Exportação Direta x Exportação Indireta
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1 Exportação Direta x Exportação Indireta Por JOSÉ ELIAS ASBEG Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil Na exportação direta o próprio fabricante, produtor ou revendedor remete (geralmente vende) a mercadoria para o destinatário (importador) situado no exterior sem utilizar intermediários. A exportação indireta é a operação em que determinada empresa A (o fabricante, produtor ou revendedor fornecedor do bem) remete mercadoria com fim específico de exportação (com benefícios e incentivos fiscais equivalentes a uma exportação) para a empresa B (comercial exportadora ou Trading Companies), que deverá remetê-la ao exterior, a título definitivo (ex: venda), dentro do prazo de 180 dias, a contar da data da emissão da nota fiscal pela empresa A. O estabelecimento exportador terá até o último dia do mês subseqüente ao do embarque da mercadoria para fazer a prova da exportação com o fabricante fornecedor e, relativamente às operações destinadas à exportação, deverá, ainda, emitir o Memorando-Exportação em 3 (três) vias, sendo que: A 1ª via deste documento, acompanhada do Conhecimento de Embarque e do Comprovante de Exportação, deverá ser enviada ao remetente das mercadorias até o último dia do mês subsequente ao embarque para o Exterior. A 2ª via ficará no estabelecimento do exportador anexada à 1ª via da Nota Fiscal do remetente, para efeitos de exibição ao Fisco. A 3ª via será encaminhada pelo exportador à repartição fiscal do seu domicílio, podendo ser exigida a sua apresentação em seu domicílio. O convênio ICMS nº 61/2003, combinado com o Convênio ICMS nº 84/2009, bem como a Solução de Consulta nº 573/2007 da RFB, esclareceram que podem ser entendidas por comercial
2 exportadora as empresas classificadas como Trading Companies e demais empresas comerciais que realizarem operações mercantis de exportação, bastando que estejam inscritas no REI da SECEX e no SISCOMEX/RADAR da RFB. Ainda de acordo com o convênio ICMS nº 61/2003, qualquer empresa poderá realizar a exportação de bens recebidos com fim específico de exportação, não sendo restrita essa operação as Trading Companies ou às empresas exclusivamente exportadoras. Essa remessa com fim específico de exportação exige que o bem seja remetido diretamente do estabelecimento fornecedor (industrial) para o local de embarque para o exterior (porto, aeroporto, ponto de fronteira ou recinto alfandegado), por conta e ordem da empresa adquirente (comercial exportadora ou Trading Companies) e que o bem remetido não sofra qualquer alteração, modificação, ou melhor, industrialização, no estabelecimento exportador (empresa B ), de forma que o mesmo bem remetido por A seja exportado por B. De acordo com o parágrafo único do Art. 1 do Decreto-Lei N 1.248, de 1972, consideramse destinadas ao fim específico de exportação as mercadorias que forem diretamente remetidas do estabelecimento do produtor-vendedor para: I embarque de exportação, por conta e ordem da empresa comercial exportadora; ou II depósito sob o regime extraordinário de entreposto aduaneiro na exportação. Em razão disso, o industrial fornecedor (remetente) deverá emitir uma nota fiscal para a empresa comercial exportadora, a título de remessa com fim específico de exportação (CFOP: 5501/6501 para produtos de fabricação própria ou 5502/6502 Para revenda de mercadorias), sendo a Natureza da Operação: Remessa com fim específico de exportação ; Situação Tributária: 41 Não Tributada ; Não destacar o ICMS e IPI e indicar no campo Dados adicionais Informações Complementares o local de embarque (porto, aeroporto, ponto de fronteira) ou o local de depósito sob o regime extraordinário de entreposto aduaneiro de exportação e escrever também Não incidência de ICMS Conf. (base legal do RICMS do seu estado); e Imunidade do
3 IPI Conf. Art. 18, Inciso II do RIPI. Esta nota fiscal deverá acompanhar o bem destinado à exportação até o local de embarque e deverá ser escriturada no Livro Registro de Entradas da empresa comercial exportadora (CFOP 1.501/2.501) que, em seguida, emitirá uma nota fiscal de exportação do bem recebido com fim específico de exportação (CFOP 7.501). Ressalta-se que cabe ao destinatário desta operação, empresas comerciais exportadoras e trading, informar em suas Notas Fiscais de Exportação, no campo "Informações Complementares", a série, o número e a data de cada Nota Fiscal emitida pelo estabelecimento remetente. Abaixo, apresentamos quadro comparativo extraído do livro Análise da tributação na importação e exportação. 5. ed. São Paulo: Aduaneiras, 2010, de autoria de Carlos Eduardo Garcia Ashikaga. EXPORTAÇÃO DIRETA A) Não incidência de ICMS (Art. 3, II, da LC n 87/96); B) Imunidade de IPI (Art. 18, II, do RIPI); C) Isenção de PIS/PASEP e COFINS cumulativos (Art. 45, II, do Decreto n 4.524/02); D) Não incidência de PIS/PASEP e COFINS não cumulativos (Art. 5, I, da Lei n /02 e Art. 6, I, da Lei n /03). EXPORTAÇÃO INDIRETA A) Não incidência de ICMS (Art. 3, parágrafo único, da LC n 87/96); B) Suspensão de IPI (Art. 43, V, do RIPI); C) Isenção de PIS/PASEP e COFINS cumulativos (Art. 45, VIII e IX, do Decreto n 4.524/02); D) Não incidência de PIS/PASEP e COFINS não cumulativos (Art. 5, III, da Lei n /02 e Art. 6, III, da Lei n /03). EXPORTAÇÃO DIRETA e EXPORTAÇÃO INDIRETA Operações de compra de insumos por indústrias exportadoras (empresas industriais preponderantemente exportadoras = receita bruta acima de determinado percentual). Suspensão do IPI, PIS/COFINS e ICMS. Conforme explica José Augusto de Castro, em seu livro Exportação. Aspectos práticos e operacionais. 8. ed. São Paulo: Aduaneiras, apesar de muito difundida e assim popularmente conhecida, juridicamente, no Brasil, não existe a expressão Trading Company como denominação de companhia de comércio exterior, a qual legalmente é denominada Empresa Comercial
