AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DA SILAGEM DA RAIZ DE MANDIOCA CONTENDO OU NÃO SOJA INTEGRAL PARA SUÍNOS
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- Adelina Pinto Mota
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1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DA SILAGEM DA RAIZ DE MANDIOCA CONTENDO OU NÃO SOJA INTEGRAL PARA SUÍNOS Autor: Marcos Augusto Alves da Silva Orientador: Prof. Dr. Antonio Claudio Furlan Tese apresentada, como parte das exigências para obtenção do titulo de DOUTOR EM ZOOTECNIA, no Programa de Pós-graduação em Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá - Área de Concentração: Produção Animal MARINGÁ Estado do Paraná outubro 2006
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3 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DA SILAGEM DA RAIZ DE MANDIOCA CONTENDO OU NÃO SOJA INTEGRAL PARA SUÍNOS Autor: Marcos Augusto Alves da Silva Orientador: Prof. Dr. Antonio Claudio Furlan Tese apresentada, como parte das exigências para obtenção do titulo de DOUTOR EM ZOOTECNIA, no Programa de Pós-graduação em Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá - Área de Concentração: Produção Animal MARINGÁ Estado do Paraná outubro 2006
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5 ii Aos meus pais, Agostinho e Lúcia, pelo apoio e incentivo em minha formação pessoal e profissional. Ao meu irmão, Marcelo, que mesmo nos momentos difíceis, aconselhou-me a prosseguir. À minha noiva, Cláudia, pela compreensão e companheirismo. DEDICO
6 iii AGRADECIMENTOS A Deus, pelo dom da vida e pela companhia em todos os momentos. À Universidade Estadual de Maringá, pela possibilidade de realização deste curso. Ao Professor e amigo, Dr. Antonio Claudio Furlan, pela orientação e pela motivação de seguir nesta carreira. Ao Professor, Dr. Ivan Moreira, pela amizade, e pela valiosa co-orientação, colaboração fundamental nos trabalhos e ensinamentos. Aos Professores, Drs. Elias Nunes Martins, Cloves Cabreira Jobim e Cláudio Scapinello, pela alegre convivência, disposição, ensinamentos e amizade. Ao Professor, Dr. Caio Abércio da Silva, da Universidade Estadual de Londrina, pela colaboração fundamental na minha formação profissional, amizade e confiança. À CAPES, pela concessão da bolsa de estudos. Aos companheiros de república, Régis, Douglas e Rômulo pela amizade e paciência. Aos amigos, especialmente, Diovane, Cleber, Carina, Arlei, Angela e Paulo, pelo companheirismo, auxílio e colaboração durante o curso. A todos os Professores do Programa de Pós-graduação em Zootecnia da UEM, pelos ensinamentos e incentivo.
7 iv Aos funcionários da Fazenda Experimental de Iguatemi/UEM, João e Mauro, pela dedicação e auxílio na realização do experimento. Aos funcionários do Laboratório de Nutrição Animal, Dilma, Cleuza e Creuza, pela paciência e auxílio na realização das análises químicas. Aos estudantes de graduação e bolsistas, Juliana e Leandro, pela amizade e colaboração na execução dos experimentos. E a todas as pessoas que, direta ou indiretamente, contribuíram para a conclusão desse trabalho.
8 v BIOGRAFIA MARCOS AUGUSTO ALVES DA SILVA, filho de Agostinho Alves da Silva e Lúcia Gomes da Silva, nasceu em Cascavel-Pr, aos 9 dias de setembro de Em janeiro de 2002, graduou-se em Medicina Veterinária pela Universidade Estadual de Londrina. Em março de 2002, iniciou o curso de Pós-graduação em Zootecnia, em nível de Mestrado, área de concentração: Produção Animal, na Universidade Estadual de Maringá, realizando estudos na área de Nutrição de não-ruminantes. Em 26 março de 2004, submeteu-se à banca examinadora para defesa da dissertação de mestrado. Em março de 2004, iniciou o curso de Pós-graduação em Zootecnia, em nível de Doutorado, área de concentração: Produção Animal, na Universidade Estadual de Maringá. Em 16 outubro de 2006, submeteu-se à banca examinadora para defesa da tese de doutorado.
9 vi ÍNDICE Página LISTA DE TABELAS... RESUMO... ABSTRACT... viii x xii I INTRODUÇÃO GERAL Composição química da mandioca Digestão do amido Glicosídeos cianogênicos / Ácido cianídrico Silagem de raiz de mandioca Uso de inoculantes em silagens Inibidor de tripsina Literatura Citada II OBJETIVOS GERAIS III Avaliação Nutricional da Silagem de Raiz de Mandioca Contendo ou não Soja Integral para Suínos na Fase de Creche Resumo Abstract Introdução... 20
10 Material e Métodos Resultados e Discussão Conclusões Literatura Citada IV Avaliação Nutricional da Silagem de Raiz de Mandioca Contendo ou não Soja Integral para Suínos nas Fases de Crescimento e Terminação Resumo Abstract Introdução Material e Métodos Resultados e Discussão Conclusões Literatura Citada V CONCLUSÕES GERAIS vii
11 viii LISTA DE TABELAS Página Tabela 1. Composição percentual e química da ração referência Tabela 2. Tabela 3. Tabela 4. Tabela 5. Tabela 6. Tabela 7. Tabela 8. Composição percentual e química da ração testemunha (RT) e das rações contendo silagem de raiz de mandioca (MA) e silagem de raiz de mandioca contendo soja integral (MS) para leitões na fase de creche Teores de matéria seca, proteína bruta, amido, matéria orgânica, cinzas, extrato etéreo, fibra bruta, cálcio, fósforo total, energia bruta e valor de ph dos alimentos avaliados (MA, MI, MS e MSI) 1, na matéria natural e em 87,45% de matéria seca Valores de ácido cianídrico e inibidores de tripsina da silagem de raiz de mandioca (MA) e silagem de raiz de mandioca com inclusão de soja integral (MS) antes e depois de ensiladas Coeficientes de digestibilidade aparente da matéria seca (CDMS), da proteína bruta (CDPB), do extrato etéreo (CDEE), do amido (CDAM), da matéria orgânica (CDMO), da energia bruta (CDEB) e coeficiente de metabolização da energia bruta (CMEB) dos alimentos avaliados Teores de matéria seca digestível (MSD), proteína digestível (PD), extrato etéreo digestível (EED), amido digestível (AMD), matéria orgânica digestível (MOD), energia digestível (ED) e energia metabolizável (EM) dos alimentos avaliados (MA, MI, MS e MSI) 1 na matéria natural e em 87,45% de matéria seca Valores médios de consumo diário de ração (CDR), ganho diário de peso (GDP), conversão alimentar (CA) e de ph das rações experimentais para suínos em fase de creche Custo do quilograma de ração, custo de ração por quilograma de suíno produzido (CR), índice de eficiência econômica (IEE) e índice de custo (IC) das rações experimentais (RT, MA e MS) 1 para leitões em fase de creche... 39
