OS FENÔMENOS PSICOSSOMÁTICOS: UM SUBSTITUTO PARA A NEUROSE?

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "OS FENÔMENOS PSICOSSOMÁTICOS: UM SUBSTITUTO PARA A NEUROSE?"

Transcrição

1 1 OS FENÔMENOS PSICOSSOMÁTICOS: UM SUBSTITUTO PARA A NEUROSE? Jamile Luz Morais 1 Roseane Freitas Nicolau 2 Ana Carla Silva Pereira 3 Vivian Anijar Fragoso Rei 4 Um doente psicossomático é muito complicado... (Lacan, 1975) INTRODUÇÃO Este trabalho, fruto de interrogações surgidas no Grupo de Pesquisa O Sintoma do Corpo, propõe uma discussão acerca dos mecanismos psíquicos envolvidos em lesões ou doenças não explicadas por causas orgânicas gerais. Referimo-nos às doenças psicossomáticas. Pessoas afetadas por essas doenças muitas vezes rotuladas como doentes sem causa, chegam ao psicanalista à procura de uma explicação para a lesão que lhes acomete, geralmente acompanhados do discurso: Minha doença é de fundo emocional. Existem ainda aqueles pacientes já incorporados do discurso social sobre as doenças psicossomáticas que se dirigem ao analista de forma incisiva: Estou aqui porque tenho uma gastrite psicossomática!. Tão falada no meio leigo e acadêmico 5, as doenças classificadas pela medicina como de caráter psicossomático, intrigam não só os médicos e Psis como também os pacientes acometidos por essas afecções. Na 10ª Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas relacionados à Saúde (CID-10/ 1995) e no texto revisado da 4ª revisão do Manual Diagnóstico e Estatístico 1 Psicóloga, mestranda do Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica e Social da UFPA. 2 Psicóloga, Psicanalista e Professora Do Departamento de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica e Social da Universidade Federal do Pará. 3 Psicóloga, membro do Grupo de Pesquisa O Sintoma do Corpo desenvolvido na Clínica de Psicologia da Universidade Federal do Pará (UFPA) e mestranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica e Social (UFPA). 4 Psicóloga, membro do Grupo de Pesquisa O Sintoma do Corpo desenvolvido na Clínica de Psicologia da Universidade Federal do Pará (UFPA) e Pesquisadora do Laboratório de Psicanálise e Psicopatologia Fundamental da UFPA. 5 No ano passado, em 5 de dezembro de 2007 foi publicada a seguinte matéria na revista Veja (n. 48, ano 40, edição 2037): Emoções e Saúde referindo aos fenômenos psicossomáticos.

2 2 dos Transtornos Mentais (DSM IV/ 1995) são descritos diferentes tipos de transtornos psicossomáticos. Nestas referências, é possível encontrar um verdadeiro catálogo dessas doenças. Entre elas destacam-se: a síndrome do intestino irritável, a fibromialgia, a fadiga crônica, o lúpus, a hipertensão, a dermatite, entre outras. A constatação é que, apesar do catálogo criado pela medicina para identificar essas doenças, fica ainda uma lacuna a preencher no sentido de sua etiologia, pois esta foge à competência da medicina devido à ausência de causas orgânicas. O que se observa são tratamentos voltados, não para a doença em si, mas para o quê supostamente está causando a doença; o resultado: são receitados anisolíticos que acabam por calar o sujeito. De fato, é provável que esses doentes queixosos demorem a retornar ao médico com as mesmas queixas, mas fica a pergunta: Até que ponto isso contribui para a melhora do sujeito? Como se vê, ao receitar tais medicamentos, a medicina, de certa forma, contribui para a alienação deste sujeito na medida em que, anestesiado pela medicação, acomoda-se e não se implica com seu conflito neurótico. Ao ficar preso no significante sou doente, o sujeito não vê outras possibilidades de significar a sua doença, ficando preso num discurso vazio, onde sua fala se dirige apenas ao órgão lesado ou à doença. É como esta não dissesse nada sobre si, como se estivesse fora desse sujeito, fosse estranha a ele mesmo. É preciso ressaltar que qualquer pessoa pode ser afetada por uma doença ou resposta psicossomática. O que pretendemos enfocar são os casos de cronicidade e persistência da doença, a ponto desta servir como uma defesa para o sujeito. A psicanálise, diferentemente da medicina, vem propor uma outra forma de conceber o psicossomático 6, ao ir além dos sinais físicos da doença. Para a psicanálise, especialmente para o psicanalista francês Paul-Laurent Assoun (1997), o sujeito que sofre constantemente de surtos do tipo psicossomático, encontra na doença um substituto para sua própria neurose. Por esta razão, apontaremos aos fenômenos e não aos sintomas psicossomáticos, pois falar de um sintoma, em psicanálise, significa apontar para uma neurose, para um sintoma neurótico, resultado de um trabalho do psiquismo; o que não acontece nos fenômenos psicossomáticos. Como a expressão já diz, é um fenômeno que surge no corpo do sujeito sem quê nem porquê, sem uma causa justificada. 6 A expressão é colocada em aspas, pois não se trata de uma estrutura psíquica e sim de um modo de ser do sujeito.

3 3 PODEMOS FALAR DE UM SUJEITO PSICOSSOMÁTICO? Levantar este questionamento é o ponto chave para entendermos o funcionamento do psicossomático. Para isso, precisamos distinguir sucintamente um fenômeno psicossomático (FPS 7 ) de um sintoma neurótico. Comecemos salientando que, para Freud ( ) o sintoma remete ao sujeito, pois é resultado de um trabalho de substituição, é um sinal e um substituto de uma satisfação pulsional, produto do processo de recalque. Os FPS, diferentemente, não passaram por um processo de substituição. Podemos dizer que nestes fenômenos ocorreu uma falha no recalque. Aquilo que era para ser barrado e substituído, não foi, e disso resulta um fenômeno puro, uma espécie de matéria bruta, que não foi lapidada, não foi transformada em sintoma. A falha no recalque produz a lesão, inscrita no corpo orgânico. Partindo dessa lógica, perguntamo-nos: Podemos falar de um sujeito psicossomático? Ora, se o sintoma remete a um sujeito, então não podemos apontar para um sujeito, pelo o menos quando estiver afetado pelos FPS. Vale lembrar que quando falamos de sujeito, em psicanálise, falamos de um indivíduo distinto tal como o percebemos freqüentemente. Para a psicanálise, o sujeito remete ao sujeito do desejo, que está imerso à linguagem do inconsciente, distinto tanto do indivíduo biológico quanto do indivíduo da consciência. O sujeito não é o Eu. O sujeito emerge no momento em que se confronta com a falta simbólica, instituída pela metáfora paterna, que o tira da relação imaginária com seu primeiro grande Outro (a mãe) e o coloca na posição de TER o falo. Esta falta inaugura o sujeito desejante, inserido na linguagem. É por esta razão que no Seminário 11, Lacan ( ) salienta que o sujeito ex-siste na linguagem porque na verdade ele, assim como o objeto a (objeto causa de desejo), localiza-se no espaço entre os significantes. Para isso é preciso que haja um deslizamento na cadeia de significantes, onde estes vão se combinar ou se substituir a fim de produzir efeitos de significação. Nos FPS, o sujeito não aparece. Lacan ( /1985), no Seminário 2, refere-se aos FPS pela primeira vez ao afirmar que estes se encontram fora do registro simbólico, estando localizados no registro do real, da ordem do irrepresentável. Posteriormente, no Seminário 11, Lacan (1964/1998) volta a falar nos FPS ao colocá-los no mesmo patamar das psicoses, julgando a falha simbólica como determinante para o adoecimento somático. Lacan usa o 7 Doravante utilizaremos esta sigla para nos referirmos ao fenômeno psicossomático.

