Famalicão. Nuno Rodolfo da Nova Oliveira da Silva, Economista com escritório na Quinta

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1 Exmo(a). Senhor(a) Doutor(a) Juiz de Direito da 2ª Secção de Comércio da Instância Central de Vila Nova de Famalicão J2 Processo 3103/15.3T8VNF Insolvência de Mendes, Cunha & Ribeiro, Lda V/Referência: Data: Nuno Rodolfo da Nova Oliveira da Silva, Economista com escritório na Quinta do Agrelo, Rua do Agrelo, nº 236, Castelões, em Vila Nova de Famalicão, contribuinte nº , Administrador da Insolvência nomeado no processo à margem identificado, vem requerer a junção aos autos do relatório a que se refere o artigo 155º do C.I.R.E., bem como o respectivo anexo (inventário). Mais informo que não foi elaborada a lista provisória de créditos prevista no artigo 154º do CIRE, uma vez que vai ser junto aos autos a relação de credores a que alude o artigo 129º do CIRE. P.E.D. O Administrador da Insolvência (Nuno Oliveira da Silva) Castelões, 11 de junho de 2015 Página 1 de 1

2 I Identificação do Devedor Mendes, Cunha & Ribeiro, Lda., sociedade comercial por quotas com sede na Travessa Poça da Bácora, freguesia de Trandeiras, concelho de Braga, com o NIPC , tendo por objecto social o comércio de máquinas agrícolas, manutenção e reparação das mesmas. A sociedade, constituída em 03 de Outubro de 1997, encontra-se matriculada na Conservatória do Registo Comercial de Braga sob o número (corresponde à anterior matrícula nº 5615/ desta mesma conservatória) e tem actualmente a seguinte estrutura societária: Sócios Valor da Quota António Vieira da Cunha 2.992,79 Vítor Manuel Pereira Mendes 2.992,79 António Vieira da Cunha 1.496,39 Vítor Manuel Pereira Mendes 1.496,39 Total 8.978,37 A gerência da sociedade está atribuída aos sócios António Vieira da Cunha e Vítor Manuel Pereira Mendes desde a sua constituição (a gerência foi também atribuída ao ex-sócio Manuel Augusto Ribeiro Ferreira desde a sua constituição, tendo este renunciado à gerência em 30 de Dezembro de 2011). A sociedade obriga-se pela intervenção de dois gerentes. Código Certidão Permanente: II Actividade do devedor nos últimos três anos e os seus estabelecimentos (alínea c) do nº 1 do artigo 24º do C.I.R.E.) O estabelecimento da sociedade insolvente, que corresponde à morada da sua sede, é sua propriedade. 1 Página

3 A sociedade insolvente tem como actividade principal o comércio de máquinas agrícolas, manutenção e reparação das mesmas. No âmbito do seu escopo social, a sociedade adquire diversas máquinas novas, em especial tractores, para as vender aos seus clientes. Nestes negócios, por vezes, os seus clientes procedem à entrega/retoma de máquinas (tractores) usadas que, posteriormente, são revendidas pela sociedade. 2013: Observemos a informação contabilística disponível para os exercícios de 2011 a Rubricas Variação 2012/ Variação 2013/2012 Variação 2013/2011 Vendas e serviços prestados , , ,61 15,75% , ,05-33,15% ,44-22,62% CMVeMC , , ,05 25,72% , ,62-34,25% ,57-17,33% Fornecimentos e serviços externos , , ,25-12,11% , ,71-16,73% ,96-26,81% Gastos com pessoal , , ,47-15,34% , ,58 2,60% ,89-13,14% Outros rendimentos e ganhos 7 577, , ,96-24,70% 2 494, ,08-56,28% ,04-67,08% Outros gastos e perdas , ,97-533,14-1,46% , ,35-59,17% ,49-59,76% Resultado Operacional , , ,77-35,31% 1 388, ,03-92,03% ,80-94,84% Resultado antes de impostos , , ,17-53,23% , ,72-174,99% ,89-135,08% Resultado Líquido do Período , , ,40-64,75% , ,66-219,09% ,06-141,98% Activo , , ,21 4,95% , ,49-31,13% ,28-27,72% Activos fixos tangíveis , ,58 614,69 0,52% , ,35-6,81% ,66-6,33% Inventários , , ,05 8,96% , ,50 11,54% ,55 21,53% Clientes , , ,87 12,78% , ,86-93,48% ,99-92,65% Estado e outros Entes Públicos 7 888, , ,01-65,80% 2 697,48 0, ,01-65,80% Accionistas/sócios ,24 0, ,24-100,00% 0,00 0, ,24-100,00% Outras contas a receber , ,82-626,93-0,63% 0, ,82-100,00% ,75-100,00% Diferimentos 410,40 561,03 150,63 36,70% 68,88-492,15-87,72% -341,52-83,22% Caixa e depósitos bancários 4 173, , ,15 816,72% 1 519, ,81-96,03% ,66-63,59% Passivo , , ,02 5,86% , ,02-39,95% ,00-36,43% Financiamentos obtidos 0,00 0,00 0, , ,27 #DIV/0! ,27 #DIV/0! Fornecedores , , ,28 63,13% , ,98 5,14% ,26 71,51% Estado e outros Entes Públicos , , ,00 16,17% , ,77 40,71% ,77 63,46% Accionistas/sócios 0, , ,76 #DIV/0! , ,00 126,01% ,76 #DIV/0! Financiamentos obtidos , , ,73-22,57% 0, ,11-100,00% ,84-100,00% Outras contas a pagar , , ,29-10,10% , ,93-95,55% ,22-96,00% Capital Próprio , , ,19 2,11% , ,47-2,46% -871,28-0,40% Resultados transitados , , ,59 6,73% , ,19 2,22% ,78 9,10% Por análise do quadro anterior, é fácil verificar que a sociedade nos exercícios de 2011 e 2012 apresentou uma actividade lucrativa, sendo que, até 2012, os resultados transitados ascendiam a mais de Euros ,00. 2 Página

