CONTABILIDADE FINANCEIRA. Luís Miguel Neves

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1 Luís Miguel Neves 1

2 É um Agrupamento humano hierarquizado DEFINIÇÃO DE EMPRESA Quem mobiliza meios humanos, materiais e financeiros Para extrair, transformar, transportar, e distribuir produtos ou prestar serviços E que, atendendo a objectivos definidos por uma direcção Faz intervir nos diversos escalões hierárquicos As motivações do lucro e da utilidade socia (maximização do lucro e satisfação das necessidades da comunidade) Pierre Louzel LUÍS MIGUEL NEVES 2

3 CLASSIFICAÇÃO DAS EMPRESAS Quanto à forma jurídica individualmente (EIRL ou sociedades por quotas unipessoal, actividade exercida por uma pessoa) e colectivamente (sociedades por quotas, anónimas, diversos indivíduos podem ser promotores de uma actividade económica) Quanto à titularidade ou propriedade pública (Estado detém a totalidade ou maioria do capital) e privada Quanto ao sector económico agrícola, industrial, comercial e serviços Quanto à dimensão A nível contabilístico: grandes empresas (> 250 trabalhadores), médias empresas (> 1,5M, > 3M, 50), pequenas empresas (> 500m, > 500m, < 50) e microempresas (< 500m, < 500m, < 5) A nível económico: grandes empresas (> 43M, > 50M, > 250), médias empresas (> 10M, > 10M, > 50), pequenas empresas (> 2M, > 2M, > 10), microempresas (restantes) [indicadores: balanço, rendimentos e número médio de trabalhadores] LUÍS MIGUEL NEVES 3

4 CONTABILIDADE É uma ciência de natureza económica que tem por objecto produzir informação, para possibilitar o conhecimento do passado, presente e futuro da realidade económica em termos quantitativos e qualitativos a todos os seus níveis organizativos, mediante a utilização de um método específico apoiado em bases suficientemente testadas, com o fim de facilitar a adopção das decisões financeiras externas e as planificações e controlo interno Temos a necessidade de: conhecer (resultado das operações, bens, direitos e obrigações), prever (avaliação das oportunidades e riscos, planificar futuros investimentos e decisões estratégicas) e controlar (medição dos resultados das actividades, fontes de financiamento, recursos humanos e materiais) Sistemas contabilísticos financeira (fornece informação geral sobre a empresa no seu todo e corresponde sobretudo a informação histórica), gestão ou analítica (fornece informação sobre os processos internos o que permite conhecer os resultados por produtos e por departamentos) e orçamental ou previsional (disponibiliza informação prospectiva ou referente ao futuro em plano de actividades, planos de investimento e previsões de tesouraria) LUÍS MIGUEL NEVES 4

5 REFERENCIAIS CONTABILÍSTICOS Referenciais contabilísticos sector empresarial (emitentes de títulos cotados IASB/EU ou seja NIIC emitidas pelas IASB, restantes entidades NCRF, pequenas entidades NCRF PE, microempresas NC ME, bancos e seguros normas de contabilidade ajustadas, plano de contas para empresas de seguros), sector não lucrativo (regime geral NCRF ESNL, pequenas entidades regime de caixa), e sector público administrativo (POCP e planos sectoriais, saúde, educação, autarquias locais e segurança social) Sistema de Normalização Contabilística aplica-se às restantes entidades e pequenas entidades (sector empresarial) e regime geral (sector não lucrativo) Uma empresa não pode optar pelos regimes mais simplificados (PE e ME) se: integrar o perímetro de consolidação de um grupo empresarial que apresente contas consolidadas (subsidiária é quando a empresa mãe controla a outra empresa e associada é quando a empresa mãe influencia devido às suas percentagens de 20 a 50%), quando as contas são sujeitas a certificação legal (quando o ROC analisa as contas da entidade, verificando se respeitam os requisitos legais e apresentam uma imagem verdadeira e apropriada). A nível contabilístico: médias empresas (> 1,5M, > 3M, 50), pequenas empresas (> 500m, > 500m, < 50) e microempresas (< 500m, < 500m, < 5) A entidade deve-se enquadrar em 2 dos 3 limites: valor do balanço; valor total de rendimentos ou volume de negócio; número médio de trabalhadores. Vai produzir efeito no segundo exercício seguinte. LUÍS MIGUEL NEVES 5

