Pró-Reitoria de Graduação Curso de Direito Trabalho de Conclusão de Curso

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1 Pró-Reitoria de Graduação Curso de Direito Trabalho de Conclusão de Curso INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ DE FETO ANENCÉFALO: IMPROPRIEDADE DO ARTIGO 128 DO CÓDIGO PENAL Autor Autor: Cleuton Barbosa Pereira Orientadora: M. Sc. Ana Cristina da Silva Souza Brasília - DF 2012

2 CLEUTON BARBOSA PEREIRA INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ DE FETO ANENCÉFALO: IMPROPRIEDADE DO ARTIGO 128 DO CÓDIGO PENAL Artigo apresentado ao Curso de graduação em Direito da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Direito. Orientadora: M.Sc. Ana Cristina da Silva Souza Brasília 2012

3 Artigo de autoria de Cleuton Barbosa Pereira, intitulado INTERRUPÇÃO DE GRAVIDEZ DE FETO ANENCÉFALO: IMPROPRIEDADE DO ARTIGO 128 DO CÓDIGO PENAL, apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Direito da Universidade Católica de Brasília, em / /, e aprovado pela banca examinadora abaixo assinada: Professora M.Sc. Ana Cristina da Silva Souza Orientadora Direito/UCB Professor Direito/UCB Professor Direito/UCB Brasília 2012

4 Dedico este trabalho aos meus pais, Delcides e Antonia; à minha esposa, Vera Lúcia; ao meu filho, Matheus; e à mestre Ana Cristina.

5 4 INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ DE FETO ANENCÉFALO: IMPROPRIEDADE DO ARTIGO 128 DO CÓDIGO PENAL CLEUTON BARBOSA PEREIRA Resumo: Muito tem sido falado sobre o aborto de feto anencéfalo. Este artigo pretende analisar a interrupção da gravidez de fetos anencéfalos e a impropriedade do artigo 128 do Código Penal, objeto de várias discussões entre juristas, jurisdicionadas, operadores do direito, trabalhadores da área de saúde, instituições religiosas, dentre outros segmentos da sociedade. Aqui se pretende analisar o conceito de anencefalia; identificar os problemas causados por uma gravidez de feto anencéfalo; averiguar os casos de aborto na legislação brasileira, inclusive a impropriedade do artigo 128 do Código Penal; analisar a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental ADPF nº 54; o posicionamento das instituições religiosas e a jurisprudência sobre a interrupção da gravidez de feto anencéfalo. Palavras-chave: Anencefalia. Interrupção da gravidez de feto anencéfalo. Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental. Aborto. 1 INTRODUÇÃO A interrupção da gravidez de feto anencéfalo sempre suscitou dúvida, principalmente entre os médicos, a respeito da sua legalidade, se tal fato estaria incluído nas causas permissivas do artigo 128, inciso I, do Código Penal. Com o objetivo de esclarecer essa dúvida, a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde CNTS formalizou uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental no Supremo Tribunal Federal, qual teve seu julgamento no primeiro semestre de Para o doutrinador Edson Namba qual A anencefalia é o resultado da falha de fechamento do tubo neural, decorrente de fatores genéticos e ambientais, durante o primeiro mês de embriogênese 1, verifica-se que o mencionado conceito não se dissocia dos demais doutrinadores. Constata-se, portanto que aqueles que defendem a interrupção da gravidez de feto anencéfalo recebem duras críticas das Instituições religiosas. O que de fato impõe um amplo debate a respeito do tema, eis o Brasil ser um Pais laico de acordo com o preâmbulo de nossa Carta regente de Nota-se que, os prejuízos sociais, econômicos e psicológicos para o pai e, principalmente, para a mãe, diretamente envolvidos nesta questão, são sentidos de forma drástica e o Estado como gestor dos interesses sociais não pode ficar desafeto a essa questão social. No presente artigo espera-se demonstrar como a interrupção da gravidez de feto anencéfalo é tratada na sociedade brasileira, citando as dúvidas a respeito do 1 NAMBA, Edison Tetsuzo. Manual de bioética e biodireito. São Paulo: Atlas, 2009, p. 45.

6 5 tema e algumas alternativas para a discussão a respeito da sua regulamentação. Após o julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 54 pelo Supremo Tribunal Federal, ocorrido no dia 12 de abril deste ano, espera-se diminuir os processos que são ajuizados no Judiciário para discussão a respeito do tema e oferecer mais tranquilidade e amparo aos profissionais de saúde que se relacionam com casos de gravidez de feto anencéfalo. 2 ANENCEFALIA: ELEMENTOS CONCEITUAIS E TEÓRICOS Etimologicamente a anencefalia é malformação que consiste na ausência de cérebro ou de parte dele, portanto a anencefalia é a má-formação no tubo neural com um defeito em seu fechamento que ocorre por volta do vigésimo quarto dia após a concepção, este defeito faz com que o cérebro do feto não se forme. Luiz Coutinho citou a definição de anencéfalo do periódico The new England Jornal of medicine como: anencefalia se trata da ausência parcial ou completa da abóbada craniana, bem como da ausência dos tecidos superiores com diversos graus de malformação e destruição dos rudimentos cerebrais 2. A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde CNTS define anencefalia da seguinte forma: Anencefalia é uma má-formação incompatível com a vida extrauterina em 100% dos casos. O feto não apresenta os hemisférios cerebrais por um defeito de fechamento do tubo neural. Como a cabeça não fechou e o cérebro não se desenvolveu, o feto apresenta um profundo achatamento da cabeça, o que desfigura sua face 3. Constata-se que a anencefalia é incompatível com a vida extrauterina e não há a formação dos hemisférios cerebrais. Não se pode falar em aborto no caso da interrupção da gravidez de feto anencéfalo, pois não há vida a ser preservada. Ressalte que no Brasil somente em duas situações previstas em Lei é permitido o aborto. E, no caso do anencéfalo, tal previsão não era permitida só o sendo em casos permitidos pela Lei, anterior ao julgamento da ADPF 54. Cabe salientar que, existe um alto índice de partos de fetos com essa anomalia, conforme cita a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde: O Brasil é o quarto país do mundo em partos de fetos com anencefalia, segundo a Organização Mundial de Saúde. Este índice alto deve-se, principalmente, à legislação que restringe o direito de escolha das mulheres. Em países onde a legislação autoriza as mulheres a escolher pela 2 COUTINHO, Luiz Augusto. Aborto em casos de anencefalia: crime ou inexigibilidade de conduta diversa?jusnavigandi, Teresina, ano 10, n. 617, 17 mar Disponível em: < Acesso em: 15 abr CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES NA SAÚDE. A autorização do Supremo Tribunal Federal para antecipação terapêutica de parto em caso de anencefalia. Disponível em: < Acesso em: 15 abr. de 2012.