4 4 termo emprestado da lingüística Holófrase 8, para se referir à condensação do primeiro par de significantes (S1--S2) que fica gelificado, impedindo o deslizamento da cadeia e, portanto, o aparecimento do sujeito. Com o surgimento da holófrase, acontece a suspensão da função significante como tal (a de representar o sujeito), causando prejuízo ao registro simbólico. O prejuízo neste registro leva à impossibilidade de ler e saber o que está escrito no corpo. Na Conferência de Genebra em 1975, Lacan considerou o corpo do psicossomático como um verdadeiro hieróglifo egípcio 9. Os FPS seriam uma escrita, feitos para não serem lidos. Assim como os hieróglifos, os FPS seriam inscrições que estão fora do deslizamento simbólico, como se fosse um enigma inscrito no real do corpo do sujeito. Para Nasio (1993) as manifestações psicossomáticas são decorrentes de uma foraclusão local do Nome-do-Pai, considerando-as como uma formação do objeto a, estando no mesmo patamar das alucinações e das passagens ao ato. Jean Guir (1988) posiciona-se de modo semelhante ao afirmar que nos FPS a metáfora paterna funciona em certos sítios do discurso e não em outros" (p.48). Guir ressalta que acontece algo que faz com que não exista censura entre S1 e S2, emergindo daí um objeto a, objeto causa de desejo. Onde a metáfora não funciona, as afecções aparecem. Essa quebra na cadeia de significantes, provoca uma descontinuidade no discurso, o que pode causar a morte do sujeito, diferentemente do sintoma neurótico que, segundo Lacan, permite o sujeito viver. No entanto, quando ouvimos a expressão foraclusão ou falha na metáfora paterna, lembramos logo da psicose. Mas não podemos confundir os fenômenos somáticos com a psicose, uma vez que esta estrutura psíquica não encontra mecanismos de substituição devido à ausência do significante mestre, Nome-do-pai. Este significante está fora-cluído do inconsciente, sendo este o motivo pelo qual o sujeito não consegue metaforizar, simbolizar o seu desejo. Nos fenômenos somáticos, no caso dos neuróticos, este significante não está foracluído. O que acontece é que o registro simbólico (até então existente) não foi capaz de metaforizar o afeto (a angústia). Em Inibição, Sintoma e Ansiedade, Freud (1926/1996) define angústia como um afeto que sinaliza a reação ao perigo de castração, na qual o Eu sujeito tenta evitar a agressividade do Supereu. Vimos que o psicossomático, ao adoecer do corpo, não quer se haver com a castração, mas ele sabe que ela existe. Assim, a angústia sem representação vivida no corpo significa justamente a evitação da neurose. Assoun (1997) considera os FPS uma saída do sujeito para a sua neurose, uma vez que tais fenômenos põem a neurose em suspensão; como 8 Refere-se a um enunciado que condensa uma sentença que carrega um sentido ou uma intenção do emissor. 9 Os hieróglifos eram um tipo de escrita característica do povo egípcio, cujo código lingüístico é ilegível. Tratase de um registro que não se dirige a ninguém, que não sabemos ler.

5 5 se o sujeito substituísse sua neurose por um FPS, fugindo do seu fantasma 10, do seu próprio desejo. Ao mesmo tempo, a afecção somática surge como se fosse um despertador, um chamado para a cadeia de significantes que está parada, gelificada, carente de simbolização. Seria a chamada para a eclosão de um sintoma neurótico. Do mesmo modo que o delírio seria uma forma de reconstituição do Eu, as afecções somáticas também seriam uma forma de aviso dirigido ao sujeito, ao sinalizar (através da lesão) que este deve deixar a neurose entrar. É o verdadeiro encontro entre as pulsões de vida e de morte. Enquanto a pulsão de morte lança o sujeito para a morte, destruindo os órgãos e causando prejuízo ao sujeito; a pulsão de vida, através de uma castração pelo real, convida o sujeito a voltar a sua condição. Enquanto o neurótico assumido se utiliza do seu sintoma em nome de uma formação de compromisso, o psicossomático se utiliza de sua doença para fugir deste compromisso, na medida em que assumir este compromisso requer submeter-se às leis do inconsciente e assumir sua neurose. O GOZO DO PSICOSSOMÁTICO : UMA FUGA MORTÍFERA DA NEUROSE, O AUTO-EROTISMO EM AÇÃO. Vimos que o sujeito acometido de afecções psicossomáticas substitui tais afecções pela sua neurose. Ao fazer isso, o sujeito substitui um tipo de gozo por outro, ou seja, ao invés do sujeito estar submetido ao Gozo Fálico 11, ele fica assujeitado ao Gozo do Outro 12. Este gozo, por sua vez, chega a ser mortífero, pois busca uma satisfação total, mítica. Sabemos que este tipo de satisfação, para Freud, só pode ser satisfeita com a morte. Em Pulsão e destinos da Pulsão, Freud (1915/ 2004) salienta que a pulsão está localizada na fronteira entre o psíquico e o somático. De fato, sabemos que a pulsão se origina de uma fonte endógena, do corpo orgânico e que chega ao psiquismo na medida em que demanda uma representação psíquica para isso, para essas excitações. O sujeito se constitui pelo que é corpo. Enquanto estiver vivo, o sujeito nunca escapará da pulsão. A pressão da pulsão movimenta o psiquismo e faz com que ele encontre objetos para a satisfação dessas demandas e assim, garanta a sua sobrevivência. A pulsão de vida estaria ligada à sobrevivência da espécie e do indivíduo. Esta busca uma satisfação suficiente para 10 Sinônimo de fantasia em Freud, é representado pela matema lacaniano $ a (lê-se: S barrado punção de a). Indica a relação particular do sujeito do inconsciente barrado e dividido por sua entrada no universo simbólico. O fantasma aponta para a neurose do sujeito (CHEMAMA &VANDERMERSCH, 2007). 11 Refere-se ao gozo permitido pela lei simbólica, norteado pelo falo, pelo recalcamento, é o gozo parcialmente satisfeito. 12 Diferentemente do Gozo Fálico, é o gozo mítico, não barrado.

6 6 tal. A pulsão de morte, Freud diz, é a base do princípio primeiro do funcionamento do aparelho psíquico, no sentido em que o sujeito procura reduzir num nível menor possível a tensão do organismo. É a busca da satisfação que leva o organismo a retornar às origens, ao seu estado de não vida, a morte. A pulsão de morte seria aquilo que está para além do princípio do prazer. É aquilo que, na tentativa de descarregar totalmente a tensão, acaba causando prejuízo e dor ao sujeito. Visa a descarga total de energia, sem levar em conta a integridade do Eu e o princípio da realidade. Assoun (1997) sugere que o corpo se coloca no trajeto que vai do Isso à morte. Ressalta ainda que as pulsões direcionam não só a vida psíquica, mas também a vida vegetativa. A pulsão seria o orgânico agindo psiquicamente. Esse orgânico, entretanto, pode tomar conta do psiquismo de tal modo que a tensão passa a ser diretamente descarregada no corpo. É como se a energia pulsional passasse por cima da lei do psiquismo. O autor classifica o fenômeno somático como se fosse um momento místico do corpo, no qual o Isso reina para além do Eu: O Isso sobe a cabeça e se lança em direção à morte, sendo o Eu espectador de tudo Isso. A pulsão de morte, assim como o Gozo do Outro, busca esta intensificação máxima da tensão. Seria o gozo perfeito, pleno, mas impossível. O Gozo, como a pulsão, só existe pelo que é corpo. E esse corpo, sabemos, erotizado e excitado, não é totalmente significado, ou seja, existe uma parte deste corpo que só se apresenta no registro do real. Aquilo que para Lacan, não pode ser explicado pela intervenção do simbólico. Logo, esse Gozo é um lugar vazio de significantes. Ainda com relação ao registro do real, Lacan ressalta que o real é aquilo que sempre volta ao mesmo lugar, lugar este que o sujeito não encontra. Na clínica, o encontro com o real pode ser identificado como o mau encontro feito pelo sujeito. Conforme Chemama (2007), O impossível, é o real [...] Para o sujeito, o lugar do real está sempre faltando, e o impossível, como real, não é mais, como na filosofia aristotélica, como aquilo que não pode ser (p. 326). O corpo, ou melhor, a doença instalada no corpo, ao nível do real, não pode ser significada pelo sujeito, calando o mesmo. O corpo do real é o objeto de satisfação do psicossomático. Ou melhor, o corpo goza às custas do sujeito, porque na verdade neste momento não há um sujeito, há um objeto gozante deste Gozo do Outro. Enquanto o sujeito não aparece, este gozo lesiona os órgãos e aos poucos vai acabando com o sujeito, reduzindo-o à matéria, a um pedaço de carne, a um organismo, da forma como veio ao mundo. É uma satisfação colocada em ato, não

