A EFICÁCIA DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS EM MEIO ABERTO

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1 A EFICÁCIA DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS EM MEIO ABERTO Amanda Rangel Canário 1 Nivea da Silva Gonçalves Pereira 2 RESUMO: Este trabalho possui o intuito de analisar a eficácia da aplicabilidade das medidas socioeducativas em meio aberto (obrigação de reparar o dano, prestação de serviços à comunidade e liberdade assistida) previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente, tendo em vista a realidade à qual os Adolescentes em Conflito com a Lei estão expostos e os fatores socioeconômicos que influenciam para eficácia dessas medidas. Dessa forma, será realizado um estudo do tema, sendo iniciado pelo histórico da legislação infraconstitucional, passando pelo Código de Menores de 1979 até vigência do Estatuto da Criança e o Adolescente, o qual trouxe princípios importantes para a proteção dos tutelados por esta norma. Além disso, será feito uma análise do que se entende por ato infracional, os procedimentos para sua apuração até a aplicação da medida socioeducativa. Por fim, serão analisadas as medidas socioeducativas em meio aberto, trazendo as suas características e a sua efetividade diante da atual conjuntura socioeconômica dos Adolescentes Infratores. Palavras-chaves: Adolescente em conflito com a Lei. Medida socioeducativa. Ato Infracional. Eficácia. 1 INTRODUÇÃO Ao analisarmos, os últimos casos de violência no país, notamos um expressivo aumento na prática de condutas ilícitas, principalmente, com a participação de crianças e adolescentes, resultado de fatores, sociais, morais e psicológicos, que acabam por influenciálos na realização da prática delituosa. Contudo, ao realizar o estudo da ocorrência e apuração do ato infracional e a essência da aplicação das medidas socioeducativas, percebe-se que, em muitas dessas averiguações, haveria a possibilidade de inflição de medidas alternativas, em substituição das que tem por requisito a privação da liberdade, como as medidas socioeducativas em meio aberto, que abrangem a obrigação de reparar o dano, prestação de serviço à comunidade e a liberdade assistida. 1 Graduanda em Direito pela Universidade Católica do Salvador- Ucsal. amandarangel67@gmail.com 2 Especialista e Direito Público com ênfase em Direito Penal, Direito Processual Penal, Direito da Criança e do Adolescente (Associação Educacional UNYAHNA). niveap13@gmail.com

2 Porém, em decorrência da crise econômico-social, que vem se agravando pelo país e, como consequência gera uma carência no campo da implementação das politicas públicas voltadas para campo social, o que remete a um quantum cada vez maior de jovens fora de alcance da proteção integral, principalmente, com uma concentração maior nos grandes centros urbanos. Sendo assim, estes jovens acabam por buscar maneiras de sobreviver nessas cidades e, muitas vezes, as suas condutas não são compatíveis com os princípios e normas estabelecidas pelo Estado e, também, pela sociedade, resultando nas demandas cada vez maiores de ações que são encaminhadas às Varas da Infância e da Juventude, órgão judicial competente para apuração da prática de ato infracional. Diante da superlotação e precariedade das instalações das Casas de Internação, além dos consideráveis índices de reincidência, é preciso se buscar meios para que esta realidade seja modificada, contribuindo, da melhor maneira, para a concretização de umas das finalidades da medida socioeducativa que é a ressocialização do adolescente. 3 Contudo, é preciso analisar de uma forma única, a atual realidade vivida por estes adolescentes infratores, com as medidas socioeducativas que lhe são aplicadas e tentar buscar medidas alternativas, buscando sempre o sucesso da sua execução, através da Lei /12 (Lei do SINASE), engrandecendo o seu papel de parte integrante da sociedade e o afastando da criminalidade. Desta forma, o presente trabalho, consiste em demonstrar a eficácia das medidas socioeducativas em meio aberto, em detrimento as privativas de liberdade, como uma maneira de trazer maior proximidade o espirito cidadão, com o apoio da sociedade, da família e do Estado, pilares indispensáveis para o sucesso da execução da medida. 3 Disponível em: < Acesso em 13 de setembro de 2016.

