GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE FEIJÃO-CAUPI SOB INFLUÊNCIA DE DIFERENTES LÂMINAS DE ÁGUA

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1 Área: Irrigação e Drenagem GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE FEIJÃO-CAUPI SOB INFLUÊNCIA DE DIFERENTES LÂMINAS DE ÁGUA Vanessa Oliveira Teles 1, Weslley Costa Silva 2, Jéssica Soares Pereira 3, Leonardo Lênin Marques de Brito 4, Felipe Thomaz da Camara 5 1 Graduanda do curso de Eng. Agronômica, Universidade Federal do Ceará - Campus Cariri, Rua: Vereador Sebastião Maciel Lopes, S/N no Bairro São José, Crato, CE.. Bolsista CNPq/PIBIC. teles@alu.ufc.br 2 Graduando do curso de Eng. Agronômica, Universidade Federal do Ceará, Campus Cariri. Bolsista PID. 3 Graduanda do curso de Eng. Agronômica, Universidade Federal do Ceará, Campus Cariri. Bolsista Proext Graduando do curso de Eng. Agronômica, Universidade Federal do Ceará, Campus Cariri,. Bolsista Proext Professor do curso de Engenharia Agronômica Universidade Federal do Ceará, Campus Cariri. Resumo Tradicionalmente cultivado em regime de sequeiro, o caupi surge como uma opção para cultivo em regime irrigado no Nordeste. Diante da importância do feijão-caupi para as regiões norte e nordeste do Brasil, este trabalho tem o objetivo de avaliar a germinação de duas variedades de feijão-caupi (Roxo e Canapu), comumente utilizadas na região do Cariri Cearense, sob influência de diferentes lâminas de irrigação. A semeadura foi realizada em fevereiro de 2013, em sacos plásticos pretos com capacidade de 3,19 dm. O delineamento experimental adotado foi em blocos inteiramente casualizados, com os tratamentos distribuídos em esquema fatorial 5 x 2 (cinco lâminas de água e duas variedades), com 4 repetições, cada um contendo 15 sementes. Utilizou-se para os tratamentos diferentes níveis de irrigação (2, 4, 6, 8 e 10 mm). Os dados obtidos foram submetidos às análises de variância pelo teste F, e as médias dos fatores qualitativos comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. De modo geral, as variedades apresentaram melhores resultados quando submetidas a lâmina de água de 8 mm, apresentando as melhores médias sob tal regime hídrico. Nota-se que a variedade Roxa, apresentou resultados superiores na maioria das variáveis analisadas, apresentando melhores respostas, as condições que foram submetidas. Palavras-chave: Déficit hídrico, emergência, IVE. Introdução O feijão-caupi, conhecido no Nordeste brasileiro por feijão-macassar ou feijão-de-corda, é uma das principais culturas desta região, sendo considerado como uma importante fonte de renda alternativa e alimento para sua população, fato este que pode ser explicado pelo seu elevado teor proteico (OLIVEIRA et al., 2002). A cultura é extremamente rústica, tolerante a altas temperaturas, à seca e apresenta boa adaptação a diferentes condições edafoclimáticas (SILVA et al., 2011). Tradicionalmente cultivado em regime de sequeiro, o caupi surge como uma opção para cultivo em regime irrigado no Nordeste. Os efeitos da interação genótipo x ambiente podem ser resultantes de diferentes fatores, como: condições ambientais, fertilidade do solo, conhecimentos tecnológicos dos produtores, e sistema 1

