ESTUDO COMPARATIVO DA UTILIZAÇÃO DE COLETORES SOLARES PLANOS E TUBULARES PARA AQUECIMENTO DE ÁGUA
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- Luiz Henrique Correia Paranhos
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1 ESTUDO COMPARATIVO DA UTILIZAÇÃO DE COLETORES SOLARES PLANOS E TUBULARES PARA AQUECIMENTO DE ÁGUA Fábio Niemezewski da Rosa fabio.rosa@mecanica.ufrgs.br Tiago Francisco Manea tiagomanea@mecanica.ufrgs.br Arno Krenzinger arno.krenzinger@ufrgs.br Laboratório de Energia Solar, PROMEC - Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica, Universidade Federal do Rio Grande do Sul Resumo.Com base nas atuais tecnologias de aquecimento de água utilizando energia solar, é importante realizar estudos comparativos entre estas, principalmente no ambiente doméstico, relacionando o tipo de coletor, o seu custo e o local de aplicação. Cada modelo de coletor podeter uma relaçãocusto-benefício diferente em cada região. Para cada região há um tipo de coletor que traz melhor relação de desempenho ao usuário. Também foi realizado um cálculo estabelecido pelos procedimentos do INMETRO, para estimar a produção mensal específica de energia do coletor ensaiado (PMEe). Este valor é utilizado por este órgão como parâmetro para classificação de coletores solares. Nesta avaliação observou-se que o coletor ensaiado teve uma classificação C em uma escala de A a E. Concluiu-se que o fato de um coletor com isolamento a vácuo e superfície seletiva ter uma classificação inferior a coletores de construção mais simples é devido, principalmente, a consideração da área total para estimativa da PMEe. Palavras-chave: coletor solar, tubo a vácuo, eficiência. 1. INTRODUÇÃO Hoje em dia está cada vez mais comum o aparecimento no mercado de coletores solares tubulares com isolamento a vácuo. Estes coletores, na sua maioria de origem chinesa, estão a cada dia mais acessíveis no mercado nacional e hoje se mostram como possíveis concorrentes dos coletores planos fabricados nacionalmente. Mas, devido às diferenças de custo, um estudo é necessário para verificar se esta tecnologia pode ser empregada com viabilidade econômica, e em quais regiões ela realmente se mostra melhor que o coletor plano.no Brasil existem inúmeros coletores solares planos com e sem cobertura sendo fabricados. Normalmente, os coletores planos sem cobertura são recomendados para aquecimento de baixa temperatura, como o da água de piscina, e os coletores com cobertura para água de uso doméstico. Os coletores tubulares estão entrando no mercado com mais força devido ao seu custo cada vez mais baixo, mas ainda estão sendo comercializados com um preço mais elevado do que os coletores planos nacionais. Os importadores alegam que estes coletores tem um desempenho muito acima dos nacionais e, portanto, o seu custo extra é justificável perante o beneficio extra que o mesmo poderia gerar. Utilizando a norma brasileira em vigor, um coletor de tubos a vácuo foi ensaiado e sua curva de eficiência obtida (Manea, 2012). Utilizando os dados da tabela do Inmetro, é possível traçar curvas de desempenho e sobrepondo as mesmas é possível determinar regiões onde um coletor pode se mostrar melhor que outro. Portanto, conforme o tipo de utilização, e região, pode ser vantajosa a utilização de uma determinada tecnologia. O objetivo deste estudo é realizar uma análise teórica observando as curvas de eficiência e características regionais para se obter algumas conclusões básicas sobre o funcionamento dos três tipos de coletores tradicionais de mercado, bem como realizar o cálculo para etiquetagem de um destes coletores tubulares conforme determinado pelo INMETRO. 