3 2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA LEGISLAÇÃO MENORISTA FRENTE À PRÁTICA DO ATO INFRACIONAL A atual legislação menorista brasileira tornou-se um referencial de extrema relevância no campo do Direito da Infância e Juventude, trazendo uma evolução na adoção de princípios norteadores, reunindo-se na doutrina da proteção integral, deixando no passado a doutrina da situação irregular, assim como o antigo Código de Menores. Para Válter Kenji Ishida (2015), o direito da criança e do adolescente no que tange a sua evolução frente ao ato infracional, divide-se em três momentos: inicia-se entre o século XIX, findando no inicio do século XX, sendo conhecido como a Doutrina do Direito Penal do Menor, não havendo diferenciação na aplicação do direito penal, tendo como única exceção, a diminuição da pena no quantum de 1/3 (um terço), quando se tratava de menores entre 07 (sete) e 18 (dezoito) anos. O segundo momento ocorre entre os anos de 1927, com o advento do Código Mello Matos, até o ano de 1990, com o nascimento do Estatuto da Criança e do Adolescente. Durante este período, a doutrina que regulava as relações entre o Estado e o menor, era a Doutrina da Situação Irregular, tendo como marco inicial o Código de Menores de 1979, que os denominava como objeto de proteção, ainda que tivesse uma preocupação com a isonomia do tratamento entre maiores e menores, não havendo a aplicação do devido processo legal nos procedimentos de apuração do ato infracional. A terceira, e última, etapa é marcada pela Doutrina da Proteção Integral, sendo uma grande mudança de paradigmas, uma vez que deixou no passado, através da Constituição Federal de 1988, no seu art.227, a doutrina da situação irregular, elevando a condição das crianças e adolescentes a sujeitos de direito, assegurando-lhes a todos direitos fundamentais. Utilizando dos fundamentos como, o reconhecimento do adolescente como pessoa em desenvolvimento e o principio do melhor interesse, teve como marco inicial a vigência do Estatuto da Criança e do Adolescente, que é considerado um dos diplomas legais mais modernos do mundo. Ainda, segundo Ishida (2015, p.27): Houve muita galhardia (nobreza de alma) para concretização do ECA. Sancionado, após tal procedimento, passou a ser um dos diplomas legais mais modernos do mundo. A edição do ECA representava o

4 estabelecimento de garantias, da instituição do contraditório nos procedimento da infância e da juventude e da supressão do denominado entulho autoritário, sendo um diploma compatível com o Estado Democrático de Direito. Por fim, verifica-se uma evolução jurídica do Direito da Criança e do Adolescente, que continha tratamento bastante primitivo, se comparado com as demais leis vigentes à mesma época no Ordenamento Jurídico Brasileiro. Sendo assim, ao estudarmos as Codificações menoristas, passando pelas primeiras medidas no Código Criminal de 1830, que adotava a Doutrina Penal do Menor, até a promulgação da Constituição Federal de 1988, verifica-se que a criança e o adolescente, passam a ser considerados sujeitos de direitos, adquirindo a titularidade de direitos, que até então eram esquecidos por toda a sociedade, o que se tornou indispensável, a consolidação de uma codificação específica para aqueles que devem receber o máximo de dedicação, em decorrência de sua condição peculiar de pessoas em formação. 3 O ATO INFRACIONAL 3.1 Conceito Segundo as definições de crime, existem duas teorias básicas, sendo elas: a primeira, que o define como um fato típico e antijurídico e, a segunda, sendo essa definição majoritária na doutrina, o considera como fato típico, antijurídico e culpável. Para Ishida (2015), a melhor definição para o conceito de crime, aos olhos da lei menorista, é que o crime é um fato típico e antijurídico, tendo em vista que a criança e o adolescente, não preenche um dos requisitos para aplicação da pena, ou seja, a culpabilidade. Além disso, de forma simultânea, aplica-se a presunção absoluta da incapacidade de entender e a adoção do critério cronológico, tendo em vista que, pelo sistema jurídico brasileiro, estabelece que a imputabilidade inicia-se aos 18 anos, ficando sujeito à legislação especial, precisamente o Estatuto da Criança e do Adolescente, restando ao adolescente em conflito com a lei, a aplicação da medida socioeducativa.

5 O Estatuto da Criança e do Adolescente traz em seu texto, a definição do ato infracional, dispõe o art.103: Art Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal." Sendo assim, conforme o entendimento de Marcos Bandeira (2006) define-se o ato infracional: Como se depreende, toda conduta praticada por criança e adolescente que se amolde à figura típica de um crime prevista no Código Penal ou em leis extravagantes, ou a uma contravenção penal, configura-se como ato infracional [...] (BANDEIRA, 2006, p. 26/27) 3.2 Procedimento de apuração do ato infracional: direitos e garantias processuais O título III da Parte Especial do ECA, traz dois capítulos dedicados aos direitos e garantias referentes ao adolescente em conflito com a lei, podendo vislumbrar em seu texto, as garantias constitucionais, decorrente do seu caráter instrumental e expressando as regras de segurança, referente à matéria penal, em que se tutela a liberdade do individuo. Ao realizar a prática do ato infracional, surge um direito subjetivo do Estado, que emana uma dupla função: primeiramente, reeducar o adolescente em conflito com a lei, através da medida socioeducativa e, buscar a liberdade, que encontra compatibilidade no Estado Democrático de Direito. O adolescente que for apreendido pelo cometimento da prática de ato infracional deverá, imediatamente, ser apresentado à autoridade policial que possui as devidas atribuições na Comarca, para formalizar o procedimento investigatório. Caso venha ser constatado, que a conduta ilícita foi praticada com violência ou grave ameaça, será lavrado um Auto de Apreensão, sendo ouvidas as testemunhas, e por último, o adolescente, devendo ser apreendido, se possível, os produtos e instrumentos utilizados, sendo requerida a realização de exames e perícias indispensáveis para a comprovação da materialidade do ato infracional.

