O COMPORTAMENTO DA TEMPERATURA E UMIDADE DO AR NA ÁREA URBANA DE IPORÁ-GO. Valdir Specian¹, Elis Dener Lima Alves²
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- Ana Luiza Escobar de Sequeira
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1 O COMPORTAMENTO DA TEMPERATURA E UMIDADE DO AR NA ÁREA URBANA DE IPORÁ-GO. Valdir Specian¹, Elis Dener Lima Alves² ¹Professor do Curso de Geografia da UnU Iporá. - UEG ² Bolsista PBIC/UEG, Acadêmico do Curso de Geografia UnU Iporá -UEG RESUMO O presente trabalho procurar avaliar a existência de um clima urbano para a Cidade de Iporá-Goiás, localizada na Região Oeste do Estado de Goiás, sob a coordenadas 16º26'54'' Sul e 51º07'22'' Oeste. O diferencial desse estudo é que Iporá é uma pequena cidade ( hab.), localizada sobre o ambiente de cerrado, nas bordas da Bacia Sedimentar do Paraná. Os resultados da pesquisa, ainda parciais, envolvem a coleta de dados de temperatura e umidade do ar em 4 pontos distintos da cidade: 2 pontos nos extremos da área urbana, áreas periféricas e dois pontos na área central. Para a coleta de dados foi usado um aparelho termo-higrômetro digital portátil - instrutherm HT-200. A avaliação, preliminar, indica a existência de uma diferença de até 2ºC de temperatura, a mais, para os pontos da região central em relação aos valores registrados para os pontos da região periférica. Palavras-Chave: Dinâmica-Climática, Clima Urbano, Iporá Introdução A dinâmica climática ocorre em todas as escalas, níveis de interação. Ao mesmo tempo em que a escala global é a mais discutida, tendo um forte apelo da mídia, os estudos em escalas regional e local perdem destaque. As alterações provocadas pela ação antrópica nas características do ambiente ocasionam variações no clima/tempo, além da escala global, nas escalas regional, local e a sua variação urbana e microclimática, sendo a última a mais sensível às alterações. Os estudos sobre as variações das temperaturas nas áreas urbanas no Brasil são antigos, mas as maioria estão focadas para centros maiores, principalmente nas capitais do Sudeste e do Nordeste brasileiro (TARIFA, 1977; LOMBARDO, 1985; MALVEIRA, 2003). Existe, também, uma escolha do nível de escala de trabalho, variando do micro-climático ao nível de escala local (urbana). Para as cidades menores que 100 mil habitantes destacam-se os trabalhos 1
2 desenvolvidos na UNESP de Presidente Prudente, um exemplo é a pesquisa de Castilho e Amorim (2006), os autores desenvolveram estudo comparando os elementos temperatura e umidade do ar para a área urbana e rural de Birigui-SP. Para Conti (1998) a cidade de maneira geral apresenta uma anomalia térmica positiva, conhecida também sobre a forma de "ilhas de calor", apresentando temperaturas maiores em relação às áreas vizinhas. Monteiro (1976) diz que a cidade gera um clima próprio (clima urbano), que esse é resultante da interferência de todos os fatores que se processam sobre a camada de limite urbano e que agem no sentido de alterar o clima em escala local. O foco desse estudo é trabalhar com uma variação do clima local, o clima urbano, conforme a classificação de Monteiro (1976). Dessa forma o problema central dessa investigação é avaliar o comportamento dos elementos temperatura e umidade relativa do ar para a área urbana de Iporá-GO, pequena cidade do oeste de Estado, com uma população de habitantes (IBGE, 2007), outro diferencial da área de estudo é que a mesma se insere no nas condições de clima tropical, caracterizado por duas estações bem definidas. Matérias e Métodos 1. Equipamentos e Materiais Utilizados na Pesquisa - termo-higrômetro digital, que indica a umidade e a temperatura do ar, além de armazenar a máxima e a mínima registrada (instrutherm HT-200); - estação meteorológica automática (PCD/SIMEGO - instalada na UEG/UnU Iporá); - software microsoft excell; - imagens de satélite (Satélite GOES) - CPTEC/INPE; 2. Metodologia de Trabalho A pesquisa é orientada de acordo duas propostas básicas: A