para a produção e a aquisição dos direitos dessas obras. Em qualquer caso, a Diretiva «Serviços de Comunicação Social Audiovisual» estende o princípio do país de origem a todos os serviços de media audiovisuais, o que significa que cada serviço deve cumprir as regras do país onde está estabelecido o fornecedor. Cabe a esse país assegurar o cumprimento das regras em causa. Em maio de 2012, a Comissão apresentou um primeiro relatório sobre a aplicação da diretiva. Mais recentemente, a convergência crescente entre a radiodifusão tradicional e o universo digital levou a Comissão a lançar uma consulta pública para avaliar o potencial e as eventuais repercussões desse fenómeno na Europa em termos de crescimento económico, inovação e diversidade cultural, bem como as eventuais consequências para os consumidores. A consulta, baseada no Livro Verde «Preparação para um mundo audiovisual plenamente convergente: crescimento, criação e valores» foi encerrada no outono de 2013, e as contribuições, assim como um documento de execução e os seus resultados, foram publicados. Está prevista uma avaliação da adaptação regulamentar da directiva para 2015 através de um exercício REFIT.
9 C U L T U R A E A U D I O V I S U A L 9 Capitais europeias da Cultura Desde o lançamento desta iniciativa, há quase 30 anos, as cidades europeias concorrem entre si para obter o ambicionado título de Capital Europeia da Cultura (CEC). Ser «Capital Europeia da Cultura» pode incutir nas cidades um novo ímpeto criador, angariar novos públicos locais para a cultura e ajudar os agentes do setor a desenvolver atividades de ligação em rede a nível europeu e mundial. Pode também representar para as cidades uma preciosa oportunidade para se regenerarem, mudarem de imagem e aumentarem a sua visibilidade a nível internacional, o que, por sua vez, contribui para desenvolver o turismo e atrair novos investimentos. Além disso, as capitais europeias da cultura podem desempenhar um papel importante no domínio da integração social e do diálogo intercultural, por exemplo através de programas de trabalho comunitário originais e do recurso eficaz a voluntários. Acima de tudo, esta iniciativa oferece aos cidadãos europeus e não europeus a possibilidade de descobrir a grande diversidade cultural do nosso continente e de apreciar com outros olhos as nossas raízes comuns, a nossa história e os nossos valores através de um grande número de eventos culturais organizados pelas cidades designadas CEC. Espetáculo de rua em Umeå, uma das capitais europeias da Cultura EUR-TEXT: Regresso ao futuro! A iniciativa EUR-TEXT reúne artistas da República Checa, França, Malta e Polónia que atuam em diferentes domínios (música, moda, artes plásticas) e tem por objetivo estabelecer o diálogo entre as formas de expressão contemporâneas e o património cultural europeu. Quer se trate de um desfile de moda inspirado na pintura clássica, da interpretação da sinfonia n.º 9 de Schubert com instrumentos da época ou de uma exposição de obras de arte inspirada no design de moda, o EUR-TEXT estabelece um diálogo entre o passado e o presente para podermos, de facto, «regressar ao futuro». «As capitais europeias da Cultura são um exemplo claro do compromisso da União Europeia para com a diversidade cultural e da capacidade da cultura para unir os cidadãos europeus. Demonstram que a cultura tem um papel central a desempenhar nas nossas políticas de desenvolvimento sustentável, enquanto parte integrante do desenvolvimento a longo prazo das cidades e regiões europeias e enquanto fonte de dinamismo, de criatividade e de integração social». José Manuel Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia
10 10 C O M P R E E N D E R A S P O L Í T I C A S D A U N I Ã O E U R O P E I A istockphoto/dpmike Berlinale Talent Todos os anos, durante o festival de cinema de Berlim, jovens e profissionais do setor audiovisual provenientes do mundo inteiro reúnem-se durante seis dias para partilharem experiências e aprender com os especialistas do setor. Trezentos novos argumentistas, produtores, realizadores, compositores, editores e jovens críticos de cinema são selecionados e convidados a reunirem-se em Berlim para participarem em grupos de trabalho e estabelecerem pontes entre diferentes culturas e entre realizadores consagrados e novos talentos promissores. O subprograma MEDIA, que faz parte do programa Europa Criativa, é um dos principais financiadores da iniciativa Berlinale Talent. Operação Kino Através do projeto «Operação Kino», o programa Europa Criativa intervém nas regiões mais instáveis dos Balcãs e da Turquia, onde a presença do cinema é escassa, incentivando as autoridades locais a apoiar salas de cinema digital polivalentes nos centros culturais. No âmbito desta iniciativa, os festivais de cinema da Transilvânia, de Sófia, de Sarajevo e de Istambul organizam uma digressão pelos respetivos países altamente mediatizada, durante a qual são apresentadas cerca de 15 longas-metragens. Operação Kino: levar o cinema às regiões mais isoladas da União Europeia. Zentropa: uma produtora de filmes independentes Realizadores como Lars von Trier, Susanne Bier e outros nomes de renome têm sempre elevadas probabilidades de obterem financiamentos, com ou sem o apoio do programa MEDIA. Mas, para que os novos talentos possam vir a tornar-se grandes realizadores, é necessário prever apoio e financiamentos. O programa MEDIA tem concedido um apoio considerável à Zentropa, uma produtora estabelecida