7 7 simbolizada, que aliena o sujeito em meio a esse gozo mortífero, que mata o sujeito do desejo e pode matar também o organismo 13. Ao fugir da lei simbólica, o psicossomático paga o preço com sua própria carne. Se não foi barrado pelo simbólico, é castrado no real do seu corpo. Esta castração, entretanto, é mais dura, pois se continuar a gozar do corpo, este gozo pode ser mortífero na medida em que destrói os órgãos e machuca a matéria. Este gozo que chega a causar dor no sujeito está associado à pulsão de morte. O sujeito é falado por este Gozo do Outro, sem impedimento, que está para além do princípio do prazer. Todo esse sofrimento na carne para ele é mais vantajoso do que sofrer da alma. E tudo isso quando ele tem uma outra saída. Só que essa saída requer assumir que se é um ser faltante, desejante. O Gozo do Outro impõe ao corpo do psicossomático um dever: o de gozar. Este corpo é complacente ao gozo, pois se coloca à disposição deste gozo mórbido, excessivo, tóxico, sobre o corpo ou órgão do corpo. A complacência somática 14 fornece ao sujeito uma saída no corporal, já que não encontra outros meios de realizá-lo. A economia do gozo no corpo se dá pela escrita, por um nome próprio feito não pela metáfora paterna (Nome-do-pai), mas sim pelo gozo, verdadeiro Nome próprio. É o que Lacan (1975), na Conferência de Genebra, considerou um Nome próprio, como um número, uma vez que para ele o corpo do psicossomático escreve alguma coisa da ordem do número. Para Sérgio Becker (2003) o psicossomático carrega em seu corpo o gozo do Outro que não cessa em gozar. Esse gozo desaba sobre o corpo do sujeito que se manifesta sem pedir permissão. Salienta que o Nome próprio é de propriedade do Outro, sendo que na afecção este Nome próprio é tido como coisa, que patrocina a doença. O gozo do Outro atingiu a Letra do Nome, tornando-se prejudicial. Como podemos observar na afirmação: O órgão já não pertence mais ao sujeito, foi usurpado de si e infectado pelo Outro. O sujeito passa a funcionar como um pedaço do corpo do Outro, lugar que não pode penetrar com a sua letra, pois é um lugar irreal, onde não se escreverá jamais e aí permanece cristalizado numa representação mítica, própria do irrealizável (p.104). Este gozo não barrado, por sua vez, remete à nossa fase mais primitiva, onde ainda não existe lei, que é o estado de narcisismo, ou mais precisamente antes, ao estágio de auto- 13 Veja o caso das doenças auto-imunes, como o Lúpus, por exemplo, em que a doença ataca os órgãos do doente de tal maneira que o leva a morte. 14 Por complacência somática, Freud (1905), ao estudar os sintomas histéricos, definiu o termo como uma parte tomada pelo corpo da histérica para designar um significante. Na atualidade, o termo é usado também para remeter a um real do corpo além do significante.

8 8 erotismo. Seria os FPS um retorno a esse estágio? Respondemos a esta pergunta recorrendo o pensamento de Assun (1997) quando afirma que as lesões psicossomáticas podem ser vistas como uma forma regressiva de transformação de uma realidade. Regressiva porque é um retorno a esse estágio de auto-erotismo. Ao mesma tempo, é transformação da realidade na medida em que há um desvio do principio da realidade e a volta do princípio do prazer. No momento em que ocorre esse desvio da realidade ele ativa uma espécie de paródia do prazer sexual. Este auto-erotismo é posto em ação. O psicossomático se permite a uma verdadeira passagem ao ato na ação erótica, na qual o corpo real é o teatro em que se desenrola esta ação. O corpo sofre de uma paixão que se põe em ato. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOUN, Paul-Laurent. Corp set Symptôme Tome 1: Clinique du corps. Paris: Econmica Ed, BECKER, S. O Fenômeno psicossomático além das estruturas. In: Pulsão e Gozo. Letra Freudiana, ano XI, nº 10/11/12, Rio de Janeiro, CHEMAMA, R; VANDERMERSCH, B. Dicionário de Psicanálise. RS: Editora Unisinos, DSM-IV - Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Porto Alegre, Ed. Artes Médicas, FREUD, S. (1905). Minhas teses sobre o papel da sexualidade na etiologia das neuroses. In: ESB. Rio de Janeiro: Imago, (1915). Pulsão e Destinos da Pulsão. In: Obras Psicológicas de Sigmund Freud Escritos sobre a Psicologia do Inconsciente. Tradução Luiz Alberto Hanns. Rio de Janeiro: Imago Vol. I, (1926). Inibições, Sintomas e Ansiedade. In: ESB. Rio de Janeiro: Imago, GUIR, Jean. A Psicossomática na Clínica Lacaniana. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, LACAN, J. ( ) O Seminário. Livro 2: O Eu na Teoria de Freud e na Técnica da Psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, (1964) O Seminário. Livro 11: Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, (1975) Conferencia in Ginebra sobre el sintoma. In: Intervenciones y textos. Buenos Aires: Manantial.

9 9 NASIO, J- D. Psicossomática: as formações do objeto a. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, Organização Mundial de Saúde. (1995). Classificação de transtornos mentais e de comportamento da CID-10: Descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Porto Alegre, RS: Artes Médicas.

10 10

A DUPLA VIA DO CORPO: SINTOMA E FALHA EPISTEMO-SOMÁTICA

A DUPLA VIA DO CORPO: SINTOMA E FALHA EPISTEMO-SOMÁTICA 1 A DUPLA VIA DO CORPO: SINTOMA E FALHA EPISTEMO-SOMÁTICA Ana Carla Silva Pereira 1 Roseane Freitas Nicolau 2 Vivian Anijar Fragoso Rei 3 Jamile Luz Morais 4 O interesse em pesquisar as manifestações corporais

Leia mais

Sofrimento e dor no autismo: quem sente?

Sofrimento e dor no autismo: quem sente? Sofrimento e dor no autismo: quem sente? BORGES, Bianca Stoppa Universidade Veiga de Almeida-RJ biasborges@globo.com Resumo Este trabalho pretende discutir a relação do autista com seu corpo, frente à

Leia mais

O Fenômeno Psicossomático (FPS) não é o signo do amor 1

O Fenômeno Psicossomático (FPS) não é o signo do amor 1 O Fenômeno Psicossomático (FPS) não é o signo do amor 1 Joseane Garcia de S. Moraes 2 Na abertura do seminário 20, mais ainda, cujo título em francês é encore, que faz homofonia com en corps, em corpo,

Leia mais

Referências Bibliográficas

Referências Bibliográficas 98 Referências Bibliográficas ALBERTI, S. Esse Sujeito Adolescente. Rio de Janeiro: Rios Ambiciosos, 1999. APOLINÁRIO, C. Acting out e passagem ao ato: entre o ato e a enunciação. In: Revista Marraio.

Leia mais

Curso de Atualização em Psicopatologia 7ª aula Decio Tenenbaum

Curso de Atualização em Psicopatologia 7ª aula Decio Tenenbaum Curso de Atualização em Psicopatologia 7ª aula Decio Tenenbaum Centro de Medicina Psicossomática e Psicologia Médica do Hospital Geral da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro 6ª aula Psicopatologia

Leia mais

O GOZO A MAIS DO FEMININO E A FALHA EPISTEMOSSOMÁTICA INTRODUÇÃO

O GOZO A MAIS DO FEMININO E A FALHA EPISTEMOSSOMÁTICA INTRODUÇÃO 1 O GOZO A MAIS DO FEMININO E A FALHA EPISTEMOSSOMÁTICA Vivian Anijar Fragoso Rei 1 Roseane Freitas Nicolau 2 Jamile Luz Morais 3 Ana Carla Silva Pereira 4 INTRODUÇÃO Este trabalho é fruto de reflexões

Leia mais

O falo, o amor ao pai, o silêncio. no real Gresiela Nunes da Rosa

O falo, o amor ao pai, o silêncio. no real Gresiela Nunes da Rosa Opção Lacaniana online nova série Ano 5 Número 15 novembro 2014 ISSN 2177-2673 e o amor no real Gresiela Nunes da Rosa Diante da constatação de que o menino ou o papai possui um órgão fálico um tanto quanto

Leia mais

O MANEJO DA TRANSFERÊNCIA NA PSICOSE: O SECRETÁRIO DO ALIENADO E SUAS IMPLICAÇÕES

O MANEJO DA TRANSFERÊNCIA NA PSICOSE: O SECRETÁRIO DO ALIENADO E SUAS IMPLICAÇÕES O MANEJO DA TRANSFERÊNCIA NA PSICOSE: O SECRETÁRIO DO ALIENADO E SUAS IMPLICAÇÕES Roberto Lopes Mendonça O tratamento da psicose: impasses iniciais No trabalho clínico com a psicose, torna-se cada vez

Leia mais

O FENÔMENO PSICOSSOMÁTICO COMO DEMANDA DE AMOR: NOTAS A PARTIR DE UM CASO

O FENÔMENO PSICOSSOMÁTICO COMO DEMANDA DE AMOR: NOTAS A PARTIR DE UM CASO 1 O FENÔMENO PSICOSSOMÁTICO COMO DEMANDA DE AMOR: NOTAS A PARTIR DE UM CASO Jamile Luz Morais 1 Roseane Freitas Nicolau 2 Mayumi Aragão Fujishima 3 a doença é a única arma que lhe resta para afirmar-se

Leia mais

DIMENSÕES PSÍQUICAS DO USO DE MEDICAMENTOS 1. Jacson Fantinelli Dos Santos 2, Tânia Maria De Souza 3.