4 No ano de 2013, verificou-se um decréscimo acentuado no seu volume de negócios entre os exercícios de 2012 e 2013 a redução foi superior a 200 mil de euros (um redução de cerca de 33%, em relação ao exercício de 2012), o que levou a sociedade a ter um resultado líquido negativo do período de Euros 5.436,47. As dificuldades sentidas pela sociedade insolvente nos últimos anos, e que conduziram a graves problemas de liquidez, são explicadas pelos seguintes factores: a) A convulsão dos mercados externos; b) Redução na procura, reflexo da crise a nível nacional e internacional; c) As dificuldades na revenda dos tractores usados que a sociedade insolvente retomou aquando a venda de tractores novos aos seus clientes; d) A aceitação de diversas letras dos seus clientes que nas respectivas datas de vencimento não são pagas. Para o ano de 2014, nota-se uma melhoria na actividade desenvolvida pela sociedade, nomeadamente um aumento em mais de 11% no volume de negócios. Os resultados são os seguintes: a) Volume de negócios: Euros ,13 b) Compras: Euros ,48 c) Fornecimentos e Serviços Externos: Euros ,84 d) Gastos com Pessoal: Euros ,63 Não obstante este aumento no volume de negócios, o ano de 2015 não tem acompanhado essa tendência, sendo que para o primeiro trimestre a sociedade gerou vendas e serviços prestados que ascendem a Euros ,58 e suportou custos de funcionamento, nomeadamente com gastos com pessoal e fornecimentos e serviços externos, no valor de Euros ,02. A sociedade tem vindo a apresentar dificuldades no cumprimento das suas obrigações nos prazos estipulados, em especial com as entidades públicas (Segurança Social e Fazenda Nacional), bem como com as entidades bancárias, consequência das crescentes dificuldades de tesouraria. 3 Página

5 Acresce ainda que a revenda dos tractores usados pode ser demorada, o que leva a que a sociedade suporte custos excessivos com a sua manutenção, agravando os seus problemas de falta de liquidez. A aceitação de diversas letras dos seus clientes, que, na data dos seus vencimentos, não as pagaram, originou que a sociedade insolvente ficasse responsável pelo seu pagamento às entidades bancárias onde as descontou/endossou. Neste momento, o valor suportado com letras ascende a Euros ,00. A conjugação de todos estes factores levou a que a sociedade tivesse tomado a decisão de, em Outubro de 2014, recorrer ao processo especial de revitalização para, em conjunto com os seus credores, celebrar um acordo de consolidação e regularização do seu passivo. Após votação do plano elaborado, o mesmo não obteve a necessária maioria dos credores necessária para ser aprovado, tendo, por isso, o Administrador Judicial Provisório requerido a insolvência da sociedade, em conformidade com o nº 4 do artigo 17º-G do CIRE. III Estado da contabilidade do devedor (alínea b) do nº 1 do artigo 155º do C.I.R.E.) A contabilidade da sociedade encontra-se processada até ao momento, tendo sido cumpridas as obrigações declarativas daí emergentes. Pela análise que foi feita da contabilidade, tudo indica que esta não reflecte uma imagem verdadeira e apropriada da sua situação patrimonial e financeira. Com efeito, pela análise da informação contabilística constata-se a existência de um saldo devedor na conta Mercadorias Existência Final, reportado a Março de 2015, que ascende a Euros ,95. De acordo com a Norma Contabilística e de Relato Financeiro nº 18, os inventários devem ser mensurados pelo custo ou valor realizável líquido, dos dois o mais baixo. Normalmente é mensurado pelo custo, contudo podem surgir situações, tais como deterioração física, obsolescência, diminuição do preço de venda, ou aumento 4 Página

