USO E OCUPAÇÃO DO SOLO E ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS NA ILHA DO MARANHÃO
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- Eugénio de Abreu Figueiroa
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1 USO E OCUPAÇÃO DO SOLO E ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS NA ILHA DO MARANHÃO Yata Anderson Gonzaga Masullo PPDRS/UEMA//IMESC yanderson3@hotmail.com Maurício Eduardo Salgado Rangel Universidade Federal do Maranhão - UFMA mauricio.rangel@ufma.br O CLIMA DAS CIDADES RESUMO As alterações na dinâmica da paisagem nas zonas costeiras devem ser avaliadas de maneira mais específica, correlacionando a especulação imobiliária, com o consequente processo de verticalização e a falta de planejamento para o uso e ocupação do solo. Os municípios da Ilha do Maranhão, é um exemplo deste processo desordenado de evolução e expansão urbana deflagrado nas últimas décadas, e acelerado pelos grandes investimentos instalados na região. O presente trabalho vem com o objetivo de analisar a influência do processo de urbanização sobre os aspectos sociambientais de São Luís - MA, dando ênfase no sistema de uso e ocupação do solo e nas alterações climáticas. Entre 1992 e 2010 houve intensos processos de urbanização, assim pretedemos correlacionar os mapas de ocupação e de temperatura, para compararmos os dados analisamos o avanço da urbanização e suas implicações e impactos ao ambiente o processamento imagens do Landsat 5TM 1992 e 2010 órbita/ponto 220/62, cedidas pelo INPE, fornecidas em geotiff, as imagens possuem as bandas 3, 4, 5e 6. Assim temos a oportunidade de monitorar as situações de risco e dos problemas urbanos, além de correlacionar uma série de indicadores que influenciam no processo de periferização e urbanização das cidades. Palavras-Chaves: SIG s, Alterações Climáticas e Ocupação do Solo ABSTRACT The changes in landscape dynamics in coastal areas should be evaluated more specifically, correlating property speculation, with the consequent process of vertical integration and lack of planning for the use and occupation of land. The municipalities of the island of Maranhao, is an example of this process of evolution and disorderly urban expansion triggered in recent decades, and accelerated investment by large installed in the region. This work is aimed at analyzing the influence of urbanization on aspects environmental São Luís - MA, with emphasis on system use and land cover and climate change. Between 1992 and 2010 there was intense urbanization processes, so We intend to correlate the occupancy maps and temperature, we analyzed the data to compare the progress of urbanization and its implications and impacts to the environment processing Landsat 5TM 1992 and 2010 orbit / point 220 / 62 provided by INPE, supplied in geotiff, the images have bands 3, 4, 5and 6. Thus we have the opportunity to monitor risk situations and urban problems, and to correlate a series of indicators that influence the process of urbanization and peripheries of cities. Key Words: GIS, Climate Change and Land Use. 663
2 1 INTRODUÇÃO O homem não cria por completo um novo ambiente natural, ele introduz elementos novos que dependendo da situação podem alterar pouco ou significativamente a paisagem. Quando se altera a estrutura, se entende que o homem passa a ter um importante papel na modificação das características naturais, este processo se conhece como transformação antropogênica consistindo nas mudanças de estrutura e dinâmica, tendo como resultado a construção da paisagem antropo-natural (MILKOV, 1973). As transformações proporcionadas pela sociedade impõem as cidades aspectos positivos e/ou negativos ao funcionamento e desenvolvimento das mesmas. O crescimento desordenado das cidades criou regiões com elevada densidade populacional e com grande deficiência em diversas escalas de análise. Neste contexto, o sistema urbano adquire um elevado grau de complexidade, cujos elementos e funções estão estreitamente correlacionados (RIBEIRO; VARGAS, 2004). Os constantes impactos ambientais tendem a provocar problemas sérios em áreas urbanizadas, e principalmente em ambientes com grande suscetibilidade como as zonas costeiras que acabam por representar uma importante opção de lazer e de atividade econômica. É sabido que os crescentes transtornos que são registrados justamente na interface entre litoral e oceano, em grande parte acabam sendo provocados por intervenções do homem ao meio (CUNHA e GUERRA, 2002). A capital do Maranhão, é um exemplo