DIMENSÕES PSÍQUICAS DO USO DE MEDICAMENTOS 1. Jacson Fantinelli Dos Santos 2, Tânia Maria De Souza 3. DIMENSÕES PSÍQUICAS DO USO DE MEDICAMENTOS 1 Jacson Fantinelli Dos Santos 2, Tânia Maria De Souza 3. 1 Ensaio teórico embasado numa pesquisa empírica segundo atendimentos realizados na Clínica de Psicologia

Leia mais

O real no tratamento analítico. Maria do Carmo Dias Batista Antonia Claudete A. L. Prado

O real no tratamento analítico. Maria do Carmo Dias Batista Antonia Claudete A. L. Prado O real no tratamento analítico Maria do Carmo Dias Batista Antonia Claudete A. L. Prado Aula de 23 de novembro de 2009 Como conceber o gozo? Gozo: popularmente, é traduzido por: posse, usufruto, prazer,

Leia mais

O QUE SE PEDE NÃO É O QUE SE DESEJA: OS EFEITOS DA ESCUTA DO PSICANALISTA NO HOSPITAL. Aline da Costa Jerônimo i, Roseane Freitas Nicolau ii.

O QUE SE PEDE NÃO É O QUE SE DESEJA: OS EFEITOS DA ESCUTA DO PSICANALISTA NO HOSPITAL. Aline da Costa Jerônimo i, Roseane Freitas Nicolau ii. O QUE SE PEDE NÃO É O QUE SE DESEJA: OS EFEITOS DA ESCUTA DO PSICANALISTA NO HOSPITAL Aline da Costa Jerônimo i, Roseane Freitas Nicolau ii Resumo Este trabalho é parte dos resultados da pesquisa realizada

Leia mais

MULHERES MASTECTOMIZADAS: UM OLHAR PSICANALÍTICO. Sara Guimarães Nunes 1

MULHERES MASTECTOMIZADAS: UM OLHAR PSICANALÍTICO. Sara Guimarães Nunes 1 MULHERES MASTECTOMIZADAS: UM OLHAR PSICANALÍTICO Sara Guimarães Nunes 1 1. Aluna Especial do Mestrado em Psicologia 2016.1, da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Tipo de Apresentação: Comunicação

Leia mais

O NÃO LUGAR DAS NÃO NEUROSES NA SAÚDE MENTAL

O NÃO LUGAR DAS NÃO NEUROSES NA SAÚDE MENTAL O NÃO LUGAR DAS NÃO NEUROSES NA SAÚDE MENTAL Letícia Tiemi Takuschi RESUMO: Percebe-se que existe nos equipamentos de saúde mental da rede pública uma dificuldade em diagnosticar e, por conseguinte, uma

Leia mais

A constituição do sujeito e a análise

A constituição do sujeito e a análise Berenice R. Fontes C. de Morais A constituição do sujeito e a análise Este trabalho parte de um texto de Colette Soler em que ela escreve sobre o sujeito desejante: [...] o sujeito que começa uma análise

Leia mais

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TEORIA PSICANALÍTICA Deptº de Psicologia / Fafich - UFMG

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TEORIA PSICANALÍTICA Deptº de Psicologia / Fafich - UFMG 1 CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TEORIA PSICANALÍTICA Deptº de Psicologia / Fafich - UFMG Disciplina: Conceitos Fundamentais A 1º sem. 2018 Ementa: O curso tem como principal objetivo o estudo de conceitos

Leia mais

ANALISTAS E ANALISANDOS PRECISAM SE ACEITAR: REFLEXÕES SOBRE AS ENTREVISTAS PRELIMINARES

ANALISTAS E ANALISANDOS PRECISAM SE ACEITAR: REFLEXÕES SOBRE AS ENTREVISTAS PRELIMINARES ANALISTAS E ANALISANDOS PRECISAM SE ACEITAR: REFLEXÕES SOBRE AS ENTREVISTAS PRELIMINARES 2014 Matheus Henrique de Souza Silva Psicólogo pela Faculdade Pitágoras de Ipatinga-MG. Especializando em Clínica

Leia mais

NOME DO PAI E REAL. Jacques Laberge 1

NOME DO PAI E REAL. Jacques Laberge 1 NOME DO PAI E REAL Jacques Laberge 1 Na época em que estava proferindo seu Seminário As formações do inconsciente, Lacan retomou pontos de seu Seminário III, As psicoses em De uma questão preliminar a

Leia mais

O real escapou da natureza

O real escapou da natureza Opção Lacaniana online nova série Ano 4 Número 10 março 2013 ISSN 2177-2673 Sandra Arruda Grostein O objetivo deste texto é problematizar a proposta feita por J.-A. Miller de que o real emancipado da natureza

Leia mais

As Implicações do Co Leito entre Pais e Filhos para a Resolução do Complexo de Édipo. Sandra Freiberger

As Implicações do Co Leito entre Pais e Filhos para a Resolução do Complexo de Édipo. Sandra Freiberger As Implicações do Co Leito entre Pais e Filhos para a Resolução do Complexo de Édipo Sandra Freiberger Porto Alegre, 2017 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE PSICOLOGIA CURSO: INTERVENÇÃO

Leia mais

O gozo, o sentido e o signo de amor

O gozo, o sentido e o signo de amor O gozo, o sentido e o signo de amor Palavras-chave: signo, significante, sentido, gozo Simone Oliveira Souto O blá-blá-blá Na análise, não se faz mais do que falar. O analisante fala e, embora o que ele

Leia mais

Do fenômeno ao sintoma: impasses e possibilidades na escuta do sujeito na instituição. Claudia Escórcio Gurgel do Amaral Pitanga Doris Rinaldi

Do fenômeno ao sintoma: impasses e possibilidades na escuta do sujeito na instituição. Claudia Escórcio Gurgel do Amaral Pitanga Doris Rinaldi Do fenômeno ao sintoma: impasses e possibilidades na escuta do sujeito na instituição Claudia Escórcio Gurgel do Amaral Pitanga Doris Rinaldi O presente trabalho tem a intenção de discutir os impasses

Leia mais

CENTRO DE ESTUDOS PSICANALÍTICOS

CENTRO DE ESTUDOS PSICANALÍTICOS CENTRO DE ESTUDOS PSICANALÍTICOS CONSIDERAÇÕES SOBRE A HISTERIA Cláudia Sampaio Barral Ciclo VI quarta-feira/manhã São Paulo 2015 A Histeria não é uma doença, mas a doença em estado puro, aquela que não

Leia mais

3) Interrogações sobre a Ética da Psicanálise na Clínica com Pacientes Psicóticos.

3) Interrogações sobre a Ética da Psicanálise na Clínica com Pacientes Psicóticos. 3) Interrogações sobre a Ética da Psicanálise na Clínica com Pacientes Psicóticos. Yzabelle dos Anjos Almeida (IP-UERJ), Rita Maria Manso de Barros (IP-UERJ) Resumo: Este trabalho pretende tratar da ética

Leia mais

Instituto de Psicanálise e Saúde Mental de Minas Gerais Almanaque On-line n.7

Instituto de Psicanálise e Saúde Mental de Minas Gerais Almanaque On-line n.7 A CASTRAÇÃO E O TEMPO Autora: Renata Lucindo Mendonça Psicóloga, aluna do Instituto de Psicanálise e Saúde Mental de Minas Gerais, pós-graduada em saúde mental e psicanálise E-mail: renatalucindopsi@yahoo.com.br

Leia mais

O OBJETO A E SUA CONSTRUÇÃO

O OBJETO A E SUA CONSTRUÇÃO O OBJETO A E SUA CONSTRUÇÃO 2016 Marcell Felipe Psicólogo clínico graduado pelo Centro Universitário Newont Paiva (MG). Pós graduado em Clínica Psicanalítica pela Pontifícia Católica de Minas Gerais (Brasil).

