HST Doenças Profissionais
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- Ivan Mota Madeira
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1 Doenças Profissionais Neste apontamento gostaria que reflectíssemos um pouco mais sobre as doenças profissionais. Definição Consideram-se doenças profissionais: 1 As que constam da lista organizada e publicada no Diário da República, sob parecer da Comissão Nacional de Revisão da Lista de Doenças Profissionais. 2 A lesão corporal, perturbação funcional ou doença não incluída na lista a que se refere o n.º 1, desde que se prove ser consequência, necessária e directa, da actividade exercida e não represente normal desgaste do organismo. Listas das doenças profissionais Índice codificado de doenças profissionais A presente versão da lista das doenças profissionais representa o resultado dos trabalhos de revisão, realizados até à data, pela Comissão Nacional de Revisão da Lista das Doenças Profissionais (Fonte: Doenças provocadas por agentes químicos 11 - Causadas por tóxicos inorgânicos: Chumbo e seus compostos e ligas Mercúrio e seus compostos e amálgamas Arsénio e seus compostos tóxicos Manganés e seus compostos Cádmio e seus compostos e ligas Flúor e seus compostos Fósforo e seus compostos Hidrogénio arseniado Sulfureto de carbono Óxido de carbono Ácido sulfídrico Ácido cianídrico e seus derivados tóxicos Causadas por tóxicos orgânicos: Benzeno, tolueno, xileno e outros homólogos do benzeno Derivados nitratos e cloronitratos dos hidrocarbonetos benzénicos Derivados nitratos do tuluol e do fenol Pentaclorofenol e pentaclorofenolato de sódio Aminas aromáticas (anilinas e seus homólogos, benzidina e homólogos, fenilenadiaminas e homólogos, ami-nofenóis e seus ésteres, naftilaminas e homólogos, assim como os derivados hidroxilados, halogenados, clorados, nitrosos, nítricos e sulfonados daqueles produtos) Fenilidrazina Derivados halogenados tóxicos de hidrocarbonetos alifáticos e aromáticos (cloreto de metileno, tricloroetano ou metilclorofórmio, Página 1 de 7
2 dicloroetileno, tricloroetileno, tetracloroetileno, dicloro-1-2-propano, cloronaftalenos, clorobenzenos, clorobifenis e seus derivados dibenzo pdioxinas cloradas) Brometo de metilo Cloreto de metilo Hexano Tetracloreto de carbono Tetracloreto de etano Isocianatos orgânicos Cloreto de vinilo Fosfatos, pirofosfatos e tiofosfatos alquílicos, arílicos, alquiralílicos e fosfoamidas Nitroglicerina e outros ésteres do ácido nítrico Álcoois Glicóis Acetonas. 2 - Doenças do aparelho respiratório 21 - Pneumoconioses por poeiras minerais: Silicose (simples ou combinada, como a sílico-siderose e a sílicoantracose) Amiantose ou asbestose Antracose, baritose, estanose, siderose, silicatoses e outras pneumoconioses de depósito Granulomatoses pulmonares extrínsecas provocadas por poeiras ou aerossóis com acção imunoalérgica: Suberose, beriliose, bissinose, pulmão dos sulfatadores de vinha, pulmão dos criadores de aves, pulmão do cimento, etc Broncopneumopatias provocadas por poeiras ou aerossóis com acção imunoalérgica e ou irritante: Asma profissional. 3 - Doenças cutâneas 31 - Causadas por produtos industriais: Cimentos Cloronaftalenos Crómio e seus compostos tóxicos Alcatrão de hulha, breu de hulha e óleos antracénicos Sesquissulfureto de fósforo Lubrificantes e fluidos de arrefecimento Óxidos e sais de níquel Aldeído fórmico e seus polímeros Aminas alifáticas e alicíclicas Fluoreto duplo de berílio e sódio Enzimas proteolíticas Resinas epoxi e seus constituintes Madeiras exóticas Causadas por medicamentos: Cloropromazina Estreptomicina e seus sais Penicilina e seus sais Causadas por produtos químicos e biológicos não referidos nos números anteriores: Alergenos cutâneos e irritantes não incluídos nos outros quadros. V. outras dermatoses incluídas nas formas clínicas das intoxicações a que se referem os códigos 11.03, 11.12, 12.02, 12.03, 12.04, 12.05, 12.06, 12.07, Página 2 de 7
3 12.11, e Causadas por fungos: Dermatofitias cutâneas da barba, do couro cabeludo e das unhas Candidíase cutânea, perioníquia crónica, intertrigo interdigital Esporotricose Micetonas. 4 - Doenças provocadas por agentes físicos 41 - Causadas por radiações: Radiações ionizates (radiolesões dos órgãos hematopoéticos dos olhos, da pele, dos ossos e bronco-pulmonares) Radiações infravermelhas (catarata) Radiações ultravioletas (conjuntivite e lesões da córnea e dermites) Iluminação insuficiente e outros factores (nistagmo) Causadas por ruído: Hipoacusia por lesão coclear Causadas por pressão superior à atmosférica: Osteonecroses, síndroma vertiginosa, otite e hipoacusia por lesão coclear Causadas por vibrações: Transmitidas por máquinas-ferramentas ou por ferramentas, peças e objectos com elas associados (afecções osteoarticulares e perturbações angioneuróticas) Causadas por agentes mecânicos: Pressão sobre bolsas sinoviais devida à posição ou atitude de trabalho (bursite aguda, pré ou infrapatelar, bursite crónica, pré ou infrapatelar, olecraniana, acromial) Sobrecarga sobre bainhas tendinosas, tecidos peritendinosos, inserções tendinosas ou musculares, devida ao ritmo dos movimentos, à posição ou atitude de trabalho (tendinites, tendossinovites e miotendossinovites crónicas, periartrite escápulo-humeral, condilite e epicondilite, estiloidite) Pressão sobre nervos ou plexos nervosos devida à posição ou atitude de trabalho (paralisias) Pressão sobre cartilagem infra-articular do joelho devida à posição de trabalho (lesão do menisco). 5 - Doenças infecciosas e parasitárias 51 - Causadas por bactérias e afins: Tétano Bruceloses Tuberculoses Estreptococia por Estreptococo suis Carbúnculo Rickttsioses Meningococias Estreptococias (outras) Difteria Estafilococias Shigeloses Infecções por Pseudomonas Sífilis cutânea Infecções por enterobacteriáceas Salmoneloses Listeriose. Página 3 de 7
