TERMO DE CONCLUSÃO DECISÃO-MANDADO

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1 fls. 25 TERMO DE CONCLUSÃO Aos 07 de junho de 2016, eu, conclusos ao MM. Juiz de Direito Dr. Kenichi Koyama., escrevente técnico, faço estes autos DECISÃO-MANDADO Processo nº: Interdito Proibitório Requerente: USP - Universidade de São Paulo Requerido: Sindicato dos Trabalhadores da Universidade de São Paulo - Sintusp e outro Juiz(a) de Direito: Dr(a). Kenichi Koyama VISTOS. Trata-se de Interdito Proibitório movido por USP - Universidade de São Paulo em face de Sindicato dos Trabalhadores da Universidade de São Paulo - Sintusp e outro na qual se narra ser proprietária do imóvel em que se encontra instalada a Cidade Universitária "Armando de Salles Oliveira" e que os réus vem mobilizando servidores e alunos para adesão à greve. Somou que conforme o Boletim nº 63, no dia 06/06/2016, foi realizada assembleia geral no SINTUSP, que decidiu pela realização de um "trancaço total" para as 5h da manhã do dia 09/06/2016, a fim de fechar os portões do Campus e bloquear o acesso ao mesmo. Soma que tal bloqueio prejudica de maneira significativa as atividades da universidade, haja vista que a greve deflagrada é parcial e consequentemente há vários outros órgãos com atividades normais, além do transtorno para a população que transita em torno da Universidade e em toda a Zona Oeste da cidade. Salientou que em 03/06/2016 os réus já conseguiram realizar o trancamento da Portaria 01/Portão, situado na Rua Alvarenga, uma das principais vias de acesso ao Campus Butantã pela Marginal do Rio Pinheiros, causando transtornos para todo o entorno. Argumenta-se que: a) a pretensão não visa restringir o direito à greve, mas sim a proteção da posse de bem público; b) que os requisitos da para a concessão da tutela inibitória, ora justo receio e posse do imóvel, estão presentes no caso, nos termos dos art do Código Civil e do art. 567 do Novo Código de Processo Civil. Por isso pede que seja concedido liminarmente mandado proibitório com previsão de multa pecuniária diária para que os réus se abstenham de impedir a livre circulação de pessoas no imóvel da autora, impedindo o referido "trancaço geral", bem como outros possíveis e futuros atos que tenham o mesmo sentido de obstrução da circulação e das atividades. Ao final, pretende que seja confirmada a liminar e julgada Processo n Página 1 de 5.

2 fls. 26 procedente a ação. Dado o pedido de urgência, examino. Com efeito, o artigo 567 do CPC prevê: O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser molestado na posse poderá requerer ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório em que se comine ao réu determinada pena pecuniária caso transgrida o preceito. Tem-se, portanto, no interdito, uma possessória, na qual a turbação ou esbulho existe pela prática de ato por parte de terceiros contra a vontade do possuidor, perturbando-lhe o gozo da coisa possuída, embora sem dela desapossá-lo. Os seus requisitos são enumerados no art. 561 do CPC: Incumbe ao autor provar: I - a sua posse; II - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu; III - a data da turbação ou do esbulho; IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a perda da posse, na ação de reintegração. In casu, o autor pretende interdito proibitório, medida, pois, adequada de ação possessória quando ainda não houve agressão à posse, mas tão somente ameaça. Disso resulta que a ameaça que dá ensejo ao interdito proibitório é a séria, que provoque temor fundado de agressão injusta à posse. Da análise do caso sub judice, em cognição proeminal, nota-se que preenchidos os requisitos para o interdito proibitório, na medida em que o Boletim nº. 62 e 63 SP 06/06/2016 e 07/06/2016 do Sindicato dos Trabalhadores da USP deliberou, dentre outros encaminhamentos, pela realização de "Trancaço Total da USP" Estadual no dia 09/06/2016, quinta-feira, às 5:00h no qual haverá o "trancaço dos 3 portões" (fls. 11/14). Vê-se, pois, que além da deliberação do Sindicato sobre o trancamento dos portões, a greve da USP é notória e conhecida de todos os paulistanos, ultrapassando-se 25 dias. Demais disso, já houve o "trancaço" do portão 1 da USP (fls. 13). Assim, tem-se que o deliberado realmente poderá ocorrer de modo a haver agressão injusta e séria à posse da autora se não coibido antecipadamente. Vale dizer que não se está a proibir a realização da greve - até mesmo porque é um Processo n Página 2 de 5.