7 6 antecipação do parto ou pelo aborto, a incidência é consideravelmente menor 4. Confere destacar que a anencefalia é detectada facilmente em uma ecografia, onde é possível observar a deformação no crânio do feto. A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde cita como esse diagnóstico é realizado: O diagnóstico é simples e faz parte da rotina de qualquer pré-natal no Brasil. Na primeira ecografia já se visualiza a imagem do grave achatamento da cabeça do feto pela ausência dos hemisférios cerebrais. Em geral, faz-se mais do que uma ecografia para se ter a certeza do diagnóstico, 100% seguro. Não há dúvidas em um caso de anencefalia. A imagem é nítida mesmo aos olhos de uma pessoa leiga na medicina fetal 5. Para a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia FEBRASGO, a anencefalia constitui grave malformação fetal que resulta da falha de fechamento do tubo neural, causando a ausência de cérebro, calota craniana e couro cabeludo e a define como: Resultado de um processo irreversível, de causa conhecida e sem qualquer possibilidade de sobrevida, por não possuir o cérebro. Portanto a antecipação do parto ou a interrupção da gravidez de feto anencéfalo, não é um processo abortivo 6. Vários são os fatores que podem dar origem à anencefalia. Marília Santos relaciona algumas dessas causas: Entretanto ressalta-se que a ocorrência da anencefalia não pode ser ligada a uma causa específica: é um defeito multifatorial. Especialistas a relacionam, principalmente, às deficiências de vitaminas do complexo B, especialmente o ácido fólico. Tanto que prescrevem a ingestão, através de alimentos e suplementos vitamínicos, desta substância nos três meses anteriores ao início da gestação e nos três meses posteriores à concepção. Igualmente, no Brasil, foi determinado o enriquecimento da farinha com o ácido fólico, a fim de prevenir o aparecimento de defeitos do tubo neural 7. Nota-se que o defeito no tubo neural é desencadeado por alguns fatores, alguns deles podem ser prevenidos, conforme Eliana Pacheco cita: 4 Ibidem. 5 CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES NA SAÚDE. A autorização do Supremo Tribunal Federal para antecipação terapêutica de parto em caso de anencefalia. Disponível em: < Acesso em: 15 abr FEDERAÇÃO BRASILEIRA DAS ASSOCIAÇÕES DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA. FEBRASGO se posiciona sobre fetos anencéfalos. Disponível em: < _nti=s&itg=s&st=&dst=3>. Acesso em: 15 abr SANTOS, Marília Andrade dos. A Aquisição de Direitos pela Anencéfalo e a Morte Encefálica apud PACHECO, Eliana Descovi. O aborto anencefálico à luz do Ordenamento Jurídico atual. Disponível em: < Acesso em 15 abr

8 7 Dentre alguns fatores desencadeantes dos defeitos do tubo neural - especificamente da anencefalia -, é possível citar o álcool (que também pode gerar problemas psicológicos no feto), o tabagismo, o uso de antiepiléticos e outras drogas de todos os gêneros (lícitas e ilícitas), alterações cromossômicas (genéticas), histórico familiar, ou ainda exposição a altas temperaturas. No entanto, este rol não é taxativo e não é possível precisar qual a contribuição exata de cada uma destas causas para que o tubo neural não seja corretamente cerrado 8. Repise-se que o aborto de feto anencéfalo é a interrupção de uma gravidez cujo feto não tem nenhuma condição de vida autônoma, por isso não se deve falar em aborto, pois não há expectativa de vida extrauterina. De acordo com Warley Belo, anencefalia é: A anencefalia, ou ausência dos dois hemisférios cerebrais, é a ausência de função total e definitiva do tronco cerebral. Em alguns casos, o feto poderá sobreviver poucos dias fora do claustro materno. A afecção impede de forma definitiva qualquer tipo de consciência e de relação com outro 9. Para os que são contra a interrupção da gravidez de feto anencéfalo enfatizam que essa interrupção é uma forma de aborto eugênico, o que não é verdade, pois não está se objetivando o aperfeiçoamento da raça humana, e sim querendo evitar sofrimentos e danos à saúde da gestante, conforme Genival França comenta: O aborto seletivo em fetos anencefálicos não pode ser incluído entre os chamados abortos eugênicos, pois estes evitam o nascimento de crianças com graves defeitos físicos ou perturbações psíquicas, ao passo que aquele apenas promove a interrupção de uma gravidez cujo feto não tem nenhuma condição de vida autônoma 10. Genival França, ainda cita um alvará emitido pela Comarca de Londrina, 2ª Vara Criminal em 1º de dezembro de 1992, que deve ser considerado na análise da questão de fetos anencéfalos: [...] não se está admitindo por indicação eugênica com o propósito de melhorar a raça, ou evitar que o ser em gestação venha a nascer cego, aleijado ou mentalmente débil. Busca-se evitar o nascimento de um feto cientificamente sem vida, inteiramente desprovido de cérebro e incapaz de existir por si só PACHECO, Eliana Descovi. O aborto anencefálico à luz do Ordenamento Jurídico atual. Disponível em: < Acesso em 15 abr BELO, Warley Rodrigues. Aborto: considerações jurídicas e aspectos correlatos. Belo Horizonte: Del Rey, 1999, p FRANÇA, Genival Veloso de. Medicina legal. 7ª ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2004, p Ibid., p. 257.