2. COLETORES SOLARES PLANOS Um coletor solar plano é um coletor onde o absorvedor é plano, e a tubulação esta no mesmo plano do absorvedor. Existem coletores abertos e os fechados (também chamados com cobertura). Os abertos são coletores planos sem cobertura, onde o absorvedor e tubulação ficam expostos, conforme mostra a Fig. 1(a). Um coletor solar plano fechado tem uma caixa e cobertura, protegendo e isolando termicamente o absorvedor e tubulações. O coletor é composto basicamente dos seguintes componentes: - Caixa externa: é o que mantém e suporta todo o conjunto e pode ser fabricada em alumínio, aço ou material plástico; - Isolamento térmico: É responsável por diminuir as perdas de calor do fluido de trabalho para o meio ambiente, podendo ser de lã de vidro, lã de rocha, espuma de poliuretano ou outro material isolante; - Tubulação: A tubulação é por onde passa o fluido de trabalho. É dividida em tubos do cabeçote e tubos elevadores. Os tubos do cabeçote são chamados os tubos de entrada e saída do coletor. São localizados na parte inferior e superior, e são de maior diâmetro (normalmente) que os tubos elevadores, que interligam os tubos inferior e superior; - Placa absorvedora: É a principal responsável pela conversão de energia radiante em energia térmica, passando por condução através dos tubos para o fluido de trabalho. A placa absorvedora pode ser uma única envolvendo todos os 93
2 tubos, ou particionada. Pode ser de alumínio ou cobre pintadas de preto ou algum tratamento seletivo especial. Existem também alguns coletores com placa absorvedora e tubulação de plástico, mas estes não serão retratados neste trabalho; - Cobertura: a cobertura pode ser de vidro, policarbonato ou acrílico que permita a passagem da radiação solar. A função da cobertura é minimizar as perdas de calor por convecção e por radiação para o meio ambiente. Um coletor plano pode ser visualizado em corte na Fig.1(b), onde é possível identificar os componentes do mesmo. (a) (b) Figura 1: (a) Coletores solares planos sem cobertura. Fonte: (b) Corte de um coletor plano com cobertura. Fonte: 3. COLETORES SOLARES TUBULARES Um coletor solar de tubo evacuado é composto basicamente de: - Tubos: os tubos são de vidro, sendo 2 tubos concêntricos, onde no interno esta o fluido de trabalho, e o mesmo esta coberto na parte externa com uma camada seletiva. Entre o interno e o externo, esta o isolamento a vácuo, principal responsável por minimizar as perdas térmicas por convecção e condução. - Cabeçote: Os tubos são inseridos no cabeçote, por onde passa o fluido de trabalho. O cabeçote pode ser de aço, alumínio ou cobre, sendo revestido por algum isolamento térmico; - Estrutura: A estrutura é o que mantém os tubos presos ao cabeçote e na posição adequada à captação da energia solar. Um coletor de tubos montado pode ser visto na Fig.2. Figura 2: Coletor de tubos. 4. ÁREA DO COLETOR A definição da área do coletor é um item de muita importância quando se mede a eficiência de um coletor e principalmente quando pretende comparar os mesmos. Existem diferentes normas que especificam diferentes áreas e maneiras de calcular estas áreas. Devido a este fator, é necessário definir os tipos de áreas que serão utilizadas neste trabalho. Podem-se classificar em três os tipos de áreas de um coletor. A norma brasileira NBR [ABNT, 2009] determina que absorvedor é o componente de um coletor solar que absorve a energia radiante e transfere essa energia na forma de calor para um fluído. Também determina que a abertura do coletor solar é a abertura através da qual a radiação não concentrada é admitida. A área bruta (total) do coletor é a área máxima projetada do coletor completo, excluindo tubulações externas. Com base nas informações disponíveis na norma, define-se que a área do absorvedor é a área da parte responsável 94
