4. O Estado como sujeito do Direito Internacional Público
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- Luzia Quintão Rios
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1 Direito Internacional Público - UNISO 1 4. O Estado como sujeito do Direito Internacional Público Sumário Elementos constitutivos... 1 Domínios dos Estados... 2 Os agentes do Estado no exterior... 3 Exercícios de revisão... 4 ANEXO... 6 Elementos constitutivos 1. Poder Elemento político Governo autônomo e independente Autocapacidade Soberania interna/externa 2. Povo Elemento humano Povo - conjunto dos nacionais População - expressão numérica (povo + estrangeiros e apátridas) Nação - Base histórico-cultural 3. Finalidade Elemento social do estado Meio para a plena realização pessoal de seu povo. 4. Território Elemento material do Estado/base física
2 Direito Internacional Público - UNISO 2 Domínios dos Estados Fixo e determinado Solo ocupado e com limites reconhecidos; Subsolo e regiões separadas do solo; Rios, lagos e mares interiores; Golfos, baías e portos; Mar territorial e plataforma continental; Espaço aéreo correspondente ao solo. Terrestre Contínuo/Íntegro Descontínuo/Desmembrado Fluvial Rios nacionais inteiramente dentro do Estado Rios internacionais contíguos/fronteiras (talweg ou linha mediana fluvial) sucessivos nascem em um território e correm em outro Marítimo (Convenção de Montego Bay - Jamaica/1982) Águas interiores: reentrâncias do mar sobre o território. Soberania total e exclusiva. Mar Territorial: (12 milhas). Direitos soberanos + passagem inocente de navios (contínua e rápida); Zona contígua: (24 milhas) cinturão de segurança do Estado. Poder de polícia. Fiscalização sanitária, alfandegária e de imigração. Zona Econômica Exclusiva: até 188 milhas. Exploração exclusiva do Estado. Plataforma Continental: solo/extensão geográfica do continente/minérios e petróleo. Até atingir a profundidade de 200 m. (máximo de 350 e mínimo de 200 milhas) Fundos marinhos: fossas abissais. Administrados pela ONU.
3 Direito Internacional Público - UNISO 3 Alto Mar: Águas internacionais. Não se permite atos ilícitos (ex. pirataria, comércio de escravos) Espaço Aéreo Tratados determinam a circulação de aeronaves. Os agentes do Estado no exterior Agentes diplomáticos Agentes diplomáticos: Representam o Estado de origem junto à soberania local para o trato bilateral dos assuntos de Estado. Primeiro tratado multilateral. Réglement de Viena (1815) Convenções de Viena sobre relações diplomáticas (1961) e sobre relações consulares (1963) O Estado acreditado pode declarar persona non grata sem fundamentação, devendo o Estado acreditante chamar de volta o agente. Imunidades Diplomáticas Todo o corpo diplomático de origem do Estado acreditante. Imunidade de jurisdição civil e penal e tributária. Exceções relativas à propriedade privada imobiliária, questões de herança e atividades comerciais privadas (art. 31, 1º) além da reconvenção. São fisicamente invioláveis e não podem ser obrigadas a depor como testemunhas. Fisicamente invioláveis os locais das missões diplomáticas e residências utilizadas pelos diplomatas (art. 22, 1º) Penalmente podem sofrer investigação mas deverão ser condenados pelo país de origem Agentes consulares Representantes do Estado de origem para cuidar de interesses privados. Privilégios consulares
4 Direito Internacional Público - UNISO 4 Limitam-se aos atos de ofício. Não se estendem às famílias ou residências. Ex. outorga fraudulenta de passaportes, falsidade na lavratura de guias de exportação. Observações Renúncia à Imunidade - só o país acreditante pode renunciar à imunidade. O agente não pode fazê-lo. Imunidade do Estado territorial. Princípio do primado do direito local: respeito às leis e regulamentos do Estado Regra par in parem non hebet judicium: nenhum Estado soberano pode ser julgado por outro contra sua vontade. Atos de gestão x atos de império. Ex. acidentes de trânsito, aluguel. Imunidade de execução Convenção sobre Imunidades Jurisdicionais do Estado e de seus bens - CDI/2005 Exercícios de revisão 01. Em relação às imunidades diplomáticas assinale a opção CORRETA: a) O agente diplomático goza de imunidade diplomática apenas dentro dos estabelecimentos oficiais, sejam eles do estado acreditante, sejam do estado acreditado. b) Sendo o agente diplomático isento de todos os impostos e taxas, pessoais u reais, nacionais, regionais ou municipais, ele não arcará com as custas processuais de um processo judicial com o imposto decorrente da aquisição de uma refeição. c) De acordo com a Convenção de Viena de 1961, a função da missão diplomática consiste em representar o estado acreditado perante o Estado acreditante. d) Conforme a Convenção de Viena de 1961, o Estado acreditante poderá renunciar à imunidade de jurisdição de seus agentes diplomáticos. 02. (OAB unificado 2010) No âmbito do Direito Internacional, a soberania, importante característica do palco internacional, significa a possibilidade de: a) Um Estado impor-se ao outro b) A Organização das Nações Unidas dominar a legislação dos estados participantes. c) A celebração de tratados sobre direitos humanos com o consentimento do Tribunal Penal Permanente. d) Igualdade entre os países, independentemente de sua dimensão ou importância econômica mundial.
