O Desafio de Estudar Burnout e Engagement em. Técnicos de Ambulância de Emergência. Teresa Guerreiro Jesus. Instituto Nacional de Emergência Médica

Transcrição

1 O Desafio de Estudar Burnout e Engagement em Técnicos de Ambulância de Emergência Teresa Guerreiro Jesus Instituto Nacional de Emergência Médica Lisboa Portugal Teresa.jesus@inem.pt

2 Resumo O presente estudo tem como objetivo constituir um contributo para a pesquisa sobre os fenómenos burnout e engagement na área da Emergência Médica Pré- Hospitalar. Neste sentido propusemo-nos a realizar um estudo que pudesse estabelecer as variáveis preditivas de burnout e engagement, especificamente analisamos o impacto dos recursos gerais e as exigências do trabalho e avaliamos se a percepção dos técnicos relativamente às diferentes ocorrências diárias assume importância na sua explicação. Na realização deste estudo seguimos como linhas orientadoras o trabalho desenvolvido por Bakker e Demerouti (2006) que promove uma nova perspectiva de avaliação do bem-estar dos indivíduos ao defender que uma visão completa do bemestar dos mesmos implica não só uma análise da sua dimensão negativa (burnout) mas também de uma dimensão positiva (engagement) e com base no Modelo de Exigências e Recursos Laborais (Job Demands-Resources Model - JD-R) propõem-se a explicar o desenvolvimento do burnout e engagement promovendo uma visão integrada do bemestar. Método Participantes A Amostra é constituída por 479 indivíduos que representam 84% num total dos 571 Técnicos de Ambulância de Emergência que integram o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) através das respectivas delegações. Foi condição que se encontrassem a desenvolver funções num período igual ou superior a seis meses e que se encontrassem num período ativo da sua atividade profissional. Dos técnicos que se

3 encontram no ativo das suas funções laborais, apenas não responderam 34 elementos, o que nos permite ter uma representatividade inicial de 93,37%. Procedimentos Após a autorização institucional foram contatados todos os indivíduos, foram explicados os objectivos do estudo e a forma de participação voluntária. Em todos os momentos foram assegurados o anonimato e todas as normas de confidencialidade. Foram utilizadas medidas específicas ajustadas a técnicos de saúde (Harris, Daniels e Briner, 2003) e, de acordo com os objectivos definidos desenvolvemos um estudo longitudinal que incluiu um único grupo de indivíduos e cujos dados foram recolhidos em momentos temporais distintos denominados de T1 e T2. O momento T1 foi realizado entre 12 de Novembro e 30 de Dezembro de 2012 e o período de resposta ao Registo Diário de Ocorrências (Sonnentag, 2001) decorreu entre 1 de Dezembro de 2012 e 31 de Janeiro de O momento T2 foi realizado entre 1 de Janeiro e 28 de Fevereiro de 2013.

4 Resultados

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6 Discussão Ao analisarmos os resultados do estudo é possível perceber que existem diferenças com significância estatística entre os dois momentos de avaliação das dimensões core das variáveis burnout e engagement e que a sua relação com as exigências e recursos do trabalho assume um resultado significativo ao nível do impacto dos acontecimentos do dia-a-dia no bem-estar dos técnicos e que é moderado pelas caraterísticas do trabalho. Verificamos que os resultados permitem aceitar que a vivência de acontecimentos stressantes aumenta os níveis de burnout de um modo mais intenso quando os indivíduos têm excesso de trabalho, sendo que, o suporte da chefia assume um papel fulcral. Percebemos também que o controlo sobre a tarefa, o suporte dos colegas e da chefia promovem o engagement. Por último, os resultados revelam que, embora com elevado nível de burnout, os técnicos mantêm um elevado grau de dedicação e orgulho no trabalho que desenvolvem. Referências Bakker, A.B.& Demerouti (2006). The Job Demands-Resources Model: State of the Art. Journal of Managerial Psychology Harris, C., Daniels, K. & Briner, R. (2003). A daily diary study of goals and affective well-being at work. Journal of occupational and organizational psychology, 76, Sonnentag, S. (2001). Work, recovery activities and individual well-being: A diary study. Journal of occupational health psychology, 3,