9 8 Para os que defendem o abortamento de feto anencéfalo destaca que não é prudente obrigar uma gestante carregar em seu ventre durante meses um feto que se sabe que não vai nascer. A mulher deve ter o direito de escolher entre a interrupção da gravidez de feto anencéfalo, onde não há expectativa de vida após o parto e em levá-la até o fim, se assim for a sua vontade. Genival França finaliza abordando o dilema ético do aborto em caso de anencefalia: [...] em caso de anencefalia, não há dilema ético ou legal, existindo assim uma unanimidade quase absoluta pela interrupção da gravidez, em face de argumentos eminentemente técnicos de sobrevivência e não de qualidade de vida. Por outro lado, não seria justo exigir desta mãe o sacrifício de uma gravidez que terminará numa criança que não vai sobreviver 12. Debora Diniz ressalta que a anencefalia corresponde à ausência dos hemisférios cerebrais, que foram substituídos por líquor: A anencefalia corresponde à ausência dos hemisférios cerebrais, que foram substituídos por líquor. A anencefalia é vulgarmente conhecida por ausência de cérebro e é uma limitação incompatível com a vida, provocando a morte do recém-nascido imediatamente após o nascimento 13. Debora Diniz aponta ainda que a anencefalia provoca desfiguração facial, pelo achatamento da parte frontal superior da cabeça, dada a ausência dos hemisférios e dos ossos do crânio 14. Sendo a anencefalia uma má-formação no tubo neural incompatível com a vida autônoma fora do útero da mãe, não há que se falar em aborto e não é prudente obrigar a gestante a levar até o fim uma gravidez de um feto sem vida. 3 PROBLEMAS CAUSADOS POR UMA GRAVIDEZ DE FETO ANENCÉFALO A interrupção da gestação de feto anencéfalo evita problemas, físicos e psicológicos, que podem se tornar irreversíveis para a saúde da mulher, que se tivesse o direito de optar pela interrupção estaria escolhendo não enfrentá-los. Desta maneira, estar-se-ia conservando a liberdade e a autonomia da mulher de escolher o que julgar mais prudente para si. Para Genival França não seria justo exigir desta mãe o sacrifício de uma gravidez que terminará numa criança que não vai sobreviver 15. A gravidez de feto anencéfalo resulta em inúmeros problemas maternos durante a gestação. A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia FEBRASGO enumera as complicações maternas, dentre elas: 12 FRANÇA, Genival Veloso de. Medicina legal. 7ª ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2004, p DINIZ, Debora (Organizadora). Admirável nova genética: bioética e sociedade. Brasília: Letras Livres / Editora UnB, 2005, p Ibidem. 15 FRANÇA, Genival Veloso de. Op. cit., p. 266.

10 9 eclampsia, embolia pulmonar, aumento do volume do líquido amniótico e até a morte materna. Acrescenta-se a isso o efeito psicológico que uma gestação deste tipo traz para os pais, que não podem fazer planos para seu filho por saberem que ele não vai viver mais do que alguns minutos ou horas. Durante a audiência pública do dia 28 de agosto de 2008, realizada no Supremo Tribunal Federal, o Ministro Marco Aurélio perguntou ao Doutor Roberto Luiz D Ávila, representante do Conselho Federal de Medicina, se a saúde da gestante é afetada pela gravidez de feto com anencefalia. Colaciona-se a resposta proferida pelo eminente Doutor Roberto Luiz D Ávila: É sabido que, na gestação de um anencéfalo, é muito freqüente a ocorrência simultânea do que chamamos de polihidrâmnio, excesso de líquido amniótico, já que ele não deglute, há uma contínua produção, e essa associação é muito comum. Essa condição de polihidrâmnio é acompanhada de toxemia gravídica, caso grave que expõe a saúde da mãe. Temos um problema, no nosso País, que é a alta taxa de mortalidade materna. A doença hipertensiva da gravidez, a hemorragia, a infecção, são causas de mortalidade materna elevada, mesmo em gestações de fetos viáveis. Num feto inviável, portador de anencefalia, com essa associação, com polihidrâmnio e maior possibilidade de toxicemia gravídica, esse risco aumenta. Essa é uma questão médica também porque poderia estar contemplada numa das exceções tipificadas no próprio Código Penal. Não podemos esperar até o terceiro trimestre para que a toxemia se manifeste e tratar a complicação com perda de tempo e com risco maior. Oferecer risco às pessoas deve ser uma preocupação do médico em não participar disso 16. Não se deve deixar a mulher que está gerando um feto anencéfalo sem amparo, esse é um ponto crucial nesse tema. Deve ser oferecido a ela todo apoio e amparo da rede hospitalar, quer seja em hospital público ou particular, segundo enfatiza Alcilene Cavalcante e Dulce Xavier: Devemos considerar ainda que a permissão legal para a interrupção de gravidez em anomalias fetais significa poder utilizar o seguro de saúde, ter atendimento médico e psicológico adequados e poder utilizar a rede pública ou privada de hospitais de acordo com a condição de cada paciente 17. Não é prudente exigir de uma mulher, que às vezes esperou tanto tempo para poder engravidar, carregar em seu ventre um feto que se sabe que não irá sobreviver. Conforme Guilherme Nucci aponta: Ao punir o aborto, busca proteger a vida humana, porém a vida útil e viável, não exigindo que a mãe carregue em seu ventre por nove meses um feto que, logo ao nascer, dure algumas horas e finde a sua existência efêmera, 16 SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Notas taquigráficas da audiência pública relativa à Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 54-8, de 28 de agosto de Disponível em: < notas_dia_ pdf>. Acesso em: 15 mai CAVALCANTE, Alcilene; XAVIER, Dulce (Orgs.). Em defesa da vida: aborto e direitos humanos. São Paulo: Católicas pelo Direito de Decidir, 2006, p. 78.