4 Exportadora. Por isso, é grande a confusão, bem como as dúvidas que surgem na cabeça dos exportadores e demais colegas dos fiscos federal e estadual. Dessa maneira, somente é considerada Trading Company, no Brasil, a empresa comercial com atuação internacional que preencha os requisitos definidos adiante e também atenda aos procedimentos administrativos estabelecidos pela legislação brasileira. As aquisições, no mercado interno, de mercadorias destinadas à exportação efetuadas por Trading Companies ou Empresas Comerciais Exportadoras têm o mesmo objetivo e finalidade, a despeito de algumas poucas diferenças administrativas que caracterizam essas empresas e suas respectivas operações de exportação. Com vistas a evidenciar tais diferenças e seus eventuais reflexos, a seguir elas são apresentadas e comentadas, individual e comparativamente, conforme apresenta José Augusto de Castro, em seu livro Exportação. Aspectos práticos e operacionais. 8. ed. São Paulo: Aduaneiras, 2011: TRADING COMPANY EMPRESA COMERCIAL EXPORTADORA * Está sujeita às normas de constituição definidas pelo Decreto-Lei n 1.248, de * Não está sujeita a qualquer legislação específica de comércio exterior para sua constituição. 29/11/72. * Deve ser constituída sob a forma de sociedade por ações, ou seja, S.A. * É livre para decidir sobre sua forma de constituir-se, podendo ser S.A. ou Ltda. *Deve ter capital social mínimo de R$ ,66, equivalente a UFIR a sua *Está dispensada de apresentar capital social mínimo para operar como exportadora e/ou importadora. última cotação de R$ 1,0641, antes de ser extinta. * Além do registro na RFB para operar o Siscomex na exportação e importação, deverá obter ainda o Certificado de Registro Especial * Está sujeita ao registro na RFB, indispensável para operar o Siscomex na exportação e importação, e inscrição no REI Registro de Exportadores e para operar como Trading Company, emitido Importadores da Secex/Decex, efetuado em conjunto pela Secex / Decex e SRRF do automaticamente ao realizar a primeira exportação. Estado em que estiver localizada. * Atualmente não tem compromisso de exportar qualquer montante. * Nunca teve compromisso de exportar qualquer valor. * As vendas pelas empresas industriais no mercado interno as TC, com o fim específico de exportação, significam apenas uma intenção de exportar, sem gerar qualquer incentivo antes da efetiva exportação da mercadoria, sendo a saída * As vendas internas pelas empresas industriais a Comerciais Exportadoras, com o fim específico de exportação, representam apenas uma intenção de exportar, sem gerar qualquer incentivo antes da efetiva exportação da mercadoria, sendo a saída da
5 da mercadoria da empresa industrial feita com suspensão de pagamento do IPI. mercadoria do estabelecimento industrial feita com suspensão de pagamento do IPI. * As vendas internas as TC, com o fim específico de exportação, serão feitas com a não incidência de pagamento do ICMS, pelo prazo de 90 (primários) ou 180 (manufaturados) dias, conforme o produto, renovável uma única vez por igual período. * As vendas internas às Comerciais Exportadoras, com o fim específico de exportação, serão realizadas com a não incidência de pagamento do ICMS, pelo prazo de 90 (primários) ou 180 (manufaturados) dias, dependendo do produto e prorrogável uma única vez por igual período. * Se a mercadoria adquirida internamente pela TC, com o fim específico de exportação, não for exportada no prazo renovável de 90 dias * Se a mercadoria adquirida no mercado interno pela Comercial Exportadora, com o fim específico de exportação, não for exportada no prazo renovável de (primários e semimanufaturados) ou (primários e semimanufaturados) ou 180 (manufaturados) dias, caberá a Trading (manufaturados) dias, o fabricante será responsável Company o recolhimento do IPI e ao fabricante o recolhimento do ICMS. pelo pagamento do ICMS e a Comercial Exportadora pelo pagamento do IPI. * O fabricante que vender internamente as TC, com o fim específico de exportação, terá direito à isenção de pagamento da COFINS e do PIS. * O fabricante que vender internamente à Comercial Exportadora, com o fim específico de exportação, terá direito à isenção de pagamento da COFINS e do PIS. * O acesso aos incentivos à exportação pelo fabricante ocorrerá apenas após a entrega pela Trading Company do documento Memorando- Exportação, acompanhado do Conhecimento de Embarque e do comprovante de exportação * O acesso aos incentivos à exportação pelo fabricante ocorrerá apenas após a entrega pela Comercial Exportadora do documento Mercadoria- Exportação, acompanhado do Conhecimento de Embarque e do comprovante de exportação emitido emitido pelo Siscomex, caracterizando a pelo Siscomex, caracterizando a realização da realização da exportação da mercadoria, tanto para fins de IPI como ICMS. exportação da mercadoria, tanto para fins de IPI como ICMS. JOSÉ ELIAS ASBEG AFRFB (Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil), especialista na área aduaneira pela Escola de Administração Fazendária (ESAF). Atualmente, lotado na Alfândega do Porto de Belém, onde, desempenha atividades no Setor de Fiscalização Aduaneira, na habilitação de importadores e exportadores para operação no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex) e credenciamento de seus representantes para a prática de atividades relacionadas ao despacho aduaneiro.
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