2 de manejo adotado. Esses fatores, isoladamente ou em conjunto, podem alterar o comportamento de um genótipo, mesmo numa região de pequena extensão territorial (SANTOS et al., 2000). Cunha & Bergamaschi (1999) afirmam que os efeitos do déficit hídrico dependem de uma série de fatores como intensidade, duração da época de ocorrência e interação com outros fatores inerentes ao rendimento das culturas. No entanto, altas produtividades de grãos podem ser alcançadas com o uso da irrigação (CARDOSO et al., 1996). Diante da importância do feijão-caupi para as regiões norte e nordeste do Brasil, este trabalho tem o objetivo de avaliar a germinação de duas variedades de feijão-caupi (Roxo e Canapu), comumente utilizadas na região do Cariri Cearense, sob influência de diferentes lâminas de irrigação. Material e Métodos O experimento foi desenvolvido na Universidade Federal do Ceará, - Campus Cariri, no município de Crato-CE, localizado nas coordenadas geográficas 07 14' 02" Sul e 39 24' 32" Oeste de Greenwich com altitude média de 426 m. Apresentando média anual de precipitação de 1090,9 mm. As médias térmicas mensais variam entre 24 C e 27 C. As sementes de Vigna unguiculata (L.) Walp, utilizadas neste trabalho, foram coletadas em duas áreas distintas, localizadas no município de Missão Velha, estado do Ceará. Sendo que estas sementes são referentes à safra 2011/2012. A semeadura foi realizada em fevereiro de 2013, em sacos plásticos pretos com capacidade de 3,19 dm, o solo utilizado como substrato foi um LATOSSOLO AMARELO, estando totalmente seco. O delineamento experimental adotado foi em blocos inteiramente casualizados, com os tratamentos distribuídos em esquema fatorial 5 x 2 (cinco lâminas de água e duas variedades), com 4 repetições, cada um contendo 15 sementes. Utilizou-se para o primeiro fator os níveis de irrigação (2, 4, 6, 8 e 10 mm), sendo estas correlacionadas com a área de cada saco, equivalendo-se a 0, 0156 m 2. A lâmina de água utilizada como testemunha foi a de 6 mm, conforme indicado por Lima et al. (1989), com água proveniente da rede de abastecimento do campus da UFC, realizadas em intervalos de três dias. O segundo fator foram as duas variedades utilizadas (Roxo e Canapu). O número de sementes germinadas foi avaliado diariamente, adotando-se como critério de germinação o surgimento do hipocótilo e a emergência dos cotilédones. As características avaliadas foram: a) Primeira contagem da germinação - correspondente a porcentagem acumulada de sementes germinadas até o quinto dia após o início do teste, incluindo as plântulas anormais; b) Índice de velocidade de emergência - determinado de acordo com a fórmula apresentada por Maguire (1962); c) Porcentagem de sementes germinadas - correspondente a porcentagem total de sementes germinadas até o oitavo dia após a instalação do experimento, incluindo plântulas anormais; d) Porcentagem de germinação - realizado de acordo com a porcentagem total de plântulas normais. Os dados obtidos foram submetidos às análises de variância pelo teste F, e as médias dos fatores qualitativos comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Resultados e Discussão 2

3 Pode-se verificar na Tabela 1, que houve diferença significativa a 1 e 5% de probabilidade pelo teste F na fonte de variação variedade. Com relação à quantidade de água, houve variação significativa a 1% para todas as variáveis estudadas. Avaliando-se a interação variedade versus quantidade de água, não houve variação significativa em nenhuma das variáveis, evidenciando que ambas as variedades, respondem semelhantemente, nas mesmas condições. Tabela 1. Síntese da análise de variância e do teste de médias para primeira contagem de germinação (PCG), índice de velocidade de emergência (IVE), porcentagem de sementes germinadas (PSG) e porcentagem de germinação (PG) Tratamentos PCG IVE PSG PG (%) (%) (%) (%) Fator 1 Canapu 62,0 a 9,2 b 74,3 b 74,3 b Variedade (V) Roxo 68,3 a 10,5 a 77,3 a 77,3 a 2 0 c 0 c 0 b 0 b 4 43,3 b 7,5 b 89,2 a 89,2 a Fator ,5 a 13,7 a 95,8 a 95,8 a Água (A) 8 95,8 a 14,1 a 97,5 a 97,5 a 10 94,1 a 13,8 a 96,6 a 96,6 a V 3,37 NS 5,51* 5,93* 5,93* TESTE F A 122,0 ** 160,4** 952,6** 952,6** V*A 0,59 NS 0,7 NS 0,989 NS 0,989 NS CV% 16,73 11,73 5,14 5,14 **significativo (P<0,01); *significativo (P<0,05); NS: não significativo; CV%: coeficiente de variação. Na Tabela 1, pode-se observar que quando utilizadas as dosagens de 6, 8 e 10 mm de água obteve-se os melhores resultados quanto a variável primeira contagem de sementes germinadas e índice de velocidade de emergência, diferindo estaticamente das demais dosagens. Quando utilizada a lâmina de 2 mm não houve germinação das sementes. Utilizando-se 4 mm houve uma baixa taxa de germinação. Resultados semelhantes foram obtidos por Garcia et al. (2012), onde se verificou a redução da taxa de germinação em sementes de feijão sob estresse hídrico. De acordo com Lima et al. (1989), a testemunha utilizada foi a de 6 mm, onde foi possível observar que a esse nível de água as variedades obtiveram um média elevada, quanto a porcentagem de sementes germinadas não diferindo entre si neste tratamento. De acordo com MARCOS FILHO (2005) a deficiência hídrica pode afetar as diferentes fases do desenvolvimento do feijão, dentre elas a germinação é a mais sensível. A água é um dos fatores que mais compromete a germinação das sementes, sendo responsável pela reativação do metabolismo e por outras etapas envolvidas no processo de germinação. Para porcentagem de sementes germinadas e porcentagem de germinação, apenas a lâmina de 2 mm foi diferente estatisticamente das demais, com nenhuma semente germinando (Tabela 1). 3