11 10 por total impossibilidade de sobrevivência na medida que não possui a abóbada craniana, algo vital para a continuidade da vida fora do útero 18. Na audiência pública do dia 26 de agosto de 2008, realizada no Supremo Tribunal Federal, a Doutora, Professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e Presidenta da Organização Católicas pelo Direito de Decidir, Maria José Fontelas Rosado Nunes leu uma carta da jovem Tiany da Penha, de 18 anos, da cidade de Teresópolis/RJ, que teve uma gravidez de feto anencéfalo. A carta foi dirigida ao Supremo Tribunal Federal e cita a angústia e o sofrimento de viver uma gravidez sem a esperança de ter uma filha, sabendo que terá que enterrá-la logo após o parto. Ela cita também não poder decidir conforme a sua vontade e convicção sobre a continuidade ou não da gravidez e lamenta ter que esperar uma decisão judicial que não vem. Segue-se o conteúdo da carta: Eu sei o que é ter um filho deficiente. Minha primeira filha, Maria Júlia, tem dois anos e meio. Nasceu com hidroencefalia e espinha bífida. Não pode caminhar. Tem uma válvula dentro da cabeça que pode infeccionar. Às vezes, infecciona. Decidi levar a gravidez até o fim, porque meu bebê ia viver. Quando engravidei pela segunda vez, descobri no ultra-som que o feto não tinha cérebro. Fiquei desesperada. Era diferente. Meu primeiro bebê era malformado, mas ia viver; este outro, não. O médico me disse que ele viveria no máximo alguns minutos e que, depois, eu teria de enterrá-lo. Meu direito de antecipar o parto foi negado em primeira instância. O Ministério Público levou para o Tribunal de Justiça. Fiquei esperando por uma decisão, e a cada dia minha barriga crescia um pouco mais. Só quem viveu isso tem idéia do que é. Viver uma gravidez sem esperança é acordar e dormir no desespero. Eu não podia nem comprar uma roupinha. O berço da minha filha seria um caixão. Dois meses depois que enterrei minha filha, saiu no Diário Oficial que a Justiça arquivou meu caso por perda de objeto. Não sei que Justiça é esta que esperou eu parir, enterrar o bebê, para dizer que não havia mais o que decidir. Corri risco de morte. Passei por transfusões de sangue e sobrevivi para continuar cuidando da Maria Júlia. Amo Maria Júlia. Alegro-me com seus pequenos progressos. Choro com suas dores. O que quero dizer ao Supremo Tribunal Federal é que nunca, enquanto eu viver, esquecerei do caixão com a filha que me obrigaram a enterrar. E o que quero respeitosamente pedir é que os Senhores Ministros pensem nisso quando forem decidir o destino de todas as mulheres deste País que tiveram a infelicidade de ter, dentro do seu útero, um feto condenado à morte. Não escolhemos essa tragédia, mas gostaríamos de ter o direito de não prolongá-la 19. Portanto, obrigar uma mulher a manter a gestação é no mínimo desumano. Nas palavras do professor Luiz Coutinho eis que patente o sofrimento da mãe ao longo dos meses. Ele cita o não menos respeitado professor Luiz Roberto Barroso em entrevista ao jornal Correio Braziliense que reforça tal entendimento: 18 NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal: parte geral: parte especial. 6ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009, p SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Notas taquigráficas da audiência pública relativa à Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 54-8, de 26 de agosto de Disponível em: < notas_dia_ pdf>. Acesso em: 15 mai

12 11 Obrigar uma mulher a conservar no ventre, por longos meses, o filho que não poderá ter impõe a ela sofrimento inútil e cruel. Adiar o parto, que não será uma celebração de vida, mas um ritual de morte, viola a integridade física e psicológica da gestante, em situação análoga à da tortura CASOS DE ABORTO EM NOSSA LEGISLAÇÃO E SEUS ELEMENTOS CONCEITUAIS No Brasil, desde 1940, o aborto é legalizado somente em duas situações: quando a gravidez acarreta risco de vida para a mulher e quando a gravidez é resultado de um estupro. Para o professor Guilherme Nucci aborto é a cessação da gravidez, antes do termo normal, causando a morte do feto ou embrião 21. Mas no caso da interrupção da gravidez de feto anencéfalo, não há vida a se proteger, pois o feto não tem vida fora do ventre da gestante. Segundo Warley Belo entende-se por aborto o ato de interromper o processo de uma gravidez com a conseqüente expulsão do feto do interior uterino 22. Podem ocorrer duas espécies de aborto, o natural ou espontâneo, que acontece por causas naturais e o provocado ou induzido, que acontece pela intervenção do homem. Guilherme Nucci cita as seguintes formas de aborto: Aborto natural: é a interrupção da gravidez oriunda das causas patológicas, que ocorre de maneira espontânea. Aborto acidental: é a cessação da gravidez por conta de causas exteriores e traumáticas, como quedas e choques. Aborto criminoso: é a interrupção forçada e voluntária da gravidez, provocando a morte do feto ou embrião. Aborto econômico-social: é a cessação da gestação causando a morte do feto ou embrião, por razões econômicas ou sociais, quando a mãe não tem condições de cuidar do seu filho. Aborto eugênico ou eugenésico: é a interrupção da gravidez, causando a morte do feto ou embrião, para evitar que a criança nasça com graves defeitos genéticos. Aborto permitido ou legal: é a cessação da gestação, com a morte do feto ou embrião, admitida por lei 23. Maria Helena Diniz faz várias classificações do aborto diferentes das adotadas por Guilherme Nucci. Ela classifica o aborto quanto ao objeto, à causa, ao elemento subjetivo, à finalidade e ao prisma da lei, conforme destaca-se a seguir: Quanto ao seu objeto o aborto pode ser: a) ovular, se praticado até a 8ª semana de 20 COUTINHO, Luiz Augusto. Aborto em casos de anencefalia: crime ou inexigibilidade de conduta diversa?jusnavigandi, Teresina, ano 10, n. 617, 17 mar Disponível em: < Acesso em: 15 abr NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal: parte geral: parte especial. 6ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009, p BELO, Warley Rodrigues. Aborto: considerações jurídicas e aspectos correlatos. Belo Horizonte: Del Rey, 1999, p NUCCI, Guilherme de Souza. Op. cit., p

