A importância da ALCA para o desenvolvimento dos países participantes Clailton Ataídes de Freitas 1
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- Judite Fortunato Olivares
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1 A importância da ALCA para o desenvolvimento dos países participantes Clailton Ataídes de Freitas 1 O propósito desse artigo é tentar desmistificar a ALCA (Área de Livre Comércio das Américas), e/ou todo o processo de integração econômica entre os mercados, como sendo o grande vilão da humanidade e o co-responsável direto, no futuro próximo, por promover o atraso tecnológico nos países em desenvolvimento. A ALCA teve seu início em 1994, em Miami nos Estados Unidos. E o seu objetivo maior é a busca da integração das economias do Continente Americano (América do Norte, Central e do Sul) em uma única área de livre comércio. Assim, em primeiro lugar será buscado eliminar de forma progressiva qualquer restrição comercial, como as tarifas, as barreiras não-tarifárias, bem como outras medidas de efeito equivalente que restringem o comércio entre os países membros. Em segundo lugar, estabelecer regras jurídicas justas e claras capazes de promoverem os investimentos diretos na formação bruta do capital nos países participantes através da criação de ambientes estáveis que protejam os investidores interno e não criando obstáculos as investimentos externo (fora do hemisfério). Em terceiro lugar, garantir que os benefícios do processo de liberalização da ALCA não sejam prejudicados por práticas empresariais anticompetitivas, como as políticas de dummping. Finalmente, todo o processo de liberação comercial será negociado entre as partes. Tendo assim, diferentes cronogramas de liberalização comercial, o que irá facilitar a integração das economias menores e menos competitivas, sem perdas econômicas que possam comprometer a sustentabilidade política e econômica dos países. Cabe ressaltar, que A ALCA não está impondo nenhum acordo aos países, o que está acontecendo são negociações específicas, ligadas a determinados setores estratégicos dos países que participam do acordo. Quando refiro-me à ALCA, não estou falando, somente, da integração entre o Brasil, os Estados Unidos, Canadá, México. A ALCA é muito mais abrangente, e diz respeito a países como: Jamaica, Honduras, Colômbia, Guatemala, Guianas entre outros. Ao todo, são 34 países que buscam integrar-se com o firme propósito de aumentar os seus mercados, alavancar e sustentar o crescimento de longo prazo, através do incremento da competitividade interna da produção industrial e pela melhoria da qualidade dos produtos consumidos internamente, beneficiando diretamente o consumidor final. As restrições comerciais, em forma de tarifas, subsídios a determinados setores da economia, quotas de exportação, barreira fitosanitárias, ou outras, pode até no curto prazo aumentar o emprego de mão-de-obra, no entanto, em longo prazo o setor protegido tende a aumentar consideravelmente o mark-up não beneficiando diretamente o consumidor final. A geração de emprego de mão-de-obra por imposição de tarifas tem alto custo social. Veja, por exemplo, o que diz Salvatore sobre as quotas de exportação de automóveis imposta pelos
2 Estados Unidos ao Japão na década de 80. Como a indústria automobilística japonesa estava tecnologicamente mais avançada do que a americana, as importações americanas de carros japoneses aumentaram de 18% para aproximadamente 30%. A produção de automóveis dos Estados Unidos reduziu em quase um terço. O reflexo sobre o mercado de trabalho foi substancial, pois, aproximadamente mil trabalhadores perderam o emprego. Por negociação bilateral, o Japão aceitou fixar a quota de exportação em 1,68 milhão de unidades de 1981 a 1985 e a 1,85 milhão de unidades para 1984 e Esse acordo, significou um acréscimo de preço de U$ 600,00, para cada automóvel fabricado nos Estados Unidos. Com isso, a Detroit obteve, no período , um lucro líquido de U$ 24 bilhões. O custo total para o consumidor final americano alcançou a cifra de U$15,7 bilhões. O ponto positivo do acordo é que foram gerados 44 mil novos empregos nos EUA, contudo, cada um dele custou para a sociedade americana cerca de U$ Deixo a seguinte questão para reflexão: esse acordo foi benéfico para a sociedade americana? Trazendo para a realidade brasileira, podemos dizer que até o Governo Collor prevalecia no Brasil o modelo substituição de importações. Tínhamos no país um parque