GIOVANE PEREIRA ALVES SISTEMAS DE PINTURA EM EDIFICIOS PÚBLICOS DE MARINGÁ: PATOLOGIAS, PROCESSOS, EXECUÇÃO E RECOMENDAÇÕES.
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1 GIOVANE PEREIRA ALVES SISTEMAS DE PINTURA EM EDIFICIOS PÚBLICOS DE MARINGÁ: PATOLOGIAS, PROCESSOS, EXECUÇÃO E RECOMENDAÇÕES. Monografia apresentada para a obtenção do Título de Especialista em Construção de Obras Públicas no Curso de Pós Graduação em Construção de Obras Públicas da Universidade Federal do Paraná, vinculado ao Programa Residência Técnica da Secretaria de Estado de Obras Públicas/SEOP. Orientador: Prof. Dr. Romel Dias Vanderlei MARINGÁ 2010
2 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GIOVANE PEREIRA ALVES SISTEMAS DE PINTURA EM EDIFICIOS PÚBLICOS DE MARINGÁ: PATOLOGIAS, PROCESSOS, EXECUÇÃO E RECOMENDAÇÕES. MARINGÁ 2010
3 2 TERMO DE APROVAÇÃO GIOVANE PEREIRA ALVES SISTEMAS DE PINTURA EM EDIFICIOS PÚBLICOS DE MARINGÁ: PATOLOGIAS, PROCESSOS, EXECUÇÃO E RECOMENDAÇÕES. Monografia aprovada como requisito parcial para a obtenção do Título de Especialista em Construção de Obras Públicas no Curso de Pós-Graduação em Construção de Obras Públicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), vinculado ao Programa de Residência Técnica da Secretaria de Estado de Obras Públicas (SEOP), pela Comissão formada pelos Professores: Profº. Dr. Romel Dias Vanderlei Orientador Profº. Dr. Romel Dias Vanderlei Tutor Profº. Hamilton Costa Junior Coord. Curso Residência Tecnica Maringá, 16 de dezembro de 2010
4 3 RESUMO A aparência de uma edificação pública é fundamental para uma linguagem pública que caracterize seu uso e função reforçando o estado de conservação e manutenção empregado pela administração pública. Neste aspecto o sistema de pintura de uma edificação tem especial relevância. O estado e as patologias encontrados na pintura de um edifício assumem causas diversas que denotam tanto a conservação e manutenção como problemas mais profundos no sistema construtivo como um todo. Percebe-se que a pintura não tem função apenas decorativa mas, de proteção e manutenção da estrutura do edifício, sendo seu processo executivo de grande relevância no contexto construtivo. A correta seleção de um sistema, bem como sua inserção sistemática na dinâmica construtiva permite a conservação e manutenção da vida útil do empreendimento. O estudo proposto sugere um aprofundamento nas questões referentes aos sistemas de pintura de edificações públicas, analisando as patologias, técnicas executivas envolvidas e as soluções e recomendações possíveis que permitam o estabelecimento de critérios técnicos visando a redução de problema construtivos e conseqüentemente o aumento da vida útil da edificação e requalificação do edifício público. Palavras Chave: Sistemas de pintura, patologias, sistemas construtivos.
5 4 ABSTRACT The appearance of a public building is key to a public language that characterized their use and function by strengthening the state of repair and maintenance employed by government. In this aspect the paint system of a building has special relevance. The state and the conditions found in the painting of a building causes many assume that denote both the conservation and maintenance as deeper problems in the building system as a whole. It is noticed that the painting is not merely decorative but function, protection and maintenance of the building structure, and its executive process of great relevance in the constructive context. The correct selection of a system and its systematic inclusion in the dynamic construction allows the preservation and maintenance of the life of the project. The proposed study suggests a deepening in the issues concerning systems of painting public buildings, analyzing the conditions, technical executives involved and the possible solutions and recommendations that will enable the establishment of technical criteria in order to reduce the problem of construction and consequently increasing the life the building and rehabilitation of public buildings. Keywords: Paint Systems, pathologies, construction systems.