3 por receber a radiação solar e converter em energia térmica. Em um coletor plano, está sendo considerada a área da placa absorvedora. Em um coletor de tubos evacuados está sendo considerada a soma das áreas projetadas dos tubos internos. A área de abertura é a área da cobertura que permite a entrada da radiação para a parte absorvedora. Em um coletor plano esta sendo considerada a área da cobertura (normalmente do vidro). Em um coletor de tubos evacuados esta sendo considerada a soma das áreas projetadas dos tubos externos. A área total é a área ocupada pelo coletor. No caso dos coletores planos esta sendo considerada a área total ocupada pela caixa externa. No caso dos coletores de tubos esta sendo considerada a área total externa, incluindo o cabeçote e suportes inferiores. A Tab. 1 mostra as três diferentes áreas calculadas para dois tipos de coletores planos e um tipo de coletor de tubos. Tabela 1: Diferença da área entre dois coletores Tipo de Coletor Área absorvedora Área abertura Área total Plano sem cobertura 1,60 m² 1,60 m² 1,60 m² Plano com cobertura 1,60 m² 1,68 m² 1,80 m² Tubos 1,60 m² 1,92 m² 3,05 m² 5. PRINCIPAIS DIFERENÇAS Facilmente podem-se observar algumas diferenças físicas significativas entre os coletores planos fechados e os coletores evacuados. A área total de um coletor plano normalmente é pouco maior que a área do absorvedor. Ou seja, quase toda a área ocupada pode absorver radiação. Já em um coletor de tubos, a área total normalmente é muito maior que a área absorvedora, podendo chegar a ser o dobro (Tab. 1). É muito importante considerar este fator, pois os valores de eficiência dependem diretamente da área e, portanto, uma consideração incorreta pode levar a valores incorretos para a eficiência real do sistema. Analisando a Tab.1 podese verificar que no coletor plano, a diferença entre a menor e a maior área é aproximadamente 13% e no coletor de tubos evacuados é de aproximadamente 90%. Na Fig.2é possível identificar no coletor de tubos o espaçamento entre tubos, cabeçote e suporte inferior. Conforme Manea (2012), a curva de eficiência do coletor está diretamente ligada a área, portanto um mesmo coletor de tubos evacuados pode ter duas eficiências diferentes se for considerada em um caso a área de abertura e em outro a área total. Na Fig. 5, pode-se observar as curvas de eficiência para 2 coletores planos conforme consta em tabela do INMETRO e para o coletor de tubos ensaiado no LABSOL. A descrição do ensaio pode ser encontrada em Manea (2012). Na Fig.3(a), a curva de eficiência para o coletor de tubos evacuados utilizando a área de abertura é mais alta que a curva considerando a área total, Fig. 3(b). Isto se deve ao cálculo do valor da radiação incidente. Com uma área maior, é considerada uma maior radiação incidente, portanto a eficiência é menor Eficiência ( e Tubo a vácuo Coletor plano A Coletor plano B Eficiência ( e Tubo a vácuo Coletor plano A Coletor plano B (T e - T a )/G t (a) (T e - T a )/G t (b) Figura 3 Gráficos de eficiência comparando coletores, utilizando:(a) área absorvedora, (b) área total. Fonte: Manea (2012). 95
4 Outra diferença significativa deve-se a um fator importante sobre o ângulo de incidência do sol com o passar do dia, e este é um dos fatores mais importantes no desempenho dos coletores. No coletor plano, o ângulo de incidência muda constantemente devido à rotação da Terra, e assim tem-se uma radiação incidente que aumenta até o meio dia solar, e depois diminui devido ao ângulo de incidência. Nos coletores tubulares, este fator é diferente devido à geometria cilíndrica dos mesmos. No inicio da manhã e final da tarde tem-se o problema da sombra de um tubo no outro, diminuindo assim a área absorvedora. Mas, durante a maior parte do dia, o ângulo de incidência do sol sobre um plano projetado dos tubos é pequeno. De acordo com He Zinian et al. [1997], a diferença entre uma placa absorvedora plana e uma cilíndrica pode representar mais de 15% a mais de energia captada anualmente. Considerando o coletor ensaiado