TÍTULO: A ÉTICA SOCRÁTICA, PLATÔNICA E ARISTOTÉLICA COMO UMA FORMA DE JUSTIÇA EFICIENTE

Transcrição

1 TÍTULO: A ÉTICA SOCRÁTICA, PLATÔNICA E ARISTOTÉLICA COMO UMA FORMA DE JUSTIÇA EFICIENTE CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS SUBÁREA: DIREITO INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO ANHANGUERA DE CAMPO GRANDE AUTOR(ES): LEO DIMMY CHAAR CAJU ORIENTADOR(ES): JANE MARÍ PAIM

2 A ÉTICA SOCRÁTICA, PLATÔNICA E ARISTOTÉLICA COMO UMA FORMA DE JUSTIÇA EFICIENTE CAJÚ, Léo Dimmy Chaar. 1 Resumo O objetivo deste trabalho é pensar em uma Justiça mais eficiente no contexto contemporâneo. Sendo assim, é necessário se remeter a um ideal de justiça mais ligado à ética do que ao poder coercitivo estatal. Neste viés, é fundamental conhecer a ética proposta pela filosofia antiga. Assim, os textos de Platão e de Aristóteles são de fundamental importância para se vislumbrar a possibilidade de uma sociedade ética. Portanto, a leitura e discussão sobre o tema deve ser instigada entre os acadêmicos, para que, assim, se conclua a possibilidade de uma justiça mais eficiente. Introdução A ineficiência no Poder Judiciário brasileiro tem sido tema de frequentes discussões, tanto no âmbito acadêmico, quanto profissional. Muitos buscam a solução em um aumento no tecnicismo, valorizando o Poder Judiciário em si; outros, por sua vez, buscam resolver o problema em sua essência, por meio de uma devida prevenção mediante um agir ético. Sendo assim, por defender que a precaução seria uma maneira mais eficaz de viver justamente, sem aguardar o remédio do Poder Judiciário, fica-se com a hipótese de se discutir se a sociedade acadêmica pensa da mesma maneira. Desta forma, no aspecto preventivo de uma justiça ideal, deve-se pensar em questões mais fundamentais, como um comportamento adequado perante a sociedade, ou seja, um bem agir. É neste sentido que, remontar os textos clássicos da filosofia antiga é de importância fundamental, pois aqueles pensadores tinham um ideal de justiça no seu sentido amplo, não restrito apenas às soluções do Poder Judiciário. É por isso que as apresentações dos textos A República (PLATÃO, 1999) e Ética a Nicômaco (ARISTÓTELES, 1973), para uma posterior discussão acadêmica em sala de aula, são necessárias neste momento de tanta turbulência social. Assim, 1 Acadêmico do 10º Semestre do Curso de Direito do Centro Universitário Anhanguera de Campo Grande.

3 buscar-se-á demonstrar que a justiça não se restringe aos litígios judiciais, mas se liga, antes de tudo, a uma ação ética junto à comunidade. Objetivos Este trabalho tem por objetivo geral: apresentar ao grupo de estudo os textos A República (PLATÃO, 1999) e Ética a Nicômaco (ARISTÓTELES, 1973). Os objetivos específicos são: a. Estudar e discutir os textos ora apresentados em sala de aula; b. Concatenar os escritos com a realidade da Justiça brasileira contemporânea; e c. Pensar a possibilidade de um aperfeiçoamento no ideal de Justiça. Metodologia O método utilizado no desenvolvimento da pesquisa foi a disponibilização das obras A República (PLATÃO, 1999) e Ética a Nicômaco (ARISTÓTELES, 1973), em sua versão original, cópia e digital, para posterior discussão em sala de aula. Sendo assim, em reuniões semanais, o grupo de estudos, com base na proposta de leitura da semana anterior, lia anotações e discutia fatores que poderiam ser aplicados no mundo contemporâneo. Ao final do semestre, apresentar-se-ia propostas conclusivas acerca possibilidade ou impossibilidade de uma efetivação na Justiça contemporânea, com base nos textos platônicos e aristotélicos. Desenvolvimento Para que se atingisse o objetivo, inicialmente, passou-se em todas as salas do Curso de Direito da instituição Centro Universitário Anhanguera de Campo Grande, divulgando o grupo de estudos e a sua proposta, nos turnos matutino e noturno. Deste modo, elencou-se a importância de repensar a justiça contemporânea brasileira com base nos livros A República (PLATÃO, 1999) e Ética a Nicômaco (ARISTÓTELES, 1973), os quais seriam disponibilizados em forma de cópia ou digitalizados.