deste processo desordenado de evolução e expansão urbana deflagrado nas últimas décadas, e acelerado pelos grandes investimentos instalados na região. Os impactos provocados foram significativos na sua dinâmica socioespacial, como conseqüência da ocupação desordenada, tem-se a ocorrência de erosão (provocada pelas águas do escoamento superficial), os escorregamentos nas encostas dos morros (que também comprometem seriamente a infra-estrutura existente), e a formação de microclima especifico (desenvolvido pelo processo de urbanização na área), a retirada de matas ciliares, a remoção das dunas, além do aumento da contaminação da água pelos resíduos sólidos e líquidos, além da periferização de extensas áreas, bem como a ampliação dos aglomerados subnormais e a consequente exclusão de grande parte da população aos serviços básicos. Essa dinâmica fez com que, a população da ilha, que contava com apenas 50 mil habitantes no ano de 1940, apresentas-se uma explosão demográfica de 243,5% em 1970 (passou para 124 mil habitantes). Já em 1996, a população da ilha já contava com 941 mil habitantes, sendo que 781 mil concentravam-se na capital do Estado. De acordo com os resultados do Censo Demográfico do IBGE realizado em 2000, a população da ilha era de aproximadamente mil habitantes e, destes, 866 mil residiam em São Luís. Atualmente o município conta com um pouco mais de 1 milhão de habitantes, indicando que o aumento populacional no período analisado levou a uma ininterrupta incorporação de espaços (DIAS, 2005 apud MASULLO, 2010). 664
3 Desta forma o presente trabalho vem com o objetivo de analisar a influência do processo de urbanização sobre os aspectos sociambientais de São Luís - MA, dando ênfase no sistema de uso e ocupação do solo e nas alterações climáticas do município, utilizando técnicas de inferência e análise de dados espaciais em imagens de sensor remoto entre os anos de 1992 e Assim temos a oportunidade de monitoramento e avaliação da distribuição espacial de situações de risco e dos problemas urbanos, além de correlacionar uma série de indicadores que influenciam no processo de periferização e urbanização das cidades. 2 METODOLOGIA Na elaboração do estudo leva-se em consideração os processos históricos que levaram aos problemas socioambientais analisados, para tanto, utilizamos uma abordagem qualitativa alicerçada por técnicas do Sistema de Informação Geografico - SIG s relacionados ao crescimento da urbanização e as alterações climáticas deflagradas. O trabalho foi fundamentado em pesquisa com base de fontes secundárias. Dentre as fontes consultadas, estão o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos (IMESC), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), as Secretarias Estaduais e Municipais do Estado do Maranhão. Correlacionamos os mapa de ocupação e de temperatura, para compararmos os dados relativo ao avanço da urbanização e suas implicações e impactos ao ambiente e a população, considerando uma série histórica que corrobora com o período de maior investimento na região de estudo, onde foi intesificado a eliminação de grande parte da cobertura vegetal para estruturação de vias e diversas edificações. Assim sistematizamos o processamento de imagens do Landsat 5TM 1992 e 2010 órbita/ponto 220/62, cedidas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais INPE, onde em cada cena comporta uma área de 185 x 185km, fornecidas em geotiff, as imagens possuem as bandas 3 (vermelhor), 4 (infravermelho próximo) e 6 (infravermelho termal). Na elaboração dos mapas, foram obtidas junto ao IMESC a base cartográfica da Ilha do Maranhão, associada a base dos municípios do IBGE. Assim, foi possível a confecção de mapas temáticos e o processamento dos dados. Durante o desenvolvimento da pesquisa foram utilizados os seguintes softwares: EXCEL 2007 e Arc Info USO E OCUPAÇÃO DO SOLO SÃO LUÍS MA O município de São Luís é um exemplo claro deste processo, abarcando uma série de áreas consideradas periféricas, originadas por questões históricas e pelo modo de produção. Esta realidade é condicionada pelas políticas habitacionais promovidas pelo Estado, indo de encontro com preferências e determinações das classes dominantes. 665