6 5 LISTA DE FIGURAS Figura 01 Sistemas de pintura para alvenaria comum Figura 02 Sistemas de pintura para vernizes em madeira Figura 03 Sistemas de pintura para esmalte/óleo em madeira Figura 04 Sistema de pintura para metais Figura 05 Exemplo de eflorescência em pintura sobre alvenaria Figura 06 Exemplo de descascamento em pintura sobre alvenaria Figura 07 Exemplo de mofo em pintura sobre alvenaria Figura 08 Exemplo de saponificação sobre alvenaria Figura 09 Exemplo de enrugamento da pintura sobre alvenaria Figura 10 Exemplo de desagragação da pintura sobre alvenaria Figura 11 Exemplo de bolhas em pintura sobre alvenaria Figura 12 Exemplo de crateras na pintura sobre alvenaria Figura 13 Exemplo de manchas na pintura sobre madeira Figura 14 Exemplo de trincas na pintura sobre madeira Figura 15 Exemplo de manchas amareladas na pintura sobre alvenaria Figura 16 Parede com pintura antiga Escola Estadual Parque Itaipú Figura 17 Estado de conservação das paredes Escola Estadual Parque Itaipú Figura 18 Preparo inadeq. da superfície, imperfeições no substrato, Escola Parque Itaipú. 38 Figura 19 Preparo inadeq. da superfície, imperf. prof. no substrato, Escola Parque Itaipú.. 38 Figura 20 Patologias nos sistemas de pintura Escola Maria Balani Planas Figura 21 Exemplo de mofo sobre pintura em alvenaria Escola Maria Balani Planas Figura 22 Descascamento da pintura com fissuras Escola Maria Balani Planas Figura 23 Imperfeições no substrato (crateras) Escola Maria Balani Planas Figura 24 Exemplo de bolhas na tinta de acabamento Escola Maria Balani Planas Figura 25 Descascamento da pintura em alvenaria Escola Maria Balani Planas Figura 26 Descascamento da pintura em forro Escola Maria Balani Planas Figura 27 Manchas de mofo na superfície pintada Escola Maria Balani Planas Figura 28 Manifestação de bolhas na tinta de acabamento Escola Maria Balani Planas Figura 29 Imperfeições no substrato (crateras) Escola Maria Balani Planas... 46
7 6 Figura 30 Fachada do edifício Ministério Público de Maringá Figura 31 Camadas de pintura aplicadas sobre a sup. do reboco Ministério Público Mgá 49 Figura 32 Pintura feita sobre caiação (pintura a base de cal) Ministério Público Mgá Figura 33 Descascamento de pintura em parede interna Ministério Público de Maringá. 50 Figura 34 Descascamento da pintura em parede externa Ministério Público de Maringá 51 Figura 35 Fissura na tinta de acabamento da parede Ministério Público de Maringá Figura 36 Manifestação de bolor em parede interna Ministério Público de Maringá Figura 37 Descolamento da tinta de acabamento por umidad Ministério Público Mgá Figura 38 Má aderência da tinta pela inadequação do substrato Ministério Público Mgá Figura 39 Preparo inadequado do substrato falta de massa corrida Ministério Público. Figura 40 Fissura na tinta de acabamento em parede externa Ministério Público Mgá LISTA DE TABELAS Tabela 01 Materiais constituintes das tintas e suas funções... Tabela 02 Materiais constituintes dos vernizes e esmaltes... Tabela 03 Planilha orçamentária da SEOP
8 7 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO OBJETIVO 11 2 PATOLOGIA E PINTURA PATOLOGIAS NOS SISTEMAS DE PINTURA EFLORESCENCIAS DESCACASCAMENTO EM ALVENARIA MANCHAS ESCURAS PROVENIENTES DE MOFO SAPONIFICAÇÃO ENRUGAMENTO DESAGRAGAMENTO BOLHAS EM PINTURA SOBRE ALVENARIA CRATERAS MANCHAS E RETARDAMENTO NA SECAGEM EM MADEIRA TRINCAS E MÁ ADERENCIA EM MADEIRA MANCHAS AMARELADAS EM ÁREAS INTERNAS ESTUDO DE CASO ESTUDO DE CASO 1 ESCOLA ESTADUAL PARQUE ITAIPÚ Caracterização do edifício Caracterização patológica Especificações Execução e fiscalização Medidas de recuperação ESTUDO DE CASO 2 ESCOLA ESTADUAL MARIA BALANI PLANAS Caracterização do edifício Caracterização das patologias Medidas de recuperação... 47
9 8 4.3 ESTUDO DE CASO 3 MINISTÉRIO PÚBLICO DE MARINGÁ Caracterização do edifício Caracterização das patologias Causa das patologias Medidas de recuperação CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS... 58
