Título: Educação Ambiental promovida pelo poder público na Bacia Hidrográfica do Rio Gravataí, região metropolitana de Porto Alegre, sul do Brasil

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1 Título: Educação Ambiental promovida pelo poder público na Bacia Hidrográfica do Rio Gravataí, região metropolitana de Porto Alegre, sul do Brasil Autor: Teresinha Guerra (1) Marcelo P. Cenci (2) ; Laura F. Ramos (3), Caroline G. Silva (4) &, Paulo R. da S. Samuel (5) Filiação: (1) Departamento de Ecologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, RS, Brasil. tg@ufrgs.br. (2) Graduando em Engenharia Ambiental, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, RS, Brasil. marcelo.cenci@hotmail.com; (3) Graduanda em Engenharia Ambiental, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, RS, Brasil. lfranzenramos@gmail.com; (4) Pós-graduanda em Geografia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, RS, Brasil. carolineguedes3@hotmail.com; (5) Assessoria de Gestão Ambiental da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, RS, Brasil. Paulo.samuel@ufrgs.br. INTRODUÇÃO A crise ambiental trouxe novos desafios para as sociedades modernas exigindo uma alteração no rumo civilizatório, e na tentativa de escapar da catástrofe ambiental, os sistemas sociais vêm se adaptando à nova realidade (Layrargues, 2009). Este autor lembra que o que está em jogo para a construção da sustentabilidade é o estabelecimento de políticas ambientais que criem regras de convívio social, reguladoras do acesso e do uso dos recursos ambientais, definindo os critérios para a repartição dos benefícios e prejuízos das riquezas geradas pelo uso dos produtos e serviços ambientais, bem como dos benefícios e prejuízos dos efeitos das políticas ambientais. A superação da crise ambiental seria o resultado do somatório de ações individuais decorrentes da transformação da conduta de cada pessoa, na sua relação com a natureza e a sustentabilidade seria atingida quando todos adotassem práticas sustentáveis, cotidianamente, na sua esfera de ação (Quintas, 2009), porém esta abordagem evidencia uma leitura acrítica e ingênua sobre a problemática ambiental e aponta para uma prática pedagógica prescritiva e reprodutiva (Quintas, 2002a) de mudança social da vertente funcionalista da sociologia proposta por Layrargues (2006)

2 que concebe a sociedade como uma grande entidade orgânica, à semelhança de um organismo biológico harmonioso. Considerando que no Brasil a educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente em todos os níveis e modalidades do processo educativo formal e não-formal, por seu caráter humanista, holístico, interdisciplinar e participativo, pode contribuir muito para renovar o processo educativo, trazendo a permanente avaliação crítica, a adequação dos conteúdos à realidade local e o envolvimento dos educandos em ações concretas de transformação desta realidade (Brasil, 1999). Educação Ambiental é uma prática que dialoga com a questão ambiental e, no senso comum, essa prática visa a uma mudança de valores (Layrargues, 2009). Um programa de educação ambiental para ser efetivo deve promover, simultaneamente, o desenvolvimento de conhecimento, de atitudes e de habilidades necessárias à preservação e melhoria da qualidade ambiental. Utiliza como laboratório, o metabolismo urbano e seus recursos naturais e físicos, iniciando na escola, expandindose para além da cidade, e a aprendizagem será mais efetiva se a atividade estiver adaptada às situações da vida real da cidade, ou do meio em que vivem aluno e professor (Soares & Mattos, 2013) e as atividades no âmbito educativo tornam-se estratégias para garantir maior conscientização social sobre a questão ambiental em uma bacia hidrográfica como um todo. Este trabalho apresenta o levantamento de dados sobre as ações e a forma como a educação ambiental vem sendo trabalhada no âmbito público da gestão e do ensino básico na bacia hidrográfica do rio Gravatahy na região metropolitana de Porto Alegre, contribuindo para a elaboração de material educativo a ser distribuído na rede de ensino, a fim de colaborar com o planejamento em educação ambiental municipal. METODOLOGIA A Universidade Federal do Rio Grande do Sul em parceria com Comitê Gravatahy desenvolveu o projeto de extensão e pesquisa Educação Ambiental para a Conservação e Gestão de Recursos Hídricos na Bacia Hidrográfica do Rio Gravataí no período de 2013 a 2015, em uma área de km 2 em oito municípios com uma população de habitantes. Foram agendadas visitas com