5 Direito Internacional Público - UNISO Analise as assertivas e assinale a opção CORRETA: I. O Estado Estrangeiro está sujeito à jurisdição brasileira quando pratica ato de império. II. Em causas relativas à responsabilidade civil, o Estado estrangeiro goza de imunidade de jurisdição, devendo a parte lesada discutir sua pretensão indenizatória perante os tribunais do país faltoso. III. Cabe ao embaixador renunciar à imunidade estatal em ação trabalhista movida por exempregado da embaixada, visto que ele é o representante mais graduado do Estado acreditante no Estado acreditado. a) Se todas as assertivas estiverem corretas b) Se todas as assertivas estiverem incorretas c) Apenas I e II estão corretas d) Apenas II e III estão corretas e) Apenas I e III estão corretas 04. Analise as assertivas e assinale a opção CORRETA: I. Somente os Estados acreditantes podem renunciar às imunidades de natureza penal e civil de que gozem os seus representantes diplomáticos. II. Os estados-membros de uma federação são considerados sujeitos de direito internacional. III. O território determinado é um dos requisitos para que o Estado seja considerado pessoa de direito internacional. a) Se todas as assertivas estiverem corretas b) Se todas as assertivas estiverem incorretas c) Apenas I e II estão corretas d) Apenas II e III estão corretas e) Apenas I e III estão corretas 05. Analise as assertivas e assinale a opção CORRETA: a) É juridicamente correto considerar as embaixadas como territórios internacionais. b) As representações dos Estados estrangeiros situadas no Brasil foram obrigadas a seguir as normas do racionamento de energia elétrica, política instituída em 2001 que previa multa e corte no fornecimento de energia elétrica para consumidores brasilienses que não cumprissem a meta de redução de 20% de consumo mensal. c) O diplomata pode renunciar à imunidade de jurisdição. d) Os arquivos e os documentos da missão diplomática são invioláveis, exceto em caso de fundada desconfiança em relação ao Estado suspeito de atividade ilícita. e) No âmbito de uma missão diplomática, apenas o chefe da missão goza de imunidade de jurisdição penal e civil. 06. Analise as assertivas e assinale a opção CORRETA: a) Na zona econômica exclusiva (ZEE), os Estados estrangeiros não podem usufruir da liberdade de navegação. b) A zona contígua é uma faixa adjacente ao mar territorial e, em princípio, de igual largura, não podendo, contudo, exceder vinte e quatro milhas marítimas, contadas do limite exterior do mar territorial. c) O espaço aéreo situado sobre o Pólo Norte é de livre trânsito, independentemente de qualquer tratado, posto que sua superfície hídrica subjacente é alto-mar. d) Os Estados-partes no Tratado da Antártica renunciaram a eventuais pretensões de domínio sobre o todo ou sobre parte do continente, estabelecendo um regime jurídico de intensa militarização da área, a qual é amplamente utilizada para fins militares.