10 9 1 INTRODUÇÃO Ao contrário do que possa parecer, a execução de pinturas em edificações é uma operação de grande importância. No entanto, há uma tendência em considerar a atividade apenas como um elemento decorativo. Neste sentido, percebe-se que a preocupação com os sistemas de pintura não se insere na atividade projetual, nem tampouco no sistema construtivo como um todo, configura-se como uma atividade não planejada, ou seja, não é tratada de modo sistêmico. (FREIRE, 2006) Desmistificando este pensamento pode-se destacar várias funções para os sistemas de pintura. De acordo com Britz (2007), além da função meramente decorativa a pintura exerce influência no desempenho e durabilidade das edificações. Tem a capacidade de controlar a luminosidade, isolar termicamente, proteger os revestimentos de argamassa contra o esfarelamento e penetração da umidade e ainda inibir o desenvolvimento de fungos e bolores. A correta seleção do sistema de pintura, bem como o estabelecimento de ferramentas que permitem a aceitação da tinta pode reduzir muito os problemas causados nas edificações aumentando sua vida útil. Diante disso, pode-se entender o processo como uma camada de acabamento de revestimento cujas principais funções são: proteção e decoração. Através da compreensão destas duas funções relacionadas uma à outra, é possível inseri-la em um processo construtivo sistêmico e criterioso que começa na concepção do projeto, onde a correta adoção do sistema de pintura deve levar em consideração os pressupostos estéticos e suas características técnicas e funcionais. Levando em consideração a função e qualidade das tintas e as técnicas executivas relacionadas aos sistemas de pintura, pode-se delimitar a problemática que envolve a questão. Sendo assim, pretende-se responder a seguinte questão: Quais as possíveis soluções para os problemas encontrados nos sistemas de pintura de edifícios públicos considerando o tipo de uso e as interferências a que estão sujeitas? Ao responder esta questão é necessário um aprofundamento das patologias que envolvem os sistemas de pintura, considerando a normatização referente ao processo, bem como a qualidade e tipos de tintas utilizadas na construção civil e relacionando-as ao tipo de substrato e ainda à qualidade da técnica executiva. Considerando que os problemas que envolvem as pinturas somente configuram-se como patologias, conforme Azeredo Jr. (1990), após período muito
11 10 pequeno de sua aplicação, parte-se, então, da hipótese de que os problemas decorrentes dos sistemas de pintura derivam da falta de planejamento das atividades desde a fase de concepção do projeto e envolvem aspectos como: a correta especificação do sistema em conseqüência do substrato e falhas nas técnicas de execução e caracterização das tintas, ou seja, falta de rigor técnico e adequação às normas e especificações do fabricante (KONDO, 2003). Diante do exposto, pretende-se neste trabalho identificar as patologias em pinturas recorrentes em edifícios públicos, avaliar suas causas e propor possíveis soluções aos problemas encontrados, por meio de um estudo de caso, que será desenvolvido em escolas da rede estadual de ensino na cidade de Maringá. Especificamente pretende-se analisar os sistemas de pintura; os tipos de tintas utilizados na indústria da construção civil, suas especificações técnicas e recomendações dos fabricantes; avaliar as técnicas de pintura de edifícios públicos e a condições em que este serviço é executado; analisar como o serviço está inserido no processo construtivo e ainda avaliar as condições de manutenção dos edifícios públicos em relação à pintura. Para determinar corretamente os tipos de patologias em pinturas de edifícios, suas causas e conseqüências, são necessários conhecimentos teóricos aprofundados da problemática que envolve a questão. De acordo com Kondo (2003), é necessário um conhecimento das características dos materiais, adequação ao uso local e mão-de-obra especializada na execução dos serviços. Sendo assim, como metodologia, propõe-se inicialmente uma investigação teórica sobre o tema, abrangendo aspectos como aqueles relacionados no parágrafo