4 Para a variável porcentagem de germinação (PG), que é representada pelas plântulas normais, observase que plântulas submetidas a 4 mm de água, apresentaram folhas encarquilhadas, característica obtida devido o déficit hídrico, provocado pela redução do potencial de água na folha, fato este observado por Bastos et al. (2011). Quanto menor a quantidade de água no solo mais negativo deve ser o potencial de água na folha desenvolvido pelos vegetais, formando um gradiente que favoreça a absorção de água pelas plantas (LARCHER, 2000). Nota-se que a variedade Canapu obteve menores médias em todas as variáveis analisadas, não diferindo estaticamente apenas para primeira contagem de germinação. Conclusões Verificou-se que a irrigação abaixo da indicada na fase de germinação das sementes de feijão-caupi, de ambas as variedades, apresentam resultados inferiores. Doses acima da recomendada (6 mm), não demonstraram diferença significativa entre si. Nota-se que a variedade Roxa, apresentou resultados superiores na maioria das variáveis analisadas, apresentando melhores respostas às condições que foram submetidas. Referências BASTOS, E. A.; NASCIMENTO, S. P.; SILVA, E. M. DA; FREIRE FILHO, F. R.; GOMIDE, R. L. Identification of cowpea genotypes for drought tolerance. Revista Ciência Agronômica, v.42, p , CARDOSO, M. J.; MELO, F. B.; BASTOS, E. A.; RIBEIRO, V. Q.; ATHAYDE SOBRINHO, C.; ANDRADE JÚNIOR, A. S. de. Dose de fósforo e densidades de planta em caupi. II. Efeito sobre a produtividade de grãos e componentes de produção sob irrigação em solo Aluvial Eutrófico. In. REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE CAUPI, 4, 1996, Teresina. Resumos... Teresina: Embrapa-CPAMN, p. CUNHA, G.R.; BERGAMASCHI, H. Efeitos da disponibilidade hídrica sobre o rendimento das culturas. In: BERGAMASCHI, H (Coord.). Agrometeorologia aplicada a irrigação. 2.ed. Porto Alegre:Editora Universidade/UFRGS, cap. 6, p GARCIA, S. H.; DIANE SIMON ROZZETTO, D. R.; COIMBRA, J. L. M.; GUIDOLIN, A. G. Simulação de estresse hídrico em feijão pela diminuição do potencial osmótico. Revista de Ciências Agroveterinárias. Lages, v.11, n.1, p , LARCHER, W. Ecofisiologia vegetal. São Carlos: ed. Rima Artes e Textos, p. LIMA, M. G. Evapotranspiração da cultura do feijão macássar (Vigna unguiculata L. Walp.). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE AGROMETEOROLOGIA, 6., 1989, Maceió. Anais... Maceió: SBA, p MARCOS FILHO, J. Fisiologia de sementes de plantas cultivadas. Piracicaba: FEALQ, p. OLIVEIRA, A. P.; TAVARES SOBRINHO, J.; NASCIMENTO, J. T; ALVES, A. U; ALBUQUERQUE, I. C.; BRUNO, G. B. Avaliação de linhagens e cultivares de feijão-caupi, em Areia, PB. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 20, n. 2, p , junho SANTOS, C. A. F.; ARAÚJO, F. P. de; MENEZES, E. A. Comportamento produtivo de caupi em regimes irrigado e de sequeiro em Petrolina e Juazeiro. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.35, n.11, p , novembro

5 SILVA, J. D. L.; SILVA, B. B.; SOUSA, C. M. B.; PIRES, C. J.; SOUSA, M. B.; SILVA, K. J. D.; ROCHA, M. M. Estimativas de Parâmetros Genéticos de Linhagens de Feijão-caupi da Subclasse Comercial Fradinho. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MELHORAMENTO DE PLANTAS, 6., Disponível em: < Acesso em: 10 de mar