12 Tabela 1. Composição percentual e química da ração referência ix Tabela 2. Tabela 3. Tabela 4. Tabela 5. Tabela 6. Tabela 7. Tabela 8. Tabela 9. Composição percentual e química da ração testemunha (RT) e das rações contendo silagem de raiz de mandioca (MA) e silagem de raiz de mandioca contendo soja integral (MS) para suínos nas fases de crescimento e terminação Teores de matéria seca, proteína bruta, amido, matéria orgânica, cinzas, extrato etéreo, fibra bruta, cálcio, fósforo total, energia bruta e valor de ph dos alimentos avaliados (MA, MI, MS e MSI) 1, na matéria natural e em 87,45 % de matéria seca Valores de ácido cianídrico e inibidores de tripsina da silagem de raiz de mandioca (MA) e silagem de raiz de mandioca contendo soja integral (MS) antes e depois de ensiladas Coeficientes de digestibilidade aparente da matéria seca (CDMS), da proteína bruta (CDPB), do extrato etéreo (CDEE), do amido (CDAM), da matéria orgânica (CDMO), da energia bruta (CDEB) e coeficiente de metabolização da energia bruta (CMEB) dos alimentos avaliados Teores de matéria seca digestível (MSD), proteína digestível (PD), extrato etéreo digestível (EED), amido digestível (AMD), matéria orgânica digestível (MOD), energia digestível (ED) e energia metabolizável (EM) dos alimentos avaliados na matéria natural e em 87,45 % de matéria seca Valores médios de ph das rações experimentais, consumo diário de ração (CDR), ganho diário de peso (GDP) e conversão alimentar (CA) das rações experimentais para suínos em fase de crescimento e período total Características de carcaça de suínos no final da fase de terminação, alimentados com ração testemunha (RT) e rações contendo silagem de raiz de mandioca (MA) e silagem de raiz de mandioca contendo soja integral (MS) Custo do quilograma de ração, custo de ração por quilograma de suíno produzido (CR), índice de eficiência econômica (IEE) e índice de custo (IC) para suínos em diferentes períodos experimentais, alimentados com ração testemunha (RT) e rações contendo silagem de raiz de mandioca (MA) e silagem de raiz de mandioca contendo soja integral (MS)... 65
13 RESUMO Quatro experimentos foram conduzidos para determinar o valor nutritivo e verificar o desempenho de suínos nas fases de creche e crescimento/terminação alimentados com rações contendo silagem de raiz de mandioca com adição ou não de grão de soja integral. Os ensaios de digestibilidade tiveram como objetivo avaliar a silagem de raiz de mandioca (MA), silagem de raiz de mandioca contendo inoculante (MI), silagem de raiz de mandioca contendo soja integral (MS) e silagem de raiz de mandioca contendo soja integral e inoculante (MSI). Para as duas fases estudadas foram utilizados 15 suínos mestiços, machos, castrados, com peso vivo inicial de 21,90±2,54 kg para a fase de creche e 46,99±3,42 kg para a fase de crescimento/terminação, alojados individualmente em gaiolas de metabolismo e distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado com repetição no tempo, com cinco tratamentos, três repetições, sendo um animal por unidade experimental. Os valores de matéria seca digestível (MSD), proteína digestível (PD), extrato etéreo digestível (EED) para MS e MSI, amido digestível (AMD), matéria orgânica digestível (MOD), energia digestível (ED) e energia metabolizável (EM) para a fase de creche, em 87,45% de matéria seca, para MA foram, respectivamente, de 80,95; 1,82; 75,01; 77,31%; e kcal/kg, para MI foram 82,30; 1,95; 74,65; 81,81%; e kcal/kg, para MS foram 80,08; 6,69; 2,35; 64,18; 79,25%; e kcal/kg e para MSI foram, 79,22; 6,73; 2,20; 66,79; 78,46%; e kcal/kg, e para a fase de crescimento/terminação foram para MA, respectivamente, de 83,30; 2,60; 75,01; 82,39%; e kcal/kg, para MI foram 82,27; 2,54; 74,65; 81,78%; e kcal/kg, para MS foram 82,54; 7,24; 2,96; 64,18; 81,04%; e kcal/kg e para MSI foram, 83,16; 7,07; 2,84; 66,79; 80,86%; e kcal/kg. Nos experimentos de desempenho foram utilizados 36 suínos com peso vivo inicial de 14,67±1,07 kg para a fase de creche e de
14 xi 32,03±2,91 kg para a fase de crescimento/terminação, distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado, com restrição na casualização para duas classes de peso inicial, que totalizam três tratamentos, seis repetições e dois animais por unidade experimental. Os tratamentos consistiram em uma ração à base de milho e farelo de soja (RT) e outras duas rações com substituição total do milho por MA e MS. Para a fase de creche, foram observadas pioras no ganho de peso diário para MS e na conversão para os leitões que receberam MS e RT em relação à MA e para fase de crescimento a conversão alimentar melhorou com o uso das silagens de mandioca contendo ou não soja integral. Pode-se concluir que a silagem de raiz de mandioca e a silagem da raiz de mandioca contendo soja integral podem ser utilizadas sem restrições na alimentação de suínos, entretanto, para a fase de creche a silagem de raiz de mandioca contendo soja integral não apresentou resultados tão favoráveis como os obtidos para a silagem de raiz de mandioca.