Leia mais

INTRODUÇÃO À PSICOPATOLOGIA PSICANALÍTICA. Profa. Dra. Laura Carmilo granado

INTRODUÇÃO À PSICOPATOLOGIA PSICANALÍTICA. Profa. Dra. Laura Carmilo granado INTRODUÇÃO À PSICOPATOLOGIA PSICANALÍTICA Profa. Dra. Laura Carmilo granado Pathos Passividade, paixão e padecimento - padecimentos ou paixões próprios à alma (PEREIRA, 2000) Pathos na Grécia antiga Platão

Leia mais

Latusa digital ano 2 N 13 abril de 2005

Latusa digital ano 2 N 13 abril de 2005 Latusa digital ano 2 N 13 abril de 2005 A clínica do sintoma em Freud e em Lacan Ângela Batista * O sintoma é um conceito que nos remete à clínica, assim como ao nascimento da psicanálise. Freud o investiga

Leia mais

Como a análise pode permitir o encontro com o amor pleno

Como a análise pode permitir o encontro com o amor pleno Centro de Estudos Psicanalíticos - CEP Como a análise pode permitir o encontro com o amor pleno Laura Maria do Val Lanari Ciclo II, terça-feira à noite O presente trabalho tem por objetivo relatar as primeiras

Leia mais

6 Referências bibliográficas

6 Referências bibliográficas 6 Referências bibliográficas ABREU, T. Perversão generalizada. In: Agente: Revista digital de psicanálise da EBP-Bahia, n. 03. Salvador: EBP-Bahia, 2007. Disponível em: .

Leia mais

6 Referências bibliográficas

6 Referências bibliográficas 6 Referências bibliográficas BARROS, R. do R. O Sintoma enquanto contemporâneo. In: Latusa, n. 10. Rio de Janeiro: Escola Brasileira de Psicanálise Seção Rio, 2005, p. 17-28. COTTET, S. Estudos clínicos.

Leia mais

O PAI NA PSICANÁLISE ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE AS PSICOSES

O PAI NA PSICANÁLISE ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE AS PSICOSES O PAI NA PSICANÁLISE ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE AS PSICOSES Gabriela Costa Moura Uma leitura possível acerca das psicoses à luz da teoria lacaniana deve ser norteada pelo percurso que desemboca em sua

Leia mais

NOME PRÓPRIO - EM NOME DO PAI

NOME PRÓPRIO - EM NOME DO PAI NOME PRÓPRIO - EM NOME DO PAI Rachel Rangel Bastos 1 No meu nascimento Eu não cheguei sendo nada Eu já estava moldado Vestido Cultivado Culturado Antes mesmo de escutar Eu tinha já escutado dizer Antes

Leia mais

Toxicomanias: contra-senso ao laço social e ao amor?

Toxicomanias: contra-senso ao laço social e ao amor? Toxicomanias: contra-senso ao laço social e ao amor? Rita de Cássia dos Santos Canabarro 1 Eros e Ananke são, segundo Freud (1930/1987), os pais da civilização. De um lado, o amor foi responsável por reunir

Leia mais

Ansiedade Generalizada. Sintomas e Tratamentos

Ansiedade Generalizada. Sintomas e Tratamentos Ansiedade Generalizada Sintomas e Tratamentos Sumário 1 Ansiedade e Medo ------------------------------------ 03 2 Transtorno de ansiedade generalizada----------06 3 Sintomas e Diagnóstico-------------------------------08

Leia mais

ISSO NÃO ME FALA MAIS NADA! 1 (Sobre a posição do analista na direção da cura)

ISSO NÃO ME FALA MAIS NADA! 1 (Sobre a posição do analista na direção da cura) ISSO NÃO ME FALA MAIS NADA! 1 (Sobre a posição do analista na direção da cura) Arlete Mourão Essa frase do título corresponde à expressão utilizada por um ex-analisando na época do final de sua análise.

Leia mais

INTRODUÇÃO - GENERALIDADES SOBRE AS ADICÇÕES

INTRODUÇÃO - GENERALIDADES SOBRE AS ADICÇÕES SUMÁRIO PREFÁCIO - 11 INTRODUÇÃO - GENERALIDADES SOBRE AS ADICÇÕES DEFINIÇÃO E HISTÓRICO...14 OBSERVAÇÕES SOBRE O CONTEXTO SOCIAL E PSÍQUICO...19 A AMPLIDÃO DO FENÔMENO ADICTIVO...24 A ADICÇÃO VISTA PELOS

Leia mais

A QUESTÂO DO EU, A ANGÚSTIA E A CONSTITUIÇÃO DA REALIDADE PARA A PSICANÁLISE 1

A QUESTÂO DO EU, A ANGÚSTIA E A CONSTITUIÇÃO DA REALIDADE PARA A PSICANÁLISE 1 A QUESTÂO DO EU, A ANGÚSTIA E A CONSTITUIÇÃO DA REALIDADE PARA A PSICANÁLISE 1 Joana Souza Mestranda do Programa de Pós-graduação em Psicanálise da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Especialização

Leia mais

O CASO CLÍNICO E A CONSTRUÇÃO DA TEORIA EM PSICANÁLISE: UMA ARTICULAÇÃO NO CAMPO DA SAÚDE MENTAL

O CASO CLÍNICO E A CONSTRUÇÃO DA TEORIA EM PSICANÁLISE: UMA ARTICULAÇÃO NO CAMPO DA SAÚDE MENTAL O CASO CLÍNICO E A CONSTRUÇÃO DA TEORIA EM PSICANÁLISE: UMA ARTICULAÇÃO NO CAMPO DA SAÚDE MENTAL Emilie Fonteles Boesmans Jonas Torres Medeiros Lia Carneiro Silveira Introdução Neste trabalho, apresentaremos

Leia mais

Escritores Criativos E Devaneio (1908), vol. IX. Fantasias Histéricas E Sua Relação Com A Bissexualidade (1908), vol. IX. Moral Sexual Civilizada E

Escritores Criativos E Devaneio (1908), vol. IX. Fantasias Histéricas E Sua Relação Com A Bissexualidade (1908), vol. IX. Moral Sexual Civilizada E 6 Bibliografia ANDRÉ, S., A Impostura Perversa, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed., 1995. BROUSSE, M. H., A Fórmula do Fantasma? $ a, in Lacan, organizado por: Gérard Miller, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed.,

Leia mais

Escola Secundária de Carregal do Sal

Escola Secundária de Carregal do Sal Escola Secundária de Carregal do Sal Área de Projecto 2006\2007 Sigmund Freud 1 2 Sigmund Freud 1856-----------------Nasceu em Freiberg 1881-----------------Licenciatura em Medicina 1885-----------------Estuda

Leia mais

Referências bibliográficas

Referências bibliográficas Referências bibliográficas BARTHES, R. (1980) A Câmera Clara. Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira, 1984. BARROS, R. R. (2004 a) O medo, o seu tempo e a sua política. In: A política do medo e o dizer

Leia mais

O ATO PSICANALÍTICO NO CAMPO DO GOZO. verificação e comprovação. Sendo esse o tema de nosso projeto de mestrado,

O ATO PSICANALÍTICO NO CAMPO DO GOZO. verificação e comprovação. Sendo esse o tema de nosso projeto de mestrado, O ATO PSICANALÍTICO NO CAMPO DO GOZO Liliana Marlene da Silva Alves Sérgio Scotti O ato psicanalítico é fonte de interrogação e instrumento de autorização para todo aquele que se propõe seguir uma prática

Leia mais

O Efeito Depressivo Eduardo Mendes Ribeiro

O Efeito Depressivo Eduardo Mendes Ribeiro O Efeito Depressivo Eduardo Mendes Ribeiro As estatísticas médicas e farmacêuticas indicam que vivemos em tempos de depressão. Nada de novo nesta constatação. Entretanto, chama a atenção o fato de outras

Leia mais

Opção Lacaniana online nova série Ano 5 Número 14 julho 2014 ISSN FPS e sinthome. Paola Salinas

Opção Lacaniana online nova série Ano 5 Número 14 julho 2014 ISSN FPS e sinthome. Paola Salinas Opção Lacaniana online nova série Ano 5 Número 14 julho 2014 ISSN 2177-2673 1 Paola Salinas Este texto visa clarear algumas indagações a respeito do fenômeno psicossomático a partir da noção de sinthome

Leia mais

5 Referências bibliográficas

5 Referências bibliográficas 82 5 Referências bibliográficas BAKER, L. R. Attitudes in Action. Separata de: LECLERC, A.; QUEIROZ, G.; WRIGLEY, M. B. Proceedings of the Third International Colloquium in Philosophy of Mind. Manuscrito