6 dos custos que a entidade prevê suportar, em que o custo dos inventários poderá não ser recuperado tendo de o mensurar pelo valor realizável líquido. Assim, é nossa convicção que o valor que a contabilidade da sociedade indica para o stock de mercadorias não respeita aquela Norma Contabilística e de Relato Financeiro, já que tal valor não está em consonância com os bens que a sociedade insolvente efectivamente tem em stock. IV Perspectivas futuras (alínea c) do nº 1 do artigo 155º do C.I.R.E.) A sociedade insolvente mantém uma enorme vontade de apresentar aos credores um plano de recuperação que preveja a manutenção da actividade e o pagamento do seu passivo. A gerência da sociedade insolvente tem feito tudo para encontrar uma solução que permita voltar a atingir níveis de produção que assegurem uma actividade superavitária e com isso, obter os meios financeiros para satisfazer o seu passivo. Neste contexto, têm sido mantidos contactos com os seus credores tendo em vista estabelecerem-se as condições necessárias para que seja elaborado um plano de recuperação para pagamentos viável para todas as entidades credoras. A sociedade tem, neste momento, dois colaboradores ao serviço (além dos seus gerentes), número que se entende como adequado para a dimensão do seu negócio. Destaca-se ainda o facto de que a sociedade tem cumprido integralmente com os seus colaboradores, não existindo nesta altura salários em atraso, bem como com o pagamento das contribuições para a segurança social e os impostos exigíveis após a declaração de insolvência. Assim, é nossa opinião de que a assembleia de credores deverá: a. Determinar a manutenção da actividade do estabelecimento da sociedade devedora; b. Determinar a suspensão da liquidação e partilha da massa insolvente, c. Cometer ao devedor a administração do estabelecimento compreendido na massa insolvente, 5 Página

7 d. Cometer ao devedor o encargo de elaborar o plano de recuperação em prazo a fixar na assembleia de credores, mas que desde já se sugere que não seja superior a 30 dias, e, consequentemente, ser designada a data para a realização da assembleia de credores para discutir e votar a proposta de plano de recuperação a apresentar pela sociedade, nos termos previstos no artigo 209º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresa. Castelões, 11 de Junho de 2015 O Administrador da Insolvência (Nuno Oliveira da Silva) 6 Página

8 (Artigo 153ºdo C.I.R.E.)

9 Inventário (artigo 153º do C.I.R.E.) Relação dos bens e direitos passíveis de integrarem a massa insolvente: A Bens Móveis Verba Descrição da Verba Valor 1 1 prensa da marca RAVIOL, mod. P30, de , torno da marca HERMES PRECEPTOR, type , máquina de soldar da marca POWERTEC 300C 150, máquina de furar, de coluna, da marca FAMUP, RAG 16/18 180, estação de lavagem de peças, de cor azul 50, banca de trabalho de cor vermelha com 1 serra de fita de cor azul, 1 esmeril da marca MANNESMANN, 1 torno manual 200, maçarico 20, carros de ferramentas, de cor verde 200, estante em ferro de cor vermelha 50, grua de cor vermelha 50, estante de cor azul e laranja; 4 estantes em dexion; 120,00 12 Stock de peças variadas a) 13 2 monitores CRT, 1 fax da marca SAMSUNG, 1 impressora (tudo em estado obsoleto) 5, secretária em forma de "L"; 1 móvel alto em madeira; 1 móvel baixo em madeira; 2 cadeiras rotativas; 2 cadeiras; 1 multifunções da marca HP, mod. OFFICEJET PRO L7590; 1 PC horizontal da marca HP, 1 monitor TFT da marca HP, 1 teclado, 1 rato; 1 estante em madeira; 1 arquivo com rodas 150, veículo ligeiro de mercadorias da marca FIAT, modelo CARGO, com a matrícula UL, de Dezembro de veículo ligeiro de mercadorias da marca FIAT, modelo CARGO, com a matrícula TD (acidentada) 1 200,00 600,00 Total dos bens móveis 3 875,00 B Bens Imóveis Verba 17: Urbano, destinado a armazéns e actividade industrial: prédio em propriedade total, sem andares nem divisões susceptíveis de utilização independente, correspondente a armazéns e actividade industrial, sito Travessa Poça da Bácora, freguesia de Trandeiras, concelho de Braga, descrito sob o nº 123/124 da união de freguesias de Morreira e Trandeiras, Página 1 de 2

10 Inventário (artigo 153º do C.I.R.E.) da Conservatória do Registo Predial de Braga e está inscrito na respectiva matriz urbana sob o artigo 554. Valor patrimonial de Euros ,00. C Bens de Terceiros Verba 18: 1 veículo pesado de mercadorias da marca TOYOTA, modelo DYNA, com a matrícula UO, de Janeiro de Valor: Euros 7.000,00. Esta viatura é objecto de contrato de locação financeira mobiliário celebrado com o "Banif Mais, S.A.". Encontra-se em dívida o valor total de Euros 2.729,38, sendo que o valor de Euros 212,57 refere-se a rendas vencidas e o restante, Euros 2.337,67, a rendas vincendas. D Notas a) Não foi feita a contagem e avaliação do stock de peças, pois estando a sociedade em actividade, aquele está em constante alteração insolvente. Os bens inventariados sob as verbas nº 1 a 15 e 18 encontram-se na sede a sociedade A viatura inventariada sob a verba nº 16 encontra-se numa oficina na freguesia de Ponte, concelho de Guimarães. O Administrador da Insolvência (Nuno Oliveira da Silva) Castelões, 11 de Junho de 2015 Página 2 de 2