Supremo Tribunal Federal

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1 Ementa e Acórdão Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 7 09/08/2016 PRIMEIRA TURMA RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS PARÁ RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO RECTE.(S) :ANTÔNIO SÉRGIO BARATA DA SILVA ADV.(A/S) :DEFENSOR PÚBLICO-GERAL FEDERAL E OUTRO(A/S) LAUDO PERICIAL OFICIAL VALIDADE. Revela-se válido o laudo firmado por dois peritos médicos, não oficiais, consideradas as balizas do 1º do artigo 159 do Código de Processo Penal, sendo recomendável, mas não obrigatória, a especialidade correlata à natureza do exame. A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Primeira Turma do em desprover o recurso ordinário e assentar o prejuízo do habeas corpus nº , nos termos do voto do relator e por unanimidade, em sessão presidida pelo Ministro Luís Roberto Barroso, na conformidade da ata do julgamento e das respectivas notas taquigráficas. Brasília, 9 de agosto de MINISTRO MARCO AURÉLIO RELATOR documento pode ser acessado no endereço eletrônico sob o número

2 Relatório Inteiro Teor do Acórdão - Página 2 de 7 09/08/2016 PRIMEIRA TURMA RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS PARÁ RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO RECTE.(S) :ANTÔNIO SÉRGIO BARATA DA SILVA ADV.(A/S) :DEFENSOR PÚBLICO-GERAL FEDERAL E OUTRO(A/S) R E L A T Ó R I O O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO Adoto, como relatório, as informações prestadas pelo assessor Dr. Marcos Paulo Dutra Santos: O recorrente foi absolvido, pelo Tribunal do Júri da Comarca de Rondon do Pará/PA, na ação penal nº , do delito previsto no artigo 121, 2º, incisos II e IV (homicídio qualificado por motivo fútil e com recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido), mas foi condenado a oito anos de reclusão, em regime inicial fechado, pelo crime tipificado no 213 do Código Penal (estupro). Em apelação no Tribunal de Justiça, a defesa suscitou incidente de falsidade ideológica e material do laudo de exame de corpo de delito e do auto de reconhecimento do veículo. Disse da existência de escritura pública por meio da qual Carlos Amilton Ribeiro Fagundes declarou não haver procedido à necropsia no cadáver da vítima, tendo apenas assinado o laudo juntamente com seu colega, Raimundo Amorim de Souza, como segundo perito apenas para suprir uma exigência legal, porque fora ameaçado de prisão por policiais. Sustentou ser o auto de reconhecimento de veículos ideologicamente falso, porque estaria eivado de falsas assinaturas e rubricas. O Relator indeferiu liminarmente o incidente, e a Primeira Câmara Criminal Isolada desproveu o recurso, destacando ter sido a matéria exaustivamente debatida no processo. Impetrou-se documento pode ser acessado no endereço eletrônico sob o número

3 Relatório Inteiro Teor do Acórdão - Página 3 de 7 RHC / PA habeas corpus no próprio Tribunal contra a decisão do Relator, não admitido sob o fundamento de não ser competente para julgar ato de Desembargador. A defesa formalizou, no Superior Tribunal de Justiça, o habeas corpus nº /PA, reforçando o pedido de declaração de nulidade do acórdão ante a inidoneidade das perícias que respaldaram a condenação. A Quinta Turma não admitiu a impetração, reconhecendo a preclusão em razão da ausência de impugnação, por meio próprio cabível, da decisão mediante a qual rejeitado liminarmente o incidente de falsidade. Neste recurso em habeas corpus, volta a reportar-se à escritura pública na qual o médico Carlos Amilton Ribeiro Fagundes admite não haver realizado a necropsia no cadáver da vítima, limitando-se a firmar o exame com seu colega, alegando ter sido ameaçado por policiais. Visa, liminarmente, afastar a certidão de trânsito em julgado do acórdão nº , formalizado pela Primeira Câmara Criminal Isolada, em 9 de fevereiro de No mérito, busca seja declarada a nulidade da apreciação da apelação criminal, para que a outra se proceda, após o processamento e julgamento do incidente de falsidade protocolado. Provido o recurso, requer seja assentado o prejuízo do habeas corpus nº /PA, da relatoria de Vossa Excelência. Anoto que o mencionado habeas versa o mesmo tema deste recurso, tendo Vossa Excelência, em 16 de fevereiro de 2014, deixado de implementar a medida acauteladora. A liminar pretendida neste recurso, visando fim idêntico ao da medida acauteladora indeferida no citado habeas, não foi examinada por Vossa Excelência. 2 documento pode ser acessado no endereço eletrônico sob o número