na Dinamarca. Quando foi criada, no início dos anos 90, beneficiou de um apoio MEDIA substancial, o que lhe permitiu sobreviver à fase de arranque. O seu administrador, Anders Kjærhauge, explica: «Como, nessa altura, ninguém na Dinamarca acreditava no projeto Zentropa, o apoio do programa MEDIA foi crucial para a sobrevivência da empresa». Os realizadores que beneficiaram desse apoio compreenderam o papel importante da produtora. Susanne Bier, realizadora do filme «In a Better World», que conquistou o Óscar do melhor filme estrangeiro em 2011, explica: «No mundo globalizado em que vivemos, é importante que a Europa fale a uma só voz em muitos domínios, nomeadamente em matéria de intercâmbio cultural. A ideia subjacente ao programa MEDIA insere-se nesse espírito, merecendo ser apoiada». «Zentropa e o programa MEDIA foram ambos criados no início dos anos 90, tendo crescido juntos, como dois irmãos movidos pela mesma paixão. Juntos atravessaram a adolescência, com algumas discordâncias, mas sempre dispostos a ouvirem-se um ao outro, porque tinham um objetivo comum: promover a qualidade do cinema europeu. Agora estamos nos vinte anos e temos uma bagagem de filmes magníficos, uma experiência útil para transmitir a outros e um desejo sincero de envelhecer lado a lado!». Anders Kjærhauge, administrador da Zentropa
11 C U L T U R A E A U D I O V I S U A L 11 Perspetivas: olhar para o futuro A participação dos cidadãos deve ocupar um lugar central na estratégia da UE para a cultura. Para podermos tirar partido da nossa diversidade cultural em termos económicos e promover o respeito e a compreensão entre diferentes culturas, devemos integrar nas políticas, a todos os níveis, medidas destinadas a melhorar o acesso à cultura, a incentivar a produção cultural e a apoiar a participação dos cidadãos. Num contexto de instabilidade económica e de globalização, é necessário dar resposta aos desafios a seguir descritos. Um futuro digital A tecnologia digital está a ter um enorme impacto na forma como produzimos, distribuímos e acedemos aos bens culturais. Por conseguinte, os métodos de distribuição dos filmes estão em plena mutação e a digitalização conquista as salas de cinema. Milhões de europeus seguem a sua série televisiva preferida num smartphone a caminho do trabalho, consultam conteúdos em linha na televisão da sala de estar e colocam os seus próprios conteúdos em linha. Existem mais de 40,4 milhões de televisões conectadas (com acesso à Internet) na Europa e é provável que, até 2016, passem a fazer parte da maioria dos lares na União Europeia. Estas mudanças estão a eliminar as fronteiras tradicionais entre os consumidores, os media e a Internet. Ao explorarem novos meios através dos quais os cidadãos europeus podem descobrir e desfrutar dos conteúdos digitais e participar na sua criação, as indústrias culturais e criativas europeias são um importante motor da era digital. A prioridade da Comissão Europeia é apoiar o papel de liderança mundial da Europa na produção de conteúdos de qualidade mantendo, no contexto digital, a vantagem competitiva dos setores cultural e criativo europeus. O programa Europa Criativa visa ajudar estes setores a tirar plenamente partido das oportunidades criadas com a transição para a era digital. Tendo em conta esta evolução, foi atribuída uma dotação de dois milhões de euros ao plano de ação «Circulação dos filmes europeus na era digital» com vista a: melhorar as condições de circulação dos filmes europeus na UE; aumentar o número de espetadores e alargar os tipos de público dos filmes europeus a nível mundial; ajudar os intervenientes no mercado e os responsáveis políticos a antecipar as mudanças que tenham repercussões nas plataformas de distribuição, mantendo-os a par das últimas evoluções. istockphoto Small Frog Não sabemos o que o futuro nos reserva, mas podemos ajudar as indústrias criativas a preparar a mudança.
12 12 C O M P R E E N D E R A S P O L Í T I C A S D A U N I Ã O E U R O P E I A Acesso ao financiamento As pequenas e médias empresas (PME) dos setores cultural e audiovisual necessitam de financiamento para expandir a sua atividade, mas, na sua maioria, têm dificuldade em obter empréstimos junto dos bancos. Conquistar novos públicos Outro objetivo subjacente a todas as ações do programa Europa Criativa é incentivar novas técnicas para conquistar novos públicos para as obras culturais europeias e consolidá-los a longo prazo. NA PT-C A partir de 2016, será progressivamente introduzido um mecanismo financeiro para os setores cultural e audiovisual com vista a facilitar o acesso ao crédito por parte das PME. Além disso, um novo dispositivo de reforço das capacidades disponibilizará serviços especializados aos mutuantes para que estes compreendam melhor a atividade destes setores. A criação de novos públicos é um conceito multidimensional que engloba aspetos culturais, sociais e económicos e implica: conquistar novos públicos; aprofundar a ligação com os públicos existentes; diversificar os públicos; reforçar a cooperação europeia em matéria de literacia mediática. Saiba mais Se as questões levantadas na presente publicação lhe suscitaram interesse, pode obter mais informações nos seguintes sítios: XX Europa Criativa, o programa-quadro da Comissão Europeia para apoiar os setores da cultura e dos media: XX Perguntas sobre a União Europeia? O serviço Europe Direct pode ajudá-lo: ISBN doi: /13733
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