anterior, destacando, contudo, uma abordagem sistêmica das técnicas executivas apropriadas a cada tipo de tinta ou sistema de pintura, e seu relacionamento com o substrato. Em seguida, torna-se necessária também uma conceituação sobre patologia e os tipos de problemas mais comuns nos sistemas de pintura, relacionando suas causas e conseqüências. Por fim, apoiado sobre conhecimentos teóricos a respeito do assunto será possível determinar em estudo de caso as manifestações patológicas em edifícios públicos relacionando suas causas e possíveis soluções que possam ser adotadas com o intuito de minimização ou correção dos problemas encontrados. Desta forma, o trabalho estrutura-se da seguinte maneira: O primeiro capítulo introduz o assunto sobre os sistemas de pintura e suas patologias, expondo toda a problemática que envolve a questão, bem como os objetivos e metodologias do
12 11 presente trabalho. O segundo capítulo, por sua vez, tem como objetivo uma abordagem teórica sobre o assunto, abrangendo uma conceituação sobre patologias, tipos e características das tintas e a normatização envolvendo os sistemas e técnicas de pintura. O terceiro capítulo versa especificamente sobre as principais patologias recorrentes nos sistemas de pinturas definindo as características de suas manifestações, bem como suas causas. O quarto capítulo considera questões práticas através de estudo de caso em escolas estaduais, onde o objetivo é justamente identificar a patologias, suas causas e possíveis soluções para correção dos problemas encontrados. Por fim, as considerações finais e o referencial teórico. 1.1 OBJETIVO Esta pesquisa tem como objetivo alertar para os problemas que envolvem os métodos construtivos, bem como a importância do planejamento sistêmico das atividades que envolvem a construção civil, obedecendo parâmetros técnicos e científicos na execução e aplicação dos materiais de acordo com suas características intrínsecas, e necessidade de especialização da mão-de-obra, elevando o processo construtivo a um patamar cientifico, onde as ações sistematizadas trazem melhorias à qualidade do produto final, assim como: benefícios econômicos, minimização de impactos quer no tratamento de resíduos, quer nos gastos energéticos ou na necessidade constante de manutenção, inserindo a atividade construtiva em um modelo de desenvolvimento sustentável.
13 12 2 PATOLOGIA E PINTURA Ao tratar dos problemas de pinturas recorrentes na construção civil, é necessária primeiramente uma conceituação, ainda que, abrangente sobre a terminologia básica, ou seja: O que vem a ser patologia em edificações? Pode-se então, definir genericamente o termo como sendo a ciência das causas e dos sintomas das doenças, (LAROUSSE, 1982). Sendo assim, em nosso contexto, pode-se conceituar patologia em edificações como sendo os problemas gerados em edificações, cujos sintomas tem origem nas diversas fases do processo construtivo: quer no planejamento, na execução ou na escolha e aplicação dos materiais. De acordo com o IPT (1988) as incidências destas manifestações estão relacionadas à condição do controle qualidade das várias etapas do processo construtivo e também na compatibilização destas fases. Aqui, faz-se necessário, com o intuito de aprofundar o debate sobre patologia, inserir a problemática que envolve a origem das manifestações patológicas na moderna indústria da construção civil, em um contexto histórico, contudo, não pretende-se afirmar que anteriormente a estes fatos não haviam falhas no processo construtivo, e que patologias são preocupações apenas da construção industrializada, ou seja, pós revolução industrial, porém não é de interesse deste trabalho os problemas construtivos gerados nos diversos momentos históricos da construção civil. A revolução industrial e a evolução tecnológica trouxeram para a modernidade rápida evolução das técnicas de projeto e execução. A exigência pelo processo industrial foi uma constante ao longo do tempo, exigindo alta produtividade à prazos cada vez menores, contudo, a condição dos trabalhadores, devido à