4 O Estado do Maranhão é dividido em 21 Regiões de Planejamento, a capital São Luís situa-se na Região de Planejamento da Ilha do Maranhão, encontrando-se na zona costeira maranhense, nas coordenadas 02º22 23 e 02º51 00 Lat. Sul; 44º26 41 e 43º59 41 de Long. Oeste, como pode ser observado no Mapa 1 (IMESC, 2011). Mapa 1: Mapa de Localização da Ilha do Maranhão Parte-se aqui do princípio que a sociedade interfere nas diversas paisagens e ambientes do planeta, transformando-os segundo as suas próprias necessidades, implicando num conjunto de modificações diferenciadas no decorrer da (re)produção do que se concebe como espaço geográfico, isto é, do local ao global, em que as escalas de atuação e análise de eventos são fatores condicionantes para um bom diagnóstico das influências antropogênicas. Estas transformações, ao contrário daquelas decorrentes da própria dinâmica natural da terra, se desenvolvem durante um curto intervalo de tempo (DIAS; NOGUEIRA JÚNIOR, p. 08). O rápido crescimento populacional pelo qual estão passando os municípios da Ilha e principalmente São Luís acarreta o aumento da ocupação desordenada responsável pelo surgimento de variados problemas de ordem ambiental, estético, sócio-econômico ou urbano (SANTOS, 1996). Este processo de ocupação se deu de forma mais intensificada nas últimas décadas. Em estudo realizado, Bahiana (1983 apud SILVA 1995) afirmou que o padrão da localidade é 666
5 caracterizado por semicírculos e círculos, definido por um conjunto de distritos localizados em torno do centro produtivo, apresentando altas taxas de crescimento demográfico. Segundo Silva (1995), São Luís na década de 1950 possuía um corredor de ocupação, o corredor Centro Anil, já nos anos 1960 houve a implantação da barragem do Bacanga e de duas pontes sobre o rio Anil, adivindas da necessidade de ocupação destes territórios, isso possibilitou uma migração populacional, fazendo com que a população se dirigi-se para os setores oeste e norte e, mais tarde, a leste margeando o rio Anil, atualmente esta ocupação se passa para os municípios São José de Ribamar e Paço do Lumiar, sendo estas transformadas em áreas periféricas de São Luís. A expansão urbana, não foi originada apenas pela construção de avenidas ou pontes, mas pela necessidade das classes dominantes de circulação e deslocamento, isto somado a grandes projetos industriais instalados na Ilha do Maranhão, a exemplo da ALUMAR e VALE (antiga CVRD) partes integrantes do Programa Grande Carajás, que transformaram a região em um pólo de atração de mãode-obra para as mesmas e para inúmeras empreiteiras, culminando com o agravamento dos problemas urbanos. (SANTOS, 1993 apud SAMAS ENGENHARIA AMBIENTAL, 2001). Este padrão de desenvolvimento marginalizou determinados bairros e elitizou outros, criando um corredor de ocupação para áreas como Renascensa Calhau, deslocando o centro produtivo da cidade, dando assim origem a regiões com déficit de serviços básicos como segurança pública, abastecimento de água, coleta de lixo, esgoto e saúde de qualidade. Os grandes aglomerados urbanos formam-se a partir de um modelo urbano desigual, e junto com os centros urbanos advém também a desigualdade socioespacial, verificada mais nitidamente com a expansão das periferias urbanas, expressadas na segregação de serviços, e na hierarquização das cidades em rede. 4 DINÂMICA DA PAISAGEM E IMPACTOS AMBIENTAIS As alterações na dinâmica da paisagem nas zonas costeiras devem ser avaliadas de maneira mais específica, correlacionando a especulação imobiliária, com o consequente processo de verticalização e a falta de planejamento para o uso e ocupação do solo. Como consequência da ocupação desordenada tem-se a ocorrência de erosão (provocada pelas águas do escoamento superficial), os escorregamentos nas encostas dos morros (que também comprometem seriamente a infra-estrutura existente), e a formação de microclima especifico (desenvolvido pelo processo de urbanização na área), a retirada de matas ciliares, a remoção das dunas, além do aumento da contaminação da água pelos resíduos sólidos e líquidos. A interferência urbanas são elementos importantes para a definição dos graus de intervenção e também para a caracterização dos novos processos geomorfológicos gerados a partir das atividades humanas no meio físico. Nesse sentido, a tipologia e o grau de intervenção urbana na morfologia original auxiliam, segundo Lima (1990), compreensão dos fatores que definem os novos processos morfodinâmicos. As 667
