ESTUDO DA VIABILIDADE ECONÔMICA DO FEIJÃO CAUPI EM FUNÇÃO DE DIFERENTES ESPAÇAMENTOS ENTRE FILEIRAS
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- Manuela de Sá de Figueiredo
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1 Área: Sócio-economia ESTUDO DA VIABILIDADE ECONÔMICA DO FEIJÃO CAUPI EM FUNÇÃO DE DIFERENTES ESPAÇAMENTOS ENTRE FILEIRAS Josefa Maria Francieli da Silva 1 ; Antônio Marcos Duarte Mota 1 ; Wendell de Melo Massaranduba 2 ; Leonardo Lenin Marques de Brito 1 ; Felipe Thomaz da Camara 3 1 Estudante de Eng Agronômica da Universidade Federal do Ceará Campus Cariri, bolsista do Programa de Extensão Rural (PROEXT) francielisilva39@yahoo.com.br 2 Estudante de Eng Agronômica da Universidade Federal do Ceará Campus Cariri, PIBIC/CNPq 3 Professor de Engº Agronômica da Universidade Federal do Ceará Campus Cariri Resumo O feijão caupi (Vigna unguiculata), destaca-se como importante fonte de proteína na alimentação do brasileiro, sendo um ingrediente tradicional da dieta das populações rural e urbana. Nesse sentido, este trabalho teve por objetivo avaliar a viabilidade econômica da cultura do feijão caupi em função do espaçamento entre fileiras de semeadura, cultivado no período de verão/outono, em sistema irrigado. O experimento foi realizado no Sitio Pintado no município de Missão Velha-Ceará. Foram calculados todos os custos com as operações e insumos desde a instalação até a colheita do feijão caupi em função dos espaçamentos de 50, 60 e 70 cm. As receitas foram obtidas a partir da produtividade e dos preços praticados no mercado local da região do Cariri CE. A partir dos resultados obtidos, verificou-se que, independente do preço, as maiores receitas e lucros se concentram no espaçamento de 60 cm, isso porque este é o espaçamento que obteve maior produtividade com custos operacionais intermediários, elevando assim as receitas e lucros. Entretanto, a análise econômica indica que os três espaçamentos para a produção de feijão, bem como a utilização de irrigação, são viáveis economicamente, independente das variações de preços e das quantidades, uma vez que a renda e o lucro são positivos. Palavras-chave: Análise financeira, lucratividade, agricultura familiar. Introdução O feijão caupi (Vigna unguiculata), destaca-se como importante fonte de proteína na alimentação do brasileiro, sendo um ingrediente tradicional da dieta das populações rural e urbana. A média da área cultivada com o feijoeiro comum tem se mantido em torno de 3,8 milhões de hectares/ano, englobando os vários tipos de grãos, de safras e de regiões. Representa cerca de 3% do PIB agrícola nacionais (ALBUQUERQUE et al., 2005; RENGEL, 2005). Isso ocorre devido a sua adaptação às mais variadas condições de clima e solos, o feijoeiro faz parte do sistema produtivo de sequeiro dos pequenos e médios produtores. Porém a produção irrigada está sendo cada vez mais utilizado em função das mais adversas mudanças climáticas principalmente na região Nordeste com a intensificação das secas. Diversos fatores têm contribuído negativamente para o baixo rendimento do feijão registrado no nordeste do Brasil, entre eles: uso de cultivares pouco adaptadas aos diversos sistemas de produção, baixa utilização de sementes certificadas, cultivo em sistema de consórcio, manejo inadequado da cultura, deficiência hídrica no florescimento ou na fase de enchimento de grãos, pragas e doenças. (WARWICK et al., 2005a,b; CARVALHO et al., 2005). 1
2 O feijão caupi, com denominações diferentes, pode ser cultivado em três épocas distintas de semeadura: feijão de 1ª época ou feijão das águas ou cultivo de primavera-verão; feijão de 2ª época ou feijão da seca ou cultivo de verão-outono; e o feijão de 3ª época ou feijão de inverno ou cultivo de outono-inverno. Os cultivos do feijão de 1ª e 2ª épocas correspondem a mais de 80% da produção nacional (PARTICIPAÇÃO..., 2011). Sendo que no Rio Grande do Sul o cultivo mais realizado é o feijão de seca enquanto que na região Nordeste do país o seu principal cultivo é o feijão das águas, sendo uma alternativa utilizada pelos agricultores para inserção no sistema de produção. A evolução das práticas culturais, aliada ao desenvolvimento de cultivares moderna e à adoção de tecnologias pelos agricultores brasileiros, permitiu expressivo ganho em produtividade, saindo de patamares de 500 kg ha -1 de média nacional, no final da década de 1970, para kg ha -1 na safra 2009/2010. Em alguns estados do País, onde se utilizam níveis tecnológicos elevados, a produtividade supera os kg ha -1 (CONAB, 2011). Entretanto, informações apenas sobre o desenvolvimento técnico das tecnologias são insuficientes para a sustentabilidade do negócio