Nuno Rodolfo da Nova Oliveira da Silva, Economista com escritório na Quinta

Transcrição

1 Exmo(a). Senhor(a) Doutor(a) Juiz de Direito da Secção de Comércio da Instância Central de Amarante J2 Processo 441/15.9T8AMT Insolvência de Surpresagora, Unipessoal, Lda. V/Referência: Data: Nuno Rodolfo da Nova Oliveira da Silva, Economista com escritório na Quinta do Agrelo, Rua do Agrelo, nº 236, Castelões, em Vila Nova de Famalicão, contribuinte nº , Administrador da Insolvência nomeado no processo à margem identificado, vem requerer a junção aos autos do relatório a que se refere o artigo 155º do C.I.R.E., bem como o respectivo anexo (inventário). Mais informo que não foi elaborada a lista provisória de créditos prevista no artigo 154º do CIRE, uma vez que vai ser junto aos autos a relação de credores a que alude o artigo 129º do CIRE. P.E.D. O Administrador da Insolvência (Nuno Oliveira da Silva) Castelões, 8 de junho de 2015 Página 1 de 1

2 I Identificação do Devedor Surpresagora, Unipessoal, Lda., sociedade comercial unipessoal por quotas com sede na Praça das Pocinhas, nº 27, freguesia de Silvares, concelho de Lousada, com o NIPC , tendo por objecto social o comércio a retalho de vestuário para bebés e crianças, em estabelecimentos especializados; comércio a retalho de perfumes, sabonetes, cosméticos e produtos de higiene pessoal; comércio a retalho de vestuário para adultos, em estabelecimentos especializados; comércio a retalho de calçado novo e seus acessórios de qualquer natureza e finalidade para homem, senhora, criança e bebé; comércio a retalho de artigos novos de couro e de substitutos do couro para diversas finalidades; comércio a retalho de vestuário em segunda mão; comércio a retalho em que se oferece ao consumidor a possibilidade de encomendar pelo correio, telefone, televisão ou outro meio de comunicação, os bens ou serviços divulgados através de catálogos, revistas, jornais, impressos, ou quaisquer outros meios gráficos ou audiovisuais; inclui comércio a retalho e leilões, via Internet. A sociedade, constituída em 28 de Dezembro de 2012, encontra-se matriculada na Conservatória do Registo Civil/Predial/Comercial de Lousada sob o número e tem actualmente a seguinte estrutura societária: Sócios Valor da Quota Ana Cristina da Mota Meireles Carvalheiras 500,00 Total 500,00 A gerência da sociedade está atribuída em exclusivo à sócia Ana Cristina da Mota Meireles Carvalheiras desde a sua constituição. A sociedade obriga-se pela intervenção de um gerente. II Actividade do devedor nos últimos três anos e os seus estabelecimentos (alínea c) do nº 1 do artigo 24º do C.I.R.E.) A sociedade insolvente explorava duas lojas comerciais em Silvares, Lousada: 1 Página