conjunturas sociais não acompanhou esta evolução, ou seja, os trabalhadores mais qualificados, como melhores remunerações foram incorporados a setores industriais mais nobres, ficando em particular, a construção civil prejudicada pela falta de qualificação da mão-de-obra. Aliado a isto, as políticas habitacionais, os sistemas de financiamento e a desqualificação do processo construtivo. (THOMAZ, 1989). Destacando ainda a setorização das atividades de trabalho, ou seja, a divisão social do trabalho, percebe-se com isso, incompatibilidades entre planejamento das edificações e execução, que normalmente conduzem a falhas no processo, com carência de detalhamentos e especificações, falta de mão-de-obra especializada,
14 13 deficiências na fiscalização e ainda imposições de prazos e custos, gerando péssimas condições na produção dos edifícios e consequentemente a proliferação de manifestações patológicas. (THOMAZ, 1989). Ainda de acordo com Thomaz, (1989), pesquisas realizada na Bélgica, constataram que dos problemas patológicos em edifícios, 46% originam-se em falhas de projeto. 22% deve-se a execução e 15% a qualidade dos materiais. Portanto, uma análise destes dados, demonstram que metade dos problemas seriam facilmente resolvidos se houvesse um planejamento criterioso das atividades de projeto, ou seja, quase metade dos problemas encontrados poderiam ser resolvidos antes mesmo de sua execução. Segundo Abrantes, (2007), o assunto a respeito de patologias em edificações torna-se bastante extenso, complexo e abrangente envolvendo praticamente todas as etapas do processo construtivo, iniciando pela fase de elaboração de projetos, Abrantes (2007) afirma que as patologias que hoje se observam só poderão ser ultrapassadas com um significativo investimento na fase de projeto, em particular no esforço de compatibilização de materiais e sub-sistemas construtivos.o enfoque deste trabalho, baseia-se praticamente em uma das últimas fases de uma construção, a pintura, que aparentemente e erroneamente configura-se como uma etapa apenas decorativa, cuja função e utilização não é motivo de muitas preocupações, a não ser do ponto de vista econômico, e talvez, somente aí a atividade é inserida no processo construtivo como um todo, no mais a atividade é tratada dentro do processo em suas especificações e características, apenas como elemento decorativo. Como dito anteriormente, uma das causas das manifestações patológicas é a falta de planejamento e sistematização das atividades de trabalho, onde cada etapa deve estar inserida em um contexto global. (KONDO, 2003). Nosso assunto, portanto, vai delimitar a pesquisa somente em patologias especificas de pintura e suas possíveis causas. Neste sentido, como encaminhamento metodológico é necessário primeiramente uma conceituação sobre pintura, englobando os diversos tipos de tinta, suas características, bem como a normatização existente e as técnicas de pintura adotadas na construção civil, com o objetivo de identificar as maneiras como o serviço é executado para se ter subsídios para poder identificar com critérios técnicos os tipos de patologias encontradas neste serviço e ainda determinar a relação entre a qualidade do material utilizado e a
15 14 qualidade de mão-de-obra adotada e quais as incidências de erros e problemas em cada uma dessas etapas. Historicamente, a pintura acompanha o ser humano desde os tempos mais remotos. Para o homem primitivo a pintura assumia papel singular. As imagens pintadas sobre a rocha tinham funções específicas. O homem primitivo acreditava que tais imagens estavam imbuídas de poder, ou seja, confiavam que pintando, por exemplo, um animal sobre uma rocha estes, animais verdadeiros, poderiam sucumbir ao seu poder na caçada. A pintura, então toma uma função mística de poder e proteção. Ao longo da história, entretanto, passa a ostentar funções diversas no estado da arte, entre elas: a comunicação, na Idade Média; a expressão do belo no Renascimento, e na era pós-industrial, embora ainda tenha lugar de destaque na arte, passa a adquirir outros