primeira proposta foi de escolher um transcecto que corte toda a área urbana de Iporá, escolhendo 4 pontos de coleta. Na escolha dos pontos de coleta procurou-se abordar as diferentes condições da área urbana de Iporá, distribuídos da periferia para o centro da cidade: Os pontos 1 e 4 encontram-se na região periférica da cidade, são mais arborizados, sendo que o ponto 4 encontram-se próximo à um lago artificial. Os pontos 2 e 3 estão localizados na região central da cidade, sendo que o ponto 2 foi instalado na área de maior movimento do centro da cidade de Iporá, ambos apresentam baixa arborização e o ponto 3 tem característica 2
3 marcante, um amplo espaço aberto, possibilitando a melhor circulação do ar, mas ao mesmo tempo tem como fator de influência uma grande cobertura em zinco (feira coberta de Iporá). Em cada ponto, três vezes ao dia, seguindo o mesmo horário (9h, 15h e 21h) foram coletados os dados de temperatura e umidade do ar através dos aparelhos de termo-higrômetro digitais. As primeiras coletas, resultados parciais, ocorreram nos meses de abril e maio e no mês de julho. A segundo proposta diz respeito à avaliação dos dados e posterior caracterização do "clima urbano de Iporá", objetivo central da pesquisa. Para escolha dos intervalos de análise dentro de cada ciclo (mês) de coleta, foi utilizada a proposta de análise dinâmica do clima, avaliando as condições climáticas a partir de episódios representativos, conforme proposto por Monteiro (1969, 1971 e 1973). Os dados foram tabulados e transformados em gráficos. Para a escolha dos episódios representativos dentro de cada ciclo foram acessadas a Imagens do satélite GOES, fornecidas pelo CPTEC/INPE onde é possível avaliar as características da atmosfera para o período (atuação de massas de ar) e também, através das cartas sinóticas a superfície, acessadas através do site do serviço de meteorologia da Marinha do Brasil. A metodologia aplicada, escolha de episódios representativos, permite avaliar o comportamento da temperatura e umidade do ar da na área urbana de Iporá para condições diferenciadas, forte calor, quando a massa Equatorial Continental está estacionada sobre a região, principalmente no intervalo de tempo que antecede o período de transição para dias mais frios, quando a massa de Ar Polar avança sobre o Centro - Oeste. Resultados e Discussão Entre os dados coletados foram escolhidos dois períodos para análise, os primeiro entre os dias 28 e 30 de abril e o segundo entre os dias 05 e 08 de julho de No contexto geral os dados indicam que os dois pontos da área central sempre apresentam temperatura mais elevadas, variando em até 2 graus em relação aos pontos 1 e 4 da área periférica. Análise do primeiro período de coleta 28 30/04 Na figura 1 tem-se o resultado do primeiro período de coleta, quando uma massa de Ar quente e seca atuava sobre o estado, condição pré-frontal, pois as imagens de satélite analisadas apontam o avanço da massa de Ar Polar. O que chama atenção na figura é que as temperaturas registradas para o ponto 2, que 3
4 esperava-se que fosse mais elevadas entre os pontos, por estar na área mais urbanizada e menos arborizada da cidade, ficaram abaixo em relação ao ponto 3, também na área central, mas em setor residencial. Entre os pontos de coleta, o que obteve menor amplitude térmica para o período foi o ponto 4, além do de que o mesmo apresentou temperatura maiores para o primeiro horário de coleta. No período, as maiores temperaturas chegaram próximas aos 34,5ºC no ponto 3 e a menor foi de 31,5ºC no ponto 4, em dois dias distintos, mais para o mesmo horário de coleta. Temperatura e Umidade do Ar para a área urbana de Iporá-GO (28-30/04/08) Temp. ºC 3 4, , , , , , , , , , , Umid % 9h 13h 22h30 9h 13h 22h30 9h 13h 22h30 horas de coleta temp p1 temp p2 temp p3 temp p4 umid 1 umid 2 umid 3 umid 4 Figura 1 Características de Temperatura e Umidade do Ar para a área urbana de Iporá-GO, período de 28 a 30/04. Análise do segundo período de coleta 