6 A autoridade policial está obrigada a comunicar o fato, desde logo, ao Juiz da Vara da Infância e Juventude da Comarca e, também, aos pais ou responsáveis do adolescente. Nos casos em que a comunicação com os principais familiares não se faça possível, a autoridade deve comunicar a qualquer pessoa indicada pelo adolescente. Deverá o adolescente ser cientificado pela autoridade dos seus direitos, inclusive o de ter conhecimento dos responsáveis por sua apreensão, conforme dispõe o art. 107, e parágrafo único do art. 106 do ECA: Art [...] Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado acerca de seus direitos. Art A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido serão incontinenti comunicados à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada. Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de responsabilidade, a possibilidade de liberação imediata. ( BRASIL, ECA, 1990) Após a formalização do procedimento investigatório, deve ser analisada pela autoridade policial, a possibilidade de colocar o adolescente em liberdade, entregando-o aos pais ou responsáveis, com o acordo de comparecer ao Ministério Público, em data previamente determinada. Caso esta seja a alternativa, a autoridade policial determinará que os pais ou responsáveis, juntamente com o adolescente, compareçam perante o Parquet no mesmo dia ou no primeiro dia imediato ao fato. Porém, existem casos que, em face da extrema violência empregada pelo adolescente, torna-se recomendável, a sua segregação temporária, com o fito de salvaguardar a sua integridade. Nestas situações, o adolescente deverá ser apresentado ao órgão Ministerial, no prazo máximo de 24 horas, sob pena de responsabilidade, devendo aguardar a apresentação em dependências diferentes daquelas destinadas aos adultos. A autoridade policial terá faculdade de representar junto ao Ministério Público, a decretação do internamento provisório do adolescente. Nos casos de se tratar de um ato praticado mediante violência ou grave ameaça, o Parquet poderá, até a data do oferecimento

7 da Representação, requerer o internamento provisório do adolescente, e o juiz, ao verificar os indícios suficientes da autoria e a prova da materialidade do ato infracional, decidirá sobre a medida mais adequada. Caso seja decretado o internamento, deverá ser estabelecido, no prazo máximo de 45 dias, como previsto no art.108 do ECA, devendo dentro deste período estar concluído todo o procedimento judicial. Art A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias. [...] ( BRASIL, ECA, 1990) 3.3 Os atos judiciais e procedimentais Primeiramente, é preciso esclarecer que a lei menorista, ao fixar a competência referente ao processo e julgamento dos atos infracionais atribuídos aos adolescentes em conflito com a lei, adotou a teoria da atividade, ou seja, será fixada no lugar onde o adolescente praticou a ação ou omissão, sendo competente para conhecer a ação socioeducativa referente, o Juiz da Vara da Infância e Juventude, conforme dispõe o art.147, 1º do ECA. Art A competência será determinada: I - pelo domicílio dos pais ou responsável; II - pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente, à falta dos pais ou responsável. 1º. Nos casos de ato infracional, será competente a autoridade do lugar da ação ou omissão, observadas as regras de conexão, continência e prevenção. [...] (BRASIL, ECA, 1990) Após essa fixação de competência e analisar as provas colhidas no auto de apreensão ou no boletim de ocorrência, o promotor de justiça, titular da Vara da Infância e Juventude, ao se convencer de que não é caso de arquivamento ou remissão, deverá formular e realizar o oferecimento da representação contra o adolescente, a quem se atribuiu a prática da conduta ilícita, sendo dirigida através de petição, ao juiz da Vara da Infância e Juventude da Comarca.

8 Ao ser oferecida a representação, o adolescente deverá ser devidamente citado da acusação que lhe foi imputada, devendo ter conhecimento do teor da acusação que consta na representação. Além disso, os pais ou responsáveis devem ser notificados para comparecer à audiência de apresentação, que deverá ser marcada com razoabilidade de tempo, afim de que possa se contratar um advogado e preparar a sua defesa. Durante a audiência de apresentação, em que deverá estar presentes, o juiz, o promotor de justiça, o adolescente e seu representante legal, assim como, o defensor do representado, dar-se-á início os atos processuais. Após realizar todos os procedimentos iniciais, o Juiz, concederá a palavra ao Parquet e depois ao defensor de representado, com a finalidade de suprimir as lacunas no interrogatório feito pelo Juiz e que precisam ser esclarecido. Por fim, após a oitiva do adolescente e de seus pais ou responsável, o seu defensor, será intimado a oferecer a Defesa Prévia. Nessa audiência de apresentação, não sendo hipótese de remissão ou de rejeição, após a realização dos procedimentos de praxe, o juiz determinará a realização de diligências, de ofício ou a requerimento das partes e, quando necessário, a realização do Estudo Social do Caso, sendo designada uma assistente social ou psicóloga para proceder à diligência. Ainda ao final da audiência de apresentação, o Magistrado deixará designada a audiência em continuação, com prazo razoável, para que se possam realizar as intimações devidas. Esta audiência terá por objetivo a instrução procedimental, sendo realizada de forma concentrada, no sentido de buscar a verdade processual. Ultimada a instrução, será dada a palavra ao representante do Ministério Público, pelo prazo de 20 (vinte) minutos para que seja formulado as alegações finais, podendo o juiz prorrogar o prazo por mais 10 (dez) minutos, caso não seja suficiente. Em seguida, o defensor do representante fará às vezes de oferecer as suas alegações finais, por igual período. O juiz da Vara da Infância e Juventude prolatará a sentença, aplicando, ou não, a medida socioeducativa compatível ao adolescente em conflito com a lei. Caso o juiz, não tenha condições de proferir a decisão durante a audiência, deverá publicá-la no menor espaço de tempo possível, em Cartório. Por fim, ao transitar em julgado a sentença que julgou procedente o teor contido na representação, pela qual o representado, seus pais ou responsável e seu defensor, concordaram