valores e necessidades. (GOMBRICH, 1999). A finalidade dos sistemas de pintura, além do meramente decorativo é o de proteção de paredes, esquadrias, forros e metais. Decorativamente a degradação dos revestimentos de parede, mesmo quando superficial, afeta muito a aparência dos edifícios e confere um ar de decadência a edificação. (VEIGA, 2002). Nestes sistemas, contudo, é importante considerar sua função como um todo, tanto no aspecto decorativo como no aspecto de proteção e ainda, neste contexto torna-se relevante considerar sua característica psicológica, pois influi no comportamento humano e no conforto ambiental, daí a necessidade de critérios bem definidos na escolha de cores e do tipo de tinta utilizada nos sistemas de pintura. (FREIRE, 2006). De modo geral, a pintura consiste em uma tênue película de revestimento sobre um substrato que pode ser de natureza diversa quanto ao tipo de material, composto ainda por substancias fluidas que protegem a superfície de intempéries e agentes de desagregação, tornando de certa maneira as superfícies impermeáveis, permitindo a limpeza, lavagem e desinfecção. (CARDÂO, 1976). De acordo com Azeredo, (2004) os sistemas de pintura podem ser classificados como: pintura arquitetônica, cuja função primária é a decorativa, embora, como dito anteriormente, a função protetora, deve, sem dúvida, ser considerada no processo de planejamento da edificação, levando em consideração suas características e especificações. Sua utilização inclui, além das tintas, os vernizes e fundo preparador e apresentam uso tanto interno com externo, aplicados sobre diversos tipos de materiais, como: madeira, alvenaria, argamassas, metais,
16 15 etc; pintura de manutenção, são aquelas aplicadas primeiramente para proteção e incluem uma série de recobrimentos aplicados sobre metais, concreto, etc; por fim, a pintura de comunicação visual, cuja finalidade é a de identificação, advertência e delimitação de áreas. Por sua vez, as tintas distinguem-se por seus elementos constituintes: o pigmento (sólido) e aglutinante ou veículo, aquele, consiste em uma suspensão de partículas opacas em um fluido, cuja função é de cobrir ou decorar a superfície; este, por sua vez, tem a propriedade de aglutinar as partículas e formar a película de proteção (BAUER, 1985). Segundo Freire (2006), a composição básica das tintas é formada, além da resina ou veículo e pigmentos, comentados no parágrafo anterior, o solvente responsável pela solubilização dos componentes e pela viscosidade e tempo de secagem das tintas; e os aditivos cuja função é responsável pela correção e melhorias das tintas o qual contribui para proporcionar condições especiais aos diversos tipos de tintas, ou seja, conferem as tintas qualidade específicas. De modo prático, os veículos ou resinas que constituem a parte liquida das tintas servem como aglutinador das partículas constituintes da tinta, ou seja, o solvente, e os aditivos, de modo análogo ao concreto, onde o aglomerante tem a mesma função da resina. Quanto a classificação, as tintas podem ser divididas em relação a natureza de seu solvente da seguinte maneira, de acordo com Azeredo (2006): Tintas miscíveis em água e tintas miscíveis em solvente. Dentro dessas classificações elas podem ainda ser subdivididas de acordo com seu veículo ou resina. Assim, as tintas solúveis em água subdividem-se em : tintas a base de cal, cimentícias, ácidos graxos (PVA), acrílicas, ácidas (epóxi); por sua vez, as tintas miscíveis em solvente são classificadas em : tinta óleo, alquídicas, laca, betuminosas, resina em solução. Com relação aos vernizes, constituem-se em resinas naturais ou sintéticas sob um veículo volátil que convertem-se em película transparente ou translúcida após a aplicação de sucessivas camadas finas. Os esmaltes, por sua vez, são obtidos adicionando-se pigmentos aos vernizes, resultando em tinta caracterizada pela capacidade de formar um filme liso, brilhante e resistente, com alto poder de cobertura e retenção da cor, resultando em um acabamento fosco aveludado. (AZEREDO, 2006).