industrial bastante defasado tecnologicamente, com relação às economias dos países desenvolvidos. Havia pouca competitividade internacional dos produtos industriais brasileiros. Com o fim do modelo de substituição importação, e a implementação do regime de abertura da economia as tarifas médias reduziram em torno de 80%, e o Brasil continuou se modernizando e aumentando as suas exportações. Hoje, graças à abertura da economia conseguimos competir em vários setores, como: aviões, metalurgia, automóveis, etc. Atualmente conseguimos superávit balança comercial, com o regime de taxa de câmbio flutuante. Penso que o processo de integração entre os países das Américas independente de quem venha a assumir a Presidência da República e de qual seja a sua ideologia levado a cabo com a ALCA é irreversível, assim como foi o mercado comum europeu. Porque os acordos de livre comércio significam, em última instância, mais mercados para os países e a lógica capitalista leva os empresários a buscarem incessantemente novas oportunidades de investimento e de comércio. Assim, alguns setores menos competitivos terão que se modernizar para conseguir competir com produtos de outros países. Nesse sentido, se o nosso país, não aprofundar as reformas até então parada no Congresso como a reforma tributária para desonerar a produção; a reforma providenciaria para diminuir o endividamento interno de longo prazo; e mais não aprofundar as privatizações, poderemos perder uma ótima oportunidade de aumentar a competitividade dos produtos brasileiros e com isso beneficiar-se ainda mais da ALCA pela consecução de novos mercados entre os países membro. 1 Prof. Dr. Adjunto do Departamento de Economia e do MILA da UFSM.
3 {PRIVATE}Grupo de Negociação Sobre Acesso a Mercados Presidência: Argentina Vice-Presidência: Colombia De forma congruente com as disposições da OMC, incluindo o Artigo XXIV do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio de 1994 (GATT 1994) e seu Entendimento Relativo à Interpretação do Artigo XXIV do Acordo Geral de Tarifas e Comércio de 1994, eliminar progressivamente as tarifas e as barreiras nãotarifárias, bem como outras medidas de efeito equivalente que restringem o comércio entre os países participantes. Todo o universo tarifário estará sujeito à negociação. Poderão ser negociados diferentes cronogramas de liberalização comercial. Facilitar a integração das economias menores e sua plena participação nas negociações da ALCA. Grupo de Negociação sobre Investimentos {PRIVATE}Presidência: Panamá Vice-Presidência: Nicáragua Estabelecer um marco jurídico justo e transparente que promova os investimentos mediante a criação de um ambiente estável e previsível que proteja os investidores, seu investimento e os fluxos a eles relacionados, sem criar obstáculos aos investimentos de fora do hemisfério Grupo de Negociação sobre Serviços {PRIVATE}Presidência: CARICOM Vice-Presidência: Equador Estabelecer disciplinas para liberalizar progressivamente o comércio de serviços, de modo que permita alcançar uma área hemisférica de livre comércio, em condições de previsibilidade e transparência. Assegurar a integração das economias menores no processo da ALCA {PRIVATE}Grupo de Negociação Sobre Compras Governamentais Presidencia: Costa Rica Vice-Presidência: Colombia
4 O objetivo geral das negociações sobre compras governamentais consiste em ampliar o acesso aos mercados de compras governamentais dos países da ALCA. Mais especificamente, os objetivos são: Alcançar um marco normativo que assegure a abertura e a transparência nos procedimentos das compras governamentais, sem que isso implique necessariamente o estabelecimento de sistemas idênticos de compras governamentais em todos os países. Assegurar a não-discriminação nas compras governamentais dentro de um alcance a ser negociado. Assegurar um exame imparcial e justo para a solução das reclamações e recursos de fornecedores sobre as compras governamentais, e a implementação efetiva de tais soluções. Grupo de Negociação sobre Solução de Controvérsias {PRIVATE}Presidência: Canadá Vice-Presidência: Chile Estabelecer mecanismo justo, transparente e eficaz para a solução de controvérsias entre os países da ALCA, tomando em conta, entre outros, o Entendimento sobre as Regras e Procedimentos que Regem a Solução de Controvérsias, da OMC. Identificar meios para facilitar e fomentar o uso da arbitragem e outros mecanismos alternativos de solução de controvérsias para