4 Relatório Inteiro Teor do Acórdão - Página 4 de 7 RHC / PA A Procuradoria-Geral da República opina pelo desprovimento do recurso, bem como, na impetração de nº /PA, manifesta-se pela inadmissão ou pelo indeferimento da ordem. Lancei visto no processo em 10 de junho de 2016, liberando-o para exame na Turma a partir de 21 seguinte, isso objetivando a ciência do recorrente. É o relatório. 3 documento pode ser acessado no endereço eletrônico sob o número

5 Voto - MIN. MARCO AURÉLIO Inteiro Teor do Acórdão - Página 5 de 7 09/08/2016 PRIMEIRA TURMA RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS PARÁ V O T O O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO (RELATOR) Na interposição deste recurso ordinário, atendeu-se aos pressupostos de recorribilidade. A peça, subscrita por profissional da advocacia credenciado, foi protocolada dentro do prazo legal. A notícia do acórdão veio a ser publicada em 12 de agosto de 2014 (terça-feira), ocorrendo a manifestação do inconformismo no dia 13 seguinte (segunda-feira). Conheço. Considerada a redação do artigo 159, 1º, do Código de Processo Penal, em vigor à época, segundo a qual, não havendo peritos oficiais, o exame será feito por duas pessoas idôneas, escolhidas de preferência as que tiverem habilitação técnica, o laudo cumpriu as exigências legais, porque firmado por dois médicos, sendo apenas preferível, e não obrigatório, que sejam especialistas. O preceito permanece inalterado, preconizando que, na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior, grifo, preferencialmente, e não obrigatoriamente, na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. A constatação de rotura himenal completa, com escoriações e fissuras na parede vaginal anterior, grifo, sugerindo ato sexual recente, somada à presença de ferida corto-contusa [ ] localizada na região supra orbitária direita e equimose peri-orbitária bilateral consubstanciam prova bastante da materialidade relativa ao crime de estupro. A declaração escrita, assinada, em cartório, por Carlos Amilton Ribeiro Fagundes, não infirma, por si só, o exame pericial, pois não passa de documento, consoante dispõe o artigo 232, cabeça, do Código de Processo Penal. Descabe potencializá-la, ainda mais por não ter sido o subscritor ouvido judicialmente, sob o crivo do contraditório e do juiz documento pode ser acessado no endereço eletrônico sob o número

6 Voto - MIN. MARCO AURÉLIO Inteiro Teor do Acórdão - Página 6 de 7 RHC / PA natural. Cumpre observar a organicidade do Direito instrumental. O perito, na dicção do artigo 275 do mesmo diploma legal, ainda quando não oficial, submete-se à disciplina judiciária, investido de imparcialidade equivalente à do magistrado, tanto que, nos termos do artigo 276, as partes não intervêm na nomeação, estando sujeito à arguição de suspeição artigo 280. Questionar a integridade material e ideológica do laudo exige prova contundente, inexistente no caso. Ante o quadro, desprovejo o recurso, assentando o prejuízo do habeas corpus nº , voltado para finalidade idêntica, no qual deve ser juntada cópia deste pronunciamento. Determino a retificação do cabeçalho para constar o nome completo do recorrente. É como voto. 2 documento pode ser acessado no endereço eletrônico sob o número

7 Extrato de Ata - 09/08/2016 Inteiro Teor do Acórdão - Página 7 de 7 PRIMEIRA TURMA EXTRATO DE ATA RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS PROCED. : PARÁ RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO RECTE.(S) : ANTÔNIO SÉRGIO BARATA DA SILVA ADV.(A/S) : DEFENSOR PÚBLICO-GERAL FEDERAL E OUTRO(A/S) Decisão: A Turma negou provimento ao recurso ordinário e assentou o prejuízo do HC , nos termos do voto do Relator. Unânime. Presidência do Senhor Ministro Luís Roberto Barroso. 1ª Turma, Presidência do Senhor Ministro Luís Roberto Barroso. Presentes à Sessão os Senhores Ministros Marco Aurélio, Luiz Fux, Rosa Weber e Edson Fachin. Subprocurador-Geral da República, Dr. Paulo Gustavo Gonet Branco. Carmen Lilian Oliveira de Souza Secretária da Primeira Turma Documento assinado digitalmente conforme MP n /2001 de 24/08/2001, que institui a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico sob o número