13 12 gestação; b) embrionário, se operado até a 15ª semana de vida intra-uterina; e c) fetal, se ocorrer após a 15ª semana de gestação 24. Em qualquer fase da gravidez em que ocorrer o aborto, será punido o responsável pela ocorrência do fato conforme o reza o Código Penal brasileiro. Maria Helena Diniz, quanto à causa, classifica o que ocasionou o aborto: a)espontâneo, se houver interrupção natural e não intencional da gravidez causada por doenças surgidas no curso da gestação ou por defeitos estruturais do ovo, embrião ou feto; b) acidental, ocasional ou circunstancial, se inexistir qualquer propósito dirigido à interrupção do ciclo gravídico, provocada por um agente externo, como emoção violenta, susto, traumatismo (queda), sem que haja qualquer ato culposo, ou seja, negligência, imprudência ou imperícia; c) provocado, se se tiver interrupção deliberada da gestação pela própria gestante ou por terceiro, com ou sem seu consentimento, mediante o concurso de causas extrínsecas ou de agentes externos, de ordem física, química ou mecânica, para atender a motivos terapêutico, eugênicos, econômicos, morais sociais, psicológicos etc 25. Observa-se que da classificação supracitada somente o aborto provocado é punido pela legislação atual, sendo apenas permitido em algumas situações: quando não houver outro meio para salvar a vida da gestante e quando a gravidez for resultante de estupro. Quanto ao elemento subjetivo, Maria Helena Diniz analisa a intenção e a participação da gestante na prática do aborto para classificá-los conforme se segue: a) sofrido, se ocorrer sem o consenso da gestante, que não passará de vítima; b) consentido, se provocado com a anuência da gestante; c) procurado, se a gestante for o agente principal 26. Dessa classificação somente no aborto sofrido é que a gestante não será punida pela prática do delito, sendo ela também uma vítima. A classificação mais abrangente feita pela autora é quanto à finalidade pretendida com a realização do aborto. a) terapêutico, se abranger duas modalidades: o aborto necessário, permitido por lei e praticado por médico, com ou sem o consenso da gestante, desde que não haja outra alternativa para salvar sua vida, que corre perigo, independentemente de autorização judicial ou policial, e o aborto para evitar enfermidade grave, ou seja, para impedir grave e iminente perigo para a saúde da gestante; b) sentimental, admitido por lei, por ter sido a gravidez resultante de estupro, desde que sua interrupção seja provocada por médico, com prévia anuência da gestante ou, se incapaz, de seu representante legal, independentemente de autorização judicial, uma vez comprovada a violência ou o delito sexual; c) eugênico, isto é, interrupção criminosa da gestação quando: houver suspeita de que,provavelmente, o nascituro apresenta doenças congênitas, anomalias físico-mentais graves. É praticado com o escopo de aperfeiçoar a raça humana; d) econômico, se se aniquilar criminosamente o feto sob a alegação de que a gestante, ou o casal, não tem recursos financeiros suficientes para prover adequadamente o sustento e a educação desse filho; e) estético, se a gestante interromper a gravidez por não querer ficar com o corpo disforme; f) honoris causa, se, criminosamente, praticado por 24 DINIZ, Maria Helena. O estado atual do biodireito. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2002, p DINIZ, Maria Helena. O estado atual do biodireito. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2002, p Ibid., p. 33.

14 13 gestante para ocultar sua gravidez da sociedade, visando preservar a honra, evitar escândalo e manter sua reputação social 27. Da classificação quanto à finalidade, o aborto terapêutico só é autorizado quando não houver outro meio para salvar a vida da gestante, ou seja, o aborto é necessário. No que diz respeito ao aborto sentimental, é autorizada a realização do aborto para evitar que se condene a gestante a gerar em seu ventre um feto que será um sinal da violência sexual por ela sofrida, o que poderia gerar muito danos para a sua saúde, principalmente em termos emocionais e psicológicos. O aborto eugênico não é permitido pela legislação pátria, pois poderia ser utilizado como pretexto para se buscar o aperfeiçoamento da raça humana. Muitas autoridades consideram a interrupção de uma gravidez de feto anencéfalo como aborto eugênico, o que não deve ser considerado como verdadeiro, pois não está se buscando o aperfeiçoamento da raça humana, e sim evitar o sofrimento da gestante que sabe que está gerando em seu útero um filho que não terá vida extrauterina. A sua prática evita também que a gestante seja acometida de algumas doenças que podem ser ocasionadas por uma gravidez desse tipo. O aborto econômico é vedado, pois seria uma forma de controle de natalidade sobre as famílias que têm um menor poder aquisitivo. Não se permite o aborto estético, pois com a sua realização a gestante estaria visando apenas preservar a sua estética corporal. Com a execução do aborto honoris causa, a gestante busca preservar a honra de não ser taxada pela sociedade como mãe solteira ou para ocultar uma traição quando ela é casada e seu marido é infértil. Destarte para a realização do aborto, tanto terapêutico como sentimental, o médico que irá praticá-los não necessita de autorização judicial, basta que seja observado, no caso do aborto terapêutico, que não há outro meio para salvar a vida da gestante e, no caso do aborto sentimental, que se detecte a violência sexual sofrida pela gestante ou boletim de ocorrência policial registrado em uma Delegacia de Polícia. Recomenda-se que essas condições sejam confirmadas através de exames feitos por outros médicos além dos que realizarão o procedimento abortivo. Mas a maioria dos médicos só realiza o procedimento de aborto após a autorização judicial. Segundo Fernando Pedroso o aborto pressupõe a existência de um processo de gestação em curso, interrompido pela conduta humana com a eliminação da vida do produto da concepção 28. Observa-se que para que haja o aborto é necessário que a ação que levará à interrupção da gravidez ocorra de forma dolosa, pois o Código Penal não pune os agentes responsáveis pelo aborto quando este ocorre sem o dolo, ou seja, com a culpa. O Código Penal proíbe, em seu artigo 124, o aborto provocado pela gestante, ou com seu consentimento, que é quando a própria gestante o provoca, também conhecido como autoaborto ou quando a gestante permite que alguém lho provoque. Nesse artigo, a punição é para a gestante que provoca o aborto ou permite que lhe provoquem. Trata-se de um crime próprio, que é aquele que só pode ser praticado por determinadas pessoas, nesse caso, a gestante. Para Guilherme Nucci são 27 Ibidem. 28 PEDROSO, Fernando de Almeida. Homicídio, participação em suicídio, infanticídio e aborto. Rio de Janeiro: Aide, 1995, p. 255.