05-08/07 A figura 2 mostra o resultado do segundo período de coleta de dados, que foi realizado entre os dias 05 e 14 de julho de Para analise foi escolhido o intervalo de 05 a 08/07, quando foram registradas as maiores temperaturas do período. Após o dia 08 as temperaturas registradas na área urbana de Iporá não passaram dos 29ºC. Nesse período a amplitude térmica entre os pontos de coleta não foi tão elevada como no primeiro período, no mês de abril. Outra característica é que os registros das temperaturas no horário das 13h para os dois primeiros dias quase não apresentaram variação. A amplitude térmica foi mais acentuada para o último dia de análise, dia 08, quando o registro mostra em destaque as temperaturas mais 4
5 elevadas para os pontos 2 e 3, área central. Os dados demonstram também que a umidade relativa do ar apresentou valores menores que 20%, no período, com exceção para o registro de umidade do ponto 4, que destacou dos demais, apresentando maiores registros, provavelmente em decorrência da menor temperatura registrada no ponto no intervalo de 21h e 9h da manhã. Temperatura e Umidade do Ar para a área urbana de Iporá-GO (05-08/07/08) Temp. ºC 3 2,4 3 1, ,3 2 9,6 2 8,9 2 8,2 2 7,5 2 6,8 2 6,1 2 5,4 2 4, ,3 2 2,6 2 1,9 2 1,2 2 0,5 19,8 19,1 18,4 17, Umid % 09h30 13h40 21h 09h30 14h 21h 9h20 13h45 21h20 08h40 13h20 21h25 Figura 2 Características de Temperatura e Umidade do Ar para a área urbana de Iporá-GO, período de 05 a 08/07. ho r as d e co let a temp p1 temp p2 temp p3 temp p4 umid 1 umid 2 umid 3 umid 4 Conclusões Considerando a dificuldade de realizar a pesquisa, pela ausência de mini-abrigos meteorológicos onde os aparelhos pudessem ser fixados e dessa forma obter melhores resultados. Os dados, ainda que parciais, mostram que existe uma variação de 1 a 2ºC, entre as temperaturas registradas para as áreas centrais e as periféricas na cidade de Iporá. Apesar dessa variação parecer pequena, em relação ao que ocorre em centros maiores, a mesma deve ser considerada, poís mostra que o clima urbano ocorre, também em pequenos centros. Resta agora analisar qual o real significado dessa variação e também fazer uma análise com o maior número de dados e de pontos de coleta, pois os pontos podem representar a existência de micro-clima, não permitindo a comparação dentro do transcecto. 5
6 Referências Bibliográficas CASTILHO, E. e AMORIM, MARGARETE C. de C. T. (2006). A Temperatura e a Umidade Relativa do Ar na Área Urbana-Rural de Birigui-SP: episódios de verão e inverno. In ANAIS DO VII SIMPÓSIO BRASILEIRO DE CLIMATOLOGIA GEOGRÁFICA. Rondonópolis: UFMT (campus de Rondonópolis). CONTI, J. B. (1998). Clima e Meio Ambiente. São Paulo: Atual. IBGE. Informações preliminares do censo demográfico Disponível em: Acesso em 01 de abril de LOMBARDO, M. A. (1985). Ilha de Calor nas Metrópoles. São Paulo: Hucitec, p MALVEIRA, E. C. H. (2003). Estudo de Mudanças Climáticas num Ambiente Urbano: Evolução da Ilha de Calor na Região Metropolitana de Fortaleza. Dissertação (Mestrado). Fortaleza: Mestrado Acadêmico em Geografia/UECE. MONTEIRO, C. A. de F. (1969). A Frente Polar Atlântica e as Chuvas de Inverno na fachada Sul-Oriental do Brasil (contribuição metodológica à analise rítmica dos tipos de tempo no Brasil). São Paulo: USP - Instituto de Geografia. Série teses e monografias nº p.. (1971). Análise Rítmica em Climatologia: problemas da atualidade climática em São Paulo e achegas para um programa de trabalho. São Paulo: USP - Instituto de Geografia. 21p.. (1973). A Dinâmica Climática e as Chuvas no Estado de São Paulo (estudo geográfico sob a forma de Atlas). São Paulo: USP - Instituto de Geografia (FAPESP).. (1976). Teoria e Clima Urbano. São Paulo: USP - Instituto de Geografia. Série teses e monografias nº p. TARIFA, R. J. (1977). Análise Comparativa da Temperatura e Umidade na Área Urbana e Rural de São José dos Campos - SP. Rio Claro, Geografia. Vol. 02, nº 04, pp
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