Ministério Público do Estado de Mato Grosso 1ª Promotoria de Justiça Cível de Barra do Bugres-MT

Transcrição

1 NOTIFICAÇÃO RECOMENDATÓRIA nº 003/2015 Considerando o teor de fls. 17/19, o Sr. José Damião é o locador do imóvel em questão, e o Sr. José Limeira da Silva Filho é o locatário, o Promotor de Justiça, oficiante na Comarca de Barra do Bugres/MT, no uso de suas atribuições legais e constitucionais, na defesa do patrimônio público e dos princípios constitucionais da administração pública, vem, à presença do Sr. José Limeira da Silva Filho, locatário do Clube Magdala Park Show do Município de Nova Olímpia/MT, com fundamento na Lei Orgânica Nacional do Ministério Público (Lei Federal nº /93), aplicando subsidiariamente a Lei Orgânica do Ministério Público da União (Lei Complementar nº. 75/93 especialmente a norma do art. 6º, inciso XX, que autoriza expedir recomendações, visando a melhoria dos serviços públicos e de relevância pública, bem como o respeito aos interesses, direitos e bens cuja defesa lhe cabe promover,... ), expor, notificar e recomendar o que segue: 1) Considerando ser o Ministério Público Estadual...instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponível (art. 127 da CF/88 e arts. 1º e 5º, inciso I, da Lei Complementar nº 75/93);

2 2) Considerando que incumbe ao Ministério Público Estadual...promover inquérito civil e a ação civil pública, na forma de lei:...para anulação ou declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio público ou à moralidade administrativa do Estado ou de Municípios, de suas administrações indiretas ou fundacionais ou de entidades privadas de que participem (art. 25, inciso IV, letra b, da Lei nº , de 12/02/93 Lei Orgânica Nacional do Ministério Público; e art. 22, inciso IV, letra b, da Lei Complementar nº. 27, de 19/11/93 Lei Orgânica do Ministério Público Estadual); 3) Considerando os termos dos arts. 27, parágrafo único, inciso IV, da Lei Orgânica Nacional do Ministério Público, e 201, inciso VIII, do Estatuto da Criança e do Adolescente, que constitui atribuição do Ministério Público do Estado do Mato Grosso promover a defesa de interesses de crianças e adolescentes; 4) Considerando a responsabilidade do Poder Público no sentido de promover e assegurar o efetivo respeito aos direitos da criança e do adolescente, dentro do princípio de prioridade absoluta em respeito à condição peculiar de pessoas em desenvolvimento; 5) Considerando que à criança e ao adolescente é atribuída proteção especial e prioritária por sua condição de ser em desenvolvimento ; 6) Considerando que É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à

3 cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e a convivência familiar e comunitária, além de convocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (art. 227, caput, da CF/88); 7) Considerando o que consta do Procedimento Noticia de Fato SIMP nº /2015, denúncia relatando que no Clube Magdala Park Show localizado no município de Nova Olímpia/MT, estão acontecendo eventos nas quintasfeiras e se estendem até aos domingos, sem alvarás judiciais, que é liberado acesso a menores de 18 anos de idade, inclusive de crianças de 10 a 12 anos; 8) Considerando as informações prestadas pela equipe do Conselho Tutelar de Nova Olímpia/MT, que os menores estão ingerindo bebidas alcoólicas e que tem pessoas mantendo relações sexuais no local; 9) Considerando, ainda, informações do Conselho Tutelar de Nova Olímpia/MT, que no dia 06 e 08 de fevereiro de 2015 foi realizado no estabelecimento o evento Grito Carnavalesco e constatado a presença de menores de idade ingerindo bebidas alcoólicas vendidas pelos organizadores do evento; 10) Considerando a responsabilidade do Poder Público no sentido de promover e assegurar o efetivo respeito aos direitos da criança e do adolescente, dentro do princípio de prioridade absoluta em respeito à condição peculiar de pessoas em desenvolvimento; 11) Considerando que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente,

4 com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e a convivência familiar e comunitária, além de convocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (art. 227, caput, da CF/88); 12) Considerando que o art. 81, II e o art. 149, I do Estatuto da Criança e do Adolescente dispõe que: Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de: II - bebidas alcoólicas; Art Compete à autoridade judiciária disciplinar, através de portaria, ou autorizar, mediante alvará: I - a entrada e permanência de criança ou adolescente, desacompanhado dos pais ou responsável, em: c) boate ou congêneres; 13) Considerando o que dispõe o artigo 131 do Estatuto da Criança e do Adolescente: Art O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei.... Resolve, neste ato, NOTIFICAR o Sr. José Limeira da Silva Filho, locatário do Clube Magdala Park Show de Nova Olímpia/MT, recomendando-lhe: (a) que o Clube Magdala Park Show proíba a entrada e permanência de menores de 18 anos no estabelecimeto, exceto

5 quando maiores de 16 anos e acompanhados dos pais ou responsáveis; (b) - que o locatário e responsável pelo estabelecimento comercial, assim como seus empregados ou prepostos, deverão exigir documento oficial de identidade, a fim de comprovar a maioridade do interessado em consumir bebida alcoólica, abstendo-se de fornecer ou vender o produto em caso de recusa; (c) que informe, no prazo de 10 (dez) dias úteis, após o recebimento da presente, o acatamento ou não dos termos da presente notificação, sob pena de serem tomadas as medidas judiciais cabíveis; (d) caso seja acatada a presente, informe e remeta a esta Promotoria de Justiça cópias das providências adotadas; Observação: O não atendimento da presente notificação recomendatória ou a singela não comunicação a esta Promotoria de Justiça do cumprimento da mesma (notificação recomendatória), no prazo estipulado acima (10 dias úteis a contar do seu recebimento), dará ensejo ao manejamento da competente ação judicial, além das consequências penais advindas do descumprimento desta. Atenciosamente, Barra do Bugres/MT, 08 de julho de Anderson Yoshinari Ferreira da Cruz Promotor de Justiça