15 ABSTRACT Four experiments were carried out to determine nutritive value and verify performance in the nursery and growing/finishing phase fed with cassava root silage with or without whole soybean. Digestibility trial was to evaluate the cassava root silage (CA), cassava root silage with inoculant (CI), cassava root silage containing whole soybean (CS) and cassava root silage containing whole soybean and inoculant (CSI). To the two evaluated phases were used fifteen cross breed with initial body weight of kg to nursery phase and 46.99±3.42 kg to growing/finishing phase, in metabolism cages, in a completely randomized design with replication in time, with three experimental units and one piglet per cage. The values of digestible dry matter (DDM), digestible protein (DP), digestible ether extract (DEE) of CS and CSI, digestible starch (DS), digestible organic matter (DOM), digestible energy (DE) and metabolizable energy (ME), respectively, based on 85.45% dry matter for nursery phase were; 80.95, 1.82, 75.01, 77.31%, 3,249 and 3,184 kcal/kg for CA; 82.30, 1.95, 74.65, 81.81%, 3,292 and 3,271 kcal/kg for CI; 80.08, 6.69, 2.35, 64.18, 79.25%, 3,452 and 3,370 kcal/kg for CS and 79.22, 6.73, 2.20, 66.79, 78.46%, 3,342 and 3,303 kcal/kg for CSI, and for growing/finishing phase were; 82.27; 2.54; 74.65; 81.78%; 3,283 and 3,188 kcal/kg for CA; 82.27; 2.54; 74.65; 81.78%; 3,283 and 3,188 kcal/kg for CI; 82.54; 7.24; 2.96; 64.18; 81.04%; 3,541 and 3,459 kcal/kg for CS and 83.16; 7.07; 2.84; 66.79; 80.86%; 3,481 and 3,379 kcal/kg for CSI. In the performance trial, thirty six cross breed swine were used, with initial body weight of 14.67±1.07 kg to nursery phase and 32.03±2.91 kg to growing/finishing phase. The swine were allocated in three treatments in a completely randomized design, with six experimental units and two piglets per experimental units. The treatments consisted of a control diet containing corn and soybean meal (CD), two diets with total corn replacement by CA and CS. For nursery
16 xiii phase the worst results were observed in the daily weight gain for MS and in the feed:gain ration for piglets fed with CD and CS diets in relation to CA and for growth phase the feed:gain ratio had better results with use of cassava root silages with or without inclusion of whole soybean. It can be concluded that the cassava root silage and cassava root containing whole soybean silage can be used without restrictions to feed swine, however, for nursery phase the cassava root containing integral soybean silage did not present results as favorable as the one obtained to cassava root silage.
17 I - INTRODUÇÃO GERAL A suinocultura é uma atividade de grande importância na pecuária brasileira, em que o Brasil ocupa o quarto lugar na produção mundial. Nos últimos três anos, a produção e as exportações de carne suína brasileira aumentaram significativamente, que passou de 2,69, em 2003, para 2,73 milhões de toneladas produzidas, em 2005, e as exportações de 475,8, em 2003, para 625,1 mil toneladas exportadas em 2005 (Abipecs, 2005). O custo com a alimentação é responsável por 70 a 80% do custo de produção da suinocultura, e é muitas vezes o responsável pela inviabilidade desta atividade. Buscando minimizar este problema, é necessário que se desenvolvam rações com alimentos alternativos que supram as exigências nutricionais das diferentes categorias, e que apresentem mesmo desempenho produtivo e com menor custo de produção (Silva & Menezes, 2005). A mandioca (Manihot esculenta, Crantz), também conhecida como macaxeira ou aipim, é cultivada, praticamente, em todo território brasileiro e possui excelente qualidade nutritiva para a alimentação animal. Sua produção é menos exigente em insumos do que a maioria das culturas, e por isso, menos dispendiosa. É uma cultura de grande expressão socioeconômica, tanto em nível nacional como mundial, constituindose em importante fonte de energia para a alimentação humana e animal (Bezerra et al.,
18 2 1996). Originária da América do Sul, a mandioca pertencente à família euphorbiacea, e que a espécie de maior interesse econômico é a Manihot esculenta, crantz, classificada em dois tipos: a mandioca mansa, doce ou de mesa, que possui teor de ácido cianídrico inferior a 50mg/kg de polpa fresca; e a brava, amarga ou venenosa, com teor do ácido cianídrico acima de 100mg/kg de polpa fresca (Carvalho, 1986). A ampla tolerância dessa cultura a climas áridos, a habilidade de crescer em solos pobres, a relativa resistência a ervas daninhas e insetos, e ao fato das raízes serem conservadas no solo por longo período, tornaram seu cultivo bastante extensivo em diversas regiões do mundo (Carvalho, 1986). Os três maiores produtores mundiais são a Nigéria, o Brasil e a Tailândia e as maiores produtividades/hectare são encontradas na Índia, Costa Rica e Barbados (FAO, 2005). De acordo com a FAO (2005), a cultura de mandioca apresenta um rendimento médio no Brasil de Kg por hectare/ano. Nos países africanos, a mandioca é responsável pela alimentação de 60% da população. Por esse motivo, o continente africano tem participado em média com 50% da produção mundial de mandioca. Vale a pena destacar a presença cada vez mais significativa da Nigéria, cuja participação passou de 9% em 1970 para 18% da produção mundial, ou seja, de 9,5 para 33,8 milhões de toneladas de raiz em 2001 (SEAB, 2005). O Brasil é o maior produtor de mandioca do continente. A produção brasileira apesar de ser bastante significativa, praticamente estagnou nos últimos anos, ora apresentando pequenos decréscimos, ora apresentando pequenos acréscimos, porém, nada significativos. Na maioria dos países das Américas, o principal consumo da mandioca é sob a forma fresca, à exceção do Brasil que apresenta na farinha o seu principal produto (Fukuda & Otsubo, 2003).
