Ilustríssimo Senhor Presidente da Comissão Permanente de Licitações do Sistema FIEP no Paraná.
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- Geraldo Estrela Avelar
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1 Ilustríssimo Senhor Presidente da Comissão Permanente de Licitações do Sistema FIEP no Paraná. Ref. Edital Concorrência Pública n. 442/2013 Processo n. 1417/13 ATILA SAUNER POSSE, brasileiro, casado, advogado inscrito na OAB/PR sob o n e no CPF sob o n , com endereço profissional na Av. Presidente Washington Luiz, 372, Curitiba, Paraná, onde recebe intimações, vem respeitosamente perante Vossa Senhoria para, em relação ao Edital em epígrafe, apresentar IMPUGNAÇÃO O que faz pelas seguintes razões, as quais entende que agridem a ordem constitucional vigente e a legislação atinente ao princípio geral da licitação. 1. VALOR DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO EXIGIDO O Edital exige que os licitantes apresente patrimônio líquido mínimo em valor equivalente a R$ ,50 (quatrocentos e doze mil, setecentos e trinta e cinco reais e cinqüenta centavos). 1
2 Entretanto, tratando-se de procedimento de registro de preços, esta condição não se afigura como aceitável, como se verá Violação ao art. 15, 1º da Lei 8.666/1993 Como é curial, o intento do procedimento de registro de preços é o de possibilitar o mais amplo registro possível, segundo a exegese do art. 15, 1º, que diz: Art. 15. As compras, sempre que possível, deverão: (...) 1º O registro de preços será precedido de ampla pesquisa de mercado Ao tratar do regime de compras, elegendo o registro de preços como meio hábil ao atendimento das necessidades de aquisição, a Lei impõe sua amplitude, como se infere do disposto no mencionado art. 15, 1º. Assim sendo, a restrição a que os interessados em fornecimento de serviços possuam patrimônio líquido em valor expressivo, equivalente a praticamente meio milhão de reais importa direta violação ao texto legal. licitações. Diga-se: a pesquisa passa a ser restrita, e não ampla, como quer a Lei de Por isto, em primeiro lugar, deve ser afastada esta condição para a consecução do procedimento em análise Inexigibilidade legal Em segundo lugar, forçoso notar que a Lei de licitações não exige que qualquer concorrente seja possuidor de determinado montante de patrimônio líquido. A Lei 8.666/1993 exige apenas que os licitantes possuam saúde financeira, como se lê do contido em seu art. 31, a saber: 2
3 Art. 31. A documentação relativa à qualificação econômico-financeira limitar-se-á a: I - balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último exercício social, já exigíveis e apresentados na forma da lei, que comprovem a boa situação financeira da empresa, vedada a sua substituição por balancetes ou balanços provisórios, podendo ser atualizados por índices oficiais quando encerrado há mais de 3 (três) meses da data de apresentação da proposta; II - certidão negativa de falência ou concordata expedida pelo distribuidor da sede da pessoa jurídica, ou de execução patrimonial, expedida no domicílio da pessoa física; III - garantia, nas mesmas modalidades e critérios previstos no "caput" e 1o do art. 56 desta Lei, limitada a 1% (um por cento) do valor estimado do objeto da contratação. 1º A exigência de índices limitar-se-á à demonstração da capacidade financeira do licitante com vistas aos compromissos que terá que assumir caso lhe seja adjudicado o contrato, vedada a exigência de valores mínimos de faturamento anterior, índices de rentabilidade ou lucratividade. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) 2º A Administração, nas compras para entrega futura e na execução de obras e serviços, poderá estabelecer, no instrumento convocatório da licitação, a exigência de capital mínimo ou de patrimônio líquido mínimo, ou ainda as garantias previstas no 1o do art. 56 desta Lei, como dado objetivo de comprovação da qualificação econômico-financeira dos licitantes e para efeito de garantia ao adimplemento do contrato a ser ulteriormente celebrado. 3º O capital mínimo ou o valor do patrimônio líquido a que se refere o parágrafo anterior não poderá exceder a 10% (dez por cento) do valor estimado da contratação, devendo a comprovação ser feita relativamente à data da apresentação da proposta, na forma da lei, admitida a atualização para esta data através de índices oficiais. 4º Poderá ser exigida, ainda, a relação dos compromissos assumidos pelo licitante que importem diminuição da capacidade operativa ou absorção de disponibilidade financeira, calculada esta em função do patrimônio líquido atualizado e sua capacidade de rotação. 