ANIVERSÁRIO DE 150 ANOS DO CORPO DE BOMBEIROS DO DISTRITO FEDERAL

Transcrição

1 ANIVERSÁRIO DE 150 ANOS DO CORPO DE BOMBEIROS DO DISTRITO FEDERAL Sr. Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, Senhor Comandante Geral do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, Senhoras e Senhores Oficiais, Praças, amigos e familiares do nosso Corpo de Bombeiros, Senhoras e Senhores. Honra-me subir à tribuna desta Casa de Leis para dirigir algumas palavras em homenagem ao aniversário do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, essa centenária instituição que tem o respeito de todo o povo brasileiro. Minhas palavras certamente jamais alcançarão o sentimento profundo de agradecimento das pessoas que em suas mãos recuperaram a vida; nem daqueles que viram seus parentes, amigos e familiares salvos pela brava e insubstituível presença de um bombeiro. Motivos nunca faltaram para que aqui fossem feitas muitas homenagens a essa corporação pelos serviços que dela a sociedade recebe, os quais orgulham a todos nós. Mas sabemos, entristecidos, o quanto é fácil esquecer dos senhores nos momentos de tranqüilidade; o quanto é fácil esquecer dos senhores quando não há uma tragédia a rondar nossas vidas. Lembro-me quando em 2001 propus pela primeira vez na história do Congresso Nacional uma homenagem a quem só era convidado a trabalho. Naquele ano prestamos uma homenagem

2 com anos de atraso, mas que agora se renova com o mesmo sentimento de gratidão do povo brasileiro. Por esse sentimento e principalmente pelo conhecimento desse trabalho, temos lutado nesta casa e nesta tribuna por todo esse tempo, buscando o reconhecimento necessário para uma profissão tão árdua. A nossa luta tem produzido resultados: Mantivemos os nossos direitos na previdência, alcançamos um esperado realinhamento dos quadros e postos na corporação, gerando promoções, aprovamos o posto de major para o quadro administrativo, o plano de carreira que se aproxima, além de vários outros benefícios que só foram possíveis pela condição de efetiva representação, domínio de causa e conhecimento das condições de trabalho dos nossos profissionais. Os ganhos salariais, se não foram aqueles que desejávamos, representaram um caminho que temos seguido na busca de maior igualdade entre os organismos da Segurança Pública de nossa capital. Por isso, senhores, estamos aqui hoje na comemoração do 150º aniversário do Corpo de Bombeiros para corrigir esse lapso tão comum àqueles que não conseguem descer à humildade necessária do agradecimento, logo que o fogo das tragédias se apaga. Aqui não seria possível enumerar os bravos bombeiros mortos em serviço, num gesto de proteção a vidas alheias. Registro apenas,

3 simbolicamente, a morte de dezenove bombeiros, vítimas de uma única explosão causada pelo fogo em um paiol, na Ilha do Braço Forte, no Rio de Janeiro, antiga Capital do Brasil, no dia 7 de maio de A morte desses bravos soldados do fogo, em 1954, produziu um decreto do então Presidente Getúlio Vargas, que instituiu o dia 2 de julho e a semana subseqüente como o Dia do Bombeiro e a Semana de Prevenção contra Incêndios. A corporação conhece seus mortos e os reverencia. A sociedade, no entanto, nem sempre reconhece toda essa dedicação. Se alguma vez o socorro da corporação não chega a tempo em uma tragédia pelas dificuldades do trânsito, e face o pequeno número de profissionais, nada se compara à morosidade dos Governos no socorro àqueles que entregam suas vidas à proteção de outras vidas e até hoje ostentam a incrível realidade de não receberem o risco de vida ou um seguro que possa proporcionar o mínimo de segurança à família no caso de sua morte ou invalidez. Mesmo assim havemos de comemorar as inúmeras conquistas dessa inabalável instituição que completa no próximo dia 02 de julho 150 anos de total devoção à sociedade. Sabemos que a atuação do Corpo de Bombeiros não se restringe ao socorro de emergências de incêndio ou outras catástrofes. É sua tarefa também a fiscalização da instalação de equipamentos de segurança que reduzem o risco de tragédias, a proteção à família desamparada na iminência de um parto ou na