6 intervenções antrópicas são geradas para se obter superficies planas para posterior incremento topográfico por construções ou edificações. Essas intervenções implicam basicamente em corte e/ou aterros desenvolvidos na morfologia original, provocando o remanejamento dos materiais superficiais (FUJIMITO, 2008, p. 97) Durante o processo de urbanização os vazios urbanos sejam áreas vegetáveis, bosques, nascentes de rios ou manguezais são convertidos em áreas de superfícies impermeáveis, relutando no aumento do volume do escoamento superficial e da carga de poluentes, culminando com a diminuição do tempo de concentração e superfícies hidráulicas mais lisas. Tal fato tem influência no aumento da vazão do runoff nas bacias hidrográficas, na magnitude e na frequência dos alagamentos, na erosão do canal e no aumento da geração de sedimentos alterando o regime da temperatura da área, além de provocar a redução na infiltração do lençol freático com picos mais altos de alagamentos e fluxos d água mais baixos com maiores quantidades de resíduos não tratados aumentando a poluição, tudo isso como resultado do desenvolvimento urbano (ARAÚJO et.al, 2007). Segundo afirmações de Douglas (1983); Fujimoto (2008) as novas formas de relevo acabam por ser criadas em áreas urbanas através da acumulação de detritos urbanos ou pela extração de materiais que são denominadas de formas de relevo por acumulação ou formas de relevo por remoção, decorrentes das intervenções urbanas que foram classificadas em formas construídas podendo ser formadas por processos de retirada e/ou acumulação de materiais, e as formas induzidas podem ser formadas por processos de saída destes ou por meio de deposição. As alterações antrópicas sobre as formas de relevo proporcionam, em linhas gerais, uma diminuição do escoamento superficial difuso, do escoamento subsuperficial, da infiltração e intensificação do escoamento superficial concentrado. Este material remanejado pelas alterações tanto antrópicas quanto naturais é transportado, para outras unidades de vertentes Este processo causa o aumento da quantidade de poluentes, o runoff urbano contém níveis altos de organismos que podem provocar deterioração de corpos d água assim como de fontes de água potável, estes podem variar desde matéria orgânica comum até metais altamente tóxicos, como inseticidas e fertilizantes ou mesmo descargas de automóveis, estas atividades influenciam de forma direta e indireta a dinâmica ambiental. Com a pavimentação e impermeabilização de ruas e calçadas, o fluxo do escoamento superficial aumenta já que o mesmo é gerado quando a capacidade de infiltração é menor que a intensidade do fluxo d água. Assim o referido fluxo é canalizado em pequenas incisões no solo que podem erodir e evoluir para pequenos canais chamados de ravinas, e eventualmente, coalescer em canais maiores e mais profundos chamados de voçorocas (GUERRA, 2007). Outro efeito do processo citado, é que as cidades terminam por desenvolver temperaturas maiores do que as áreas circunvizinhas mais vegetadas. O ar destas regiões é aquecido pela radiação solar, pela combustão comercial e doméstica, pelo uso da eletricidade e mesmo pelo metabolismo dos habitantes, entre outros fatores. A massa de edifícios, asfalto e demais construções urbanas são 668
7 reservatórios de calor que provocam o aumento da temperatura, modificando a pressão atmosférica e a circulação do ar (PATUSSI, 2004). Segundo MOLION (2008), a estabilidade do clima da terra resulta do balanço entre o fluxo de raios de ondas curtas (ROC) absorvidos pelo planeta e fluxo de raios de ondas longas (ROL) emitido para o espaço (ROC = ROL), sendo assim o aquecimento do clima ocorre pela redução do albedo planetário (aumento do ROC) ou pela intensificação do efeito estufa (diminuição do ROL), sem esquecer a evaporação dos solos e da superfície da água somado a transpiração das plantas (evapotranspiração) que influencia no processo, amenizando o calor radiado na área, com isso a mudança da cobertura da superfície, de campos com vegetação para asfalto e concreto, reduz a evapotranspiração, sobrando assim calor para aquecer o ar próximo da superfície, aumentando a temperatura e adicionado ao calor liberado pelos veículos e pelos edifícios aquecidos forma o efeito de ilhas de calor que possibilita grandes variações de temperatura nos centros urbanos. 4.1 OCUPAÇÃO E ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS NA ILHA DO MARANHÃO Para monitorar e analisar o aumento do uso e ocupação do solo na região, utilizamos o método de classificação não supervisionada do software Arc Gis 9.3, desta forma foi possível calcular o crescimento urbano e a consequente diminuição da vegetação na ilha. Nesse processo, foram utilizadas as imagens do satélite Landsat 5TM, com órbita/ponto 220/62 de 1992 e No caso específico da Ilha, foram utilizadas duas camadas - uma para identificar a área com vegetação e a outra para a identificação da área ocupada e solo exposto. Entende-se como área ocupada e solo exposto, a região antropizada sem vegetação influenciada pelo processo de urbanização, excluindo ambientes dunários e lacustres (Mapa 02). 669