3 representantes das secretarias de educação e meio ambiente dos oito municípios da bacia hidrográfica: Alvorada, Cachoeirinha, Canoas, Glorinha, Gravataí, Porto Alegre, Santo Antônio da Patrulha e Viamão (Rio Grande do Sul, 2012). Em cada visita foi realizada entrevista com o gestor municipal. A entrevista, elaborada a partir de um roteiro buscou relatos sobre as ações realizadas na atual gestão, sua natureza e formas de atuação, público alvo, parcerias entre órgãos e Organizações Não Governamentais (ONGs) e o retorno da comunidade. Os coordenadores das secretarias de educação foram consultados para indicar as escolas municipais consideradas como referência em educação ambiental, por desenvolverem atividades ou se diferenciarem em suas ações com as questões ambientais. O número de escolas indicadas ficou a critério das próprias secretarias. A partir da indicação, as escolas foram visitadas para conhecimento mais aprofundado das suas atividades. Por fim, foi elaborado um sistema de categorização das atividades levantadas, elaboradas tabelas sistematizadas tanto para as secretarias, quanto para as escolas de cada município e classificadas nas seguintes categorias: (1) Informação: são as ações que acrescentam conhecimento e esclarecem conceitos a cada indivíduo, sem interferir ativamente no ambiente. Estão incluídas nessa categoria atividades como panfletagem, palestras, cartazes, jogos informativos; (2) Mobilização: são as ações práticas que reúnem pessoas na busca da modificação ativa do ambiente. Estão incluídas nessa categoria atividades de mutirão de limpeza, plantios, coleta de resíduos, reutilização de materiais, entre outros; (3) Formação: são as ações que visam capacitar pessoas para disseminar a educação ambiental. Estão incluídas nessa categoria cursos e oficinas. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram visitados 15 gestores de secretarias municipais e 39 professores de escolas: 9 em Alvorada, 6 em Cachoeirinha, 7 em Canoas, 3 em Glorinha, 4 em Gravataí, 2 em Porto Alegre, 3 em Santo Antônio da Patrulha e 5 em Viamão. A figura 1 mostra o número de ações constatadas na pesquisa. As secretarias municipais de educação e de meio ambiente desenvolveram grande número de atividades ao longo do ano, atuando de forma eventual ou por demanda. As ações mostraram-se predominantemente informativas, recorrendo-se a palestras, ações da semana do meio ambiente no início de

4 junho de cada ano, panfletos e mostras de trabalhos na forma de feiras. As atividades de mobilização geralmente envolvem mutirões de limpeza e recolhimento de resíduos sólidos em situações específicas (em áreas de interesse ou sob demanda da população). Nota-se também o pequeno número de ações de formação - que são muito importantes, visto a necessidade de abrangência da Educação Ambiental. Figura 1. Ações de educação ambiental nas secretarias e escolas municipais. Foi identificada a descontinuidade dos projetos devido às mudanças de gestão e a necessidade de planejamento de novos projetos a cada quatro anos, o que prejudica o desenvolvimento eficaz da educação ambiental. Foi relatada também a dificuldade na estruturação de projetos para angariar recursos e o distanciamento entre o poder público e a população. É importante a periodicidade de plenárias coletivas para que as autoridades saibam as reais demandas da sociedade, trazendo a possibilidade de uma ampla participação da população na elaboração de ações em educação ambiental, que melhor atendam às peculiaridades de cada comunidade. Nas escolas existem muitas ações informativas como palestras, teatros, vídeos e oficinas. As ações de mobilização mostraram grande diversidade de atividades desenvolvidas pelos professores com abordagem em temas como resíduos sólidos, alimentação saudável e recursos hídricos. Existem poucas ações de formação para os professores com temática ambiental, tanto nas secretarias municipais quanto nas escolas. Em muitas escolas são desenvolvidas atividades criativas fora da sala de aula como as composteiras e saídas à campo para estudar ambientes diversos, com a preocupação de identificar se está sendo realizada a reflexão e a conexão entre as atividades e os

5 princípios da educação ambiental. No entanto, algumas escolas abordam os temas ambientais de forma superficial, sendo pouco efetivos para a conscientização do aluno. A educação ambiental ainda está em processo de estruturação e prevalece a noção de que o professor de ciências é responsável em trabalhá-la. É de se esperar que surjam dificuldades na prática interdisciplinar devido à forma como se encontra o sistema, mas é preciso criar e ousar. Outro fator é o engessamento do currículo escolar que resulta na falta de tempo para a formação dos professores e para a inserção de novas práticas em educação ambiental. CONCLUSÃO É de suma importância a formação de professores em educação ambiental, a necessidade de tratá-la de forma transversal e um maior tempo para o desenvolvimento das atividades na escola. Além disso, é necessário que haja estímulo a uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e social, um dos preceitos básicos da educação ambiental, para maior eficiência da mesma. Os projetos desenvolvidos pelas secretarias municipais devem ter continuidade, possibilitando maior abrangência social e efetividade. BIBLIOGRAFIA Brasil. Lei nº 9.795/1999. Dispõe sobre a Educação Ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Disponível em: Layrargues PP Uito além da natureza: educação ambiental e reprodução social. In: Loureiro, CBF; Layrargues, PP; Castro, RS (Org.). Pensamento complexo, dialética, e educação ambienal. São Paulo. Layrargues, PP Muito além da natureza: educação ambiental e reprodução social. In: Loureiro, CFB; Layrargues, PP; Castro, RS. (Org.). Pensamento complexo, dialética e educação ambiental. São Paulo: 33-79p. Quintas, JS Educação no processo de gestão ambiental pública: a construção do ato pedagógico. In: Loureiro, C. F. B.; Castro, R. S. (Org.). Repensar a educação ambiental: um olhar crítico. São Paulo. Quintas, JS. 2002(a). Por uma educação ambiental emancipatória. In: Quintas, JS. (Org.). Pensando e praticando a educação ambiental na gestão do meio ambiente. Brasília. Rio Grande do Sul Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do rio Gravataí. Secretaria do Meio Ambiente. Brasil, Rio Grande do Sul, Brasil: 582p. Soares, GF & Mattos, J A importância da educação ambiental nas escolas. Disponível:

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