9 com a aplicação da medida socioeducativa, nasce para o Estado, à legitimidade de restringir o exercício dos direitos subjetivos e constitucionais do adolescente em conflito com a lei. 4 AS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS E SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS 4.1 Definição A doutrina estatutista confere ao adolescente em conflito com a lei, em face do seu caráter peculiar, por ser uma pessoa em formação e desenvolvimento, além de ser inimputável, a aplicação de medidas socioeducativas, que podem vir cumuladas as medidas protetivas do art.101, I a VI do ECA. Art Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas: I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade; II - orientação, apoio e acompanhamento temporários; III - matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental; IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção da família, da criança e do adolescente; V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; [...] ( BRASIL, ECA, 1990) Apesar de que, tanto criança como adolescente, pode vir a praticar o ato infracional, as crianças estão sujeitas apenas a medidas de proteção, conforme previsto no art. 105 do ECA, sendo aplicáveis aos adolescentes as medidas socioeducativas e também as medidas protetivas.

10 O art.112 do ECA indica, em um rol taxativo, as medidas de caráter socioeducativo aplicáveis aos adolescentes em conflito com a lei, sendo vedada a imposição de medidas diversas das enunciadas no artigo. Art Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas: I - advertência; II - obrigação de reparar o dano; III - prestação de serviços à comunidade; IV - liberdade assistida; V - inserção em regime de semi-liberdade; VI - internação em estabelecimento educacional; VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. (BRASIL, ECA, 1990) Ishida (2015) define a medida socioeducativa como: É a providência originada da sentença do juiz da infância e da juventude através do devido processo legal de natureza educativa, mas modernamente também com natureza sancionatória como resposta ao ato infracional cometido por adolescente. Também em alguns casos possui natureza administrativa, resultante de homologação judicial de remissão cumulada com alguma medida permitida por lei. Portanto, as medidas possuem característica pedagógica, mas também o escopo sancionador, como instrumento de defesa social. (ISHIDA, 2015, p apud ROSSATO et al., 2015, p.330-1) Constituem-se a autoridade competente para impor a referida norma, o juiz e promotor de justiça da Vara da Infância e da Juventude, estando este ultimo competente nas hipóteses

11 dos incisos I, II, III, IV e VII, quando se tratar de aplicação da medida com concessão de remissão. Por fim, a natureza jurídica dessas medidas encontra uma duplicidade, conforme conclui Volpi (2011): As medidas socioeducativas comportam aspectos de natureza coercitiva, uma vez que são punitivas aos infratores, e aspectos educativos no sentido da proteção integral e oportunização, e do acesso à formação e informação. Sendo que em cada medida esses elementos apresentam graduação de acordo com a gravidade do delito cometido e/ou sua reiteração. (VOLPI, 2011, p.20) 4.2 Lei /2012: A Lei do SINASE e seus contornos frente à execução das medidas socioeducativas Positivado no ordenamento jurídico brasileiro no ano 2012, o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE) é um instrumento que buscou reunir vários elementos importantes para o sistema de garantias de Direitos, principalmente sobre as convenções internacionais sobre Direitos Humanos, tendo como ênfase aquelas voltadas para a proteção da infância e juventude. O SINASE tem por finalidade, principalmente, implementar a eficácia da execução das medidas socioeducativas, estabelecendo as diretrizes que devem ser cumpridas nas unidades executoras das medidas, ressalvando os princípios da legalidade, excepcionalidade, prioridade, proporcionalidade, brevidade a excepcionalidade e a brevidade das medidas socioeducativas que implicam na privação da liberdade. Além disso, definem as competências da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, reforçando o caráter pedagógico das medidas socioeducativas, bem como os princípios e critérios das entidades de que executam as medidas. Além dessas inovações acima mencionadas, a Lei /2012 criou o Sistema Nacional de Avaliação e Acompanhamento do Atendimento socioeducativo, que terá por objetivo, a fiscalização e avaliação da gestão, programas das entidades executoras das