15 14 próprios os crimes que exigem sujeito ativo especial ou qualificado, isto é, somente podem ser praticados por determinadas pessoas 29. Em seu artigo 125, o Código prevê o aborto provocado por terceiro sem o consentimento da gestante. Aqui se pune aquele que faz o aborto sem o consentimento da gestante. No artigo 126 pune-se aquele que provoca o aborto com o consentimento da gestante. Nesses dois artigos têm-se crimes comuns, que são aqueles que não exigem uma condição especial do agente que pratica o delito, que, segundo Guilherme Nucci são considerados comuns os delitos que podem ser cometidos por qualquer pessoa (ex.: homicídio, roubo, falsificação) 30. O artigo 128 do mesmo diploma legal prevê o aborto terapêutico, ou profilático, e o aborto sentimental, humanitário ou ético. Segundo Rogério Greco o aborto necessário, também conhecido como aborto terapêutico ou profilático, tratase de uma causa de justificação correspondente ao estado de necessidade 31,pois é praticado quando não há outro meio de salvar a vida da gestante. O aborto sentimental ou humanitário é permitido quando a gravidez é resultante do ato de estupro. Permissão essa que tutela dois bens jurídicos, ou seja, há dois valores em conflito e o legislador optou por preservar o bem jurídico já consolidado. Conforme Genival França: O nosso legislador atendeu unicamente a razões de ordem ética e emocional, evitando-se, dessa maneira, a vergonha e a revolta da mulher violentada, que traria no filho a imagem de uma ofensa e de uma humilhação, testemunha da sua desgraça e da sua desonra 32. Segundo Sérgio Semião, no chamado aborto humanitário o legislador coloca o sentimento de repulsa da gestante, de ter um filho de seu estuprador, em grau superior à vida do nascituro 33. Cabe ressaltar que o nascituro, que nesse caso teve sua vida minimizada pelo legislador, tem plena condição de vida extrauterina ao nascer, fato que não ocorre com o feto portador de anencefalia. A seguir são citados os artigos do Código Penal brasileiro que tratam do aborto, inverbis: Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento Art Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: Pena - detenção, de um a três anos. Aborto provocado por terceiro Art Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de três a dez anos. Art Provocar aborto com o consentimento da gestante: 29 NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal: parte geral: parte especial.6ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009, p NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal: parte geral: parte especial.6ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009, p GRECO, Rogério. Curso Direito Penal: parte especial, introdução à teoria geral da parte especial, crimes contra a pessoa. 6ª ed. Niterói: Impetus, 2009, p FRANÇA, Genival Veloso de. Medicina legal. 7ª ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2004, p SEMIÃO, Sérgio Abdallo. Os direitos do nascituro: aspectos cíveis, criminais e do biodireito. Belo Horizonte: Del Rey, 1998, p. 141.

16 15 Pena - reclusão, de um a quatro anos. Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência. Forma qualificada Art As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. Art Não se pune o aborto praticado por médico: Aborto necessário I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; Aborto no caso de gravidez resultante de estupro II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal 34. O mesmo dispositivo legal não pune o aborto culposo, que é aquele que decorre de algum tipo de traumatismo ou acidente sofrido pela gestante e também não pune o aborto natural, que é quando a interrupção da gravidez ocorre de forma espontânea, independente da vontade da gestante. Maria Helena Diniz, na definição do termo aborto, cita que poderá não ocorrer a expulsão do feto resultante do aborto: O termo aborto, originário do latim abortus, advindo de aboriri (morrer, perecer), vem sendo empregado para designar a interrupção da gravidez antes de seu termo normal, seja ela espontânea ou provocada, tenha havido ou não expulsão do feto destruído. Deveras, urge lembrar que a expulsão do produto do aborto poderá tardar ou até mesmo deixar de existir se, por exemplo, ocorrer sua mumificaçao com formação de litopédio 35. Segundo Sérgio Semião, pelo termo aborto (do latim abortus, ab, privação; ortus, nascimento), entende-se a interrupção da gravidez, com a morte do feto, antes de sua viabilidade extrauterina 36. Se, conforme a definição adotada por Sérgio Semião, o aborto é a interrupção da gravidez antes de sua viabilidade extrauterina, no caso da interrupção da gravidez de feto anencéfalo não há que se falar em aborto, pois na gravidez desse tipo de feto não há a viabilidade de vida extrauterina, não sendo plausível a penalização dos pais que optam pela sua prática e nem dos médicos que a realizam. Para Sérgio Semião, o termo correto empregado nos meios médicos é abortamento e o define assim: abortamento é a perda de uma gravidez antes que o embrião, e posterior feto, seja capaz de vida independente da mãe. É a expulsão do feto anterior ao termo natural 37. Novamente, não há que se falar em aborto no caso da interrupção de gravidez de feto anencéfalo, pois este feto não é capaz de ter uma vida independente da mãe que o gerou 34 BRASIL. Decreto-lei nº 2848, de 7 de dezembro de Código Penal. Disponível em: < Acesso em: 21 mai DINIZ, Maria Helena. O estado atual do biodireito. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2002, p SEMIÃO, Sérgio Abdallo. Os direitos do nascituro: aspectos cíveis, criminais e do biodireito. Belo Horizonte: Del Rey, 1998, p Ibidem.

17 16 5 IMPROPRIEDADE DO ARTIGO 128 DO CÓDIGO PENAL Se o ordenamento jurídico prevê a interrupção da gravidez de um feto que está em prefeito estado de saúde e tem plena condição de vida, como no caso do aborto sentimental, não há óbice em autorizar o aborto no caso de anomalia, como a anencefalia, condição em que não há previsão de vida extrauterina. Para Genival França: O aborto seletivo em fetos anencefálicos não pode ser incluído entre os chamados abortos eugênicos, pois estes evitam o nascimento de criança com graves defeitos físicos ou perturbações psíquicas, ao passo que aquele apenas promove a interrupção de uma gravidez cujo feto não tem nenhuma condição de vida autônoma 38. Genival França continua citando que: Em casos de anencefalia, não há dilema ético ou legal, existindo assim uma unanimidade quase absoluta pela interrupção da gravidez, em face de argumentos eminentemente técnicos de sobrevivência e não de qualidade de vida 39. Atualmente, o crime de aborto quando é divulgado pela mídia quase sempre é praticado por pessoas pobres, que não têm acesso às clínicas particulares e muitas vezes o praticam em casa, necessitando posteriormente do auxílio dos profissionais de saúde da rede pública, devido às complicações oriundas da prática delitiva. É nesse momento que se descobre o cometimento do crime de aborto. Alcilene Cavalcante e Dulce Xavier apontam que: Não pode o Estado ignorar a realidade de que a legislação penal é absolutamente ineficaz no que tange à prevenção do aborto e proteção à vida pré-natal, e produz como consequência inexorável a exposição a riscos graves e desnecessários da vida de multidões de mulheres, integrantes, sobretudo dos extratos sociais mais baixos. É certo que o aborto não é, nem pode ser tratado como se fosse, um simples método anticoncepcional. Isto seria incompatível com a proteção devida à vida do nascituro 40. Silvia Pimentel, vice-presidente do Comitê sobre Eliminação da Discriminação contra Mulheres CEDAW/ONU, no prefácio do livro Em Defesa da Vida: aborto e direitos humanos, faz uma reflexão a respeito do assunto, a partir das três dimensões do Direito: 38 FRANÇA, Genival Veloso de. Medicina legal. 7ª ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2004, p Ibidem. 40 CAVALCANTE, Alcilene; XAVIER, Dulce (Orgs.). Em defesa da vida: aborto e direitos humanos. São Paulo: Católicas pelo Direito de Decidir, 2006, p. 115.