6 DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS DA ACTIVIDADE EMPRESARIAL As contas são divulgadas num conjunto de documentos denominados de Relatório e Contas onde se incluem as demonstrações financeiras que reflectem a posição financeira das empresas e o resultado das suas operações Fases do procedimentos contabilísticos identificar (distinguir as operações que devem ser tratadas pela contabilidade), reconhecer (incorporar essa informação na contabilidade), mensurar (atribuir uma quantia monetária ao facto que se vai contabilizar), apresentar (elaborar as demonstrações financeiras), divulgar (complementar no anexo a informação quantitativa que consta nas outras demonstrações financeiras) Instrumentos do Sistema de Normalização Contabilística estrutura conceptual, bases para a apresentação das demonstrações financeiras, modelos de demonstrações financeiras, modelos de demonstrações financeiras reduzidas (pequenas entidades), código de contas, normas contabilísticas de relato financeiro, NCRF para pequenas entidades, normas interpretativas Instrumentos da Normalização Contabilística Microentidades bases para a apresentação das demonstrações financeiras, modelos de demonstrações financeiras para microentidades, código de contas para microentidades, normas contabilísticas para microentidades, normas interpretativas para as microentidades LUÍS MIGUEL NEVES 6

7 Estrutura conceptual visa estabelecer os conceitos que estão subjacentes à preparação e apresentação das demonstrações financeiras criando uma base útil de trabalho quer para os preparadores da informação, quer para os utilizadores na sua interpretação. Indica os objectivos das demonstrações financeiras, as características qualitativas que determinam a utilidade da informação nelas contida e os principais utilizadores a quem estas se dirigem As bases para a apresentação das demonstrações financeiras os requisitos globais e princípios essenciais deve constar nas demonstrações financeiras Modelos das demonstrações financeiras contemplam o formato dos modelos Código da contas estrutura codificada e uniforme de contas NCRF são os instrumentos (28 normas) contabilísticos que tratam assuntos específicos nas vertentes já referidas, a nível do reconhecimento, mensuração, apresentação e divulgação NCRF PE de forma unitária e simplificada, são os pertinentes e mínimos a serem adoptadas nas pequenas entidades NC ME de forma unitária e simplificada, são as mínimas para as microentidades Normas interpretativas assuntos contidos nas normas mas que por razões de esclarecimento apresentam um maior desenvolvimento de determinado tema LUÍS MIGUEL NEVES 7

8 UTILIZADORES DA INFORMAÇÃO FINANCEIRA Interessados na informação financeira: investidores, empregados, mutuantes, fornecedores e outros credores comerciais, clientes, governo e seus departamentos e público Investidores proprietários da empresa (sócios e accionistas) que fornecem o capital de risco. Os consultores também estão interessados pois muitos investidores recorrem aos seus serviços Empregadores os trabalhadores e os seus grupos representativos (sindicatos) devido à estabilidade e da lucratividade dos seus empregadores Mutuantes entidades que emprestam dinheiro às empresas e estão interessados em informação dos empréstimos e se os juros serão pagos quando vencidos Fornecedores e outros credores comerciais se as quantias que lhes são devidas serão pagas nas datas de vencimento Clientes informação acerca da continuação de uma entidade, especialmente quando têm envolvimento a prazo longo e estão muito dependentes Governo e seus departamentos regular políticas de tributação e informação para estatísticas do rendimento nacional e outras semelhantes Público tendências e desenvolvimentos recentes na prosperidade da entidade e o leque das suas actividades LUÍS MIGUEL NEVES 8