17 16 Abaixo seguem as tabelas 01 e 02 contendo os componentes de uma tinta e sua função específica na formação da tinta. Tabela. 01: Materiais constituintes das tintas e suas funções Fonte: Azeredo, 2004 CLASSE MateriaisFormadores do filme INGREDIENTE Óleos secativos, resinas, matérias criptocristalinos FUNÇÃO Aglutinar as partículas do filme protetivo, por meio de oxidação ou polimerização Pigmentos Pigmentos modificadores ou cargas Solventes Secantes Diluentes ou redutores de viscosidade Agente anti-coagulante Materiais insolúveis, tendo poder corante e de cobertura(opacidade Materiais insolúveis, tendo baixo poder corante e de cobertura, geralmente em tonalidades claras Os solvente propriamente ditos, e muitas vezes, os próprios matérias formadores do filme Óxidos, resinatos, linoleatos ou acetatos de chumbo, manganês ou cobalto Podem ser não solventes compatíveis com os solventes de óleos e resinas Resinas e derivados de aguarrás Proteger o filme pela reflexão dos raios solares, reforçá-lo e proporcionar bom aspecto Reduzir o custo da pigmentação e, em muitos casos, aumentar o poder de cobertura e resistência ao tempo dos pigmentos, pela suplementação dos vazios entre as partículas de pigmentos Manter em suspensão os pigmentos e dissolver os materiais formadores do filme, permitindo que as tintas possam ser aplicadas Servir de catalisador, acelerar a secagem ou endurecimento do filme, geralmente pela absorção de oxigênio Afinar tintas concentradas, para melhor manuseio durante a aplicação Prevenir polimerização prematura na embalagem Tabela 02: Materiais constituintes dos vernizes e esmaltes Fonte: Azeredo, 2004 CLASSE INGREDIENTE Materiais Formadores do filme Resinas naturais ou sintéticas, betumes, óleos secativos. FUNÇÃO Formar filme protetivo por meio da evaporação do solvente ou secagem de eventual resina empregada Solventes Solventes voláteis e óleos secativos Dissolver os materiais formadores do filme Secantes Resinatos, linoleatos ou oleatos de chumbo, manganês ou cobalto Servir de catalisador para acelerar a secagem ou endurecimento de eventual resina empregada Diluentes ou redutores de viscosidade Não solventes compatíveis com os solventes de óleos ou resinas Auxiliar a aplicação pela redução da viscosidade e proporcionar uma película mais fina Pigmentos (só para o caso de esmaltes) Materiais insolúveis finamente divididos, com poder corante e de cobertura. Conferir cor ao filme e melhorar a resistência aos raios solares
18 17 Em nosso contexto, pode-se elencar algumas tintas específicas que são mais utilizadas na construção civil. Destacam-se portanto: as tintas PVA, acrílica, esmaltes, óleos e os vernizes, cada um com suas características e modos específicos de preparação do substrato para aplicação da tinta. Assim, as tintas PVA caracterizam-se por possuir grande rendimento e durabilidade, quanto ao acabamento apresentam um aspecto fosco aveludado, além do que garantem um ótimo desempenho em repinturas. Este tipo de tinta é indicado tanto para ambientes internos quanto externos, sobre superfícies de reboco, massa corridas, massa acrílica, texturas, gesso, madeiras, etc. É necessário, portanto, uma preparação adequada do substrato para aplicação da tinta PVA, sendo necessário em primeiro lugar a aplicação de um fundo preparador ou selador PVA. Este fundo pode ser aplicado sobre uma base intermediária com massa PVA (massa corrida), cuja finalidade é corrigir a superfície tornando-a lisa. Este tipo de aplicação só é recomendada para ambientes internos, pois externamente o produto está sujeito a solubilização na presença de umidade. Após o tratamento do substrato com correção da parede e aplicação do fundo, pode-se proceder ao emprego da tinta PVA para dar acabamento ao sistema de pintura.(freire, 2006). A tinta acrílica, também é indicada para revestimentos internos e externos, sendo mais recomendada para o uso externo em superfícies de reboco e possui acabamento semi-brilho e fosco, sendo necessário também a preparação adequada da superfície a ser pintada, compreendendo assim, em semelhança a tinta PVA, a correção das superfícies através da massa acrílica e aplicação de fundo preparador ou selador acrílico que tem a função de corrigir a alcalinidade, a pulverulência e a absorção do substrato. (FREIRE, 2006). Por sua vez, as tintas, esmalte e óleo, também são indicadas tanto para o uso interno quanto externo e seu acabamento varia do brilhante, acetinado ao fosco. A tinta óleo apresenta boa elasticidade em ambientes externos, porém está sujeita à alterações em sua aparência. Ao contrário, a tinta esmalte apresenta boa resistência a ação dos raios solares e é recomendada para ambientes externos e internos, conservando a sua aparência original. Como todas as outras tintas citadas acima, necessita de um fundo para corrigir a alcalinidade e uma massa intermediária, porém aqui, recomenda-se o uso de massa óleo ou massa sintética para corrigir a superfície. Em seguida pode-se prosseguir à aplicação da tinta esmalte ou óleo.