3 fls. 27 dos direitos constitucionais conquistados pelo cidadãos após anos de opressão -, todavia, manifestações violentas, independentemente das razões dos trabalhadores, aniquilando o direito de ir e vir, realizando piquetes ou ameaças, com manejo de cadeados nos portões e colocando móveis visando obstruir o acesso dos demais funcionários e estudantes não pode ser admitida como instrumento de diálogo. A greve é uma paralisação pacífica do trabalho. Se é certo que o movimento paredista é direito constitucional garantido a qualquer trabalhador, inclusive servidores públicos, não menos certo é que esse tipo de manifestação encontra limites dentro de nossa ordem jurídica, não se legitimando atos violentos contra quem quer seja e contra bens; tampouco legitima o direito de reivindicação, a tomada da posse de bens pertencente àquele contra quem a reivindicação é direcionada. Não pode ser confundido com direito de greve o incentivo e a participação na invasão de propriedades públicas ou particulares com conseqüente turbação ou esbulho. Tampouco serve de greve, atos que coíbam terceiros desinteressados no dito movimento. Vale dizer: aos grevistas, a greve, mas a todos os demais, que exerçam seus próprios direitos, incluído aí se quiserem, funcionamento dos demais órgãos não aderentes ao movimento paredista. Caso isso aconteça, estes atos podem e devem ser cortados pelo uso dos meios previstos pelo Código Civil e Código de Processo Civil. Isso posto, presentes os requisitos da ação possessória, no caso, interdito probitório, DEFIRO MANDADO PROIBITÓRIO LIMINAR, impedindo os corréus de proceder ao "trancaço geral" dos portões da Universidade, assim como para proibir todos os atos que tenham o mesmo sentido de obstrução da circulação e das atividades, ainda que venham a ser executados em prédios ou setores específicos da atividade administrativa ou educacional. A ordem de proibição cabe inclusive em outros dias e horários, considerando que se trata de ação declaratória. Para a hipótese de descumprimento, fixo multa diária de R$ ,00 (dez mil) reais, limitada ao teto de R$ ,00 (um milhão de reais) em face dos Sindicatos dos Trabalhadores da Universidade de São Paulo (SINTUSP) e do Diretório Central dos Estudantes Livres (DCE USP). Assento, inclusive, que o valor da multa é consentâneo com a dimensão do direito e do funcionamento da atividade pública, assim como, proporcional aos interesses coletivos da sociedade, e da comunidade de usuários e funcionários, difusos e dispersos, que não tenham aderido à greve. Eventual desproporcionalidade - se ocorrer - somente será consequência da inobservância da ordem, ou seja, diretamente correlata à conduta dos corréus. Fixo ainda que na Processo n Página 3 de 5.

4 fls. 28 conformidade do artigo 537, 1º, do Código de Processo Civil, mesmo que se venha mais tarde a entender pelo excesso de multa, a lei somente permite revisão dos valores VINCENDOS e não dos valores vencidos, de modo que advirto desde logo que a multa vencida constituirá débito de pleno direito em favor da autora. Deixo ainda de designar audiência de conciliação, porque as regras especiais previstas entre os artigos 554 e 568 do Código de Processo Civil preveem expressamente que se admitida a tutela provisória, o réu é citado para desde logo oferecer contestação (artigo 564 do CPC), o que difere da sistemática do procedimento comum, cujo rito prevê a contestação contada a partir da audiência de conciliação, regra geral. Assim, diante da regra expressa de citação e contestação, observo procedimento especial. Cite-se o(a) réu(ré) Sindicato dos Trabalhadores da Universidade de São Paulo - Sintusp e outro, na pessoa de seu representante legal, no endereço acima indicado, para os atos e termos da ação proposta, cientificando-o(a) de que não contestado o pedido no prazo de 15 (quinze) dias úteis (artigo 364 do CPC), presumir-se-ão verdadeiros os fatos alegados pelo(s) autor(es), nos termos do artigo 344 do Código de Processo Civil. Cumpra-se, com URGÊNCIA na forma e sob as penas da Lei, servindo esta decisão como mandado. Int. São Paulo, 07 de junho de Kenichi Koyama Juiz de Direito Documento Assinado Digitalmente PARA ACESSO, SENHA SEGUE ANEXA COMO PARTE INTEGRANTE. *Para produzir defesa é imprescindível a presença de advogado legalmente habilitado. As audiências deste Juízo realizamse no Fórum do Viaduto Dona Paulina, nº 80-7º andar - CEP Processo n Página 4 de 5.

5 fls. 29 ITENS 4/5 DO CAPÍTULO VI DAS NORMAS DE SERVIÇO DA E.CORREGEDORIA GERAL, TOMO I Nos termos do Prov. 3/2001 da CGJ, fica constando o seguinte: 4. É vedado ao oficial de justiça o recebimento de qualquer numerário diretamente da parte As despesas em caso de transporte e depósito de bens e outras necessárias ao cumprimento de mandados, ressalvadas aquelas relativas à condução, serão adiantadas pela parte mediante depósito do valor indicado pelo oficial de justiça nos autos, em conta corrente à disposição do juízo Vencido o prazo para cumprimento do mandado sem que efetuado o depósito (4.1.), o oficial de justiça o devolverá, certificando a ocorrência Quando o interessado oferecer meios para o cumprimento do mandado (4.1.), deverá desde logo especificá-los, indicando dia, hora e local em que estarão à disposição, não havendo nesta hipótese depósito para tais diligências. 5. A identificação do oficial de justiça, no desempenho de suas funções, será feita mediante apresentação de carteira funcional, obrigatória em todas as diligências. Texto extraído do Cap. VI, das Normas de Serviço da Corregedoria Geral de Justiça. Advertência: Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxilio: Pena detenção, de 2 (dois) meses a 2 (dois) anos, Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela: Pena detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa. Texto extraído do Código Penal, artigos 329 caput e 331. DILIGÊNCIA (Órgãos Pagadores):?Fazenda Estadual?Fazenda Municipal OUTRAS DILIGÊNCIAS:? Gratuidade? GRD? do Juízo Oficial: Carga: Data: Baixa: Processo n Página 5 de 5.