19 3 De acordo com dados publicados pela SEAB (2005), o Brasil produz cerca de 23,8 milhões de toneladas, sendo o Estado do Pará o maior produtor nacional com, aproximadamente, 4,5 milhões de toneladas. A cultura de mandioca é expressiva na região noroeste do Paraná, que além de produzir produtos para o uso geral tais, como: alimentos, produtos de higiene, tintas, cola, entre outros, ainda fornece resíduos culturais (folhas e caule) e subprodutos industriais (casca de mandioca e farinha de varredura) de baixo custo, que podem ser usados na alimentação dos animais (Pereira, 1987). A produção paranaense se concentra, basicamente, no oeste e noroeste, uma vez que os núcleos regionais de Cascavel, Toledo, Paranavaí e Umuarama representam cerca de 75% da área e da matéria-prima produzida no Estado, que significa 15% da produção nacional. O impulso maior da produção de mandioca, no Paraná, começou na década de 80, quando grande número de farinheiras foi atraído para o Estado e, posteriormente, a forte presença de fecularias, levou o Estado a ocupar, atualmente, o terceiro lugar na produção nacional com, aproximadamente, 4,0 milhões de toneladas de raiz e produtividade média de kg/ha. contra a kg/ha. da média nacional (SEAB, 2005). A mandioca é uma planta que pode ser integralmente aproveitada, no entanto, muitos agricultores não têm informações do potencial oferecido pela cultura e todas suas utilizações. Desde a raiz usada na alimentação humana in natura ou sob a forma de farinha, amido ou fécula, como para a fabricação de raspas para rações animais, até o aproveitamento da parte aérea (folhas e ramas) na alimentação animal que apesar do seu elevado valor nutricional as folhas são desperdiçadas (Juste Jr., 1979). Essa cultura tem relevante importância social pois, em algumas etapas do cultivo,
20 4 é indispensável o uso da mão-de-obra, que gera mais emprego e renda (Mazzuco & Bertol, 2000), além das diferentes possibilidades de uso da mandioca na alimentação humana e ração animal. Pelo fato de usar pouca mecanização, apresenta em sua relação a utilização de 0,20 homens/ha. de cultivo. Segundo Mazzuco & Bertol (2000), a mandioca é um dos produtos comercializados que mais agregam preço no sistema de comercialização entre o produtor e o consumidor, havendo uma diferença de até 220%. Outra constatação é de que a mandioca é uma alternativa que vem sendo utilizada, principalmente, pelo pequeno agricultor (ocupa áreas menores que 10 hectares) para a diversificação da propriedade. A participação da mandioca na alimentação animal ainda é restrita, apesar das raízes substituírem total ou parcialmente o milho, e as ramas fornecerem elevados teores de proteína, vitamina C, - caroteno e minerais como ferro, zinco e cobre (Carvalho et al., 1983; Sampaio et al., 1994). O emprego da mandioca como alimento, no entanto, está limitado pela presença de um princípio tóxico, um glicosídeo de natureza cianogênica. Esse composto é encontrado em toda planta, porém, em maior concentração na parte aérea. Esse glicosídeo cianogênico, sob hidrólise ácida no trato digestório ou sob a ação de enzimas endógenas (linamarase), desdobra-se em acetona, glicose e ácido cianídrico (HCN), e o HCN é um produto tóxico que pode levar os animais à morte (Mazzuco & Bertol, 2000). Contudo, quando as raízes são arrancadas ou são submetidas a qualquer processamento para o consumo ou sua parte aérea é picada e desidratada, o ácido cianídrico é naturalmente eliminado (Costa et al., 1979). O modo mais simples de fornecer raízes aos animais é triturá-las e fazer uma murcha, em condições ambientes por 24 horas, para a redução do teor de ácido cianídrico (HCN), que contém na planta que é tóxico para os animais (Sampaio et al.,
21 5 1994). Outra maneira é através da incubação anaeróbica da raiz de mandioca que pode reduzir o teor de HCN em mais de 65%, após 29 dias de ensilada (Soares, 2003). Considerando que a produção de mandioca tem aumentado significativamente nas propriedades agrícolas brasileiras e paranaenses, e que a literatura nacional é escassa com respeito à utilização da silagem de raiz de mandioca na alimentação animal, justifica-se o maior direcionamento de trabalhos de pesquisa que avaliem o desempenho de suínos alimentados com esse produto. 1.1 Composição química da mandioca A parte economicamente mais importante são as raízes tuberosas, ricas em amido, utilizadas na alimentação humana e animal ou como matéria-prima para diversas indústrias. A raiz da mandioca é rica em energia com elevado coeficiente de digestibilidade, possui baixa quantidade de fibras e pobre em proteína (Carvalho, 1986). Estudos mostram que a raiz de mandioca pode ser incluída na formulação de rações de todos os animais domésticos, graças a seu valor energético e à sua palatabilidade, mas é necessário que a formulação contenha fonte protéica (Carvalho, 1986). A raiz de mandioca é rica em amido e apresenta a seguinte composição química: 60 a 65% de umidade, 21 a 33% de amido, 1,0 a 1,5% de proteínas, 0,7 a 1,06% de fibras e 0,6 a 0,9% de cinzas. Tal composição é variável de acordo com as condições ambientais em que se desenvolveu, qual a cultivar utilizada e a idade da planta (Butolo, 2002). Uma importante característica da mandioca que a torna de grande interesse para
22 6 pesquisadores, é o fato de que sua produtividade, em termos de calorias por unidade de área e por tempo, é mais alta que outras culturas. De acordo com Juste Jr. (1979), a mandioca produz 250x10 3 cal/ha./dia, comparada a 110x10 3 cal/ha./dia para o trigo, 114x10 3 cal/ha./dia para o sorgo, 176x10 3 para o arroz e 200x10 3 cal/ha./dia para o milho. Em vista disso, ela pode resolver, em grande parte, o problema da alimentação animal durante a estação seca e baixar os custos da produção de concentrados energéticos durante todo o ano. Como fonte energética, é um ingrediente interessante, principalmente a farinha integral, pois possui alta concentração de amido (65 a 75%), baixo em amilose, tornando-a de fácil digestão (Butolo, 2002). 1.2 Digestão do amido O amido compreende a maior reserva de polissacarídeos de plantas verdes e, provavelmente, o segundo mais abundante carboidrato na natureza. É encontrado em grãos, raízes e tubérculos (Blas & Gidenne, 1998). Em seu estado natural, existe como um complexo altamente organizado de amilose-amilopectina, na forma granular. Os grânulos de amido diferem em suas aparências, tamanhos e propriedades, de acordo com a espécie vegetal. O interior do grânulo é composto de regiões organizadas (cristalinas) e não-organizadas (amorfas) alternadas. A região cristalina ou micelar é, principalmente, composta de amilopectina, resistente à entrada de água e ao ataque enzimático do grânulo de amido. A região amorfa é rica em amilose e menos densa que a cristalina, e permite o movimento livre da água (Rooney & Pflugfelder, 1986).
