JUSTIÇA ELEITORAL TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO RIO GRANDE DO SUL

Transcrição

1 PROCESSO: PC PROCEDÊNCIA: PORTO ALEGRE INTERESSADO: PAULO ADALBERTO ALVES FERREIRA DEPUTADO FEDERAL 1351 PT Prestação de contas. Eleições Parecer conclusivo e pronunciamento ministerial nos autos pela rejeição. Recebimento de doação proveniente de empresa concessionária de serviço público - fonte vedada (art. 24, III, da Lei n /97). Irregularidade na destinação de sobras de campanha. Inobservância do disposto na Resolução TSE n /10. Falhas graves na demonstração contábil. Desaprovação. A C Ó R D Ã O Vistos, etc. ACORDAM os juízes do Tribunal Regional Eleitoral, por unanimidade, ouvida a Procuradoria Regional Eleitoral e nos termos das notas taquigráficas inclusas, desaprovar as contas prestadas por PAULO ADALBERTO ALVES FERREIRA, determinando a transferência ao Tesouro Nacional de R$ ,00 no prazo de 5 dias a contar da decisão definitiva sobre a demonstração contábil. CUMPRA-SE. Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes Desembargadores Luiz Felipe Silveira Difini presidente - e Marco Aurélio dos Santos Caminha, Drs. Jorge Alberto Zugno, Hamilton Langaro Dipp, Eduardo Kothe Werlang e Desa. Federal Marga Inge Barth Tessler, bem como o douto representante da Procuradoria Regional Eleitoral. Porto Alegre, 09 de dezembro de DR. ÍCARO CARVALHO DE BEM OSÓRIO, Relator.

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3 PROCESSO: PC PROCEDÊNCIA: PORTO ALEGRE INTERESSADO: PAULO ADALBERTO ALVES FERREIRA DEPUTADO FEDERAL 1351 PT RELATOR: DR. ÍCARO CARVALHO DE BEM OSÓRIO SESSÃO DE R E L AT Ó R I O Trata-se da prestação de contas apresentada por PAULO ADALBERTO ALVES FERREIRA, candidato ao cargo de deputado federal pelo PT, referente à arrecadação e ao dispêndio de recursos relativos às eleições gerais de Após análise técnica das peças entregues pelo candidato, a Secretaria de Controle Interno e Auditoria deste TRE emitiu parecer conclusivo pela desaprovação das contas (fls ). Foram os autos com vista à Procuradoria Regional Eleitoral, que opinou pela desaprovação das contas (fls ). É o relatório. VO T O No caso dos autos, o candidato recebeu duas doações da empresa UTC Engenharia S/A, no valor total de R$ ,00, o qual se caracteriza como recurso de fonte vedada, considerando que a empresa em questão é concessionária de serviço público, nos termos do art. 24, III, da Lei n /97: Art. 24. É vedado, a partido e candidato, receber direta ou indiretamente doação em dinheiro ou estimável em dinheiro, inclusive por meio de publicidade de qualquer espécie, procedente de: (...) III - concessionário ou permissionário de serviço público. Conforme descrição constante no site da empresa ( a UTC atua nos segmentos de produção e processamento de petróleo e gás, petroquímica, geração COORDENADORIA DE SESSÕES 3

4 de energia, siderurgia, papel e celulose, metalurgia, construção e manutenção industrial. Como se pode verificar pelos documentos trazidos aos autos pelo Ministério Público Eleitoral, a empresa UTC Engenharia S/A é concessionária de exploração e produção de petróleo, conforme lista de concessões do mencionado serviço obtida no sítio da Agência Nacional do Petróleo na internet (fl.128), possuindo 6 contratos de concessão de exploração na Bacia Potiguar, de acordo com informação do Superintendente de Exploração da ANP (fl. 131). Evidencia-se, portanto, que a empresa em questão é concessionária de serviço público. Cumpre referir que, para fins eleitorais, pouco importa que a empresa obtenha a concessão de um serviço público propriamente dito ou de uma atividade econômica da qual a União possui o monopólio. Sendo a exploração de petróleo uma atividade conferida com exclusividade ao ente público pelo artigo 177 da Constituição Federal, quem exerce sua atividade mediante concessão enquadra-se na figura contemplada no art. 24, III, da Lei n /97. Assim, está caracterizado o recebimento, pelo candidato, de verbas provenientes de fonte vedada, com base no art. 15, III, da Resolução n /10, o que leva à desaprovação das contas e à obrigação de transferência do valor utilizado ao Tesouro Nacional até 5 dias após o julgamento definitivo das contas, nos termos do art. 15, 1º e 2º, da supracitada resolução. Ainda, foi constatado pelo órgão técnico desta Casa que o candidato realizou doação no valor de R$ ,11 à campanha da candidata Nilvia Pinto Ferreira no dia , após realizadas as eleições proporcionais. Considerando que houve perfeita correspondência entre os recursos arrecadados e os gastos realizados após a mencionada doação, resta evidente que tal valor caracteriza-se como sobra de campanha, definida no art. 28, I, da Resolução n /10, como a diferença positiva entre os recursos arrecadados e os gastos realizados em campanha e que, como tal, deveria ser transferida à respectiva direção partidária, conforme determina o art. 27 do mencionado diploma: COORDENADORIA DE SESSÕES Proc. PC Rel. Dr. Ícaro Carvalho de Bem Osório - Sessão de

5 Art. 27. Se, ao final da campanha, ocorrer sobra de recursos financeiros, bens ou materiais permanentes, em qualquer montante, esta sobra deverá ser declarada na prestação de contas e comprovada, também neste momento, a sua transferência à respectiva direção partidária ou à coligação, neste caso para divisão entre os partidos políticos que a compõem. Dessa forma, identifica-se que foi dada à sobra de campanha uma destinação diversa daquela determinada pela Resolução n /10, dando ensejo, também, à desaprovação das contas. Em conclusão, e com fundamento nas razões expostas, voto pela desaprovação das contas de PAULO ADALBERTO ALVES FERREIRA relativas às eleições gerais de 2010, com fulcro no art. 39, III, da Resolução TSE n /10, determinando a transferência do valor de R$ ,00 ao Tesouro Nacional no prazo de 5 dias contados do julgamento definitivo das contas. (Todos de acordo.) D E C I S Ã O Por unanimidade, desaprovaram as contas, determinando a transferência do valor de R$ ,00 ao Tesouro Nacional no prazo de 5 dias a contar da decisão definitiva sobre a demonstração contábil. COORDENADORIA DE SESSÕES Proc. PC Rel. Dr. Ícaro Carvalho de Bem Osório - Sessão de