4 transferência de um cidadão para um hospital, a participação em campanhas públicas educativas e de outras naturezas, como a registrada, ainda, em 1918, no enfrentamento da epidemia da febre espanhola. Coisas que podem parecer menores, mas que são a garantia da proteção desejada pelo cidadão em seus momentos mais críticos. Foi no dia 2 de julho de 1856 que nasceu o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, através do Decreto Imperial nº 1.775, promulgado por Sua Majestade Dom Pedro II, com o nome de Corpo Provisório de Bombeiros da Corte. Com sua criação, a Marinha do Brasil deixava de prestar esse tipo de socorro à sociedade, sendo de seu próprio parecer a necessidade de uma força especial para essa prestação de serviço. A situação, hoje, do Corpo de Bombeiros ainda está longe de refletir o papel que ela cumpre e a dimensão do reconhecimento que ela possui na sociedade. Estamos iniciando o dever de assegurar direitos e garantir melhores condições de trabalho e equipamentos para sua ação. O seu destino de bem servir e de sintonia com a sociedade lhe garante hoje o posto de instituição de maior credibilidade do país, posto que não ocupa por acaso, mas pela presença obstinada de ajuda e proteção ao próximo, como as que podem ser constatadas nos programas bombeiro mirim e com pessoas da terceira idade.

5 Não fosse sua história carregada de gestos cotidianos e heróicos, em defesa e proteção ao cidadão, somente sua dedicação e seu elevado espírito cristão de fazer o bem sem olhar a quem, já seriam motivos suficientes para esta singela homenagem que hoje a Câmara dos Deputados presta à instituição. Queira Deus iluminar aqueles que acima de nós negam o reconhecimento que a corporação tem do povo inteiro, independentemente de credo, cor ou religião. O Corpo de Bombeiros honra, com trabalho e dedicação, o sentimento de solidariedade e hospitalidade da brava gente brasileira. Por isso, nesta homenagem peço licença para ler a poesia do ex-bombeiro Rubens Lima ao definir essa tão digna e maravilhosa profissão. SOLDADO DO FOGO Sonhando em ser herói O meu primeiro brinquedo foi um caminhão! Sua cor era da cor do líquido que bombeia o coração. Coração que bate forte quando deparo com a morte Cumprindo a minha missão.

6 Ouvindo o brado-geral que determina o dever, Sinto que vidas precisam de mim pra sobreviver Cada segundo perdido na trajetória vital, Talvez seja o decisivo para alguém ficar vivo Ou mesmo ser removido para o primeiro hospital. Por vezes, a vida me cabe amparar nas mãos Fazendo-me feliz, esqueço as contradições... Contradições que por vezes faz o herói desabar Ao ver que nos acidentes, matérias de vidas Em meio às ferragens torcidas tenho que resgatar. O fogo que queima e devora não me permite atrasar! É o sinistro dantesco que é o meu dever debelar... Um animal indefeso que em perigo eminente Colima-se às vidas humanas fazendo-me dependente E, no final resgate, trago alento aos parentes. Se de herói, por vezes sou aclamado! A impossibilidade do êxito me deixa desolado.

7 Eu queria estar presente antes do acontecer Os infortúnios desta vida, que me fazem também sofrer. Sou humano e também sinto, presenciando o padecer Se ser Bombeiro é ser paladino da vida! Ser Bombeiro é uma missão divinal; Se ser Bombeiros é vidas por vidas! Ser Bombeiro é ser um ser especial; Se a chegada do Bombeiro é sinal de esperança! Em ser Soldado do Fogo... Eu realizei o meu sonho de criança! Parabéns, Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, pelo seu 150º aniversário! Parabéns ao povo de Brasília! Muito obrigado. (Palmas.)