no LABSOL, o instituto Tüv realizou ensaios e divulgou uma tabela com os valores de correção para o tubo. Estes valores podem ser vistos abaixo na Tab. 2.Estes valores são o fator modificador da radiação, que é um fator que considera o posicionamento do coletor em relação ao ângulo de incidência solar. Este fator corrige a radiação para os coletores tubulares, além da correção para a parte inicial e final do dia, devido a característica cilíndrica, a área aparente não muda como no plano ao longo do dia, portanto a radiação sofre uma correção ao longo de todo o dia. Tabela 2 - Fator modificador para coletor evacuado. Fonte: Tüv [2007]. Ângulo Fator modificador Outro fator a salientar é que o coletor de tubos pode aproveitar melhor a radiação difusa e a refletida no seu entorno. Cabanilhas et al. (1995) desenvolveram um equipamento para medir a intensidade de radiação solar no interior de um tubo utilizando um fotodiodo. Posicionando o tubo acima de um refletor de alumínio, e com o sol a pino, eles estimaram a distribuição do fluxo de radiação conforme a Fig. 4.Os autores observaram que a parte inferior do tubo recebe um fluxo de radiação de quase 50% da máxima, que acorre no topo. (a) (b) Figura4 Distribuição do fluxo de radiação em um tubo: (a) Coordenadas cartesianas; (b) Coordenadas polares. Fonte: Cabanilhas et al. (1995). 6. MERCADO DOS COLETORES SOLARES NO BRASIL No Brasil podem-se encontrar muitos coletores solares a venda, tanto importados como fabricados nacionalmente. Os coletores planos tem uma oferta ampla, principalmente os fabricados no país, encontrando-se facilmente no mercado os modelos com e sem cobertura. Os coletores planos fabricados no Brasil, considerando coletores com cobertura de vidro, isolados termicamente, e com absorvedor de metal pintado de preto fosco, tem um preço médio de R$ 500,00 a R$ 700,00 por coletor para tamanhos que variam de 1,5 a 2,0 m 2. Podem-se encontrar coletores mais baratos e inclusive mais caros, até com absorvedor com pintura seletiva e cobertura especial de policarbonato. Os coletores de tubo evacuado a venda no Brasil são todos importados, a sua maioria da China. Considerando coletores de tubo evacuado com fluído de trabalho a própria água de consumo, sem acumulador integrado ao cabeçote e para baixas pressões, tem-se um preço que varia de R$ 1500,00 a R$ 2000,00, para 24 tubos e uma área absorvedora de 1,6 m². Obviamente pode-se encontrar modelos de coletores com preços mais elevados no mercado. Portanto para este trabalho foi considerado os valores da Tab.3 para as comparações financeiras entre os coletores. Com base nestes parâmetros, é possível realizar uma comparação da viabilidade e vantagem econômica do uso desta tecnologia no Brasil. 96
5 Eficiência Revista Brasileira de Energia Solar Volume IV Número 2 Dezembro de 2013 p Tabela 3 Valores médios de mercado Tipo de Coletor Preço médio aproximado por 1 m² Plano sem cobertura R$ 100,00 Plano com cobertura R$ 360,00 Tubo evacuado R$ 1050,00 7. CURVAS DE EFICIÊNCIA Para obter valores médios das características para os coletores planos, foi calculada uma média a partir das tabelas do Inmetro e considerando a classificação que este órgão atribui aos coletores. Os valores mostrados na Tab. 4foram definidos como a média do tipo de coletor. Tabela 4 - Médias dos valores característicos classificados pelo Inmetro (2012). Classificação Com Cobertura Sem Cobertura A 0,738 6,165 0,853 17,192 B 0,700 6,387 0,805 19,118 C 0,657 6,287 0,749 19,221 Considerando a Tab. 4 e utilizando a equação da eficiência de coletores podem-se traçar os gráficos médios de eficiência para os coletores planos disponíveis no mercado nacional. A equação da eficiência dos coletores é (1) onde é a eficiência do coletor, é o fator de remoção de calor, G é a radiação no plano do coletor, é o coeficiente de perdas térmicas, T e é a temperatura de entrada do fluido de trabalho no coletor e T a é a temperatura ambiente. A Fig.5 mostra a sobreposição das curvas de eficiência obtidas para o coletor médio padrão A da tabela do Inmetro plano com e sem cobertura, e a curva para um coletor de tubo evacuado ensaiado no LABSOL (Manea 2012). Estas curvas foram obtidas utilizando a Eq.