12 medidas e a repercussão da sua aplicação, integrando as informações do atendimento e estabelecendo metas para aprimorar as redes de atendimento. Tornou-se uma exigência a elaboração do Plano Individual de Atendimento (PIA), instrumento individualizado, elaborado conjuntamente com o adolescente e sua família, para uma melhor eficácia da execução das medidas socioeducativas, em que através dele serão estabelecidas metas e as atividades, que os adolescentes que forem submetidos a uma medida socioeducativa aplicada pelo Poder Judiciário, deverão cumprir, sendo monitorados pelo Juiz da Infância e Juventude e fiscalizados pelo Ministério Público e pelo defensor do adolescente. Com isso, fez-se perceptível que o alcance da Lei SINASE é bastante abrangente, sendo considerada por alguns autores como uma espécie de Lei de Execução Penal voltada para os adolescentes em conflito com a lei, devendo contribuir para a redução do contingente de adolescentes que vem cumprindo a medida socioeducativa de internação, dando prioridade as medidas socioeducativas em meio aberto. 4.3 Perfil dos Adolescentes em conflito com lei Com o fito de analisar a execução das medidas socioeducativas, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) 4 realizou uma investigação de caráter social, em conjunto com um uma equipe multidisciplinar que visitou, entre o período de julho de 2010 a outubro de 2011, 320 estabelecimentos de internação existentes no Brasil, a fim de averiguar as condições dos estabelecimentos, que os adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa de restrição de liberdade estão sujeitos, com o intuito de delimitar o panorama da situação dos adolescentes em conflito com a lei no Brasil, buscando conhecer o perfil social destes, dos processos de execução de medida em tramitação e as condições de atendimento deles nas estruturas de internação. Além disso, a referente pesquisa, lançada no ano de 2012, contou com a ajuda dos servidores de cartórios judiciais, coletando os dados de processos judiciais referente à execução de medidas socioeducativas de restrição de liberdade que estão em tramitação nos 26 estados da Federação e no Distrito Federal. 4 BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Panorama Nacional a Execução das Medidas Socioeducativas de Internação: Programa Justiça Jovem. Brasília: 2012.

13 Ao analisar os dados da referida pesquisa, restou demostrado que a faixa etária de adolescente, no período, em que cometeu o primeiro ato infracional está entre 15 e 17 anos (47,5%) e, dentre todas as regiões do país, a região Nordeste foi à única que apresentou maioria absoluta de jovens de 15 a 17 anos, apesar de o número de adolescentes que cometeram seu primeiro ato infracional entre 12 e 14 anos ser bastante expressivo. Dentre as condutas ilícitas mais praticadas, os crimes contra o patrimônio (roubo, furto, entre outros) foram os que tiveram maiores índices, tendo como destaque, o delito de roubo, que obteve os mais altos percentuais, representando de 26% (Região Sul) a 40% (Região Sudeste) dos delitos praticados. No que se refere ao aspecto reincidência, os adolescentes entrevistados que estavam no período em cumprimento a medida de internação, 43,3% já haviam sido internados ao menos uma outra vez. Deste modo, torna-se perceptível que, o índice de reincidência é bastante significativo. Nas regiões Nordeste e Centro-Oeste, o percentual é de 54% e 45,7%, respectivamente, de jovens reincidentes; nas demais regiões o índice de reincidência varia entre 38,4% e 44,9%. 4.4 A medida socioeducativa de internação e a sua aplicabilidade ao adolescente infrator em conflito com a lei Como trazido no texto no artigo. 121, caput do ECA, a medida socioeducativa de internação constitui medida privativa de liberdade, sendo considerada a mais grave dentre as socioeducativas. Esta medida é destinada aos adolescentes que cometem atos infracionais com violência ou grave ameaça, podendo ser aplicada após o procedimento para apuração de ato infracional, onde devem ser comprovadas a autoria e a materialidade. Volpi (2011) fala sobre o tema, abordando a aplicação da medida e a sua natureza: A internação, como a última das medidas na hierarquia que vai da menos grave para a mais grave, somente deve ser destinada aos adolescentes que cometem atos infracionais graves. Embora o Estatuto tenha enfatizado os aspectos pedagógicos e não os punitivos ou

14 repressivos, a medida de internação guarda em si conotações coercitivas e educativas. (VOLPI, 2011, p.27) Porém, o ECA com o intuito de assegurar ao adolescente em conflito com a lei, os seus direitos individuais e garantias processuais, sujeitou a aplicação da referida medida à incidência de três princípios: (...) (1) o da brevidade, no sentido de que a medida deve perdurar tão somente para a necessidade de readaptação do adolescente; (2) o da excepcionalidade, no sentido de que deve ser aplicada pelo Juiz quando da ineficácia de outras; e (3) o do respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, visando manter condições gerais para o desenvolvimento do adolescente, por exemplo, garantindo seu ensino e profissionalização. Em obediência à brevidade, estipula a lei menorista o prazo máximo de 3 (três) anos( 3º) e liberdade compulsória ao 21 (vinte e um) anos ( 5º). (ISHIDA, 2015, p.358): Quanto à aplicação da medida socioeducativa pelo Magistrado, a mesma possui certas limitações, tendo em vista que, art.122 do ECA, traz as hipóteses de aplicação da medida socioeducativa de internação, conforme dispõe: Art A medida de internação só poderá ser aplicada quando: I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência a pessoa; II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves; III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta.( Além disso, o Estatuto da Criança e do Adolescente não disciplina um critério de fixação da medida socioeducativa, mas, traz como entendimento, sendo adotado por alguns autores, como Flávio Américo Frasseto (1999), ser imprescindível, conforme previsto no art.112, 1º, que as medidas sejam aplicadas de forma discricionária por parte do Magistrado, sendo observado o devido processo legal e, por óbvio, não ofendendo o principio da legalidade.