23 7 A destruição dessa organização é a base da gelatinização, visto que a amilose e a amilopectina, em sua condição natural, não são prontamente acessíveis à ação da amilase no processo de digestão. O ataque das amilases aos grãos de amido é iniciado na região amorfa, enquanto que a hidrólise da região cristalina ocorre mais vagarosamente (Rooney & Pflugfelder, 1986). Sob o ponto de vista bioquímico, a amilose consiste basicamente de uma cadeia linear de glicose 1-4 e a amilopectina, uma cadeia ramificada com ligações 1-4 e 1-6. Blas & Gidenne (1998) afirmam que a estrutura polimérica é mais complicada e a estrutura primária ainda não é bem entendida. Tem-se verificado que algumas moléculas de amilose apresentam diversas ramificações. A enzima responsável pela digestão do amido é a amilase ( 1-4 glicano hidrolase) (Moreira, 1993). No processo digestivo, a amilase (endoamilase) hidrolisa, aleatoriamente, as ligações 1-4 glicosídicas dentro da molécula do amido, gerando maltose e dextrina ramificada e linear. A amilase e a glicoamilase (exoamilases) atacam os resíduos de glicose terminais, produze maltose e glicose, respectivamente. Finalizando o processo, as amiloglicosidases intestinais hidrolisam as dextrinas e produzem glicose. A digestibilidade do amido é inversamente proporcional à quantidade de amilose. Essa menor digestibilidade pode estar relacionada com a capacidade da amilose de limitar a incubação e/ou devido à orientação das moléculas de amilose em direção ao interior dos cristais de amilopectina, causando um aumento nas ligações de hidrogênio, o que limitaria a expansão e a hidrólise enzimática (Van Soest, 1994). A proporção relativa de amilose e amilopectina varia consideravelmente de acordo com a origem da planta. Segundo Alexandre (1995), o milho, a mandioca, a batata e o trigo apresentam, respectivamente, 28%, 17%, 21% e 26% de amilose e 72%,
24 8 83%, 79% e 74% de amilopectina. Assim, a proporção desses polímeros lineares (amilose) e ramificados (amilopectina), presentes nos grãos de cereais, raízes e tubérculos, influenciam na digestibilidade das diferentes fontes de amido (Rooney & Pflugfelder, 1986). Conforme Rooney & Pflugfelder (1986), as matrizes de proteína e os corpos protéicos presentes no endosperma dos grãos afetam a utilização de amido pelos animais. Logo, a ausência da matriz protéica no grão de amido da raiz de mandioca pode proporcionar maior digestibilidade do amido para essa fonte energética em relação ao milho (Zeoula, 1990). 1.3 Glicosídeos cianogênicos / Ácido cianídrico Há muito tempo é conhecida a ação dos glicosídeos cianogênicos que possuem alto grau de toxidade e que limitam a utilização de alguns alimentos pelos homens e animais. Entre as plantas prejudicadas pela presença dessas substâncias estão a mandioca, o sorgo e a semente de linhaça. Estas substâncias ocorrem nas plantas superiores e em duas classes animais (miripoda e insecta), apresentando-se na forma de: linamarina, lotaustralina, prunasina e zierina (Carvalho, 1978). Os glicosídeos cianogênicos são definidos, quimicamente, como glicosídeos de hidroxinitrilos (cianoidrinas), que na presença de ácidos diluídos a quente e, no caso de tecidos vegetais, sob a ação de enzimas (linamarase), sofrem hidrólise e liberam o ácido cianídrico (HCN), acetona e glicose. O HCN é uma substância altamente tóxica e potente inibidor da atividade de enzimas envolvidas na respiração celular (citocromos) (Carvalho, 1978).
25 9 A forma de intoxicação por HCN ocorre por meio da reação do íon cianeto com o íon férrico da citocromo oxidase. Essa reação dá origem a um complexo cianetocitocoromo oxidase que é bastante estável. Essa forma complexada interrompe o transporte de elétrons e paralisa a cadeia respiratória celular, que determina a anóxia citotóxica. Como conseqüência, a hemoglobina não pode liberar seu oxigênio para o citocromo oxidase (Buck et al., 1983). A intoxicação tem evolução aguda, e os animais raramente sobrevivem mais de uma a duas horas. Na maioria dos casos, os sinais clínicos aparecem 10 a 15 minutos após a ingestão da planta tóxica e morrem alguns minutos após apresentarem os primeiros sinais clínicos. Esses se caracterizam por dispnéia, ansiedade, tremores musculares, não-coordenação e convulsões com opistótomo. As mucosas apresentam-se vermelho-brilhantes (Correa et al., 1993). O emprego da mandioca de alto teor de glicosídeo cianogênico na forma in natura como alimento, está limitado pelo princípio tóxico, que é encontrado em toda planta, principalmente na parte aérea. Contudo, quando as raízes são arrancadas ou são submetidas a qualquer processamento para o consumo, ou sua parte aérea é picada e desidratada, o HCN é naturalmente eliminado (Costa et al., 1979). Na casca e nas raízes das variedades bravas, o teor de HCN é de 0,02 a 0,03%, já nas variedades mansas não passa de 0,005% (Teixeira, 1991). 1.4 Silagem de raiz de mandioca A raiz de mandioca fresca é uma excelente fonte de energia para os suínos, nas diferentes fases do ciclo de vida, principalmente nas fases de crescimento e terminação (Butolo, 2002).
26 10 O processo de produção da silagem de mandioca consiste no corte e armazenamento da mandioca em locais e condições apropriados, denominados silos. O processamento segue sempre os mesmos passos, independente do tipo de alimento utilizado. As raízes da mandioca oferecem condições propícias para ensilagem, já que seu nível de umidade (62 a 68%) e seu conteúdo de carboidratos de fácil fermentação permitem o desenvolvimento do processo sem maiores dificuldades (Almeida & Filho, 2005). A ensilagem é um processo de conservação de forragens, grãos e tubérculos, baseados em fermentação lática espontânea sob condições sem presença de oxigênio. As bactérias láticas fermentam os carboidratos do alimento transformando-os em ácido lático e, em menor extensão, ácido acético. Devido à produção desses ácidos, o ph do material ensilado decresce e os microrganismos indesejáveis são inibidos. As principais transformações químicas que ocorrem durante a fermentação das silagens incluem a produção de ácidos orgânicos pela degradação dos carboidratos solúveis presentes no produto ensilado. Acredita-se que a gelatinização do amido pelo aquecimento possa favorecer a sua digestibilidade, mas que dificilmente ocorrerá em condições normais de ensilagem. Isso porque, segundo Colonna et al. (1995), a gelatinização do amido dos alimentos em geral começa à temperatura de 62 C e termina em 72 C, temperaturas que não são atingidas durante a ensilagem. Portanto, a maior contribuição pode ser por ação dos ácidos orgânicos formados na silagem sobre o amido, pois, segundo Rooney & Pflugfelder (1986), o amido pode ser gelatinizado pela ação de agentes químicos, como por exemplo, os ácidos orgânicos. A silagem é obtida picando-se a mandioca em pedaços pequenos (2 a 3cm) antes de armazenar no silo. Em 30 dias, a silagem está pronta, e pode ser conservada por mais
27 11 de um ano. Segundo Bertol (2003), a silagem de raiz de mandioca apresenta uma composição semelhante à da raiz de mandioca fresca, apenas com teor de matéria seca e de energia um pouco mais elevados. Pesquisas feitas no Laboratório de Nutrição Animal de EMBRAPA Semi-Árido comprovam que o processo de confecção da silagem, trituração e acondicionamento em silo elimine grande parte do glicosídio cianogênico (Soares, 2003). 1.5 Uso de inoculantes em silagens Para Bolsen (1995), citado por Monteiro (1996), a qualidade da silagem pode ser influenciada por vários fatores biológicos e tecnológicos. Segundo Vilela (1998), o termo qualidade da silagem não é geralmente usado para designar seu valor nutritivo, mas a extensão pela qual o processo fermentativo no silo se desenvolveu de maneira conveniente. A fermentação consiste na conversão de carboidratos solúveis em ácidos orgânicos, por meio de microrganismos inerentes ao próprio meio, onde prevalecem, em condições adequadas (Vilela, 1998). O mesmo autor relatou ainda que, considera-se uma boa fermentação aquela em que bactérias desejáveis (Lactobacillus sp) são estimuladas a converter açúcares presentes na planta em ácido lático. Segundo Hoffman & Muck (2001), a enzima é uma proteína que cataliza reações químicas em sistemas biológicos. A adição de enzimas às silagens tem recebido considerável atenção na última década. Sua primeira função é degradar a fibra dos alimentos durante a fermentação, e torna a silagem mais digestível. A degradação da fibra em açúcares solúveis também aumenta o substrato para as bactérias produzirem o ácido lático, que reduz o ph no silo.