(1). 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 Com Cobertura Sem Cobertura Vacuo (Te-Ta) Figura 5 Eficiências médias dos coletores De acordo com a Fig.5, um coletor solar plano sem cobertura tem melhor eficiência onde a temperatura da água de entrada e a temperatura ambiente são próximas. Ou seja, o mesmo terá melhor eficiência quando a temperatura ambiente for alta e consequentemente as perdas térmicas forem baixas. Quando a temperatura ambiente for mais baixa, já se mostra necessário o uso de cobertura no coletor, e um coletor de placa plana com cobertura se mostra mais eficiente. Com base nisto, pode-se ver que para temperaturas ambientes baixas, onde a temperatura da água quente será muito superior a ambiente, tem-se um rendimento muito melhor no coletor de tubo evacuado. Pode-se concluir assim, que o isolamento é parte importante de um coletor que será utilizado em ambientes com invernos rigorosos, e um bom isolamento pode atrapalhar o seu desempenho em ambientes com temperaturas ambientes altas. 97
6 Considerando uma análise no Brasil, tem-se uma amplitude de regiões com diferenças significativas nas médias de temperatura ambiente. No nordeste do país, tem-se uma temperatura ambiente mais alta, e pode-se perceber que um coletor de piscina pode atender a demanda de água quente de uma residência a maior parte do ano. Com isto, a instalação de coletores mais caros somente iria significar custo adicional, e uma demora a mais na recuperação do valor investido na instalação, que poderia inviabilizar o investimento. Na região sul, tem-se uma temperatura média mais baixa, e temperaturas muito baixas no inverno. Em alguns locais, tem-se a ocorrência de temperaturas próximo ou abaixo de 0ºC. Nestas regiões, o coletor plano sem cobertura tem um rendimento muito baixo, não servindo para aquecimento de água de forma satisfatória. O coletor plano com cobertura tem isolamento e pode funcionar bem, mas, em temperaturas muito baixas corre risco de congelamento, e isto pode ocasionar danos irreversíveis ao coletor. 8. CLASSIFICAÇÃO DO COLETOR SEGUNDO PROCEDIMENTOS DO INMETRO O programa de etiquetagem descrito pelo Inmetro (2011) classifica os coletores solares conforme o valor da sua produção mensal específica de energia (PMEe), como mostra a Tab. 5Erro! Fonte de referência não encontrada.. Tabela5 Classificação de coletores solares, INMETRO (2011). Classe PMEe (kw/mês.m²) A 80,3 <PMEe B 73,3 <PMEe 80,3 C 66,3 <PMEe 73,3 D 59,3 <PMEe 66,3 E 52,3 <PMEe 59,3 O cálculo da PMEe é feito segundo a Eq. (2). (2) Onde P men é a produção mensal de energia do coletor e energia é estimada segundo a Eq. (3). a sua área de projeção plana total. A produção mensal de (3) onde é a eficiência média do coletor, é o fator de correção para o ângulo de incidência médio, H(considerada igual a 17,6 MJ/m²) é a radiação solar total incidente na área de abertura do coletor em um dia padrão, e é a área de abertura do coletor. A eficiência média do coletor é a razão entre a integral de zero a da sua curva de eficiência por como mostra a Eq. (4). (4) onde corresponde a um ponto fixo de operação considerado igual a 0,044 e é a reta de eficiência do coletor. O valor médio do fator de correção para o ângulo de incidência, em um coletor de tubos a vácuo, é aquele associado ao ângulo de 50, se maior que 1 deve ser considerado igual a 1. Aplicando-se os cálculos do procedimento de etiquetagem do Inmetro para um coletor de tubos a vácuo ensaiado obtêm-se um valor de PMEe igual a 66,5 (kw/mês.m²), classificando-o como um coletor de classe C. Pode parecer curioso que um coletor de alto desempenho tenha uma classificação inferior que determinados coletores planos convencionais. A principal razão para isso é a escolha da área total, e não da área de abertura, como referência para estimar a PMEe. Tendo em vista que a área total dos coletores de tubos a vácuo é maior, devido ao espaçamento entre os tubos, do que coletores planos que possuem a mesma área de abertura (Tab. 1). 