3 a) Uma, sita na Praça Dr. Francisco Sá Carneiro, nº 35. O imóvel em causa era objecto de contrato de arrendamento, a renda mensal ascendia a Euros 500,00, tendo sido já entregue ao senhorio em 30 de Abril de 2015; b) Outra, sita na sede da sociedade (Praça das Pocinhas, nº 27). O imóvel em causa era objecto de contrato de arrendamento, a renda mensal ascendia a Euros 600,00, tendo sido já entregue ao senhorio em Setembro de Observemos a informação contabilística disponível para os exercícios de 2013 a 2014, a qual sustenta a explicação apresentada pela sociedade insolvente para as razões que a conduziram à sua situação de insolvência: Rubricas Variação 2014/2013 Vendas e serviços prestados , , ,46-46,73% CMVeMC , ,04 a) ,60-5,40% Fornecimentos e serviços externos 8 029, ,44 956,79 11,92% Gastos com pessoal , ,49-197,89-1,31% Outros rendimentos e ganhos 74,79 306,14 231,35 309,33% Outros gastos e perdas 0,00 177,40 177,40 #DIV/0! Resultado Operacional , ,16-100,00% Resultado antes de impostos , ,16-100,00% Resultado Líquido do Período , ,16-100,00% Activo , ,45-100,00% Activos fixos tangíveis 1 836, ,10 0,00 Inventários , ,51 0,00 Caixa e depósitos bancários 921, ,12 93,28 10,12% Passivo , ,37-100,00% Outras contas a pagar 2 412, ,24-100,00% Fornecedores , , ,12 13,77% Estado e outros Entes Públicos 6 197, ,28-100,00% Outros passivos correntes 5 767, ,40-100,00% Capital Próprio , ,16-100,00% Resultados transitados 0, , ,16 #DIV/0! a) Este valor refere-se a Compras feitas no ano de 2014 Após analisar o quadro anterior, é fácil verificar que durante o curto tempo em que a sociedade insolvente exerceu actividade, nunca chegou a obter um volume de negócios adequado para suportar os seus custos fixos de funcionamento, acumulando 2 Página

4 prejuízos só no ano de 2012 o prejuízo foi de Euros 5.912,16, mesmo atendendo à sua reduzida dimensão. Para o ano de 2015, os resultados são ainda mais deficitários: a) Volume de negócios: Euros 5.921,68 b) Compras: Euros 6.246,95 c) Fornecimentos e Serviços Externos: Euros 1.778,81 d) Gastos com Pessoal: Euros 5.188,40 A sociedade foi constituída com o intuito de dar continuidade ao negócio que a gerente da Surpresagora detinha enquanto empresária em nome individual. Como dito anteriormente, a sociedade detinha dois estabelecimentos comerciais: a) O primeiro voltado para a comercialização de vestuário e artigos para bebés e crianças, sendo que a sociedade trabalhava essencialmente com colecções de roupa; b) O segundo era dedicado à venda de produtos diversos, nomeadamente de cosmética e perfumaria, lingerie, acessórios de moda, entre outros. Pelo que se conseguiu apurar com a gerente da sociedade, os estabelecimentos localizavam-se em ruas movimentadas e frequentadas pela classe média/alta da região, tendo sido essa a convicção para abrir estabelecimentos em tais lugares, pensando que a mesma traria muitos clientes e, com isso, as receitas necessárias para que o negócio fosse rentável. No entanto assim não aconteceu! A proximidade a centros comerciais (com acessos rápidos e fáceis), onde existem várias lojas de comércio de vestuário para bebés e crianças com preços mais acessíveis, influenciou negativamente o negócio da sociedade insolvente, contribuído para um reduzido volume de negócios que nunca chegou a assegurar a obtenção das receitas necessárias para suportar os custos fixos de funcionamento. Por outro lado, a sociedade também apostava na compra de colecções de roupa para posteriormente as colocar à venda. O insucesso na venda destas colecções (devido ao elevado preço de venda e à concorrência dos centros comerciais) contribuiu de forma 3 Página