28 12 Os aditivos de silagem, com base em enzimas, contêm celulases, xilanases (Nussio, 1998) e mais hemicelulases, amilases e pectinas (Hoffman & Muck, 2001). A amilase degrada o amido, e o seu uso é mais indicado para silagens que contenham o amido como substrato. 1.6 Inibidor de tripsina A soja crua contém fatores antinutricionais que limitam a sua utilização. O mais estudado e investigado dos antinutrientes protéicos são os inibidores de proteases (Pusztai et al., 1991), que são proteínas de ampla distribuição no reino vegetal, capazes de inibir as atividades da tripsina, quimotripsina, amilase e carboxipeptidase (Xavier- Filho & Campos, 1989). Os efeitos nocivos dos inibidores de proteases, em animais alimentados com leguminosa crua, são complexos. Muitos estudos com animais monogástricos têm atribuído aos efeitos deletérios, principalmente alterações metabólicas do pâncreas (aumento da secreção enzimática, hipertrofia e hiperplasia) e redução da taxa de crescimento, à presença de inibidores de tripsina na alimentação à base de leguminosas (Al-Wesali et al., 1995). Nitsan & Liener (1976) estudaram o efeito de dietas com farinha de soja crua e aquecida sobre os níveis de tripsina, quimotripsina e amilase no pâncreas de ratos e concluíram que a ingestão de soja crua, ao contrário da soja cozida, estimulou a secreção das enzimas pancreáticas. Os resultados da pesquisa de Grant et al. (1988), com ratos alimentados com proteína de soja, mostraram considerável aumento do tamanho do pâncreas dos animais. Diferentemente de ratos e galinhas, a ingestão de farinha de soja e feijão crus por
29 13 cobaias, bezerros, cachorros e suínos não provocam hipertrofia pancreática, contudo, observa-se hiposecreção das enzimas pancreáticas e sérica, depressão do ganho de peso corporal ou perda de peso de animais (Hasdai et al., 1989). A inibição do crescimento, em animais jovens alimentados com leguminosas cruas, pode ser provocada pela excessiva perda fecal de proteína secretada pelo pâncreas, visto que as enzimas pancreáticas são ricas em aminoácidos sulfurados e essa perda endógena não pode ser compensada pela ingestão de proteína de leguminosas (Silva & Silva, 2000).
30 14 Literatura Citada ABIPECS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA PRODUTORA E EXPORTADORA DE CARNE SUÍNA. (Estatística 2005). Disponível em: Acesso em: 18 jan ALEXANDRE, R.J. Potato starch: New prospects for an old product. Cereal Foods World, v. 40, n. 10, p , ALMEIDA, J., FILHO, J.R.F. Mandioca: uma boa alternativa para alimentação animal. Bahia Agrícola, v.7, n.1, p , AL-WESALI, M., LAMBERT, N., WELHAM, T., DOMONEY, C. The influence of pea seed trypsin inhibitors on the in vitro digestibility of casein. Journal of the Science of Food and Agriculture, v.68, n.4, p , BERTOL, T.M. Como utilizar a raiz da mandioca (Manihot esculenta Crantz) na alimentação dos suínos Disponível em: embrapa/006.htm. Acesso em: 25 jul BEZERRA, I.L., PEQUENO, P.L.L., RIBEIRO, P.A. et al. Resposta da mandioca (macaxeira) a adubação com nitrogênio, fósforo e potássio em níveis crescentes. Sociedade Brasileira de Ciência do Solo. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE FERTILIDADE DO SOLO E NUTRIÇÃO DE PLANTAS, 22., 1996, Manaus. Resumos... Manaus: [s.n.] p.36. BLAS, E.; GIDENNE, T. Digestion of starch and sugars. In: DE BLAS, C.; WISEMAN, J. (Ed). The nutrition of the rabbit. Cambridge: CABI, p BUCK, W.B.; OSWEILER, G.D.; GELDER, G.A.V. Toxicologia veterinaria clínica y diagnóstica. 2. ed. Zaragoza: ACRIBIA, p. BUTOLO, J. E. Qualidade de ingredientes na alimentação animal. Campinas: Agros Comunicação, p. CARVALHO, J.L.H.. A mandioca: raiz, parte aérea e subprodutos da indústria na alimentação animal. In: CURSO INTENSIVO NACIONAL DE MANDIOCA, 6.,1986, Cruz das Almas. Cruz das Almas: CNPMF/ EMBRAPA, p.93. CARVALHO, J.L.H., PERIN, S., COSTA, I.R.S. Parte aérea da mandioca na alimentação animal. 1. Valor nutritivo e qualidade da silagem. [S.l.]: EMBRAPA CPAC, p. (Comunicado técnico, 29).