15 Art Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas: 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração. Ao ser aplicada a medida socioeducativa, seja ela através de sentença ou na remissão 5, ao juiz deve-se verificar qual a medida mais adequada para ser aplicada, levando em consideração ao caso concreto, firmando a sua execução através dos princípios e regras constitucionais e pela Lei do SINASE. 4.5 As medidas socioeducativas em meio aberto: características e espécies O art.112, caput, do Estatuto da Criança e do Adolescente traz, em um rol taxativo, das modalidades de medidas socioeducativas que poderão ser impostas aos adolescentes em conflito com a lei. Art Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas: I - advertência; II - obrigação de reparar o dano; III - prestação de serviços à comunidade; IV - liberdade assistida; V - inserção em regime de semiliberdade; 5 Art Antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato infracional, o representante do Ministério Público poderá conceder a remissão, como forma de exclusão do processo, atendendo às circunstâncias e consequências do fato, ao contexto social, bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou menor participação no ato infracional. Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da remissão pela autoridade judiciária importará na suspensão ou extinção do processo.

16 VI - internação em estabelecimento educacional; VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração. 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho forçado. 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão tratamento individual e especializado, em local adequado às suas condições. ( BRASIL, ECA, 1990) Os objetivos das medidas socioeducativas estão previstos na Lei /2012- SINASE, em seu art.1º, 2º, que dispõe que: Art.1º Esta Lei institui o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase) e regulamenta a execução das medidas destinadas a adolescente que pratique ato infracional. [...] 2 o Entendem-se por medidas socioeducativas as previstas no art. 112 da Lei n o 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), as quais têm por objetivos: I - a responsabilização do adolescente quanto às consequências lesivas do ato infracional, sempre que possível incentivando a sua reparação; II - a integração social do adolescente e a garantia de seus direitos individuais e sociais, por meio do cumprimento de seu plano individual de atendimento; e III - a desaprovação da conduta infracional, efetivando as disposições da sentença como parâmetro máximo de privação de liberdade ou restrição de direitos, observados os limites previstos em lei. São previstas seis espécies de medidas socioeducativas, quais sejam, Advertência, Obrigação de reparar o dano, Prestação de serviços à comunidade, Liberdade assistida, Semiliberdade e Internação, contudo analisaremos, tão somente, as que têm caráter de execução em meio aberto, a fim de comprovar o caráter educativo e social da medida, para o adolescente em conflito com a lei.

17 4.5.1 Obrigação de reparar o dano Previsto no art.116 do ECA, a referida medida socioeducativa poderá ser aplicada pelo juiz, quando restar comprovado que o ato infracional praticado pelo adolescente acarretou prejuízos, com reflexos patrimoniais. Art Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima. Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medida poderá ser substituída por outra adequada. ( BRASIL, ECA, 1990) A obrigação de reparar o dano se consumará a partir da restituição, do ressarcimento e/ou compensação à vítima, tendo a medida, natureza coercitiva e educativa, tendo como objetivo levar o adolescente a reconhecer o seu erro e tentar repará-lo. Como bem dispõe Ishida (2015) A obrigação de reparar o dano, como medida socioeducativa, deve ser suficiente para despertar no adolescente o senso de responsabilidade social e econômico em face do bem alheio. A medida deve buscar a reparação do dano causado à vítima tendo sempre em vista a orientação educativa a que se preste. (ISHIDA, 2015, p.345) É uma medida a qual a responsabilidade do adolescente é intransferível e personalíssima, sendo assim não poderá impor aos pais ou responsável do adolescente, na seara da Justiça da Vara da Infância e Juventude, o ressarcimento dos danos baseando-se na culpa in vigilando. Caso não haja a possibilidade de cumprimento da medida, será facultado ao juiz que seja substituído por outra medida que possa ser aplicado.

18 4.5.2 Prestação de serviços à comunidade A medida socioeducativa de prestação de serviços à comunidade consiste na realização de tarefas gratuitas de interesses gerais, estando prevista no art.112, III e, explícita, no art.117, ambos do ECA. Os serviços devem ser prestados em entidades hospitalares, assistenciais, educacionais e congêneres, visando conferir ao adolescente, as suas responsabilidade e suas habilidades em cumprir a medida socioeducativa em meio aberto. Art Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas: [...] III - prestação de serviços à comunidade; [...] Art A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em programas comunitários ou governamentais. Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas durante jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a frequência à escola ou à jornada normal de trabalho. ( BRASIL, ECA, 1990) Do ponto de vista de Volpi (2011), a prestação de serviços à comunidade: [...] constitui uma medida com forte apelo comunitário e educativo tanto para o jovem infrator quanto para a comunidade, que por sua vez poderá responsabilizar-se pelo desenvolvimento integral desse adolescente. [...] (VOLPI, 2011, p.23-4)

19 A competência da aplicação dessa medida dependerá, exclusivamente, a Justiça da Infância e Juventude, mas a sua execução deverá ser feita através de um programa que estabeleça parecerias com órgãos públicos e organizações governamentais, que deverão realizar o acompanhamento e o relatório para encaminhar ao Ministério Público, que verificará se está sendo cumprida a medida. O prazo máximo do cumprimento da medida não poderá ultrapassar seis meses e as atividades que forem oferecidas deve ser compatível à aptidão, nível de instrução ou formação do adolescente Liberdade assistida Dentre as diversas soluções que são apresentadas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, para que venha enfrentar o aumento da criminalidade com participação de adolescentes, a medida socioeducativa de Liberdade Assistida, prevista no art.118 e119 do ECA, se apresenta como a mais importante entre todas as outras medidas, tendo em vista que permite que o adolescente a cumpra em liberdade junto com a sua família, tendo a supervisão sistemática do Juízo da Vara da Infância e Juventude e da comunidade. Art A liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente. 1º A autoridade designará pessoa capacitada para acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada por entidade ou programa de atendimento. 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor. Art Incumbe ao orientador, com o apoio e a supervisão da autoridade competente, a realização dos seguintes encargos, entre outros: I - promover socialmente o adolescente e sua família, fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em programa oficial ou comunitário de auxílio e assistência social;