8 Mapa 02: Comparativo de ocupação da Ilha do Maranhão Após anos de intensos processos de urbanização, resultado do crescimento dos grandes projetos econômicos, expansão imobiliária, aumento das ocupações desordenadas, exploração mineral e vegetal entre outros usos, ocasionou uma perda de vegetação de 25%, aproximadamente. Analisando o aumento de área ocupada e solo exposto da Ilha, São Luís foi o município com menor porcentagem dessa área (55%), tendo em vista que boa parte do seu território já havia sido ocupada ao longo dos seus 400 anos de existência. Essa demanda populacional estendeu-se para os outros municípios provocando crescimento desordenado. Como exemplo, pode ser citado o Paço do Lumiar que em 20 anos obteve o crescimento de área de ocupação e solo exposto equivalente a 380%, seguido por São José de Ribamar 160% e Raposa com crescimento de 60%. Tais informações podem ser comprovadas quando da análise das taxas de desflorestamento por município, com destaque para Paço do Lumiar que apresentou um significativo aumento em torno de 120%, em 8 anos, seguido de São Luís com mais de 60% de crescimento no mesmo período. Este processo ocupação deu origem a expansão da urbanização na localidade de estudo, funcionando em determinados casos como obstáculo a circulação dos ventos e brisas marítimas. Este sistema interfere na dinâmica natural do ambiente, além de estabelecer alterações na insolação, o que implica na geração de sombras e no aquecimento diferenciado da superfície. Desta maneira, a 670
9 urbanização, principalmente sem planejamento, altera a dinâmica da paisagem da área, a exemplo do microclima, uma vez que proporciona significativas interferências no comportamento de variáveis como a insolação, a temperatura, ventilação e umidade, entre outras. O estudo do Conforto Térmico, na perspectiva geográfica, está diretamente ligado às alterações no balanço de energia que ocorrem na cidade em virtude da substituição da paisagem primitiva do local pelos materiais constituintes da estrutura urbana, e que interferem nas variáveis climáticas do conforto humano (temperatura, umidade, radiação, ventos), procurando avaliar sob que condições termo-higrométricas o organismo humano encontra-se em equilíbrio com o meio (VICENTE, 2002, p.08). Devido aos elementos urbanos acrescentados à paisagem pelo homem, os valores mais elevados de temperatura do ar são, na maioria dos casos, registrados no Centro da cidade. Com menos vegetação que seus arredores, o centro acaba tendo uma menor umidade do ar em consequência da maior temperatura, que provoca área de baixa pressão, atraindo o ar da periferia para o centro intraurbano (MAPA 03). 671
10 Mapa 03: Comparativo da Temperatura da Ilha do Maranhão entre os anos de 1992 e Com a utilização da banda 6 do canal termal, do sensor do TM/Landsat-5 com resolução espacial de 120m, foi possível calcular o calor emitido em temperatura aparente de superfície. Desta forma comparando as imagens de 1992 e 2010, podemos perceber nitidamente a expansão das ilhas de calor, determinando o predomínio de temperaturas entre 33 e 37 em todos os municípios analisados. Este fenômeno pode ter sido gerado por fatores como a diminuição da vegetação, ocasionada pelo avanço do processo de urbanização que traz consigo o aumento de edificações, a partir da especulação imobiliária, além da ampliação da malha viária com as vias pavimentadas. Comparando os mapas, podemos connsiderar que a expansão da ocupação tanto em São Luís quanto nos demais municípios, direciona e influencia diretamente o microclima da região, formando ilhas de calor com altas temperaturas na zona urbana e rural. É preciso frisar o aumento da ocupação do solo, direcionada para o setor norte da Ilha, incoporando áreas de alto padrão e também em localidades tidas como periféricas, principalmente na zona rural de São José de Ribamar, São Luís e na zona urbana de Paço do Lumiar com a grande ampliação da concentração populacional em bairros como Maiobão e na própria capital maranhense como Santa Rosa, Parque Vitória, Cidade Olímpica, Janaína, Jardim América e outros. 672