31 CARVALHO, V.D. Glicosídeos cianogênicos. Lavras: Escola Superior de Agricultura de Lavras ESAL, p. Curso intensivo para capacitação de técnicos na cultura da mandioca. COLONNA, P.; BULEON, A.; LELOUP, V. et al. Constituantes des céréales, des graines, des fruits et de leurs sous-produits. In: JARRIGE et al. Nutrition des ruminants domestiques: ingestion et digestion. Paris: Editions INRA, Chap.3, p CORREA, F.R.; MÉNDEZ, M. DEL C.; SCHILD, A.L. Intoxicação por plantas e micotoxinas em animais domésticos. Pelotas: Hemisfério Sul do Brasil, p. v.1. COSTA, P.M.A., BARBOSA, A.S., ALVARENGA, J.C. et al. Utilização da mandioca na alimentação de suínos. Informe Agropecuário, v.5, n.59/60, p.96-99, FAO. Statiscal Databases. Agriculture. Plant production and protection division. Disponível em: < Acesso em: 13/12/2005. FUKUDA, C., OTSUBO, A. A. Cultivo da mandioca na região centro sul do Brasil. Disponível em: Acesso em: 18 jan GRANT, G., WATT, W.B., STEWART, J.C., BARDOCZ, S., PUSZTAI, A. Intestinal and pancreatic responses to dietary soybean (Glycine max) proteins. Biochemical Society Transactions, v.16, n.4, p , HASDAI, A., NITSAN, Z., VOLCANI, R. Growth, digestibility, and enzyme activities in the pancreas and intestines of guinea-pigs fed on raw and heated soybean-bean flour. British Journal of Nutrition, v.62, n.3, p , HOFFMAN, P. & MUCK, R. E. Adding enzymes to silage. Focus on forege [on line] v.2, n.2. JUSTE JR. E.S.G. Produtos e subprodutos da mandioca. Informe Agropecuário, v.5, n.59/60, p.89-93, MAZZUCO, H., BERTOL, T. M. Mandioca e seus subprodutos na alimentação de aves e suínos. Concórdia: EMBRAPA, CNPSA, p. (Circular técnica, 25). MONTEIRO, A. L.G. Uso de aditivos na silagem de alfafa. Unimar Ciências, v.5, n.2, p MOREIRA, I. Valor nutritivo e utilização do milho e soja integral processado a calor na alimentação de leitões p. Tese (Doutorado em Zootecnia) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, NITSAN, Z., LIENER, I.E. Enzymatic activities in the pancreas, digestive tract and feces of rats fed raw or heated soy flour. Journal of Nutrition, v.106, n.2, p , NUSSIO, L.G. Qualidade total: a nova referência das silagens. Revista Balde Branco, n.403, p PEREIRA, J.P. Utilização da raspa e resíduos industriais da mandioca na alimentação animal. Informe Agropecuário, p.28-41,
32 PUSZTAI, A., WATT, W.B., STEWART, J.C. A comprehensive scheme for the isolation of trypsin inhibitors and the aglutinin from soybean seeds. Journal Agriculture Food Chemical, n.39, p ROONEY, L.W.; PFLUGFELDER, R.L. Factors affecting starch digestibility with special emphasis on sorghum and corn. Journal of Animal Science, v.63, p , 1986 SAMPAIO, A. O., FERREIRA FILHO, J.R., ALMEIDA, P.A. Cultivo consorciado da mandioca para alimentação animal. Revista Brasileira de Mandioca, v.14, n.1, p.89-98, SEAB/DERAL/CEPA/PR. Acompanhamento da situação agropecuária no Paraná. Disponível em: Acesso em: 13 dez SILVA, M. J. ; MENEZES, G. P. O uso da ração alternativa de resíduo de mandioca (casca+ponta) na alimentação de suínos em crescimento. Disponível em: Acesso em: 10 nov SILVA, M.R.; SILVA, M.A.A.P.. Fatores antinutricionais: inibidores de proteases e lectinas. Revista de Nutrição, v.13, n.1, p. 3-9, jan./abr., 2000 SOARES, J.G.G. Silagem de maniçoba, uma excepcional forragem. Disponível em: 02/05/2003. Acesso em: TEIXEIRA, A. S. Alimentos e Alimentação. Escola Superior de Agricultura de Lavras e Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão, p. Van SOEST, P.J. Nutritional ecology of the ruminant. New York: Cornell University Press, p. VILELA, D. Aditivos para silagens de plantas de clima tropical. In: SIMPOSIO SOBRE O USO DE ADITIVOS NA PRODUÇÃO DE RUMINATES E NÃO RUMINATES, Botucatu, Anais... Botucatu: Sociedade Brasileira de Zootecnia, p XAVIER-FILHO, J., CAMPOS, F.A.P. Proteinase inhibitors. In: CHEEK, P.R. Toxicants of plant origin. Boca Raton: CRC Press, p v.3. ZEOULA, L.M. Efeitos da fonte de amido, do processamento e da adição de uréia sobre a fermentação ruminal e digestão parcial e total em bovídeos p. Tese (Doutorado em Zootecnia) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa,
33 II OBJETIVOS GERAIS Diante dos aspectos apresentados, os objetivos deste trabalho foram: A) determinar o valor nutritivo da silagem de raiz de mandioca contendo ou não soja integral e inoculante enzimo-bacteriano, por meio de ensaio de digestibilidade com suínos na fase de creche e crescimento/terminação; B) avaliar o desempenho dos suínos na fase de creche e crescimento e terminação e características de carcaça de suínos alimentados com dietas contendo silagem de raiz de mandioca à base ou não de soja integral; C) avaliar a viabilidade econômica da utilização da silagem de raiz de mandioca, contendo ou não soja integral em rações para suínos.
34 III Avaliação Nutricional da Silagem de Raiz de Mandioca Contendo ou não Soja Integral para Leitões na Fase de Creche RESUMO. Dois experimentos foram conduzidos para determinar o valor nutritivo e verificar o desempenho de leitões na fase de creche alimentados com rações contendo silagem de raiz de mandioca contendo ou não soja integral. No ensaio de digestibilidade, foram utilizados 15 leitões mestiços, machos, castrados, com peso vivo inicial de 21,90 ± 2,54 kg, distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado com repetição no tempo. Foram avaliadas as silagens de raiz de mandioca (MA), MA + inoculante (MI), MA + soja integral (MS) e MA + soja integral e inoculante. Os teores de matéria seca digestível (MSD), proteína digestível (PD), extrato etéreo digestível (EED) para MS e MSI, amido digestível (AMD), matéria orgânica digestível (MOD), energia digestível (ED) e energia metabolizável (EM), em 87,45% de matéria seca, para MA foram, respectivamente, de 80,95; 1,82; 75,01; 77,31%; e kcal/kg, para MI foram, 82,30; 1,95; 74,65; 81,81%; e kcal/kg, para MS foram, 80,08; 6,69; 2,35; 64,18; 79,25%; e kcal/kg e para MSI foram, 79,22; 6,73; 2,20; 66,79; 78,46%; e kcal/kg. O uso de inoculante não foi efetivo para melhorar a digestibilidade dos nutrientes. No experimento de desempenho foram utilizados 36 leitões com peso vivo inicial de 14,67±1,07 kg, distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado, com restrição na casualização para duas classes de peso inicial, totalizando três tratamentos, seis repetições e dois animais por unidade experimental. Os tratamentos consistiram em uma ração à base de milho e farelo de soja (RT) e outras duas rações com substituição total do milho por MA e MS. Foram observadas pioras no ganho de peso diário para MS e na conversão para os leitões que receberam MS e RT em relação à MA. Pode-se concluir que as silagens de raiz de mandioca e as silagens da raiz de mandioca contendo soja integral apresentaram bons valores nutritivos e podem ser utilizadas sem restrições na alimentação de leitões na fase de creche. Palavras-chave: alimentos alternativos, desempenho, digestibilidade, suíno, valores energéticos.