resolver disputas comerciais privadas no âmbito da ALCA. {PRIVATE}Grupo de Negociação sobre Agricultura Presidência: Guatemala Vice-Presidência: Uruguay Os objetivos do Grupo de Negociação sobre Acesso a Mercados deverão ser aplicados ao comércio de produtos agrícolas. Os temas de regras de origem, procedimentos aduaneiros e barreiras técnicas ao comércio serão tratados no Grupo de Negociação sobre Acesso a Mercados. Assegurar que as medidas sanitárias e fitossanitárias não sejam aplicadas de maneira a constituirem um meio de discriminação arbitrária ou injustificável entre países ou uma restrição disfarçada ao comércio internacional, com vistas a prevenir as práticas comerciais protecionistas e facilitar o comércio no hemisfério. De modo congruente com o Acordo sobre Medidas Sanitárias e Fitossanittárias da OMC (Acordo MSF), tais medidas serão aplicadas apenas para obter o nível adequado de proteção da saúde e vida humana, animal e vegetal,
5 estarão fundamentadas em princípios científicos e não serão mantidas sem suficiente base científica. As negociações nesta área abrangem a identificação e o desenvolvimento de medidas necessárias para facilitar o comércio, respeitando e examinando com profundidade as disposições comidas no Acordo MSF da OMC. Eliminar os subsídios às exportações agrícolas que afetem o comércio no hemisfério. Identificar, e submeter a maior disciplina, outras práticas que distorçam o comércio de produtos agrícolas, inclusive aquelas que tenham efeito equivalente ao dos subsídios às exportações agrícolas. A cobertura dos produtos agrícolas será aquela referida no Anexo I do Acordo sobre Agricultura da OMC. Incorporar os progressos alcançados nas negociações multilaterais sobre agricultura que se realizarão em conformidade com o Artigo 20 do Acordo sobre Agricultura, bem como o resultado das revisões dos Acordos MSF da OMC. Grupo de Negociação sobre Direitos de Propriedade Intelectual {PRIVATE}Presidência: República Dominicana Vice-Presidência: Venezuela Reduzir as distorções no comércio hemisférico e promover e assegurar uma adequada e efetiva proteção dos direitos de propriedade intelectual. As mudanças tecnológicas deverão ser tomadas em conta. Grupo de Negociação sobre Subsídios, Anti-Dumping e Medidas Compensatórias {PRIVATE}Presidência: Argentina Vice-Presidência: Canadá Examinar maneiras de aprofundar, caso seja apropriado, as disciplinas existentes que figuram no Acordo da OMC sobre Subsídios e Medidas Compensatórias e lograr um maior cumprimento das disposições do mencionado Acordo da OMC. Alcançar um entendimento comum com vistas a melhorar, onde possível, as regras e procedimentos relativos à operação e aplicação das legislações sobre dumping e subsídios, a fim de não criar barreiras injustificadas ao comércio no hemisfério.
6 Reuniões Grupo de Negociação sobre Política de Concorrência {PRIVATE}Presidência: Perú Vice-Presidência: CARICOM Objetivo geral: Garantir que os benefícios do processo de liberalização da ALCA não sejam prejudicados por práticas empresariais anticompetitivas. Objetivos específicos: Avançar em direção ao estabelecimento de uma cobertura jurídica e institucional de âmbito nacional, sub-regional ou regional que proscreva o exercício de práticas empresariais anticompetitivas. Desenvolver mecanismos que facilitem e promovam o desenvolvimento de políticas de concorrência e garantam o cumprimento dos regulamentos relativos à livre concorrência entre os países do hemisfério e no seu interior. Grupo Consultativo sobre Economias Menores {PRIVATE}Presidência: Equador Vice-presidência: CARICOM Mandato (Ministerial de São José): Acompanhar o processo da ALCA, mantendo sob exame as preocupações e interesses das economias menores. Trazer a atenção do CNC os temas de interesse para as economias menores e fazer recomendações para tratar desses temas. Comitê de Representantes Governamentais sobre a Participação da Sociedade Civil {PRIVATE}Presidência: Bolívia Vice-presidência: Perú Mandato (Ministerial de São José): O comitê tem o objetivo de receber, analisar e apresentar os pontos de vista da sociedade civil. O comitê receberá essas contribuições e as analisará, bem como elevará o conjunto de opiniões à consideração dos Ministros de Comércio, os quais declararam: "Incentivamos esses e outros setores da sociedade civil a que apresentem seus pontos de vista sobre assuntos
7 comerciais de forma construtiva."
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