agrícola. Nesse sentido, este trabalho teve por objetivo avaliar a viabilidade econômica da cultura do feijão caupi cultivado no período de verão/outono, em função do espaçamento entre fileiras. Material e Métodos O experimento foi realizado no Sitio Pintado no município de Missão Velha-Ceará, com localização geodésica definida pelas coordenadas 47º33 95 latitude sul e longitude oeste, com altitude média de 380 m. A região apresenta temperatura média anual de 26ºC, umidade relativa média de 62%, precipitação média anual de 930 mm e pressão atmosférica de 96,8 kpa. O clima da região, segundo a classificação de Köeppen, é do tipo Bsh, definido como semiárido quente. O solo da área experimental foi classificado como Argissolo Amarelo de textura franco-arenosa. A seguir serão detalhadas todas as atividades realizadas para a produção do feijão caupi na região do Cariri cearense. Para o preparo do solo foi utilizado um trator com tração 4 x 2 da marca Ford, modelo 5610 com potência no motor de 62,56 kw (85 cv) e uma grade leve em tandem com 12 discos recortados e largura de 1,5 m. Foi determinada a capacidade de campo operacional (CCO) com base na largura de trabalho real da grade, na velocidade real de deslocamento do conjunto e da eficiência de campo da grade, segundo BALASTREIRE (1987). A semeadura foi realizada manualmente com matraca depositando três sementes por cova, com população inicial desejada de plantas por hectare. A quantidade de sementes utilizadas foi calculada em função da massa de mil sementes e o número de sementes utilizadas por hectare. O custo da semente foi de R$ 5,00 o quilo. Foi realizado o desbaste manual em função da emergência de duas ou três plantas de feijão por cova, visando deixar no campo apenas uma planta por cova. Em todas as parcelas foi necessária a aplicação de inseticida Lorsban 480 BR, para controle do pulgão e mosca branca, pragas chave da cultura. Tal aplicação foi realizada em duas épocas, sendo a primeira no dia 30/08/2012 (20 DAS) e a segunda no dia 19/09/2012 (40 DAS). Na primeira aplicação foram utilizados 0,6 L/ha 2
3 e na segunda 0,7 L/ha. O custo do inseticida no mercado local foi de R$ 35,00. Esta atividade foi realizada manualmente com pulverizador costal com tanque com capacidade de 20 L de calda. Foram realizadas duas capinas, sendo a primeira no dia 24/08/2012 (14 DAS) e a segunda no dia 17/09/2012 (38 DAS). Tal atividade foi realizada manualmente com enxada. Durante a condução da cultura do feijão caupi não ocorreram precipitações atmosféricas, portanto, a cultura foi irrigada por 2 horas a cada três dias, totalizando 23 dias e/ou 46 horas com o sistema de irrigação ligado durante o ciclo da cultura. Para a irrigação foi utilizado um motor de 2 cv de potência. O sistema de irrigação possuía 2 aspersores com capacidade de irrigar uma área de 405 m 2. Para a determinação do consumo de energia, os tempos gastos foram extrapolados para um hectare. A colheita foi realizada manualmente quando as vagens estavam secas. Foram determinados os custos das atividades envolvidas na cultura do feijão caupi para ser comercializado seco em sacos de 60 kg, considerando três espaçamentos entre fileiras estudados (50; 60 e 70 cm) em função do custo horário de cada atividade. Os custos do aluguel do trator e grade para o preparo do solo foi de R$ 70,00 a hora de trabalho, valor praticado na região do Cariri-CE. O valor das diárias foi de R$ 25,00 para oito horas de trabalho diário, sendo este valor praticado pelos produtores rurais da região do Cariri cearense. Em função da seca ocorrida no Cariri cearense, os preços do saco de 60 kg de feijão caupi atingiram valores médios de comercialização no ano agrícola de 2012 de R$ 300,00, porém em anos normais, a média de preço praticado é de R$ 200,00, podendo ser vendido a R$ 100,00 quando ocorre grande oferta de feijão caupi. Desta forma, em função da grande variação nos preços praticados na região, foi analisada a viabilidade econômica da produção de feijão caupi com os três valores observados na região. Resultados e Discussão Na Tabela 1, são apresentados os custos de produção de feijão por hectare em função dos espaçamentos de 50, 60 e 70 cm. Verifica-se que com o aumento do espaçamento ocorre redução nos custos operacionais em função do menor número de fileiras existentes em um hectare, fato que facilita e agiliza a realização das operações de semeadura, desbaste, capinas e pulverizações. Somente a colheita teve comportamento diferenciado, sendo dependente diretamente da produtividade da cultura, pois quanto maior a produtividade, maior será o tempo e o custo da colheita. Os custos com insumos, tais como, sementes, defensivos químicos