35 III Nutritional Evaluation of Cassava Root Silage with or Without Whole Soybean for Nursery Piglets ABSTRACT. Two experiments were carried out to determine nutritive value and verify performance of nursery piglets fed with cassava root silage with or without whole soybean. In the digestibility trial were used fifteen cross breed barrow with initial average body weight of kg in metabolism cages, in a completely randomized design with replications in time. There were evaluate the cassava root silage (CA), CA + inoculant s bacterial enzyme (CI), CA + whole soybean (CS) and CA + whole soybean and inoculant s bacterial enzyme (CSI). The values of digestible dry matter (DDM), digestible protein (DP), digestible ether extract (DEE) for CS and CSI, digestible starch (DS), digestible organic matter (DOM), digestible energy (DE) and metabolizable energy (ME) were; 80.95, 1.82, 75.01, 77.31%, 3,249 and 3,184 kcal/kg for CA; 82.30, 1.95, 74.65, 81.81%, 3,292 and 3,271 kcal/kg for CI; 80.08, 6.69, 2.35, 64.18, 79.25%, 3,452 e 3,370 kcal/kg for CS and 79.22, 6.73, 2.20, 66.79, 78.46%, 3,342 e 3,303 kcal/kg for CSI, respectively, based on 85.45% dry matter. The inoculants use was not effective to improve nutrients digestibility. In the performance trial were used thirty six cross breed piglets, with initial body weight of 14.67±1.07 kg. The piglets were distributed in three treatments in a completely randomized design, with six experimental units and two piglets per experimental units. The treatments consisted of a basal corn and soybean meal diet (CD), two diets with total corn replacement by CA and CS. The worst results were observed in the daily weight gain for MS and in the feed:gain ration for nursery piglets fed with CD and CS diets in relation to CA. It can be concluded that the cassava root silage and cassava root containing whole soybean silage can be used without restrictions in nursery piglets feeding. Key words: alternative foods, digestibility, energy values, performance, swine.
36 20 Introdução A alimentação de suínos representa de 70 a 80% do custo de sua produção, e o milho seco moído é a principal fonte energética e o responsável pela maior parte dos custos com a produção de rações. Diante disso, o interesse contínuo na busca de alimentos que possam otimizar os índices produtivos e econômicos nos sistemas de exploração pecuários sem comprometer, no entanto, o desempenho animal, vem sendo uma preocupação constante dos pesquisadores. A mandioca (Manihot esculenta, Crantz), também conhecida como macaxeira ou aipim é cultivada praticamente em todo território brasileiro e possui excelente qualidade nutritiva para a alimentação animal. Sua produção é menos exigente em insumos do que a maioria das culturas e por isso, menos dispendiosa. É uma cultura de grande expressão socioeconômica tanto em nível nacional como mundial, constituindo-se em importante fonte de energia para a alimentação humana e animal (Bezerra et al., 1996). Segundo a SEAB (2005), o Brasil produz 23,8 milhões de toneladas e o Estado do Pará é o maior produtor nacional de raiz e de farinha. O Paraná, 3º produtor nacional de raiz, com produção de 4,0 milhões de toneladas, se destaca pelo maior e mais moderno parque industrial, em especial o feculeiro. A raiz de mandioca é rica em amido e apresenta a seguinte composição química média: 60 a 65% de umidade, 21 a 33% de amido, 1,0 a 1,5% de proteínas, 0,7 a 1,06% de fibras e 0,6 a 0,9% de cinzas. Tal composição é variável de acordo com as condições ambientais em que se desenvolveu, a cultivar utilizada e a idade da planta (Butolo, 2002). Estudos mostram que a raiz de mandioca pode ser incluída na formulação de rações de todos os animais domésticos, graças a seu valor energético e à sua palatabilidade, mas é necessário que a formulação contenha uma fonte protéica (Carvalho, 1986).
37 21 Segundo Carvalho (1986), a mandioca pode ser classificada em dois tipos: a mandioca mansa, doce ou de mesa, que possui baixo teor de glicosídeo cianogênico (ácido cianídrico), inferior a 50 mg/kg na polpa fresca, e a brava, amarga ou venenosa, com teores elevados, acima de 100 mg/kg na polpa fresca. Os glicosídeos cianogênicos, sob hidrólise ácida no trato digestório ou sob ação de enzimas endógenas (linamarase), produzem o composto HCN (ácido cianídrico), que é um produto tóxico e pode levar os animais à morte (Mazzuco & Bertol, 2000), contudo, a armazenagem, em anaerobiose da raiz de mandioca, reduz o teor de HCN em mais de 65% após 29 dias de ensilada (Soares, 2003). Para suínos, a raiz da mandioca e seus subprodutos podem ser utilizados com poucas restrições, como um excelente substituto dos grãos de cereais. Buitrago (1990) afirma que dietas para suínos podem conter até 40% de raspa de mandioca e esse percentual pode ser aumentado nas fases de crescimento e terminação. Considerando que a produção de mandioca tem aumentado significativamente nas propriedades agrícolas brasileiras e paranaenses, e que a literatura nacional é escassa com respeito à utilização da silagem de raiz de mandioca na alimentação animal, justifica-se maior direcionamento de trabalhos de pesquisa que avaliem o desempenho de suínos alimentados com esse produto. O objetivo desse trabalho foi avaliar, por meio de ensaio de digestibilidade e experimento de desempenho, o uso da silagem de raiz de mandioca contendo ou não soja integral para leitões na fase de creche. Material e Métodos Foram conduzidos dois experimentos no Setor de Suinocultura da Fazenda Experimental de Iguatemi (FEI), pertencente ao Centro de Ciências Agrárias da Universidade Estadual de Maringá (CCA/UEM).
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