19 18 Os vernizes apresentam uma diferenciação quanto ao uso de massa intermediária, ou seja, os niveladores de superfície, sendo que estes são dispensáveis para aplicação de vernizes, pois, estes são transparentes e permitem a visualização do substrato. (FREIRE, 2006). A eficiência de um sistema de pintura não está relacionada somente à qualidade da tinta a ser aplicada. Neste processo devem ser considerados três fatores importantes: o primeiro refere-se a qualidade da tinta, como já mencionado anteriormente; depois é necessário considerar o tipo de substrato; por fim, a técnica de aplicação e qualidade de mão-de-obra. Tomando os devidos cuidados na especificação e caracterização destes três elementos, os problemas referentes à pintura podem ser minimizados consideravelmente. Sendo assim, cada superfície deve receber cuidado especial na preparação para receber uma cobertura com tinta, levando em consideração, neste sentido, dois aspectos: o tipo de material e o estado da superfície a ser aplicada à tinta. A durabilidade de uma tinta aplicada sobre uma superfície dependerá muito da qualidade da primeira demão de fundo a ser aplicado nesta superfície. (BAUER, 1985) Em relação ao tipo de substrato pode-se classifica-lo da seguinte maneira: pintura sobre alvenaria/reboco, pintura em madeiras, pintura em metais. Neste sentido, cada tipo de superfície merece cuidado específico na preparação para o recebimento da tinta, e é esse cuidado que dependerá a qualidade da pintura e sua durabilidade evitando problemas futuros. (FREIRE, 2006) A NBR (1995) faz um apanhado geral sobre execução de pinturas em edificações e fixa as condições gerais para aplicação dos sistemas de pintura em diversos substratos. Em um primeiro momento a norma define critérios para a execução do serviço, relacionados ao tipo de substrato e ao meio em que a pintura poderá ou deverá ser aplicada, ou seja, em relação ao ambiente, as condições favoráveis a execução do serviço é recomendável que as características climáticas estejam a uma temperatura entre 10 e 40 e umidade relativa não ultrapassando os 80%, e ainda menciona que as superfícies devem ser pintadas na ausência de ventos fortes. Recomenda-se ainda a pintura em períodos menos chuvosos, porém, livre também de insolação direta.
20 19 Outro quesito, é em relação ao tipo e qualidade do substrato, desta forma a NBR (1995) relaciona o tipo de substrato ao tipo de tinta e técnica de execução apropriada para cada tipo de superfície. Sendo assim, especifica basicamente duas condições de substrato, uma diz respeito às condições para a superfície nova e outra às condições para superfície com pintura antiga cujo teor revela o tipo de tratamento a ser dado para cada superfície. Basicamente, a preparação da base deve levar em consideração a limpeza do substrato, livre de sujeiras, poeiras, eflorescências, óleos, gorduras, graxas e ainda isenta de microorganismos como mofo, fungos e algas, além do que, no caso de superfícies novas deve-se considerar a cura completa do material, ou seja, a pintura deve ser realizada, pelo menos, após trinta dias da execução da parede ou do substrato a que está destinada. No caso de madeiras e materiais metálicos, este deve estar livre de qualquer tipo de corrosão e aquele não deve apresentar a camada superficial degradada e nem mesmo farpas. Caso ocorra algum destes fatores, deve-se proceder a eliminação destas causas por meio de raspagem, lixamento, escovação, lavagem com água potável podendo ser usado sabão ou detergente para eliminação de gorduras e ainda água sanitária para eliminação de bolor ou mofo. Estas mesmas exigências são válidas para superfícies com pintura antiga, acrescentando ainda algumas características peculiares. Estas pinturas, não devem apresentar sinais de degradação ou imperfeições como bolhas, crostas, calcinação e descascamentos. A superfície não deve estar muito lisa ou brilhante, caso isto ocorra deve-se proceder ao lixamento para retirada do brilho, ou se porventura a parede estiver muito degradada deve-se proceder a retirada completa da pintura antiga e preparar a superfície como recomendado para um pintura nova com aplicação de um fundo selador, dependendo do tipo de material a ser pintado. Caso a parte, trata-se da pintura sobre caiação. Neste caso, a NBR (1995), recomenda que pinturas sobre este tipo de substrato devam primeiramente ser removida completamente a pintura a cal, em seguida é necessária a aplicação de fundo selador para alvenaria, só então será possível aplicar algum tipo de pintura sobre esta superfície. Outro aspecto importante que a NBR (1995) destaca, refere-se a falhas no substrato de superfícies novas. Neste caso, as imperfeições como saliências, e reentrâncias devem ser reparadas com aplicação de massa com características
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