6 Direito Internacional Público - UNISO 6 e) O regime jurídico dos fundos marinhos, determinado pela Convenção sobre Direito do Mar, é de res nullius, isto é, sua exploração econômica depende apenas da iniciativa de qualquer Estado interessado em apropriar-se de seus recursos naturais. 07. Sobre os elementos constitutivos do Estado, analise as afirmativas e assinale a CORRETA: a) Da soberania nacional decorre o entendimento de que dentro de seus limites territoriais o Estado não tem limites ao impor as regras para sua população. b) A noção de povo pressupõe um vínculo histórico-cultural, independentemente da existência de um Estado soberano e autônomo. c) A expressão população designa aqueles, dentre os nacionais de um Estado, que têm direitos eleitorais. d) Considerando-se a soberania, deve-se entender que a finalidade do Estado hoje é servir a si mesmo, de forma que os súditos devem obedecer, sem contestar, as ordens emanadas do soberano. e) O Estado deve ser visto como um meio para a plena realização pessoal de seu povo. 01.D 05.B 02.D 06.C 03.B 07.E 04.E GABARITO ANEXO Notícias STF STF reconhece imunidade da ONU/PNUD em ações trabalhistas (15 de maio de 2013) O Plenário do Supremo Tribunal Federal deu provimento a dois recursos extraordinários (REs e ) para reconhecer a imunidade de jurisdição e de execução da Organização das Nações Unidas e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (ONU/PNUD) com relação a demandas decorrentes de relações de trabalho. A maioria dos ministros seguiu o voto proferido pela relatora, ministra Ellen Gracie (aposentada), em 2009, quando do início do julgamento, interrompido por pedido de vista da ministra Cármen Lúcia. Imunidade Nos dois casos julgados conjuntamente, a ONU (RE ) e a União (RE ) questionavam decisões do Tribunal Superior do Trabalho (TST) em ações envolvendo trabalhadores brasileiros que, após o término da prestação de serviços ao PNUD, pediam todos os direitos trabalhistas garantidos na legislação brasileira, da anotação da carteira de trabalho ao pagamento de verbas rescisórias. As ações transitaram em julgado e, na fase de execução, o TST negou provimento a recursos ordinários em ações rescisórias julgadas improcedentes, com o fundamento de que a Justiça do Trabalho seria competente para processar e julgar as demandas evolvendo organismos internacionais decorrentes de qualquer relação de trabalho.
7 Direito Internacional Público - UNISO 7 A União e a ONU sustentavam a incompetência da Justiça do Trabalho e afirmavam que a ONU/PNUD possui regras escritas, devidamente incorporadas ao ordenamento jurídico brasileiro, que garantem a imunidade de jurisdição e de execução a Convenção sobre Privilégios e Imunidades (Decreto /1950) e o Acordo de Assistência Técnica com as Nações Unidas e suas Agências Especializadas (Decreto /1976). Julgamento Ao apresentar na sessão de hoje (15) seu voto-vista, a ministra Cármen Lúcia abriu divergência. Embora reconhecendo a imunidade da ONU, baseada em tratados internacionais como a Convenção sobre Privilégios e Imunidades e a Carta das Nações Unidas, ambos assinados pelo Brasil, a ministra se mostrou preocupada com a criação de um limbo jurídico que não garantiria ao cidadão brasileiro contratado por esses organismos direitos sociais fundamentais entre eles o de acesso à jurisdição. Seu voto foi no sentido de responsabilizar a União pelos direitos trabalhistas decorrentes do acordo de cooperação técnica com o PNUD, que previa expressamente que o Estado custearia, entre outros, serviços locais de pessoal técnico e administrativo, de secretaria e intérpretes. Isso, conforme assinalou, permitiria conciliar a imunidade da jurisdição da ONU e o direito do cidadão brasileiro de receber direitos trabalhistas já reconhecidos em todas as instâncias da Justiça do Trabalho em ações transitadas em julgado. Sua divergência foi seguida pelo ministro Marco Aurélio. A maioria dos ministros, porém, seguiu o voto da ministra Ellen Gracie, que se posicionou contra as decisões do TST que obrigaram o PNUD ao pagamento de direitos trabalhistas em função do encerramento dos contratos de trabalho. O entendimento majoritário foi o de que as decisões violaram o artigo 5º, parágrafo 2º, da Constituição Federal, segundo o qual os direitos e garantias constitucionais não excluem os tratados internacionais assinados pelo país, e o artigo 114, que define a competência da Justiça do Trabalho. Regime diferenciado Um dos aspectos destacados pelos ministros que seguiram o voto da relatora foi o de que o vínculo jurídico entre esses empregados e o PNUD é diferente do das relações trabalhistas no Brasil. A remuneração é acima da média nacional e os contratados não pagam contribuição previdenciária nem descontam Imposto de Renda, por exemplo, observou o ministro Joaquim Barbosa. Para o ministro Ricardo Lewandowski, quem contrata com a ONU sabe, de antemão, que vai ter de submeter um eventual dissídio a um organismo internacional, e não à legislação brasileira. Quando se celebra o contrato, o trabalhador sai da esfera da jurisdição nacional e se coloca na jurisdição própria estabelecida nos tratados, assinalou. A solução de conflitos, segundo o ministro Luiz Fux, está prevista nos próprios tratados, e passa por sistemas extrajudiciais, como a arbitragem. Disponível em:
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