11 5 CONSIDERAÇÕES A Ilha do Maranhão passou por intensas transformações nas últimas décadas, com os grandes investimentos apontados no estudo. Este sistema gerou grandes impactos ambientais a região como a perda de 25% da vegetação de toda a área, proporcionando o assoreamento de rios, elevação da temperatura e o aumento poluição nas praias por resíduos solídos e líquidos. A partir da retirada e do incremento de elementos na paisagem da área, houve a criação de um sistema de causa e efeito, onde podemos descrever as ações e os impactos gerados pelas atividades humanas seguindo estágios: A eliminação de grande parte da cobertura vegetal para estruturação das vias pavimentadas e moradias proporciona mudanças na geometria das encostas, aumentando sua declividade e desprotegendo as mesmas da ação direta de agentes climáticos, resultando no aumento da temperatura através da expansão de ilhas de calor por toda a região tanto área urbana como na rural; O aumento da malha viária corta e direciona os fluxos hídricos, gerando diferentes padrões de drenagem, as ruas passam então a canalizar e redirecionar o fluxo para setores diferentes diminuindo ou intensificando o escoamento superficial; Este sistema de retirada da vegetação e a ampliação de vias pavimentadas e edificações, impermeabiliza o solo, mudando sua dinâmica tanto na superficie quanto em profundidade, dificultando a infiltração da água assim como a circulação de ar no solo; Um cenário de preocupações e inquietações, de dimensão planetária, formou-se nas últimas décadas, em face das possíveis implicações, derivadas da relação ambiente/sociedade sobre a qualidade de vida humana num futuro próximo. Desta forma, entende-se que os resultados trazem a possibilidade de avaliação das ações e maior entendimento do sistema desigual de urbanização que modelamos. Os processos se manifestam em escala local, regional e global, gerando fenômenos de alta complexidade, que apontam importantes desafios à compreensão e gestão de variados problemas a eles associados. Os fenômenos aqui percebidos, apresentam questões que demandam melhor conhecimento de suas configurações geográficas, levando-se em conta a dinâmica da população e, ao mesmo tempo, das políticas públicas e das classes que tem o seu controle. 673
12 REFERÊNCIAS CUNHA, Sandra Batista & GUERRA, Antonio José Teixeira, (Orgs). Geomorfologia: Exercício, Técnicas e Aplicações. 2 Ed. Rio de Janeiro; Bertrand Brasil, FUJIMOTO, Nina Simone Vilaverde Moura. Alterações Ambientais na região metropolitana de Porto Alegre RS: um estudo geográfico com ênfase na geomorfologia urbana. in: NUNES, João Osvaldo Rodrigues; ROCHA, Paulo César. Geomorfologia: aplicação e metodologias. 1 ed. Expressão Popular: UNESP. Programa de Pós-Graduação em Geografia, GUERRA, Antonio José Teixeira & MARÇAL, Mônica dos Santos. Geomorfologia Ambiental. Rio Janeiro. Bertrand Brasil, GUERRA, Antonio Texeira; GUERRA, Antonio José Teixeira. Novo Dicionário Geologico Geomorfologico. 7ª edição. Rio de Janeiro. Bertrand Brasil, MASULLO, Yata Anderson Gonzaga. Alterações ambientais na dinâmica da paisagem da franja costeira de São Marcos São Luís MA. Monografia (Graduação em Geografia). Universidade Federal do Maranhão. São Luís, MASULLO, Yata Anderson Gonzaga et. Al. Desenvolvimento desigual e produção do espaço no município de São Luís MA. In: I Seminário Internacional Estado, Território e Desenvolvimento. Salvador, MOLION, Luiz Carlos B. Aquecimento Global: uma visão crítica. In: Revista Brasileira de Climatologia. Associação Brasileira de Climatologia (ABCLIMA). V.3/4, n.3, Presidente Prudente: ABCLIMA, PATUSSI, Vandenilson. et. Al. Análise do efeito da ilha de calor urbana e o comportamento dos ventos na área central de Santa Maria, RS. VI Simpósio de Brasileiro de Climatologia Geográfica Diversidades Geográficas. Sergipe SILVA, Quésia Duarte da. Dinâmica do processo de periferização em São Luís MA. Monografia de conclusão de curso. Universidade Federal do Maranhão. São Luís SANTOS, J.H.S. dos. Análise por geoprocessamento da ocupação na Franja Costeira ao Norte da Cidade de São Luís MA. Rio de Janeiro: IGEO/PPGG/UFRJ. 149 p (Dissertação de Mestrado). SAMAS ENGENHARIA AMBIENTAL. Plano de Controle Ambiental Reurbanização da Avenida Litorânea. São Luis, VICENTE, Andréa K. TOMMASELLI, José Tadeu Garcia. AMORIM, Margarete Cristiane de Costa Trindade. Aspectos do Conforto Térmico em Presidente Prudente SP. V Simpósio Brasileiro de Climatologia Geográfica Mudanças Globais e Especificidades Climáticas Regionais e Locais: Avanços e Desafios da Climatologia Contemporânea. Curitiba
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