4 As reuniões se realizariam nas terças-feiras, das 10h30m às 11h30m, momento em que, baseado na leitura do texto estipulado na aula anterior, discutirse-ia as perspectivas do contexto cotidiano. A única exceção feita se deu no primeiro encontro, onde as duas obras foram apresentadas de acordo com as suas características. Além do autor da proposta, compareceram aos três primeiros encontros apenas três acadêmicas do primeiro semestre, que ficaram bastante instigadas na proposta. Nestas reuniões se discutiu os três primeiros livros da obra A República (PLATÃO, 1999), onde, até o sexto encontro, metade do período programático, objetivava-se chegar ao Livro V. Ocorre, entretanto, que as acadêmicas desistiram da proposta, em decorrência de que, em alguns dias, o horário do evento coincidia com atividades acadêmicas. Sendo assim, buscou-se alternativas de horário que forma rejeitadas, pois, as acadêmicas consideraram que o ensino das disciplinas estava rigoroso. Em virtude disto, o autor buscou continuar frequentando a sala de aula do local das reuniões e efetuar os seus estudos de maneira singular, sem perder as esperanças de que aparecesse algum interessado. Mas, desde então, de todas as turmas do Direito da academia, ninguém apareceu. Assim, à primeira vista, pode-se imaginar que o estudo não surtiu nenhum resultado. Todavia, apesar da consequência inesperada, pôde-se chegar a uma conclusão, conforme se exporá no próximo tópico. Resultados Imediatamente, o resultado poderia ser visto como algo frustrante, mas, imaginar que a justiça ideal pode ser construída em uma sociedade por meio da educação, faz com que a reflexão se dê, justamente, em torno do interesse da comunidade em compartilhar esta ideia. Conforme se elencou, de todas as turmas do curso de Direito, apenas três pessoas manifestaram interesse em discutir o tema. Logo, outros tantos, ou não puderam, ou não quiseram participar do evento. Poder-se-ia pensar prematuramente que, se o tema fosse outro, como o relacionado a uma boa prática do Direito Penal ou, até, dicas para passar em concurso público, o quórum seria mais significativo. Talvez este seja o problema de se pensar que um ideal de justiça baseado na ética, um bem agir, poderia resolver parte dos problemas do Poder Judiciário ou da

5 vivência em um país mais justo. Isto porque, sem o conhecimento não há revolução, e o que se percebe no Brasil contemporâneo é que as pessoas estão acostumadas com receitas para a solução de conflito, mas não querem refletir seriamente em alguma forma de se evitar o litígio. É justamente este imediatismo que dificulta a possibilidade da existência de uma sociedade ética. De qualquer maneira, no próximo semestre, buscar-se-á novamente instigar os acadêmicos a discutir acerca da possibilidade de melhorar a eficiência da Justiça brasileira na atualidade. Considerações Finais Seja por um motivo ou outro, para atingir a proposta socrática da República (PLATÃO, 1999), de dizer que um homem justo pode ser feliz desde que viva em uma sociedade justa, ao contrariar seu interlocutor Trasímaco que propunha que os justos são pessoas infelizes, deve-se entender que o justo é algo coletivo, não individual. Portanto, deve-se discutir o que a coletividade quer entender como bem agir, não ficar imaginando individualmente o que é o correto. Este segundo ponto é facilmente imaginável ao pensar que, no dia das eleições, os cidadãos se dirigirão às urnas pensando em votar naquele candidato que vai acabar com os problemas da sociedade, só que, na verdade, o que se tem em mente é que as suas dificuldades individuais são de cunho social, o que nem sempre é verdade. Ademais, observa-se que, por mais que se diga que o ideal de justiça está estampado na letra da lei, fato é que o positivismo jurídico não é a solução para se viver em um mundo justo. Aliás, isto pode se observar na vida cotidiana, tanto no fato de se arquitetar que a positivação de questões controversas irá acabar com os problemas em torno do justo, como pelo simples fato de saber que o direito é dinâmico e a positivação de normas não é capaz de satisfazer a totalidade de questões que a população impõe. Por fim, Aristóteles (1973) defendia que é possível viver em um mundo ético, pois a virtude não é algo imanente ao indivíduo, mas alguma coisa que se constrói, e para se estabelecer é necessário conhecer. Esta é uma possibilidade de se efetivar um Brasil mais justo, de maneira que, a ética deve ser construída nos ditames de um interesse social, não por imposição de políticos que tomam o poder e, ao término de sua eleição, nem se quer veem continuidade às suas boas ideias, quando as tem. A

6 pragmática deve se dar, assim, associando teoria e prática de maneira entrelaçada, logo, é imprescindível apreciar os ensinamentos doutrinários antes de agir. Portanto, só com a mediação intelectual se pode atingir a verdadeira justiça. Fontes Consultadas ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução: Leonel Vallandro e Gerd Bornheim. São Paulo: Abril Cultural, PLATÃO. A República. Tradução: Enrico Corvisieri. São Paulo: Nova Cultural, 1999.