4 Erisipelóide Tularémia Tracoma ocular Ornitose-psitacose Doença de Lyme Pasteurolose Leptospirose Causadas por vírus: Raiva Hepatites víricas Poliomielite Varicela Rubéola Sarampo Parotidite Causadas por parasitas: Amebíase Ancilostomíase Hidatidose Triquinose Causadas por fungos: Criptococose Agentes biológicos causadores de doenças tropicais: Malária Shistosomíase Filaríases Doença do sono Cólera Febres hemorrágicas Outras doenças tropicais. 6 - Tumores V. Códigos 11.03, 12.05, 12.14, 21.02, 22.01, 31.03, 31.04, 31.06, e Manifestações alérgicas das mucosas 71 - Conjuntivites, blefaroconjuntivites, rinites e rinofaringites. V. Códigos 12.13, 31.01, 31.10, 31.11, e Asma brônquica. V. Códigos 12.05, 12.06, 12.13, 12.14, 23.01, 31.09, 31.11, e Estatísticas De acordo com a legislação faz parte das funções do Estado e das Empresas manterem as estatísticas de acidentes de trabalho e doenças profissionais actualizadas anualmente. Pesquisei na internet informações sobre as estatísticas das doenças profissionais em Portugal. Com esta pesquisa verifiquei que as estatísticas das doenças profissionais estão numa situação muito pior que as dos acidentes de trabalho. Deixo-vos aqui dois exemplos, que exemplificam a desactualização dos dados e a impossibilidade de comparação dos dados; o que conduz a que não possamos ter uma visão clara desta problemática. Página 4 de 7
5 Na tabela (bem como na representação gráfica) é possível observar a evolução do número total de incapacidades permanentes em função da natureza da doença contraída de acordo com a informação disponível no site a 4 de Fevereiro de Intoxicações Dermatoses Pneumatoses Surdez profissional Outras Não codificadas Acidentes de trabalho Total No Diário de Notícias de 30 de Abril de 2007 uma notícia expressa que as Doenças profissionais duplicaram em seis anos referindo que As doenças profissionais estão a alastrar e a diversificar-se em Portugal, à medida que as mudanças tecnológicas vão transformando o mercado de trabalho e novos riscos emergem. Nos últimos seis anos mais que duplicaram, passando de 1370 casos certificados pelos Centro Nacional de Protecção de Riscos Profissionais, em 2000, para 3.577, em 2006 [Aqueles números referem-se apenas aos do regime geral da Segurança Social, deixando de fora a administração pública]. Essa mesma notícia levanta uma série de questões que têm vindo a preocupar trabalhadores e os técnicos: Há trabalhadores com mais de uma doença. Página 5 de 7
6 Existem casos em que não é reconhecida a doença, porque não reúnem as características necessárias ou porque ainda não constam da lista oficial das patologias profissionais (que está constantemente desactualizada - a lista devia ser renovada com regularidade). Não só é escassa a informação sobre como proceder em caso de suspeita de doença, como o processo de reconhecimento oficial da patologia é tão burocrático quanto lento. Falta de conhecimento ou profissionalismo de alguns médicos, que não informam devidamente os pacientes, nem accionam o mecanismo para abrir o processo de reconhecimento da doença, que é a participação obrigatória ao Centro Nacional de Protecção contra os Riscos Profissionais (CNPRP). A indústria transformadora surge destacada como o sector em que se verificam mais doenças a provocar incapacidade (1104 em 2005), seguida a larga distância pela construção e comércio. As patologias do foro músculo-esquelético - em que se inserem as tendinites, as hérnias e as paralisias, entre outras patologias - são as que mais crescem, não só pela contínua especialização do trabalho como também pela intensificação das jornadas. Seguem-se as perturbações pulmonares e as auditivas. Há poucos anos, havia muitos casos de surdez relacionados com níveis de ruído. Agora, ganham peso os casos de problemas musculares e alérgicos (relacionados com químicos), mas também problemas do foro psíquico relacionados com o stress. A propósito desta temática, a 3 de Julho de 2004, o jornal Expresso escreve uma notícia intitulada Estatísticas escondem drama das doenças profissionais. Nesta notícia cita um conjunto de testemunhos que na minha opinião ilustram as consequências das doenças profissionais, especificamente das tendinites, provocadas por um trabalho manual repetitivo. Fátima Couto É uma tortura que não se vê, Começa com uma dor no pulso, pensamos que não é grave e achamos que não tem nada a ver com o trabalho (Emília Caneira, 34 anos, Operária fabril). Página 6 de 7
7 Nos últimos tempos, ia trabalhar, mas passava antes pelo posto médico para tomar uma injecção, Incapaz de coisas tão simples como escovar os dentes, lavar mais do que uma panela de seguida, passar a ferro ou beber café sem segurar na chávena e no pires com a outra mãe, não podia dar-lhes banho sozinha [às filhas] (Ana Paula Neto, 38 anos, empregada fabril). S ó n i a G o n ç a l v e s Página 7 de 7
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