Leia mais

FREUD E LACAN NA CLÍNICA DE 2009

FREUD E LACAN NA CLÍNICA DE 2009 FREUD E LACAN NA CLÍNICA DE 2009 APRESENTAÇÃO O Corpo de Formação em Psicanálise do Instituto da Psicanálise Lacaniana- IPLA trabalhará neste ano de 2009 a atualidade clínica dos quatro conceitos fundamentais

Leia mais

Curso de Extensão: LEITURAS DIRIGIDAS DA OBRA DE JACQUES LACAN/2014

Curso de Extensão: LEITURAS DIRIGIDAS DA OBRA DE JACQUES LACAN/2014 Curso de Extensão: LEITURAS DIRIGIDAS DA OBRA DE JACQUES LACAN/2014 Prof. Dr. Mario Eduardo Costa Pereira PROGRAMA - Io. SEMESTRE Março/2014 14/03/2014 CONFERÊNCIA INAUGURAL : Contextualização do seminário

Leia mais

O SINTOMA EM FREUD SOB UMA VISÃO PSICANALÍTICA NO HOSPITAL

O SINTOMA EM FREUD SOB UMA VISÃO PSICANALÍTICA NO HOSPITAL O SINTOMA EM FREUD SOB UMA VISÃO PSICANALÍTICA NO Resumo: HOSPITAL Cláudio Roberto Pereira Senos, Paula Land Curi, Paulo Roberto Mattos Para os que convivem no âmbito do hospital geral, o discurso médico

Leia mais

Coordenador do Núcleo de Psicanálise e Medicina

Coordenador do Núcleo de Psicanálise e Medicina O corpo e os objetos (a) na clínica dos transtornos alimentares Lázaro Elias Rosa Coordenador do Núcleo de Psicanálise e Medicina Com este título, nomeamos o conjunto de nossos trabalhos, bem como o rumo

Leia mais

O saber construído em análise e a invenção Autor: Mônica Assunção Costa Lima Professora da Puc-Minas Doutora em Teoria Psicanalítica pela

O saber construído em análise e a invenção Autor: Mônica Assunção Costa Lima Professora da Puc-Minas Doutora em Teoria Psicanalítica pela O saber construído em análise e a invenção Autor: Mônica Assunção Costa Lima Professora da Puc-Minas Doutora em Teoria Psicanalítica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro 1 Resumo: O trabalho examina

Leia mais

Latusa digital N 10 ano 1 outubro de 2004

Latusa digital N 10 ano 1 outubro de 2004 Latusa digital N 10 ano 1 outubro de 2004 Política do medo versus política lacaniana Mirta Zbrun* Há três sentidos possíveis para entender a política lacaniana 1. Em primeiro lugar, o sentido da política

Leia mais

O estatuto do corpo no transexualismo

O estatuto do corpo no transexualismo O estatuto do corpo no transexualismo Doris Rinaldi 1 Lacan, no Seminário sobre Joyce, assinala a estranheza que marca a relação do homem com o próprio corpo, relação essa que é da ordem do ter e não do

Leia mais

A PULSÃO DE MORTE E AS PSICOPATOLOGIAS CONTEMPORÂNEAS. sobre o tema ainda não se chegou a um consenso sobre a etiologia e os mecanismos psíquicos

A PULSÃO DE MORTE E AS PSICOPATOLOGIAS CONTEMPORÂNEAS. sobre o tema ainda não se chegou a um consenso sobre a etiologia e os mecanismos psíquicos A PULSÃO DE MORTE E AS PSICOPATOLOGIAS CONTEMPORÂNEAS Aldo Ivan Pereira Paiva As "Psicopatologias Contemporâneas, cujas patologias mais conhecidas são os distúrbios alimentares, a síndrome do pânico, os

Leia mais

Profa. Dra. Adriana Cristina Ferreira Caldana

Profa. Dra. Adriana Cristina Ferreira Caldana Profa. Dra. Adriana Cristina Ferreira Caldana PALAVRAS-CHAVE Análise da Psique Humana Sonhos Fantasias Esquecimento Interioridade A obra de Sigmund Freud (1856-1939): BASEADA EM: EXPERIÊNCIAS PESSOAIS

Leia mais

8. Referências bibliográficas

8. Referências bibliográficas 8. Referências bibliográficas ABRAM, J. (2000). A Linguagem de Winnicott. Revinter, Rio de Janeiro. ANDRADE, V. M. (2003). Um diálogo entre a psicanálise e a neurociência. Casa do Psicólogo, São Paulo.

Leia mais

PSICANÁLISE COM CRIANÇAS: TRANSFERÊNCIA E ENTRADA EM ANÁLISE. psicanálise com crianças, sustentam um tempo lógico, o tempo do inconsciente de fazer

PSICANÁLISE COM CRIANÇAS: TRANSFERÊNCIA E ENTRADA EM ANÁLISE. psicanálise com crianças, sustentam um tempo lógico, o tempo do inconsciente de fazer PSICANÁLISE COM CRIANÇAS: TRANSFERÊNCIA E ENTRADA EM ANÁLISE Pauleska Asevedo Nobrega Assim como na Psicanálise com adultos, as entrevistas preliminares na psicanálise com crianças, sustentam um tempo

Leia mais

José Antonio Pereira da Silva (Organizador)

José Antonio Pereira da Silva (Organizador) MODALIDADES DO GOZO José Antonio Pereira da Silva (Organizador) MODALIDADES DO GOZO Novembro de 2007 Salvador - Bahia 2007, Associação Científica Campo Psicanalítico Todos os direitos reservados. Nenhuma

Leia mais

TRABALHO COMPLETO DA MESA INTITULADA: FIGURAÇÕES DO CORPO NA ATUALIDADE: SOFRIMENTO, LINGUAGEM E IDENTIDADE. PATHOS, CORPO E GOZO.

TRABALHO COMPLETO DA MESA INTITULADA: FIGURAÇÕES DO CORPO NA ATUALIDADE: SOFRIMENTO, LINGUAGEM E IDENTIDADE. PATHOS, CORPO E GOZO. TRABALHO COMPLETO DA MESA INTITULADA: FIGURAÇÕES DO CORPO NA ATUALIDADE: SOFRIMENTO, LINGUAGEM E IDENTIDADE. PATHOS, CORPO E GOZO. Roseane Freitas Nicolau 1 O phatos como paixão que afeta o corpo nos remete

Leia mais

A ETIOLOGIA DAS PSICONEUROSES NOS PRIMÓRDIOS DA PSICANÁLISE: UM ESTUDO SOBRE A CONSTITUIÇÃO DOS QUADROS DE HISTERIA E NEUROSE OBSESSIVA,

A ETIOLOGIA DAS PSICONEUROSES NOS PRIMÓRDIOS DA PSICANÁLISE: UM ESTUDO SOBRE A CONSTITUIÇÃO DOS QUADROS DE HISTERIA E NEUROSE OBSESSIVA, A ETIOLOGIA DAS PSICONEUROSES NOS PRIMÓRDIOS DA PSICANÁLISE: UM ESTUDO SOBRE A CONSTITUIÇÃO DOS QUADROS DE HISTERIA E NEUROSE OBSESSIVA, 1886-1897. Isabelle Maurutto Schoffen (PIC/CNPq-UEM), Helio Honda

Leia mais

Psicanálise: as emoções nas organizações

Psicanálise: as emoções nas organizações Psicanálise: as emoções nas organizações Objetivo Apontar a importância das emoções no gerenciamento de pessoas Definir a teoria da psicanálise Descrever os niveis da vida mental Consciente Subconscinete

Leia mais

PROJETO EDUCAÇÃO SEM HOMOFOBIA SEXUALIDADE E A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO

PROJETO EDUCAÇÃO SEM HOMOFOBIA SEXUALIDADE E A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO PROJETO EDUCAÇÃO SEM HOMOFOBIA SEXUALIDADE E A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO Débora Maria Gomes Silveira Universidade Federal de Minas Gerais Maio/ 2010 ESTUDO PSICANALÍTICO DA SEXUALIDADE BREVE HISTÓRICO Na

Leia mais

COMENTÁRIOS SOBRE A DIREÇÃO DA CURA 1. Muito foi dito, durante esta semana, sobre a ética e a direção da cura, textos

COMENTÁRIOS SOBRE A DIREÇÃO DA CURA 1. Muito foi dito, durante esta semana, sobre a ética e a direção da cura, textos COMENTÁRIOS SOBRE A DIREÇÃO DA CURA 1 Alejandro Luis Viviani 2 Muito foi dito, durante esta semana, sobre a ética e a direção da cura, textos importantes na obra de Lacan; falar deles implica fazer uma