5 decisiva para as dificuldades de tesouraria da sociedade insolvente, já que foram investimentos feitos para os quais o retorno ficou sempre abaixo das expectativas. Tudo isto em conjunto, tal como referido, veio criar graves problemas de tesouraria, que conduziram a sociedade a entrar em incumprimento com os seus credores, em especial, para com as entidades públicas e com o fornecedor Etfor Empresa Têxtil, Lda. que requereu a declaração de insolvência da sociedade. Sem perspectivas de melhoria da situação e sem capacidade para obter novos financiamentos para garantirem o bom funcionamento da sociedade, a gerente acabou, numa primeira fase, por tomar a decisão de encerrar portas do estabelecimento comercial situado no local a que corresponde a sua sede no final do mês de Setembro de 2014 e, numa segunda fase, já com a com a declaração de insolvência, o outro estabelecimento, em 30 de Abril de 2015, tendo em ambos os casos entregue os imóveis aos seus proprietários. Considerando o que atrás foi exposto, promoveu-se no passado dia 4 de Junho o encerramento antecipado nos termos do artigo 157º do CIRE, fazendo-se cessar o contrato de trabalho do seu único colaborador. III Estado da contabilidade do devedor (alínea b) do nº 1 do artigo 155º do C.I.R.E.) A contabilidade da sociedade encontra-se processada até ao final do mês de Abril de 2015, tendo sido cumpridas as obrigações declarativas daí emergentes. Pela análise que foi feita da contabilidade, tudo indica que esta não reflecte uma imagem verdadeira e apropriada da sua situação patrimonial e financeira. Com efeito, pela análise da informação contabilística constata-se a existência de um saldo devedor na conta Mercadorias Existência Final, reportado a Abril de 2015, que ascende a Euros ,05. De acordo com a Norma Contabilística e de Relato Financeiro nº 18, os inventários devem ser mensurados pelo custo ou valor realizável líquido, dos dois o mais baixo. 4 Página

6 Normalmente é mensurado pelo custo, contudo podem surgir situações, tais como deterioração física, obsolescência, diminuição do preço de venda, ou aumento dos custos que a entidade prevê suportar, em que o custo dos inventários poderá não ser recuperado tendo de o mensurar pelo valor realizável líquido. Assim, é nossa convicção que o valor que a contabilidade da sociedade indica para o stock de mercadorias não respeita aquela Norma Contabilística e de Relato Financeiro, já que tal valor não está em consonância com a obsolescência dos bens. É também nossa convicção que a existência deste saldo resulta da compra, por um valor manifestamente excessivo, do stock de mercadorias do estabelecimento que a sócia possui enquanto era empresária em nome individual. IV Perspectivas futuras (alínea c) do nº 1 do artigo 155º do C.I.R.E.) Por vontade da gerência da sociedade e do Administrador da Insolvência, foi promovido no passado dia 4 de Junho o encerramento antecipado do seu estabelecimento, tendo-se feito cessar o contrato de trabalho do único colaborador da sociedade, o que, por si, evidencia a falta de vontade em propor aos credores um plano de recuperação que preveja a manutenção da actividade. Assim, e considerando ainda que a sociedade insolvente não possui instalações nem colaboradores tendo abandonado o seu giro comercial, deverão os credores deliberar no sentido da ratificação da decisão do encerramento do estabelecimento da sociedade insolvente, bem como pelo encerramento do processo de insolvência dada a situação de insuficiência da massa insolvente (os bens inventariados têm um valor reduzido). Castelões, 8 de Junho de 2015 O Administrador da Insolvência (Nuno Oliveira da Silva) 5 Página

7 (Artigo 153ºdo C.I.R.E.)

8 Inventário (artigo 153º do C.I.R.E.) Relação dos bens e direitos passíveis de integrarem a massa insolvente: Verba Descrição da Verba Valor 1 1 multifunções da marca BROTHER, mod. MFC , cabide; 1 puf de cor azul 15, TV da marca DENVER 5, móveis com 3 gavetas, de cor preta 40, manequins; 3 suportes de pendurados 100, ventoinhas; 1 termo-ventilador 20, lote de roupa de criança constituído por cerca de 300 peças: casacos, saias, t-shirts, malhas, calças, calções, 3 000, máquina de imprimir etiquetas da marca BROTHER, mod. QL , estores de cor castanha; 1 aspirador da marca MOULINEX 5,00 Total dos bens 3 255,00 Os bens inventariados encontram-se na Rua da Boavista, nº 118, freguesia de Silvares, concelho de Lousada ( ) Castelões, 8 de Junho de 2015 O Administrador da Insolvência (Nuno Oliveira da Silva) 1 Página