9. CONCLUSÕES Com base nos dados apresentados, podem-se discutir algumas vantagens de cada uma das tecnologias apresentadas. Os coletores planos sem cobertura mostram-se como boa opção para locais onde o clima é quente, e a temperatura de banho é próxima a ambiente, com até 10 C de diferença. No Brasil na região norte e nordeste, e no verão das regiões sul e sudeste. Mas, para regiões mais frias, durante o inverno, é necessário um melhor isolamento. Conforme a região, o coletor plano com cobertura tem boa eficiência. Mas, quanto mais fria a temperatura ambiente, maior é a diferença de 98
7 temperatura, e assim o coletor com isolamento a vácuo passa a ser mais indicado por ter um rendimento melhor em condições menos favoráveis de temperatura. Devido ao alto custo do coletor a vácuo, a instalação de mais coletores planos se mostra viável e interessante, e muitas vezes sendo economicamente melhor, pois o custo do coletor de tubos é em média 3 vezes maior que os coletores planos, de acordo com os dados da Tab. 3. Portanto pode-se assumir que instalando mais coletores planos de fabricação nacional será obtido o mesmo ou maior desempenho que com o mesmo valor de tubos evacuados. Ainda assim, cabe salientar que a área total ocupada por um coletor a vácuo é maior que um coletor plano, quando se comparam os mesmos pela área de absorção. De acordo com a Tab. 1, pode-se verificar que para quase a mesma área de absorção, o coletor com tubos ocupou o dobro de área. De acordo com Budihardjo et al.(2009), uma comparação entre um coletor evacuado de 30 tubos e 02 coletores planos mostrou que o coletor evacuado operando em Sydney/Austrália teve um rendimento levemente inferior aos coletores planos. Pode-se então concluir com o teste realizado na Austrália que 02 coletores planos podem ter rendimento similar a 01 de tubos evacuados e sendo os coletores planos mais baratos, financeiramente pode ser mais interessante o uso dos 02 coletores planos. Com uma análise dos custos de uma instalação, pode-se concluir que instalando o dobro de coletores planos obtém-se o mesmo desempenho de coletores de tubos, mas não o dobro de custo. Devido ao custo médio do m² do plano ser 1/3 do coletor de tubos, mesmo em regiões frias poderia ser economicamente viável a instalação de mais coletores planos, com melhor distribuição para captação da radiação. Mas, se o objetivo da instalação for a utilização em local de clima frio, com temperaturas ambientes muito baixas, e com uso principalmente no inverno, o coletor de tubo evacuado permitirá um melhor funcionamento e rendimento que um plano comum. Com o cálculo de etiquetagem de coletores utilizado pelo Inmetro (2011), observou-se que o coletor ensaiado teve uma classificação C em uma escala de A a E. O fato de um coletor com isolamento a vácuo e superfície seletiva ter uma classificação inferior a coletores de construção mais simples é devido, principalmente, a consideração da área total para estimativa da PMEe. Tendo em vista que a área total dos coletores de tubos a vácuo é maior, devido ao espaçamento entre os tubos, do que coletores planos que possuem a mesma área de abertura. Agradecimentos Os autores agradecem o apoio financeiro em auxílio à pesquisa e em bolsas por parte do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Brasil (CNPq). O LABSOL é um laboratório associado ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Energias Renováveis e Eficiência Energética da Amazônia (INCT - EREEA). REFERÊNCIAS ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR Sistemas Solares Térmicos e Seus Componentes - Coletores Solares Parte 2 - Métodos de Ensaio, Rio de Janeiro. ASHRAE, American Society of Heating, Refrigerating and Air Conditioning Engineers.ASHRAE Methods of Testing to Determine the Thermal Performance of Solar Collectors, Atlanta. Cardoso,I. A., Rosa,F. N., Manea,T. F., Krenzinger,A., 2011.Comparação de parâmetros de desempenho entre tubos de coletores solares tubulares a vácuo, X CIBEM - 10º Congresso Iberoamericano de Engenharia Mecânica, Porto. CEN, European Committee for Standardization.EN Thermal Solar Systems and Components - Solar collectors. Bruxelas. Duffie, J. A., Beckman, W. A., Solar Engineering of Thermal Processes, John Wiley & Sons. Fisher, S., Müller-Steinhagen, H., Peres, B., Bergquist, P., Collector Test Method Under Quasi-dynamic Conditions According to the European Standard EN ,ISES - Solar World Congress. Adelaide. Kratzenberg, M. G., 2005.Método para Avaliação de Incertezas de Ensaios de Coletores Solares Baseados nas Normas CEN e ISSO 9806, Dissetação de mestrado, POSMCI, UFSC, Florianópolis. IEA, International Energy Agency.Solar Heat Worldwide - Markets and Contribution to the Energy Supply 2009, Gleisdorf. Inmetro, Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia. Regulamento Técnico da Qualidade para Sistemas e Equipamentos de Aquecimento Solar de Água. Rio de Janeiro. Inmetro, Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia.Sistemas e equipamentos para aquecimento solar de água - coletores solares. Rio de Janeiro. Inter Solar North America, Manea T. F., Rosa F., Perin A., Krenzinger A.,2011. Dispositivo para Medir o Diferencial de Temperatura em Coletores Solares para Aquecimento de Água,Avances en Energías Renovables y Medio Ambiente, v. 15, p Manea T. F., Determinação experimental dos parâmetros de desempenho térmico de um coletor solar de tubos de vidro a vácuo, Dissertação de Mestrado, PROMEC, UFRGS, Porto Alegre. 99
8 Morrison, G. L.; Budihardjo, I.; Behnia, M., Water-in-glass Evacuated Tube Solar Water Heaters. Solar Energy, v. 76, p Rosa, F. N., Manea, T. F., Perin, A. L. & Krenzinger, A., Projeto e montagem de uma bancada de testes para coletores solares no LABSOL-UFRGS, ASADES - XXXIV Reunión de Trabajo de Asociación Argentina de EnergíasRenovables y Ambiente, San Diego Del Estero. Solares Aquecimento Solar, Tuma Industrial LTDA, Zhiqiang, Y., Development of solar thermal systems in China. Solar Energy Materials & Solar Cells, v. 86, p FLAT PLATE AND VACCUM TUBE SOLAR COLECTORS UTILIZATION STUDY AND COMPARISON Abstract. Based on the present technologies of solar water heating, it is important to execute comparative studies between these, mainly in the domestic environment. It is important to relate the collector kind, cost and place of installation. Each collector model can have a cost-benefit relation for each region. For each region there is a kind of collector that will have better cost-benefit relation to the owner. Also it was calculated as the proceedings established by Inmetro to estimate the annual specific production of solar energy of a tested collector (PMEe). This value is utilized by this organization to classify the solar collectors. In this evaluation it was observed that the vacuum tube solar collector had a classification C, in aa to E scale. The conclusion was that the vacuum tube solar collector had a worse classification than simpler collectors was the consideration of the total area for the calculation of the PMEe. Key words:solar collector, evacuated tube, efficiency. 100
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