20 II - supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar do adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula; III - diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente e de sua inserção no mercado de trabalho; IV - apresentar relatório do caso. ( BRASIL, ECA,1990) Possui prazo mínimo fixado em seis meses, admitindo prorrogações, têm como limite máximo, por analogia a medida socioeducativa de internação, de três anos, devendo o adolescente comparecer, periodicamente, a um posto determinado e realizar a entrevista com a equipe técnica. Além disso, a execução dessa medida poderá ser desenvolvida por grupos comunitários com auxilio de orientadores sociais, que poderão ser remunerados ou não, devendo ser capacitados, supervisionados e integrados à rede de atendimento ao adolescente em conflito com a lei. É, dentre as demais medidas socioeducativas, a mais aplicada ao se substituir a medida de internação, conforme dispõe Ishida (2015): Na prática menorista, a LA é a medida mais aplicada, com o crescimento de jovens cumprindo essa medida. Pode gerar frutos se implementada de acordo com os ditames do ECA, com o acompanhamento pelo orientador e com a integração com os pais ou responsável. (ISHIDA, 2015, p.351 apud PIETROCOLLA, SINHORETTO E CASTRO, 2000) 5 REEDUCAÇÃO E RESSOCIALIZAÇÃO DO ADOLESCENTE EM CONFLITO COM A LEI: PROJETOS DE APOIO A RESSOCIALIZAÇÃO ATRAVÉS DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS EM MEIO ABERTO Inicialmente, é preciso trazer a importância da medida socioeducativa, tendo em vista que possui como uns dos objetivos, a busca de uma nova perspectiva para o adolescente em

21 conflito com a lei, de torna-se um adulto pronto para conviver em sociedade de forma mais produtiva possível. Porém, o tão somente cumprimento da medida socioeducativa, não será suficiente para que ocorra o sucesso da reinserção do adolescente em conflito com a lei, sendo necessário, também, o apoio familiar e da sociedade, para que juntos possam oferecer diversas oportunidades ao jovem, como uma boa educação, a inserção no mercado de trabalho e a criação de políticas públicas para prevenção e acolhimento. Ainda sobre a família, é através dela que, inicia-se a formação do caráter e o aprendizado de normas de convivência com a sociedade. Todavia, com a atual conjuntura social, verifica-se um rompimento dos valores familiares, que se leva a conclusão que sua relação com o adolescente em conflito com a lei, encontra-se, cada vez mais, conturbada e sem qualquer imposição de limites por parte dos pais, promovendo, assim, uma educação contumaz. Outro elemento de grande relevância para ressocialização e reintegração do adolescente em conflito com a lei é a inclusão social, devendo fazer com que ele seja acolhido sem preconceitos perante a sociedade e que concorra em igualdade com os demais jovens, uma vez que já foram punidos pelo cometimento de suas condutas. Além disso, a educação é a peça fundamental para este processo, deste que seja feito de forma séria e compromissada, para que possa proporcionar ao jovem, novas oportunidades, como a possibilidade de adquirir conhecimento, de realizar a capacitação e novas oportunidades de emprego, sendo que através deste último, trará ao jovem as noções de responsabilidade, que o afastará da criminalidade. Segundo entendimento de Lorencetti (2011) 6, alguns meios poderiam vir a ser criados para que venham transformar a trajetória desses adolescentes que cometem o ato infracional: I - Instituir programas do SENAI/SENAC de forma descentralizada nos bairros mais vulneráveis voltados para uma vida produtiva dos jovens; II - Efetuar acordos entre Ministério do Trabalho, Promotoria da Infância e Sociedade Civil, para viabilizar o ingresso de menores no mercado de trabalho; III - Criar um programa de inserção do jovem no mercado de trabalho. (LORENCETTI, 2011, p. 43) 6

