ADEQUAÇÃO DE UMA EMPRESA DO SETOR MOVELEIRO A NORMA REGULAMENTADORA NR-12

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1 ADEQUAÇÃO DE UMA EMPRESA DO SETOR MOVELEIRO A NORMA REGULAMENTADORA NR-12 Juliana Gomes de Aguiar (juliana_gaguiar@hotmail.com), Rafaela Andrade de Araújo (andradefaela@yahoo.com.br), Jorge Nei Brito (1) (brito@ufsj.edu.br) (1) Universidade Federal de São João del-rei (UFSJ); Departamento de Engenharia Mecânica (DEMEC) RESUMO: A industrialização trouxe vários benefícios para a evolução da economia mundial, porém, a cultura ruralista não estava preparada para se envolver com máquinas e equipamentos que produziam muito mais do que muitos seres humanos trabalhando manualmente. O presente artigo tem por objetivo mostrar a evolução da Norma Regulamentadora NR-12 e por que sua aplicabilidade tem sido tão cobrada desde o ano de Assim sendo, a metodologia irá mostrar o passo a passo para implementação da NR-12 em um parque fabril de atividade de produção de móveis no interior de Minas Gerais, cidade de pequeno porte da Zona da Mata Mineira. Para que as empresas realmente assumam as responsabilidades de garantir a integridade física e mental de seus funcionários, os órgãos fiscalizadores e a Justiça brasileira, baseada em leis, resoluções e acordos de classe, pressionam dia a dia as empresas locais a se adaptarem e optarem pelas recomendações mais avançadas em termos de segurança para máquinas. PALAVRAS-CHAVE: máquinas, equipamentos, NR-12, segurança, trabalho. A COMPANY PARK ADEQUACY OF FURNITURE INDUSTRY IN THE WOOD ZONE MINING ABSTRACT: Industrialization brought many benefits to the evolution of the world economy, however, ruralista culture was not prepared to get involved with machinery and equipment that produced much more than many humans working manually. This article aims to show the evolution of Norm number 12 and that its applicability has been so charged from the year Therefore, the methodology will show you step by step for implementation of the NR-12 in an industrial park of mobile production activity in Minas Gerais, small city the Wood Zone Mining. For companies really take responsibility to ensure the physical and mental integrity of its employees, regulatory agencies and the Justice Department, based on laws, resolutions and class agreements, pushing daily local businesses to adapt and choose the most advanced in terms of safety recommendations for machines. KEYWORDS: machine, equipments, NR-12, safety, job Anais do XVI CONEMI - Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial

2 1. INTRODUÇÃO Este artigo tem por objetivo mostrar a evolução da Norma Regulamentadora número 12 e por que sua aplicabilidade tem sido tão cobrada desde o ano de O contexto histórico de acidentes com máquinas pode nos mostrar com mais clareza a realidade que a indústria vive hoje. No final do século XIX Marx já diagnosticava que, nas fábricas que surgem, os trabalhadores se transformam em um complemento vivo de um mecanismo morto. Desde aquele tempo, quando ocorre a Revolução Industrial na Europa, o trabalho na fábrica exaure os nervos ao extremo, suprime o jogo variado dos músculos, e confisca toda a atividade livre, física e espiritual do trabalhador. A máquina ao invés de libertar o trabalhador do trabalho, despoja o trabalho de todo interesse. Na produção capitalista ocorre o fenômeno de subjugação do homem ao maquinário. (VILELA, 2000). Conforme visto, a industrialização trouxe vários benefícios para a evolução da economia mundial, porém, a cultura ruralista não estava preparada para se envolver com máquinas e equipamentos que produziam muito mais do que muitos seres humanos trabalhando manualmente. O choque cultural, além de afetar a empregabilidade, mudou toda a rotina que vivam naquele século. Levantamentos efetuados pelo Departamento Estadual do Trabalho de S. Paulo sobre a problemática dos acidentes do trabalho no país indicam que já no início do século XX, a questão dos acidentes com máquina ganha relevância e é objeto de preocupação de órgãos públicos. Segundo este levantamento, de 1912 a 1917 ocorrem acidentes localizados, em sua maioria, nas fábricas, oficinas, depósitos e casas comerciais, que correspondem a 41,1% e os operários correspondem a maior parcela de atingidos, 16%. As causas apuradas por este levantamento mostram que as máquinas são responsáveis por 26,3% (435 trabalhadores atingidos). (VILELA, 2000). No Brasil temos atualmente uma média anual de mais de 700 mil trabalhadores segurados que são acidentados. Estima-se que esses acidentes custam para a Previdência Social algo em torno de 15 bilhões de reais para custear apenas os benefícios, indenizações e tratamentos podendo chegar ao valor total de 75 bilhões de reais, caso se inclua aí os custos dos demais órgãos públicos e de toda a sociedade. (SHERIQUE, 2014). Com esse contexto, a metodologia irá mostrar o passo a passo para implementação da NR- 12 em um parque fabril de atividade de produção de móveis no interior de Minas Gerais, cidade de pequeno porte da Zona da Mata Mineira. 2. MATERIAIS E MÉTODOS A primeira publicação da NR-12 se estabeleceu através da Portaria MTB nº 3.214, de 08 de junho de 1978 e recebeu atualizações nos anos 1983, 1994, 1997, em relevância de 2010 pois, foi através desta que se estabeleceu prazos para o cumprimento da adequação das máquinas e equipamentos, novos e usados, para garantir a segurança do trabalhador, e desde então, sofreu novas atualizações em 2011, 2013, 2015 por duas vezes e a última atualização realizada em maio Anais do XVI CONEMI - Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial 2

3 de É importante ressaltar que os prazos previstos na atualização da NR-12 de 2010 para adequação estão todos vencidos. Portanto, o Ministério do Trabalho tem total liberdade para aplicar multas de acordo com cada item da norma de acordo com o grau de relevância dos problemas encontrados nos equipamentos. O objetivo deste trabalho é mostrar o passo a passo para implementação da NR-12 de uma forma simples. Como este tema tem sido muito trabalhado nos parques industriais, é necessário que seja de conhecimento de toda a comunidade científica, o processo de adequação de máquinas e equipamentos Primeiro Passo: Inventário das Máquinas e Equipamentos O inventário das Máquinas e Equipamentos deve ser o primeiro passo para que se possa ter a abrangência do parque industrial para que os mesmos sejam avaliados e adaptados conforme as exigências de segurança da NR-12. A princípio é necessário relacionar todas as máquinas e equipamentos e gerar uma codificação da empresa para cada um deles. Este código pode ser o mesmo utilizado no setor de manutenção, o qual tem o controle de quais manutenções estão sendo realizadas, sejam elas, corretiva, preventiva ou preditiva. Assim fica mais fácil a comunicação entre os setores da empresa. Logo em seguida, denomine a máquina de uma forma que seja compreensível para todos que estão envolvidos naquele ambiente fabril. Identifique os fabricantes/fornecedores de cada uma das máquinas e também sinalize o modelo. Na Figura 1 tem-se o modelo de inventário aplicado numa empresa de produção de móveis de uma cidade de pequeno porte da zona da mata mineira. FIGURA 1. Inventário aplicado em uma empresa de movelaria. Fonte: Autor (2015). Anais do XVI CONEMI - Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial 3