Leia mais

O amor e a mulher. Segundo Lacan o papel do amor é precioso: Daniela Goulart Pestana

O amor e a mulher. Segundo Lacan o papel do amor é precioso: Daniela Goulart Pestana O amor e a mulher O que une os seres é o amor, o que os separa é a Sexualidade. Somente o Homem e A Mulher que podem unir-se acima de toda sexualidade são fortes. Antonin Artaud, 1937. Daniela Goulart

Leia mais

O gozo: meu bem, meu mal*

O gozo: meu bem, meu mal* O gozo: meu bem, meu mal* Resumo Eny Lima Iglesias** A autora enfatiza o mais-gozar que decorre do excesso de tensão que não é descarregada indicando processos de transgressão de limites que tocam o sofrimento

Leia mais

Do sintoma ao sinthoma: uma via para pensar a mãe, a mulher e a criança na clínica atual Laura Fangmann

Do sintoma ao sinthoma: uma via para pensar a mãe, a mulher e a criança na clínica atual Laura Fangmann Opção Lacaniana online nova série Ano 1 Número 2 Julho 2010 ISSN 2177-2673 : uma via para pensar a mãe, a mulher e a criança na clínica atual Laura Fangmann Introdução Nesse trabalho, proponho-me a falar

Leia mais

PSICOLOGIA E DIREITOS HUMANOS: Formação, Atuação e Compromisso Social O USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS NA CONTEMPORANEIDADE: UMA VISÃO PSICANALÍTICA

PSICOLOGIA E DIREITOS HUMANOS: Formação, Atuação e Compromisso Social O USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS NA CONTEMPORANEIDADE: UMA VISÃO PSICANALÍTICA O USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS NA CONTEMPORANEIDADE: UMA VISÃO PSICANALÍTICA Flávia Angelo Verceze (Discente do Curso de Pós Graduação em Clínica Psicanalítica da UEL, Londrina PR, Brasil; Silvia Nogueira

Leia mais

Um tipo particular de escolha de objeto nas mulheres

Um tipo particular de escolha de objeto nas mulheres Um tipo particular de escolha de objeto nas mulheres Gabriella Valle Dupim da Silva Doutoranda do Programa de Pós Graduação em Psicologia(PPGP/UFRJ)/Bolsista CNPq. Endereço: Rua Belizário Távora 211/104

Leia mais

Tentativas de Suicídio: abordagens na Atenção Primária. Prof. Dr. Maurício Eugênio Maliska

Tentativas de Suicídio: abordagens na Atenção Primária. Prof. Dr. Maurício Eugênio Maliska Tentativas de Suicídio: abordagens na Atenção Primária Prof. Dr. Maurício Eugênio Maliska Aspectos Históricos e Culturais O suicídio já foi motivo de admiração, tolerância, discriminação e condenação ao

Leia mais

Instituto Trianon de Psica nálise

Instituto Trianon de Psica nálise T I P Instituto Trianon de Psica nálise www.instituto-trianon.com.br itp@instituto-trianon.com.br Tel: 3253.9163-3289.7083 Escuta e interpretação na sessão analítica Antonia Claudete A. L. Prado. A interpretação

Leia mais

A teoria das pulsões e a biologia. A descrição das origens da pulsão em Freud

A teoria das pulsões e a biologia. A descrição das origens da pulsão em Freud www.franklingoldgrub.com Édipo 3 x 4 - franklin goldgrub 6º Capítulo - (texto parcial) A teoria das pulsões e a biologia A descrição das origens da pulsão em Freud Ao empreender sua reflexão sobre a origem

Leia mais

A ameaça da alta: considerações sobre o amor na psicose 1

A ameaça da alta: considerações sobre o amor na psicose 1 1 A ameaça da alta: considerações sobre o amor na psicose 1 Sâmea Carolina Ferreira Quebra 2 O presente trabalho discute o amor na psicose que para Lacan 3 é considerado um amor morto e suas implicações

Leia mais

Número de inscrição dos candidatos requisitantes: ; ; e

Número de inscrição dos candidatos requisitantes: ; ; e Número de inscrição dos candidatos requisitantes: 006.729-6; 006.729-6; 006.729-6 e 015.084-3. Questão 11) O recurso enviado pelo candidato(a) não cabe, visto que em sua própria citação em nenhum momento

Leia mais

O MASOQUISMO E O PROBLEMA ECONÔMICO EM FREUD. Esse trabalho é parte de uma pesquisa de mestrado, vinculada ao Programa de

O MASOQUISMO E O PROBLEMA ECONÔMICO EM FREUD. Esse trabalho é parte de uma pesquisa de mestrado, vinculada ao Programa de O MASOQUISMO E O PROBLEMA ECONÔMICO EM FREUD Mariana Rocha Lima Sonia Leite Esse trabalho é parte de uma pesquisa de mestrado, vinculada ao Programa de Pós Graduação em Psicanálise da UERJ, cujo objetivo

Leia mais

CEP - Centro de Estudos Psicanalíticos. A psicanálise como berço ou por que tratamos apenas crianças em nossos consultórios

CEP - Centro de Estudos Psicanalíticos. A psicanálise como berço ou por que tratamos apenas crianças em nossos consultórios CEP - Centro de Estudos Psicanalíticos Luis Fernando de Souza Santos Trabalho semestral - ciclo II (terças 19h30) A psicanálise como berço ou por que tratamos apenas crianças em nossos consultórios Se

Leia mais

SUJEITO FALANTE E A RESISTÊNCIA À DEMANDA DE ANÁLISE

SUJEITO FALANTE E A RESISTÊNCIA À DEMANDA DE ANÁLISE SUJEITO FALANTE E A RESISTÊNCIA À DEMANDA DE ANÁLISE Unitermos: Castração Angustia Sintoma Demanda Resistência Gozo ANA LUCIA SAMPAIO FERNANDES Resumo Partindo do questionamento: Por que o sujeito falante,

Leia mais

7 Referências Bibliográficas

7 Referências Bibliográficas 81 7 Referências Bibliográficas ARRIVÉ, M. Linguagem e psicanálise: lingüística e inconsciente. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 1999. BAUMAN, Z. Vida líquida. (2009). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009.

Leia mais

Obras de J.-D. Nasio publicadas por esta editora:

Obras de J.-D. Nasio publicadas por esta editora: A dor física Obras de J.-D. Nasio publicadas por esta editora: A alucinação E outros estudos lacanianos Cinco lições sobre a teoria de Jacques Lacan Como trabalha um psicanalista? A criança do espelho

Leia mais

AS DEPRESSÕES NA ATUALIDADE: UMA QUESTÃO CLÍNICA? OU DISCURSIVA?

AS DEPRESSÕES NA ATUALIDADE: UMA QUESTÃO CLÍNICA? OU DISCURSIVA? Anais do V Seminário dos Alunos dos Programas de Pós-Graduação do Instituto de Letras da UFF AS DEPRESSÕES NA ATUALIDADE: UMA QUESTÃO CLÍNICA? OU DISCURSIVA? Amanda Andrade Lima Mestrado/UFF Orientadora:

Leia mais

Um rastro no mundo: as voltas da demanda 1

Um rastro no mundo: as voltas da demanda 1 Um rastro no mundo: as voltas da demanda 1 Maria Lia Avelar da Fonte 2 1 Trabalho apresentado no Simpósio de Intersecção Psicanalítica do Brasil. Brasília, 2006. Trabalho Publicado no livro As identificações

Leia mais

Sigmund Freud Profª Karina Oliveira Bezerra p.456, 467 e 458

Sigmund Freud Profª Karina Oliveira Bezerra p.456, 467 e 458 Sigmund Freud 1856-1839 Profª Karina Oliveira Bezerra p.456, 467 e 458 Inconsciente Freud, no início do século XX, pôs em questão o otimismo racionalista. Fez descobertas que, até agora, continuam impondo

Leia mais

Imaginário, Simbólico e Real. Débora Trevizo Dolores Braga Ercilene Vita Janaína Oliveira Sulemi Fabiano

Imaginário, Simbólico e Real. Débora Trevizo Dolores Braga Ercilene Vita Janaína Oliveira Sulemi Fabiano Imaginário, Simbólico e Real Débora Trevizo Dolores Braga Ercilene Vita Janaína Oliveira Sulemi Fabiano Roteiro: 1) Breve relato sobre a primeira concepção de inconsciente em Freud - o corte epistemológico.