22 O que se observa, diante dos dados apresentados pelo estudo realizado pelo CNJ, é que a medida de internação não encontra a sua real eficácia, o elevado índice de adolescentes que são reincidentes na prática de atos infracionais. Pode se entender que, diante das circunstâncias apresentadas ao jovem, verifica-se que medidas socioeducativas mais rigorosas, na maioria das vezes, não são eficazes nesse processo de reeducação e ressocialização do adolescente em conflito com a lei, podendo gerar um resultado inverso do pretendido pela medida socioeducativa. Sendo assim, para que haja essa modificação da vida desses adolescentes através da ressocialização, é importante que haja a promoção de projetos voltados para este fim com a possibilidade de serem aplicadas, ao invés de realizar a execução das medidas socioeducativas privativas de liberdade, trazendo como alternativa a aplicação das medidas socioeducativas em meio aberto. Contudo, para que haja o sucesso na execução dessas medidas são necessários, maiores investimentos governamentais, principalmente, no que diz respeito à estrutura das entidades que realizam o trabalho de reeducação e ressocialização do adolescente em conflito com a lei, além da presença efetiva da família do adolescente, da sociedade e uma melhor aplicabilidade da escolha da medida socioeducativa por parte do Magistrado. 6 CONCLUSÃO O presente artigo teve como principal intuito, a verificação da utilidade das medidas socioeducativas apresentadas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, principalmente, a aplicação das medidas socioeducativas em meio aberto, como uma alternativa frente às medidas de natureza privativa de liberdade, as quais evidenciaram a sua ineficácia, diante da falta de estrutura como um todo, para a reeducação e reinserção do adolescente em conflito com a lei. Mesmo diante dos avanços do ECA e com a Lei do SINASE, restou claro que, a atual legislação menorista precisa ser aperfeiçoada. Assim sendo, a eficácia das medidas socioeducativas, em relação ao adolescente em conflito com a lei, ficará dependente dos meios que irão possibilitar a sua execução e que forneçam condições para sua reintegração ao meio social. Tudo isso, deverá vir acompanhado de políticas públicas que lhes garantam uma

23 ressocialização digna, livre de preconceitos e que impossibilite a reincidência do jovem, aliados ao compromisso de transformar a sua realidade. Mas, será preciso também, para o sucesso da aplicabilidade e da eficácia dessas medidas de caráter não privativo de liberdade, o apoio da família e do Poder Público, tendo em vista, que mesmo a medida de liberdade assistida, que é considerada a menina dos olhos, para alguns operadores, não está atingindo o seu real objetivo, haja vista a falta de preparo do corpo técnico que tem o papel de orientar o adolescente em conflito com a lei, além da ausência de incentivo governamental e da família, durante a execução, aumentando, assim, o seu não cumprimento por parte do jovem. O que se busca neste artigo, não é defender a ausência de responsabilização do jovem por sua conduta, mas que esta sanção corresponda os objetivos que se destinam, quais sejam a ressocialização e a reeducação do adolescente em conflito com a lei, através de medidas socioeducativas que fujam do caráter privativo de liberdade. Por fim, evidencia-se que o fenômeno do ato infracional necessita de novas ideias e posicionamentos, que deverão ultrapassar o texto infraconstitucional, devendo entender que a solução do problema talvez seja o encontro, não de punições, mas de alternativas destas. REFERÊNCIAS BANDEIRA, Marcos Antonio Santos. Atos infracionais e medidas socioeducativas: uma leitura dogmática, crítica e constitucional. Ilhéus: Editus,2006. BARROS, Guilherme Freire de Melo. Estatuto da Criança e do Adolescente.10 ed. ver., atual. e ampl.. Salvador: Juspodivm,2016 BARROSO FILHO, José. Do ato infracional. Jus Navegandi, Teresina, ano 6, n. 52, 1 nov Disponível em: Acesso em: 22 set BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Presidência da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, Presidência da República. Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei n /1990. Brasília, 13 de julho de 1990.

24 . Presidência da República. Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo- SINASE. Lei n Brasília, 18 de Janeiro de CASSANDRE, Andressa Cristina Chiroza. A eficácia das medidas socio-educativas aplicadas ao adolescente infrator. Presidente Prudente: 2008 CURY, Munir. Estatuto da Criança e do Adolescente comentado. 12.ed., revista e atualizada. São Paulo: Malheiros, ISHIDA, Válter Kenji. Estatuto da Criança e do Adolescente: doutrina e jurisprudência. 17.ed., atualizada. Salvador: Jus Podivm, MACIEL, Kátia. Curso de Direito da Criança e Adolescente: Aspectos Teóricos e Práticos. 4ªed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Editora Lumen, KONZEN, Afonso Armando. Pertinência socioeducativa: reflexões sobre a natureza jurídica das medidas. Porto Alegre: Livraria do Advogado, PESSOA DE MELO, Marília Montenegro. Dos espaços aos direitos: a realidade da ressocialização na aplicação das medidas socioeducativas de internação das adolescentes do sexo feminino em conflito com a lei nas cinco regiões. Brasília: Conselho Nacional de Justiça, OLIVEIRA, Raimundo Luiz Queiroga de. O Menor Infrator e a Eficácia das Medidas Socioeducativa. Disponível em: < Acesso em: 05 out RAMIDOFF, Mário Luiz. Lições de direito da criança e do adolescente: ato infracional e medida socioeducativa. 3 ed. Curitiba: Juruá,2011 Ressocialização de Adolescentes é uma realidade no Governo de Sergipe. Disponível em: < Acesso em: 13 out RODRIGUES, Marcela Marinho. Boas práticas em programas de execução de medidas socioeducativas em meio aberto. Disponível em Acesso em 2 de set. 2016

25 PEREIRA, Tânia da Silva. Direito da Criança e do Adolescente: uma proposta interdisciplinar. 2. ed. rev. atual. Rio de Janeiro: Renovar, VOLPI, Mário. O adolescente e o ato infracional. 9.ed. São Paulo: Cortez, 2011

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