04/10/2016 PRIMEIRA TURMA : MIN. MARCO AURÉLIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA A C Ó R D Ã O. Brasília, 4 de outubro de MINISTRO MARCO AURÉLIO RELATOR

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1 Ementa e Acórdão Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 7 RELATOR PACTE.(S) IMPTE.(S) COATOR(A/S)(ES) : MIN. MARCO AURÉLIO :DIEGO TACIANO DE SOUSA ALBINO : VLADIMIR DE AMORIM SILVEIRA E OUTRO(A/S) :RELATOR DO RESP Nº DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA DESCAMINHO VALOR DO TRIBUTO LEI Nº /2002 ALCANCE. Descabe, em Direito, confundir institutos, vocábulos e expressões. O que previsto na Lei nº /2002 não alcança a persecução criminal a cargo do Ministério Público. A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Primeira Turma do em indeferir a ordem de habeas corpus, nos termos do voto do relator e por unanimidade, em sessão presidida pelo Ministro Luís Roberto Barroso, na conformidade da ata do julgamento e das respectivas notas taquigráficas. Brasília, 4 de outubro de MINISTRO MARCO AURÉLIO RELATOR documento pode ser acessado no endereço eletrônico sob o número

2 Relatório Inteiro Teor do Acórdão - Página 2 de 7 RELATOR PACTE.(S) IMPTE.(S) COATOR(A/S)(ES) : MIN. MARCO AURÉLIO :DIEGO TACIANO DE SOUSA ALBINO : VLADIMIR DE AMORIM SILVEIRA E OUTRO(A/S) :RELATOR DO RESP Nº DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA R E L A T Ó R I O O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO Adoto, como relatório, as informações prestadas pela assessora Dra. Mariana Madera Nunes: O Juízo da Primeira Vara Federal da Subseção Judiciária de Santa Cruz do Sul/RS, no processo nº , julgou extinta a punibilidade do paciente pela suposta prática do crime previsto no artigo 334, 1º, alínea b (descaminho), do Código Penal, consistente na evasão tributária no montante de R$ ,00, com base no artigo 386, inciso III, do Código de Processo Penal. Reconheceu a atipicidade material da conduta, observado o princípio da insignificância, por se tratar de valor igual ou inferior a R$ ,00, patamar considerado administrativamente irrelevante, nos termos da Portaria nº 75 do Ministério da Fazenda. O Ministério Público interpôs recurso em sentido estrito, alegando a não incidência do princípio da bagatela, em razão de os tributos ultrapassarem R$ ,00, quantia que evidenciaria a insignificância, conforme o artigo 20 da Lei nº /2002. Destacou a ausência de força normativa da Portaria do Ministério da Fazenda, apontando a respectiva irretroatividade. Sublinhou a impossibilidade de incidência do mencionado princípio ante a falta dos requisitos autorizadores. A Sétima Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região documento pode ser acessado no endereço eletrônico sob o número

3 Relatório Inteiro Teor do Acórdão - Página 3 de 7 HC / RS desproveu o recurso, confirmando a decisão. Formalizou-se o recurso especial nº , reiterandose os fundamentos veiculados. Arguiu-se a impropriedade do princípio da bagatela. O relator proveu, monocraticamente, o recurso, afastando o princípio e determinando o prosseguimento da ação penal. Neste habeas corpus, os impetrantes retomam a argumentação expendida, ressaltando o preenchimento dos pressupostos exigidos para assentar-se a insignificância, presente o valor fixado na Portaria nº 75/2012 do Ministério da Fazenda. Evocam precedentes do Supremo nesse sentido. Requereram, em âmbito liminar, o reconhecimento da insignificância, a fim de absolver o réu. No mérito, buscam a confirmação da providência. Vossa Excelência, em 18 de março de 2016, deixou de acolher o pedido de urgência. Consulta ao sítio do Superior Tribunal Justiça, em 20 de agosto de 2016, revelou que o processo no qual formalizada a decisão atacada encontra-se arquivado em definitivo, após o trânsito em julgado, ocorrido em 6 de maio de A Procuradoria-Geral da República opina pela inadmissão da impetração e, sucessivamente, pelo indeferimento da ordem. Lancei visto no processo em 16 de setembro de 2016, liberando-o para ser examinado na Turma a partir do dia 4 de outubro seguinte, isso objetivando a ciência dos impetrantes. É o relatório. 2 documento pode ser acessado no endereço eletrônico sob o número