18 17 Quanto ao fato, estudos revelam que a proibição legal do aborto possui um (in)eficácia distorcida e perversa, não impedindo sua realização, mas, sim, impelindo-o à clandestinidade, o que provoca dor, doença e mortes em mulheres, muito especialmente jovens, pobres e negras. Quanto ao valor, cabe indagar: Qual o sentido dessa proibição? Qual sua finalidade? A quem favorece? À vida? De quem? De pessoas ou de ideologias? Se de pessoas, por que privilegiar a vida do feto em detrimento da vida de mulher gestante? Quanto à norma instrumento jurídico do Estado que estabelece o que deve, o que não deve, e o que é permitido aos cidadãos apenas se justificaria ao cumprir com sua finalidade: o bem comum de todos. Isto não se observa com a legislação punitiva brasileira que incrimina a prática do abortamento 41. Em 1992 foi criada uma Comissão para a Reformulação do Código Penal, que dentre outras reformas, autorizaria o aborto nos casos em que o nascituro apresentasse graves e irreversíveis anomalias físicas ou mentais. A redação proposta pela Comissão é a seguinte: Não constitui crime o aborto praticado por médico: Se se comprova, através de diagnóstico pré-natal, que o nascituro venha a nascer com graves e irreversíveis malformações físicas ou psíquicas, desde que a interrupção da gravidez ocorra até a vigésima semana e seja precedida de parecer de dois médicos diversos daquele que, ou sob cuja direção, o aborto é realizado 42. Até os dias atuais a reforma não foi concluída pelo Congresso Nacional, talvez pela forte influência exercida por certos setores religiosos sobre o legislador. Em um país laico, com é o caso do Brasil, esse tipo de influência não deveria ocorrer. 6 ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL Nº 54 DA CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES NA SAÚDE CNTS E O POSICIONAMENTO DAS INSTITUIÇÕES RELIGIOSAS O Direito Civil utiliza o critério do reconhecimento da vida para se adquirir personalidade. O nascituro possui expectativa de direitos. O artigo 2º do Código Civil põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro, mas conforme Alcilene Cavalcante e Dulce Xavier essa salvaguarda visa proteger os direitos da legislação civil, conforme transcrito a seguir: O novo Código Civil, de 2002, manteve o art. 2* do Código anteriormente em vigor, que determina que a personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção os direitos do nascituro, sendo que a parte final do dispositivo visa proteger os direitos da legislação civil e, principalmente, os direitos de sucessão. Antes do 41 PIMENTEL, Sílvia. In: CAVALCANTE, Alcilene; XAVIER, Dulce (Orgs.). Em defesa da vida: aborto e direitos humanos. São Paulo: Católicas pelo Direito de Decidir, FAZOLLI, Fabricio. Anencefalia e aborto. Disponível em: < Acesso em: 15 mar

19 18 nascimento os direitos são exercidos por meio da mãe e, mesmo após o nascimento, a legislação apenas garante a capacidade plena para tal exercício aos 18 anos 43. O Conselho Federal de Medicina, na Resolução nº 1752, diz que os anencéfalos são natimortos cerebrais e por não possuírem o córtex são inaplicáveis e desnecessários os critérios de morte encefálica. Sendo o anencéfalo o resultado de um processo irreversível, de causa conhecida e sem qualquer possibilidade de sobrevida, por não possuir a parte vital do cérebro, é considerado desde o útero um feto morto cerebral. A lei de transplante de órgãos Lei 9434, em seu artigo 3º, fixou o momento da morte do ser humano como sendo o momento da morte encefálica. Se o feto nasce sem o cérebro não haverá vida para que posteriormente se possa constatar a morte encefálica. O feto, desde a concepção, tem seus direitos tutelados, mas a partir do momento em que se constatou a morte encefálica esses direitos deixaram de ser protegidos, pois não há mais vida a ser resguardada. O Procurador Geral da República em 2004, Claudio Fonteles, em seu parecer nº 3358 defendeu que: o nascituro é o ser humano já concebido, cujo nascimento se espera como fato futuro e certo. O bebê anencéfalo, por certo nascerá. Pode viver segundos, minutos, horas, dias e até meses. O feto no estado intrauterino é ser humano, não é coisa 44. O feto é uma vida em potencial e não pode valer mais do que a vida de uma pessoa já formada, no caso a da futura mãe. A Lei nº 9882, de 03 de dezembro de 1999, dispõe sobre o processamento e julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental ADPF, que tem como objetivo questionar a constitucionalidade de uma lei federal, estadual ou municipal criada sob a vigência da atual Constituição e a recepção de dispositivos promulgados anteriormente à atual Constituição. É o que diz em seu artigo 1º: Art. 1º A argüição prevista no 1 o do art. 102 da Constituição Federal será proposta perante o Supremo Tribunal Federal, e terá por objeto evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público. Parágrafo único. Caberá também argüição de descumprimento de preceito fundamental: I - quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição 45. Em 2004, a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde CNTS propôs no Supremo Tribunal Federal a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 54, visando obter do STF a declaração de inconstitucionalidade com eficácia abrangente e efeito vinculante da interpretação dos artigos 124, 126 e 128, 43 CAVALCANTE, Alcilene; XAVIER, Dulce (Orgs.). Em defesa da vida: aborto e direitos humanos. São Paulo: Católicas pelo Direito de Decidir, 2006, p FONTELES, Cláudio. Parecer nº 3358/CF. Disponível em: < Acesso em: 15 mar BRASIL. Lei nº 9882, de 3 de dezembro de Dispõe sobre o processo e julgamento da argüição de descumprimento de preceito fundamental, nos termos do 1o do art. 102 da Constituição Federal. Disponível em: < Acesso em: 21 mai