Leia mais

6 Referências bibliográficas

6 Referências bibliográficas 6 Referências bibliográficas ANDRÉ, S. A impostura perversa. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1995. ASSOUN, P-L. Le fétichisme. 1. ed. Paris: Presses Universitaires de France, 1994. AUSTIN, J. L. How to

Leia mais

OS TRABALHOS ARTÍSTICOS NÃO SÃO PRODUTOS DO INCONSCIENTE 1

OS TRABALHOS ARTÍSTICOS NÃO SÃO PRODUTOS DO INCONSCIENTE 1 OS TRABALHOS ARTÍSTICOS NÃO SÃO PRODUTOS DO INCONSCIENTE 1 (Pontuações do livro de Collete Soler A Psicanálise na Civilização ) Sonia Coelho 2 Lendo essa afirmativa Os trabalhos artísticos não são produtos

Leia mais

A ESSÊNCIA DA TEORIA PSICANALÍTICA É UM DISCURSO SEM FALA, MAS SERÁ ELA SEM ESCRITA?

A ESSÊNCIA DA TEORIA PSICANALÍTICA É UM DISCURSO SEM FALA, MAS SERÁ ELA SEM ESCRITA? A ESSÊNCIA DA TEORIA PSICANALÍTICA É UM DISCURSO SEM FALA, MAS SERÁ ELA SEM ESCRITA? Maurício Eugênio Maliska Estamos em Paris, novembro de 1968, Lacan está para começar seu décimo sexto seminário. Momento

Leia mais

O estudo teórico na formação do psicanalista Uma lógica que não é a da. identificação 1

O estudo teórico na formação do psicanalista Uma lógica que não é a da. identificação 1 O estudo teórico na formação do psicanalista Uma lógica que não é a da Arlete Mourão 2 identificação 1 Na formação do analista, o lugar e a função do estudo da psicanálise são conseqüências lógicas da

Leia mais

A escuta de orientação analítica na psicose, de que sujeito se trata?

A escuta de orientação analítica na psicose, de que sujeito se trata? A escuta de orientação analítica na psicose, de que sujeito se trata? Nancy Greca Carneiro Este encontro de Psicopatologia Fundamental toma o pathos da violência como tema. Eu tomarei da loucura, objeto

Leia mais

EU VIM PORQUE O DOUTOR MANDOU! : A TRANSFERÊNCIA IMPLICADA NO ENCAMINHAMENTO MÉDICO

EU VIM PORQUE O DOUTOR MANDOU! : A TRANSFERÊNCIA IMPLICADA NO ENCAMINHAMENTO MÉDICO EU VIM PORQUE O DOUTOR MANDOU! : A TRANSFERÊNCIA IMPLICADA NO ENCAMINHAMENTO MÉDICO Vanusa Balieiro do Rego Roseane de Freitas Nicolau Articulado a partir de discussões no grupo de pesquisa intitulado

Leia mais

DO GOZO À FALTA: O SUJEITO E O ENLAÇAMENTO ENTRE O SINTOMA E O DESEJO. Em termos psicanalíticos a referência ao desejo como campo subjetivo ligado

DO GOZO À FALTA: O SUJEITO E O ENLAÇAMENTO ENTRE O SINTOMA E O DESEJO. Em termos psicanalíticos a referência ao desejo como campo subjetivo ligado DO GOZO À FALTA: O SUJEITO E O ENLAÇAMENTO ENTRE O SINTOMA E O DESEJO Altair José dos Santos Em termos psicanalíticos a referência ao desejo como campo subjetivo ligado necessariamente à linguagem, implica

Leia mais

UM RASTRO NO MUNDO: AS VOLTAS DA DEMANDA 1 Maria Lia Avelar da Fonte 2

UM RASTRO NO MUNDO: AS VOLTAS DA DEMANDA 1 Maria Lia Avelar da Fonte 2 UM RASTRO NO MUNDO: AS VOLTAS DA DEMANDA 1 Maria Lia Avelar da Fonte 2 O tema da identificação é vasto, complexo e obscuro. Talvez por isso Lacan a ele se refira como a floresta da identificação. Embora

Leia mais

DO MAIS AINDA DA ESCRITA 1

DO MAIS AINDA DA ESCRITA 1 DO MAIS AINDA DA ESCRITA 1 Jacques Laberge 2 Mais ainda (Encore), de 1972-73, deve sua importância à contribuição decisiva de Lacan à sexualidade feminina, tema que ocupa a segunda metade deste Seminário

Leia mais

O AMOR NA PSICOSE. fórmulas da sexuação, entre o homem e a mulher. Já na articulação amor / suplência 3 o sujeito

O AMOR NA PSICOSE. fórmulas da sexuação, entre o homem e a mulher. Já na articulação amor / suplência 3 o sujeito O AMOR NA PSICOSE Nancy Greca de Oliveira Carneiro 1 A doutrina da foraclusão generalizada faz ver que há para o sujeito, e não apenas para o psicótico, um objeto indizível, o que estende a foraclusão

Leia mais

Ingesta líquida e o Paciente Renal Crônico: A Restrição do Essencial e o Essencial da Restrição, a clínica do excesso.

Ingesta líquida e o Paciente Renal Crônico: A Restrição do Essencial e o Essencial da Restrição, a clínica do excesso. Ingesta líquida e o Paciente Renal Crônico: A Restrição do Essencial e o Essencial da Restrição, a clínica do excesso. Bárbara Breder 1 Este trabalho surge do diálogo estabelecido sobre a clínica com pacientes

Leia mais

O ADOECIMENTO E A ANGÚSTIA FRENTE À FINITUDE

O ADOECIMENTO E A ANGÚSTIA FRENTE À FINITUDE O ADOECIMENTO E A ANGÚSTIA FRENTE À FINITUDE 2014 Karine Aguiar Silva Graduanda em Psicologia do Centro Universitário Jorge Amado. E-mail de contato: karineaguiarpsi@hotmail.com RESUMO O adoecimento é

Leia mais

Quando dar à castração outra articulação que não a anedótica? 1

Quando dar à castração outra articulação que não a anedótica? 1 Quando dar à castração outra articulação que não a anedótica? 1 Maria Isabel Fernandez Este título extraí do seminário...ou pior, livro 19, de Jacques Lacan, especificamente do capítulo III, intitulado

Leia mais

O OBJETO OLHAR E SUAS MANIFESTAÇÕES NA PSICOSE: O DELÍRIO DE OBSERVAÇÃO

O OBJETO OLHAR E SUAS MANIFESTAÇÕES NA PSICOSE: O DELÍRIO DE OBSERVAÇÃO 1 O OBJETO OLHAR E SUAS MANIFESTAÇÕES NA PSICOSE: O DELÍRIO DE OBSERVAÇÃO Ricardo Monteiro Guedes de Almeida 1 A psicanálise lacaniana adota uma perspectiva estrutural da psicose. No texto intitulado De

Leia mais

Tempos significantes na experiência com a psicanálise 1

Tempos significantes na experiência com a psicanálise 1 Tempos significantes na experiência com a psicanálise 1 Cássia Fontes Bahia O termo significante está sendo considerado aqui em relação ao desdobramento que pode tomar em um plano mais simples e primeiro

Leia mais

A INCOMPREENSÃO DA MATEMÁTICA É UM SINTOMA?

A INCOMPREENSÃO DA MATEMÁTICA É UM SINTOMA? A INCOMPREENSÃO DA MATEMÁTICA É UM SINTOMA? ROSELI MARIA RODELLA DE OLIVEIRA rrodella@gmail.com A proposta deste trabalho é explicar o sintoma de incompreensão da matemática. Ela está inspirada em uma

Leia mais

Père-Version, Perversão ou Infinitização: três saídas possíveis para uma análise

Père-Version, Perversão ou Infinitização: três saídas possíveis para uma análise Arlete Mourão 1 Père-Version, Perversão ou Infinitização: três saídas possíveis para uma análise Por Arlete Mourão Simpósio de São Luís Setembro de 2004 Com esse título, trago para discussão a delicada

Leia mais

PULSÃO DE MORTE, CORPO E MENTALIZAÇÃO. Eixo: O corpo na teoría Palavras chave : psicossomática, pulsão de morte, depressão essencial, psicanálise

PULSÃO DE MORTE, CORPO E MENTALIZAÇÃO. Eixo: O corpo na teoría Palavras chave : psicossomática, pulsão de morte, depressão essencial, psicanálise PULSÃO DE MORTE, CORPO E MENTALIZAÇÃO Patricia Rivoire Menelli Goldfeld Eixo: O corpo na teoría Palavras chave : psicossomática, pulsão de morte, depressão essencial, psicanálise Resumo: A autora revisa

Leia mais