5º A comprovação de boa situação financeira da empresa será feita de forma objetiva, através do cálculo de índices contábeis previstos no edital e devidamente justificados no processo administrativo que tenha dado início ao processo licitatório. 5º A comprovação de boa situação financeira da empresa será feita de forma objetiva, através do cálculo de índices contábeis previstos no edital e devidamente justificados no processo administrativo da licitação que tenha dado início ao certame licitatório, vedada a exigência de índices e valores não usualmente adotados para correta avaliação de situação financeira suficiente ao cumprimento das obrigações decorrentes da licitação. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) 3
4 Resta claro da leitura deste dispositivo legal que a empresa participante deve ter boa situação financeira e apresentar garantia em valor equivalente ao de parcela do certame. E as garantias são aquelas descritas no art. 56, também da Lei de Licitações, ou seja, caução, seguro-garantia e fiança bancária. Mas não é o que se lê do Edital, que prevê que a empresa, para participar, deva possuir patrimônio líquido em valor equivalente a 10% do valor de toda a operação anual prevista. Nem se diga que seriam aplicáveis ao caso o disposto nos 2º e 3º do art. 31 de modo a se autorizar a mencionada exigência de patrimônio líquido em vultuoso valor. Isto porque da leitura do próprio Edital, resta evidente que o serviço a ser prestado terá por maior custo a força de trabalho a ser empregada no desenvolvimento das atividades. O próprio Anexo I, ao especificar o objeto da concorrência elege diversos serviços, todos de natureza intelectual. Não se vê, no Edital, qualquer obrigação de fornecimento de material. No tem 1, por exemplo, está claro que se trata de valor de projeto gráfico e valor de produção por página (textos e diagramação), sem impressão. Da mesa maneira, nos itens subseqüentes, não existe em momento algum a necessidade de se apresentar qualquer material impresso. Logo, não há razão justificada para a exigência de tal patrimônio líquido. 4
5 Só faria sentido à administração exigir-se dos licitantes este patrimônio, para a garantia de entrega de determinados serviços que impusessem o fornecimento de material impresso. O material impresso, este sim, presume que a empresa tenha máquinas específicas, estoques de papéis e tintas de impressão, ou seja, equipamentos e matéria prima onerosos e valiosos. Coisa diversa é o que se apresenta no caso em exame. Basta à empresa ter um bom quadro de pessoal e será capaz de realizar o projeto. É claro que faz-se necessário algum equipamento, mas que de maneira alguma alcançam os valores indicados. Por isso é que o 1º do art. 31 é muito específico ao limitar a comprovação da situação financeira com vistas aos compromissos que terá que assumir caso lhe seja adjudicado o contrato. Logo, com todo o respeito, o valor exigido não visa assegurar a capacidade de cumprimento do contrato, e sim ultrapassa todos os limites do razoável. Trata-se de regra restritiva extremada e, por isso, deve ser revogada. A propósito, MARÇAL JUSTEN FILHO elege alguns critérios, citando MICHAEL KOHL, para avaliar se uma determinada imposição é ou não é proporcional, a saber: A Proporcionalidade de uma medida é estabelecida pela satisfação de um teste de três estágios: (1) a medida deve ser apropriada para o atingimento do objetivo; (2) a medida deve ser necessária, no sentido de que nenhuma outra medida disponível será menos restritiva; (3) as restrições produzidas pela medida não devem ser desproporcionadas ao objetivo buscado 1. É fácil notar que a restrição imposta pelo Edital não tem razão de ser e pode muito bem ser substituída por outra EQUIVALENTE e MENOS GRAVOSA, que é a exigência de seguro garantia ou carta fiança. 1 JUSTEN Fº. Marçal. Curso de direito administrativo. São Paulo: RT, 2013, p