4 2.2. Segundo Passo: Check-List de avaliação A NR-12 possui 27 exigências legais previstas. Para facilitar é necessário elaborar um Checklist destas exigências para avaliar a máquina em estudo e classifica-la de acordo com os riscos. Estas exigências são apresentadas a seguir. 1. Arranjo físico e instalações. 2. Instalações de dispositivos elétricos. 3. Dispositivo de partida, acionamento e parada. 4. Sistema de segurança. 5. Dispositivo de parada de emergência. 6. Meios de acesso permanentes. 7. Componentes pressurizados. 8. Transportadores de materiais. 9. Aspectos ergonômicos. 10. Riscos adicionais. 11. Manutenção, inspeção, preparação, ajustes e reparos. 12. Sinalização. 13. Procedimentos de trabalho e segurança. 14. Projeto, fabricação, importação, venda, locação, leilão, cessão a qualquer título, exposição e utilização. 15. Capacitação. 16. Outros requisitos específicos de segurança. 17. Disposições finais. 18. Distância de segurança e requisitos para o uso de detectores de presença optoeletrônicos. 19. Meios de acesso permanentes. 20. Prensas e similares. 21. Injetora de materiais plásticos; 22. Motosserras. 23. Máquinas para panificação e confeitarias. 24. Máquinas de açougue e mercearia. 25. Máquinas para fabricação de calçados e afins. 26. Máquinas de implementos para uso agrícola e florestal. 27. Cestas aéreas, cestos acoplados e cestos suspensos. Faz-se importante avaliar a quantidade de itens aplicados à empresa, quantidade de itens não aplicados à empresa, quantidade de itens que atendem e a quantidade de itens que não atendem. Anais do XVI CONEMI - Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial 4

5 2.3. Terceiro passo: Avaliação individual de cada máquina e equipamento Este passo engloba a elaboração de uma ficha individual para análise de cada item da NR-12, de acordo com os itens já implementados e as ações que devem ser executadas. Na NR-12 é possível fazer a análise de risco das máquinas e equipamentos conforme ABNT NBR 14153:2013 resultando na categorização de segurança do equipamento, conforme fluxograma apresentado na Figura 2. FIGURA 2. Fluxograma de análise de risco conforme ABNT NBR 14153:2013. Fonte: Autor (2015) Plano de ação Com a importação de máquinas e equipamentos, muitas não estão adequadas conforme a NR-12. Sendo assim, há uma necessidade de se elaborar um plano de ação para as não conformidades apresentadas, visto que apresentam potenciais de risco iminente. Segue abaixo modelo de ficha de não conformidade. FIGURA 3. Modelo de ficha de não conformidade. Fonte: Autor (2015). Anais do XVI CONEMI - Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial 5

6 3. RESULTADOS E CONCLUSÕES O parque fabril de uma empresa do setor moveleiro, situada em uma cidade de pequeno porte na Zona da Mata Mineira, foi analisado de acordo com os passos citados anteriormente. Na Tabela 1 tem-se o demonstrativo dos acidentes ocorridos. TABELA 1. Dados estatísticos de acidentes com máquinas. ANO NÚMEROS DE ACIDENTES Fonte: Autor (2016). Os resultados demonstrados não são completamente satisfatórios, tendo em vista que o fator humano influencia os mesmos. A necessidade de produção faz com que a atenção ao risco diminua. Para se obter resultados satisfatórios a conscientização dos operadores de máquinas deve ser constante. Para que as empresas realmente assumam as responsabilidades de garantir a integridade física e mental de seus funcionários, os Órgãos Fiscalizadores e a Justiça Brasileira, baseada em leis, resoluções e acordos de classe, pressionam dia a dia as empresas locais a se adaptarem e optarem pelas recomendações mais avançadas em termos de segurança para máquinas. Assim em médio e longo prazo, o Brasil poderá deixar de despontar no cenário internacional como recordista de acidentes de trabalho. Através do portal do Ministério do Trabalho (MTE), a NR-12 e demais Normas Regulamentadoras estão expostos para análise. É de suma importância estar de olho nas atualizações destas normas, pois é através delas que o MTE tem legalidade para fiscalizar todo tipo de segmento produtivo. Anais do XVI CONEMI - Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial 6

7 REFERÊNCIAS AGUIAR, J.G. Laudo de equipamentos e máquinas. Juliana Gomes de Aguiar. Brasil, 12p., SHERIQUE, J. NR-12: passo a passo para a implantação. Jaques Sherique, São Paulo, Brasil, LTr, 182 p., TRABALHO, MINISTÉRIO DO. Normas regulamentadoras. Disponível em: < Acesso em: 11 set VILELA, R.A.G. Acidentes de trabalho com máquinas identificação de riscos e prevenção. Engenheiro Mecânico e de Segurança do Trabalho, Cadernos de Saúde do Trabalhador, p.5-10, Anais do XVI CONEMI - Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial 7