Ministério Público do Estado de Mato Grosso Promotoria de Justiça de Água Boa

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1 NOTIFICANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO NOTIFICADO: PREFEITO DO MUNICÍPIO DE ÁGUA BOA, Sr. MAURO ROSA DA SILVA NOTIFICAÇÃO RECOMENDATÓRIA Nº 03/2016 (Simp nº /2013) O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO, por sua Promotora de Justiça signatária, no uso de suas atribuições constitucionais e legais na defesa do Patrimônio Público, vem à presença de Vossa Senhoria, com fundamento na Lei n.º 8.625/93, aplicando subsidiariamente a LC n.º 75/93, especialmente a norma do art. 6º, inciso XX, que autoriza expedir recomendações, visando a melhoria dos serviços públicos e de relevância pública, bem como o respeito aos interesses, direitos e bens cuja defesa lhe cabe promover, expor, notificar e recomendar o que segue: CONSIDERANDO o disposto no art. 129, II, da Constituição Federal, o qual preconiza que é uma das funções institucionais do Ministério Público zelar pelo efetivo respeito dos poderes públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados na Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia; CONSIDERANDO que o controle da população de animais domésticos, bem como a prevenção e o controle de outras zoonoses é assegurado pela Legislação Federal, destacando-se: a) Instrução Normativa n.º 109, de 03 de agosto de 2006, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos 1

2 Naturais Renováveis (IBAMA) art. 4º, 1º, c determina que animais domésticos em situação de abandono ou alçados... são espécies passíveis de controle por órgãos do governo da Saúde,..., sem a necessidade de autorização do órgão ambiental competente ; 1 b) Decreto n.º , de 12 de agosto de 1976, que regulamenta a Lei 6.259, de 30 de outubro de 1975, que dispõem sobre a organização das ações de Vigilância Epidemiológica, estabelece normas relativas à notificação compulsória de doenças e dá outras providências, a proposição e execução das medidas de controle são de responsabilidade das Unidades de Vigilância Epidemiológica dos municípios; 2 c) A Portaria Ministerial n.º 1.172, de 15 de junho de 2004, do Ministério da Saúde, regulamenta a NOB SUS 01/96 no que se refere às competências da União, Estados, Municípios e Distrito Federal na área de Vigilância em Saúde pelo fato de que contém o respaldo legal para atribuir ao Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde e Gestão do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde no âmbito nacional, em que se insere a vigilância das doenças transmissíveis nos termos do Inciso I do artigo 1º, entre outros dispositivos. 3 1 (disponível em 2 (disponível nos sites: e 3 (disponível em 2

3 CONSIDERANDO que é dever do Município, previsto em Lei Complementar Municipal (art. 67 e seguintes, do Código Sanitário Municipal de Água Boa, Lei 36 de 13 de novembro de 2006), o controle de Zoonoses; CONSIDERANDO que a Constituição Federal, no artigo 200, inciso II, ao dispor sobre as competências do Sistema Único de Saúde (SUS), dotou-lhe da atribuição de executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador ; CONSIDERANDO que a mesma Carta Constitucional, ao dispor sobre a temática do Meio Ambiente, no seu artigo 225, inciso VII, reconheceu que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, determinando ao Poder Público, para efetividade desse direito fundamental, proteção da fauna; CONSIDERANDO que no nível de regulamentação administrativa pelo Ministério da Saúde, a Portaria GM/MS nº 399, de 22 de fevereiro de Pacto pela Saúde secundada posteriormente pela Portaria GM/MS nº 699, de 30 de março de 2006, tratou do controle de zoonoses, dispondo que a atenção básica e as ações básicas de vigilância em saúde deverão ser assumidas por cada município, assim como sua gestão e execução a serem realizadas no âmbito local, compreendendo as ações de vigilância epidemiológica, sanitária e ambiental, de acordo com as normas vigentes e pactuações estabelecidas. ; CONSIDERANDO a responsabilidade geral de os municípios nos processos de planejamento em saúde, incluídas aqui a vigilância epidemiológica e as ações de educação permanente em vigilância em saúde; 3

4 CONSIDERANDO que da interpretação sistemática dos normativos legais sobre a temática, resulta no formal reconhecimento da obrigação dos municípios na política pública de zoonose, de forma a dar o tratamento e a destinação adequada aos animais domésticos abandonados nas vias públicas municipais; CONSIDERANDO que eventual insistência da omissão municipal (gestor) nessa específica política de vigilância em saúde, em contraposição aos mandamentos constitucional e legal, impõe sua responsabilização administrativa e judicial pelos órgãos legitimados na promoção dos serviços de relevância pública, como, por exemplo, o Ministério Público; Resolve RECOMENDAR ao PREFEITO DO MUNICÍPIO DE ÁGUA BOA, Sr. MAURO ROSA DA SILVA, que observe os regramentos legais sobre a política pública de controle de zoonoses, para proteção da saúde pública dos seus munícipes, bem como NOTIFICÁ-LO para o fim especial de: 1) no prazo de 90 dias construir a unidade de Controle de Zoonoses e fatores biológicos de risco, em cumprimento ao Código Sanitário Municipal (LC nº 36/2006) e Portaria FUNASA 52/2002 que estabelece as diretrizes para projetos físicos de Unidades de Zoonoses e Fatores Biológicos de Risco; 2) no prazo de 30 dias, implementar as políticas de controle de zoonoses, notadamente: a) Monitoramento das populações animais enquanto fatores de risco de transmissão de doenças ao homem; 4

5 b) Detecção e atuação nos focos de zoonoses visando a romper o elo de transmissão de enfermidades do animal ao homem e vice-versa; c) Execução das ações de vigilância epidemiológica das zoonoses e doenças transmitidas por vetores na área; d) Execução das ações de vigilância epidemiológica das zoonoses e doenças transmitidas por vetores na área; e) Atuação na área de educação em saúde com informações e demais esclarecimentos à população sobre as zoonoses, e demais doenças transmitidas por animais e seus vetores (mosquitos, moscas, etc); f) Integração com as diferentes instituições públicas e privadas, visando à atuação conjunta no sentido de proceder à identificação dos fatores de risco e o controle de populações animais, no intuito de reduzir o risco de transmissão de enfermidades ao ser humano; 3) no prazo de 15 (quinze) dias, a contar do recebimento desta notificação, informe a esta Promotoria de Justiça se pretende dar cumprimento às obrigações previstas neste documento; O não atendimento desta notificação pelo destinatário ou a omissão na apresentação de comunicação acerca das providências adotadas no prazo concedido, ensejará a adoção das medidas judiciais cabíveis, necessárias ao cumprimento das disposições legais atinentes, independentemente de qualquer outra notificação. Sem mais para o momento, e na certeza do atendimento imediato da presente Recomendação Ministerial, colocamos esta Promotoria de Justiça à disposição para maiores informações e esclarecimentos. Água Boa MT, 04 de março de Laís Liane Resende Promotora de Justiça 5