6 Somente assim, com uma medida que ao mesmo tempo resguarde os interesses da administração mas também possibilite a participação de diversos licitantes, é que se dará efetivo atendimento aos verdadeiros objetivos do princípio constitucional da licitação. Até porque, a bem da verdade, ter grande patrimônio não é garantia de coisa alguma, como provam as inúmeras falências de multimilionárias companhias que tramitam no Foro e são de amplo e notório conhecimento. Desta forma, a exigência de um seguro garantia ou carta fiança é muito mais vantajosa à administração e capaz de fomentar maior número de participantes do certame, sem que implique exclusão injustificada de inúmeras empresas possuidoras de boa capacidade técnica, ainda que com capacidade financeira menor do que a imposta. Ante o exposto, impugna-se a exigência contida no item 4, d, do Anexo II do Edital que impõe como condição para participar do certame o patrimônio líquido da ordem de R$ , EXIGÊNCIAS INDEVIDAS NA PROPOSTA TÉCNICA Há elementos entre os critérios de pontuação da proposta técnica que fogem à boa técnica e que violam direitos elementares dos profissionais participantes, os quais devem ser afastados consoante se passa a discorrer Exigência de Carta de Referência ou Atestado de Capacidade Técnica da empresa participante Uma segunda questão que inibe a participação de diversos licitantes no certame diz respeito à exigência descrita no item do Anexo II do Edital, a tratar dos critérios de pontuação da proposta técnica. O requisito em exame impõe a apresentação de, pelo menos, 02 Cartas de Referência ou Atestados de Capacidade Técnica de empresas/clientes, onde a 6
7 empresa presta/prestou serviços compatíveis com, pelo menos, um item do Edital (Anexo I) A questão que se põe é que, como inclusive já se fez referência anteriormente, o trabalho proposto no presente registro de preços é eminentemente intelectual e decorre em grande parcela da capacidade individual de cada um daqueles que venham a integrar a equipe que atuará no projeto a ser desenvolvido. É claro que se pressupõe que a empresa tenha capacidade gerencial, bem com de ordenação destas forças de trabalho para dar cabo do projeto que se propõe a realizar. Mas a força motriz dos projetos que devem ser desenvolvidos é a mão de obra especializada nas áreas especificadas no Anexo I. Por isso, visando inclusive possibilitar o ingresso de maior número de concorrentes, é necessário que se reveja este requisito de modo a se permitir que sejam apresentados atestados de capacidade técnica individualizados relativos ao trabalho de cada um dos profissionais que integram a equipe de que trata o art É a equipe de trabalho, descrita no item , que precisa ter know how suficiente, já desenvolvido há 12 meses ou até mais e que deve comprovar sua capacidade. Aliás, é o que se nota do disposto no art. 30, 1º, I da Lei 8.666/1993, ao se descrever que a capacitação técnico-profissional se dá com a comprovação de que a empresa possui em seu quadro profissionais detentores de atestado de responsabilidade técnica por execução de obra ou serviço de características semelhantes. empresa. Assim, a capacidade técnica, em última análise, é da pessoa, e não da 7
8 Por isso, basta à empresa, para se mostrar qualificada a aceitar o certame, que possua em seu quadro os profissionais indicados no item e, estes sim, sejam possuidores de cartas de referência ou atestados de responsabilidade técnica. Desta forma, resta impugnada a exigência descrita no item no que concerne à comprovação de Capacidade Técnica da Empresa, devendo-se permitir que esta comprovação seja substituída pela comprovação de capacidade individual dos componentes da equipe de trabalho que deve ser indicada na forma do item do Edital Lapso temporal de exigência de Carta de Referência ou Atestado de Capacidade Técnica da empresa participante Outra questão importante e que implica direta violação ao conteúdo da Lei 8.666/1993 é a exigência de que a comprovação de capacidade técnica faça referência aos últimos 12 meses. O art. 30 da Lei 8.666/1993 não impôs nenhuma limitação temporal para a qualificação técnica. Assim sendo, resta impugnada a exigência de comprovação de atuação nos últimos 12 meses, bastando-se a apresentação de comprovação de atuação em qualquer período, atentando-se aos demais argumentos indicados no tópico 2.1. supra. 3. PEDIDO Ante todo o exposto, REQUER respeitosamente a Vossa Senhoria que julgue procedente a presente impugnação para: (a) afastar a exigência de que os interessados em participar do certame contem com patrimônio líquido da ordem de R$ ,50; 8
9 (b) Sucessivamente, caso entenda necessária alguma garantia que o seja de maneira substitutiva, na forma de fiança bancária ou seguro garantia de modo a assegurar a participação de maior número de interessados no certame; (c) afastar a exigência de apresentação de atestado de capacidade técnica e/ou carta de referência da empresa, autorizando-se a apresentação de respectivos atestados dos profissionais que compõem o quadro de atendimento; (d) afastar qualquer exigência de tempo mínimo de comprovação de capacidade técnica. Nestes Termos, Pede Deferimento. Curitiba, 25 de junho de Atila Sauner Posse OAB/PR
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