9 PATRIMÓNIO Património conjunto de bens pertencentes a uma pessoa ou entidade que podem ter natureza tangível ou intangível. A estes bens devemos acrescentar os valores que têm a receber de outras pessoas ou entidades (direitos resultantes de créditos concedidos) -> Activo Para conhecer o seu valor, é necessário identificar as dívidas contraídas, ou seja, as obrigações perante terceiros -> Passivo Activo é um recurso controlado pela empresa como resultado de acontecimentos passados e do qual se espera que fluam para a empresa benefícios económicos futuros A noção assenta no controlo em contraposição ao conceito jurídico de propriedade dos bens (leasing) Activo líquido é o valor atribuído inicialmente aos bens, deduzindo dos gastos da sua utilização e eventualmente de outras perdas de valor Passivo é uma obrigação presente da empresa, proveniente de acontecimentos passados, da liquidação da qual se espera que resulte um exfluxo (saída) de recursos da empresa incorporando Capital Próprio é o interesse residual nos activos depois de deduzir os passivos, ou seja, é a diferença entre o activo líquido e o passivo LUÍS MIGUEL NEVES 9

10 Balanço mapa que nos dá a posição financeira da empresa, permitindo identificar os elementos do activo líquido, passivo e do capital próprio Classificação identificação de cada um dos elementos do património e atribuição do respectivo valor. A informação contabilística passa por um processo de codificação traduzida numa linguagem compreensível e universal, utilizando a unidade conta que corresponde a um conjunto de elementos homogéneos expresso em quantias monetárias Código de contas utiliza a nomenclatura que decorre das normas contabilísticas e de algumas opções por parte das entidades normalizadoras, assente na base decimal, utilizando os dez primeiros dígitos para identificação das classes, grandes grupos ou categorias que para maior detalhe são subdivididas em subcontas Classes: 0 reservada para a contabilidade orçamental; 1 meios financeiros líquidos; 2 contas a receber e a pagar; 3 inventários e activos biológicos; 4 investimentos; 5 capital, reservas e resultados transitados; 6 gastos; 7 rendimentos; 8 resultados; 9 reservada para a contabilidade de gestão LUÍS MIGUEL NEVES 10

11 Mensuração é o processo de determinar as quantias monetárias dos elementos patrimoniais, devendo seleccionar o método para medir a quantia monetária. O método deverá ser consistente, utilizando os mesmos critérios para situações análogas e estes só devem ser alterados se a utilização de outro critério se revelar mais adequado Bases de mensuração: custo histórico, justo valor, custo corrente, valor realizável e valor presente Custo histórico reconhecer o activo e passivo pelas quantias que constam no documento de suporte ao mesmo. É a mais utilizada porque é a mais simples de aplicar Justo valor quantia pela qual um activo poderia ser trocado ou um passivo liquidado, entre partes conhecedoras e dispostas a isso, numa transacção em que não exista relacionamento entre elas Custo corrente num activo, será o valor se fosse correntemente adquirido e, num passivo, será o valor para liquidar correntemente a obrigação Valor realizável num activo, será o valor obtido ao vender o activo numa alienação ordenada e, num passivo, será o valor a pagar para satisfazer os passivos no decurso normal dos negócios Valor presente calcule o valor temporal do dinheiro com referência a uma data, pois o dinheiro ao longo do tempo não é o mesmo. Esta perda de valor está relacionada com a inflação anual e com a possibilidade de fazer aplicações, quando o dinheiro está disponível, que gerem rendimentos (custo de oportunidade). Será actualizar o valor futuro por uma taxa de juro (por exemplo) LUÍS MIGUEL NEVES 11

12 Políticas contabilísticas opções das empresas no reconhecimento das suas operações. São os princípios, bases, convenções, regras e práticas específicos aplicados por uma entidade na preparação e apresentação de demonstrações financeiras. As políticas devem ser divulgadas para que os utilizadores da informação financeira possam saber em que base a mesma é preparada Operações empresariais a despesa origina um pagamento; a receita origina um recebimento Modificações patrimoniais permutativa é quando a estrutura dos elementos do património pré-existe; modificativa é quando altera o valor desse património, quando ocorrem rendimentos ou gastos Rendimentos aumentos nos benefícios económicos LUÍS MIGUEL NEVES 12