e energia elétrica foram iguais para todos os espaçamentos em função da forma e quantidade utilizada ter sido a mesma, independente do espaçamento utilizado. Com relação à produtividade, quando se observa o intervalo entre os extremos de 50 cm e 70 cm, verificou-se uma diferença de 240 kg/ha. Porém, quando se considera todos os espaçamentos, observa-se que o melhor foi o de 60 cm com uma produtividade de 1260 kg/ha. Em contrapartida o espaçamento de 70 cm entre fileiras de plantas corresponde a menor produtividade devido ao mau aproveitamento da área, onde com o maior espaçamento entre fileiras vai ocorrer um maior adensamento entre plantas na fileira, proporcionando uma maior competitividade por nutrientes e consequentemente baixa produtividade. 3
4 Tabela 1. Análise da viabilidade econômica da cultura do feijão caupi na região do cariri cearense em função da população inicial. CUSTOS E RECEITAS Custo com Operações ESPAÇAMENTO ENTRE FILEIRAS (cm) Preparo do Solo 107,80 107,80 107,80 Semeadura 41,75 40,25 39,00 Desbaste 118,00 113,25 106,75 Primeira Capina 257,00 220,00 148,75 Segunda Capina 291,75 202,50 183,50 Primeira Pulverização de inseticida Segunda Pulverização de inseticida 69,50 57,75 49,50 92,50 77,25 66,25 Colheita 270,00 353,63 179,25 Total Custo com Operações 1248, ,43 880,80 Custo com Insumos Sementes de feijão caupi 198,00 198,00 198,00 Inseticida Lorsban 480 BR 45,50 45,50 45,50 Energia elétrica 384,54 384,54 384,54 Total Custo com Insumos 628,04 628,04 628,04 CUSTO TOTAL 1876, , ,84 PRODUTIVIDADE (sc 60 kg/ha) RECEITA (R$ 100 por sc 60 kg) RECEITA (R$ 200 por sc 60 kg) RECEITA (R$ 300 por sc 60 kg) LUCRO (R$ 100 por sc 60 kg) 123,66 299,53 91,16 LUCRO (R$ 200 por sc 60 kg) 2123, , ,16 LUCRO (R$ 300 por sc 60 kg) 4123, , ,16 A partir da Tabela 1, verifica-se que o cultivo do feijão caupi para ser comercializado em sacos de 60 kg de grãos secos é viável economicamente para todos espaçamentos avaliados, mesmo com os menores preços praticados na região, sendo observado maior lucro para o espaçamento de 60 cm e menor para o de 70 cm. 4
5 Quando os preços praticados na região são baixos (R$ 100 por sc 60 kg), a influência do espaçamento nos lucros do produtor rural são pequenas, de apenas R$ 208,37 por hectare, mas, ao considerarmos os maiores preços (R$ 300 por sc 60 kg), a diferença passa a ser de R$ 1208,37 por hectare, fato que evidencia a importância do uso do espaçamento correto como importante fator para aumentar o lucro dos produtores rurais. Evidencia-se que nem sempre baixos custos de produção significam maiores lucros, sendo este o pensamento da maioria dos agricultores da região, mas verificou-se que o espaçamento de 70 cm obteve os menores custos e os menores lucros, em função da baixa produtividade. Conclusões Conclui-se que, independente do preço, as maiores receitas e lucros se concentram no espaçamento de 60 cm, isso porque é este o espaçamento que tem a maior produtividade, com custos operacionais intermediários, elevando assim as receitas e lucros. Mas que a análise econômica indica que os três espaçamentos para a produção de feijão, bem como a utilização de irrigação são viáveis economicamente, independente das variações de preços e das quantidades, uma vez que a renda e o lucro são positivos. Referências ALBUQUERQUE, M. M. de; WARWICK, D. R. N.; CARVALHO, H. W. L. de; PELOSO, M. J del; FARIA, L. C. de; MELO, L. C.; COSTA, J. G. da. Adaptabilidade de cultivares e linhagens avançadas de feijoeiro do grupo comercial mulatinho no nordeste brasileiro, no biênio In: CONGRESSO NACIONAL DE PESQUISA DE FEIJÃO - CONAFE, 7., 2005, Goiânia. Anais... Goiânia: Embrapa Arroz e Feijão v 1, p CARVALHO, H. W. L. de; WARWICK, D. R. N.; PELOSO, M. J del; FARIA, L. C. de; MELO, L. C.; COSTA, J. G. da. Estabilidade de linhagens avançadas de feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.), do grupo comercial carioca, no biênio 2001/2002, no Estado de Sergipe. In: CONGRESSO NACIONAL DE PESQUISA DE FEIJÃO. CONAFE, 7., 2005, Goiânia. Anais... Goiânia: Embrapa Arroz e Feijão v. 1, p CONAB. Acompanhamento da safra brasileira: grãos: safra 2010/2011: décimo segundo levantamento: setembro/2011. Disponível em: < Setembro pdf>. Acesso em: 08 nov PARTICIPAÇÃO percentual das safras do feijoeiro comum (Phaseolus vulgaris L.) no Brasil [Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 2011?]. Disponível em: < feijao/percentualfeijao.htm>. Acesso em: 07 fev RENGEL, E. P. Produção de sementes de feijoeiro comum no Brasil. In: CONGRESSO NACIONAL DE PESQUISA DE FEIJÃO - CONAFE, 7., 2005, Goiânia. Anais... Goiânia: Embrapa Arroz e Feijão, v. 2, p
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