4 Voto - MIN. MARCO AURÉLIO Inteiro Teor do Acórdão - Página 4 de 7 V O T O O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO (RELATOR) Inicialmente, observo que em jogo está, na via indireta, a liberdade de ir e vir, não sofrendo o habeas corpus qualquer peia, muito menos resultante do potencial cabimento de recurso de natureza extraordinária, cuja via de tramitação é das mais estreitas. Admito o habeas. Reporto-me ao que assentei ao indeferir a medida acauteladora, em 18 de março de 2016: [ ] 2. Há de observar-se o princípio da legalidade estrita. Lei versando executivo fiscal não repercute no campo penal, devendo-se adotar o mesmo entendimento, com maior razão, relativamente a portaria do Ministério da Fazenda. Consoante disposto no artigo 935 do Código Civil, as responsabilidades civil e penal são independentes. Somente ocorre repercussão considerada decisão, em processo-crime, na qual declarada a inexistência do fato ou da autoria. [ ] Afasto a possibilidade de cogitar-se de atipicidade da conduta considerada a insignificância do valor devido. Tenha-se presente que envolveu tributo não recolhido no importe de R$ ,00. Mais do que isso, está-se diante da proteção do erário, não se podendo adotar postura conducente a levar à sonegação fiscal. A tanto equivale dizer-se que é atípica a conduta quando a sonegação, decorrente do descaminho, atinge substancial valor. documento pode ser acessado no endereço eletrônico sob o número

5 Voto - MIN. MARCO AURÉLIO Inteiro Teor do Acórdão - Página 5 de 7 HC / RS Indefiro a ordem. É como voto. 2 documento pode ser acessado no endereço eletrônico sob o número

6 Voto - MIN. EDSON FACHIN Inteiro Teor do Acórdão - Página 6 de 7 VOTO O SENHOR MINISTRO EDSON FACHIN - Senhor Presidente, precipitado sobre o habeas, o estado da arte em que ele se encontra no momento da impetração, o resultado que se tem conduz à consequência que o eminente Ministro-Relator está a indicar. Portanto, superveniência de circunstâncias que podem, eventualmente, reputar prejudicado estaria fora desse espectro de apreciação, tendo em vista certa equiparação no plano dos resultados. Por essa razão, estou acompanhando o eminente Relator. documento pode ser acessado no endereço eletrônico sob o número

7 Extrato de Ata - 04/10/2016 Inteiro Teor do Acórdão - Página 7 de 7 PRIMEIRA TURMA EXTRATO DE ATA HABEAS CORPUS PROCED. : RIO GRANDE DO SUL RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO PACTE.(S) : DIEGO TACIANO DE SOUSA ALBINO IMPTE.(S) : VLADIMIR DE AMORIM SILVEIRA (75834/RS) E OUTRO(A/S) COATOR(A/S)(ES) : RELATOR DO RESP Nº DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA Decisão: A Turma denegou a ordem de habeas corpus, nos termos do voto do Relator. Unânime. Presidência do Senhor Ministro Luís Roberto Barroso. 1ª Turma, Presidência do Senhor Ministro Luís Roberto Barroso. Presentes à Sessão os Senhores Ministros Marco Aurélio, Luiz Fux, Rosa Weber e Edson Fachin. Subprocuradora-Geral da República, Dra. Cláudia Sampaio Marques. Carmen Lilian Oliveira de Souza Secretária da Primeira Turma Documento assinado digitalmente conforme MP n /2001 de 24/08/2001, que institui a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico sob o número