20 19 incisos I e II, do Código Penal, como impeditiva da antecipação terapêutica do parto em casos de gravidez de feto anencefálico, diagnosticados por médico habilitado, reconhecendo-se o direito subjetivo da gestante de assim agir sem a necessidade de apresentação prévia de autorização judicial ou qualquer outra forma de permissão específica do Poder Judiciário. A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde, representada pelo advogado Luís Roberto Barroso, argumenta que: A permanência de feto anômalo no útero da mãe mostrar-se-ia potencialmente perigosa, podendo gerar danos à saúde e à vida da gestante. Consoante o sustentado, impor à mulher o dever de carregar por nove meses um feto que se sabe com plenitude de certeza, não sobreviverá, causa à gestante dor, angústia e frustração, resultando em violência às vertentes da dignidade humana a física, a moral e a psicológica e em cerceio à liberdade e autonomia da vontade, além de colocar em risco a saúde 46. O Supremo Tribunal Federal realizou audiência pública nos dias 26 e 28 de agosto de 2008 e nos dias 4 e 16 de setembro de 2008, para ouvir diversos segmentos da sociedade com o objetivo de dirimir dúvidas sobre o tema tratado na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 54. Na audiência pública do dia 26 de agosto de 2008, o Bispo Carlos Macedo de Oliveira, representante da Igreja Universal, defendeu que a mulher deve ser livre para escolher qual a decisão é a mais conveniente para si. Deus dá a todo ser humano o livre arbítrio. Defendemos que, nesses casos, deva prevalecer o desejo da mulher que passa ou venha a passar por esse drama. São elas quem passam pelo habitual desconforto da gravidez, e, talvez, nenhum de nós consiga dimensionar os agravos de uma gravidez acometida por anencefalia e que, por força da lei, a mulher estaria ou está penalizada a carregar durante nove meses alguém que ela não terá a felicidade de ver crescer e de ter vida extra-uterina. Em nossa opinião, a descriminalização desse tipo de aborto não deveria esbarrar nas radicalizações conceituais ou religiosas, até porque descriminalizar o aborto é diferente de torná-lo obrigatório, ou seja, alguém - quem quer que seja -, por questões de opção, consciência ou religiosidade, tem o direito de fazê-lo se assim desejar, ou não 47. Para Edison Namba, não se deve relegar a segundo plano o fato de que a vida não pode ser desumana. Tão pouco se pode permitir o distrato do ser humano SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Decisão da ADPF 54. Disponível em: < %3A%2F%2Fwww.stf.jus.br%2Fportal%2Fprocesso%2FverProcessoTexto.asp%3Fid%3D % 26tipoApp%3DRTF&ei=Sp3GT- 7FKYyo8QTboMzTBg&usg=AFQjCNE_V1qqBLcpqD2I5C2IiLN6WShBZQ&sig2=xJULV- D7dQwb17wybxiOjg>. Acesso em: 15 mai SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Notas taquigráficas da audiência pública relativa à Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 54-8, de 26 de agosto de Disponível em: < notas_dia_ pdf>. Acesso em: 15 mai NAMBA, Edison Tetsuzo. Manual de bioética e biodireito. São Paulo: Atlas, 2009, p. 16.

21 20 Quando se obriga uma mulher a levar até o fim a gestação de um feto anencéfalo, sendo que na realidade não é esta a sua vontade, está deixando de tratar essa mulher como ser humano e com a devida dignidade que ela merece, está impondo a ela a dor e o sofrimento de gerar em seu ventre uma coisa, pois o feto que carrega em seu ventre não terá vida extrauterina e ela não poderá comemorar o nascimento de um filho. Após dar à luz, a mulher terá que preparar um funeral, porque não há vida, e sim um óbito e um defunto para enterrar. Alcilene Cavalcante e Dulce Xavier criticam o tabu e uma subvalorização da mulher quando esta se submete a interrupção de uma gravidez. Hoje, a proibição moral e legal à interrupção da gravidez não desejada pela mulher não encontra motivos razoáveis ou racionais, de ordem pública, que a justifiquem. Ao contrário, ela representa um verdadeiro tabu, pois não é racional nem razoável valorizar mais a vida do feto vida humana em formação do que a vida da mulher ser humano pleno. Representa a tácita sub-valorização da mulher 49. Não se pode negar a colaboração e a influência que a religião, especialmente a Igreja Católica, em geral, teve durante a colonização do Brasil e a formação do Estado Democrático atual. Agora vivemos em um Estado laico e não podemos permitir que setores religiosos digam o que é ou não permitido a nível pátrio. Devemos acompanhar a evolução das sociedades mais civilizadas e livrarmos de alguns estigmas sociais que alguns grupos tentam impor. Para Alcilene Cavalcante e Dulce Xavier: Em nosso país, a Igreja Católica e outros grupos religiosos têm tentado conformar as leis à doutrina religiosa, particularmente em áreas que afetam o livre exercício da sexualidade e da procriação. Essas tentativas, às vezes com uso de violência física, são indevidas e ferem o princípio básico de funcionamento das democracias modernas. Estados democráticos devem assumir a responsabilidade de legislar para uma sociedade diversa e plural, impedindo que crenças religiosas influam sobre o trabalho político, ainda que se reconheça o quanto seus valores e normas estão arraigados na cultura local 50. Ainda sobre a influência da igreja católica, as autoras criticam apontando que normas de saúde pública não deveriam sofrer tanta influência dos setores religiosos. É responsabilidade do Estado disponibilizar e facilitar o acesso da população aos meios que previnam a proliferação de doenças: Num Estado laico, as normas de atenção à saúde individual ou coletiva devem ter o sentido de preservar e restaurar a saúde das pessoas e não deveriam ser influenciadas por questões religiosas. A igreja católica, por exemplo, quando diz que toda relação sexual tem por finalidade a reprodução, condena o uso da camisinha e ameaça quem a usa com o fogo eterno, não está ajudando em nada para a diminuição de casos de gravidez indesejada, nem de infecção pelo HIV. Muito pelo contrário, está dificultando 49 CAVALCANTE, Alcilene; XAVIER, Dulce (Orgs.). Em defesa da vida: aborto e direitos humanos. São Paulo: Católicas pelo Direito de Decidir, 2006, p Ibid., p. 37.

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