Obrigatoriedade de Conexão à Rede Pública
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1 LACAZ MARTINS, HALEMBECK, PEREIRA NETO, GUREVICH & SCHOUERI ADVOGADOS Obrigatoriedade de Conexão à Rede Pública Eduardo Isaias Gurevich
2 Curriculum Autor: Eduardo Gurevich Advogado Sócio do escritório de advocacia. É especialista em direito administrativo, com ênfase em concessões e parcerias público-privadas, assessora empresas tanto na conquista de novos empreendimentos, como no desenvolvimento de concessões já implantadas. É o consultor jurídico da ABCON e do SINDCON.
3 Índice I. PrevisãoLegal II. Ligação/Conexão/Tarifa III. Fontes Alternativas / Existência de redepública
4 I. Previsão Legal Lei Federal nº /2007 obrigatoriedade de conexão Art. 45. Ressalvadas as disposições em contrário das normas do titular, da entidade de regulação e de meio ambiente, toda edificação permanente urbana será conectada às redes públicas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário disponíveis e sujeita ao pagamento das tarifas e de outros preços públicos decorrentes da conexão e do uso desses serviços. (...) 2º A instalação hidráulica predial ligada à rede pública de abastecimento de água não poderá ser também alimentada por outras fontes.
5 I. Previsão Legal Decreto Federal nº 7.217/2010 obrigatoriedade de conexão à rede pública de abastecimento de água Art. 6º Excetuados os casos previstos nas normas do titular, da entidade de regulação e de meio ambiente, toda edificação permanente urbana será conectada à rede pública de abastecimento de água disponível. (...) 2º As normas de regulação dos serviços poderão prever prazo para que o usuário se conecte à rede pública, preferencialmente não superior a noventa dias. 3º Decorrido o prazo previsto no 2º, caso fixado nas normas de regulação dos serviços, o usuário estará sujeito às sanções previstas na legislação do titular. 4º Poderão ser adotados subsídios para viabilizar a conexão, inclusive a intradomiciliar, dos usuários de baixa renda.
6 I. Previsão Legal Decreto Federal nº 7.217/2010 obrigatoriedade de conexão à rede pública de abastecimento de água Art. 11. Excetuados os casos previstos nas normas do titular, da entidade de regulação e de meio ambiente, toda edificação permanente urbana será conectada à rede pública de esgotamento sanitário disponível. (...) 2º As normas de regulação dos serviços poderão prever prazo para que o usuário se conecte a rede pública, preferencialmente não superior a noventa dias. 3º Decorrido o prazo previsto no 2º, caso fixado nas normas de regulação dos serviços, o usuário estará sujeito às sanções previstas na legislação do titular. 4º Poderão ser adotados subsídios para viabilizar a conexão, inclusive intradomiciliar, dos usuários de baixa renda.
7 II. Ligação / Conexão / Tarifa Ligação ou conexão de água e esgoto: é o conjunto constituído por tubulação, dispositivos e cavalete que interligam a rede de distribuição pública de água e esgoto à instalação predial do cliente. Com a edição da Lei Federal nº /2007, regulada pelo Decreto Federal nº 7.217/2010, tornase obrigatória a conexão dos usuários às redes públicas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário quando disponíveis.
8 II. Ligação / Conexão / Tarifa Uma vez conectado, o usuário deve pagar tarifa? A cobrança da tarifa é realizada a partir da ligação do usuário às redes públicas de abastecimento de água e esgotamento sanitário, havendo ou não utilização dos serviços disponibilizados. Os Tribunais possuem entendimento majoritário no sentido de que se o usuário estiver conectado à rede pública de abastecimento de água e esgotamento sanitário, ele deve pagar tarifa, mesmo que não utilize os serviços. Prevalece o posicionamento de que não basta o serviço estar à disposição do consumidor se ele não estiver conectado, pois se não houver efetiva disponibilização dos serviços públicos que se dá mediante a conexão à rede pública, não há que se falar em cobrança de tarifa.
9 II. Ligação / Conexão / Tarifa Superior Tribunal de Justiça PROCESSUAL CIVIL - AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO - REPETIÇÃO DE VALORES - SERVIÇOS DE FORNECIMENTO DE ÁGUA E ESGOTO - AUSÊNCIA DE REDE PARA O DESPEJO - ILICITUDE DA TARIFA COBRADA - RESTITUIÇÃO EM DOBRO - CABIMENTO - ARTIGO 42, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CDC - PRECEDENTES - APLICAÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL PREVISTO NO ARTIGO 205 DO CÓDIGO CIVIL - PRECEDENTES (...) 2- O Superior Tribunal de Justiça possui firme jurisprudência no sentido de não configurarerrojustificávelacobrançadetarifadeáguaeesgotoporserviçoquenãofoi prestado pela concessionária de serviço público, razão pela qual os valores indevidamente cobrados do usuário devem ser restituídos em dobro, conforme determina o artigo 42, parágrafo único, do Código de Defesa do Consumidor. Precedentes: AgRg no REsp /RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 04/03/2010; AgRg no REsp /SP, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 19/02/2010; REsp /RJ, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJe 23/04/2008; REsp /RJ, Rel. Min. Castro Meira, D.J Agravo regimental não provido. (STJ - AgRg-AI ª T. - Rel. Min. Benedito Gonçalves-DJe p.348-grifamos)
10 II. Ligação / Conexão / Tarifa TribunaldeJustiçadoEstadodeSãoPaulo PRESTAÇÃODESERVIÇOS-Despesasdeáguaeesgoto-Repetiçãode indébito-naturezadetarifaoupreçopúblico-cobrançaquenãose justifica pela mera colocação do serviço à disposição do consumidor - Necessidade de verificação da efetiva ligação do imóvel à rede de esgoto - Procedência bem decretada - Hipótese de devolução em dobro caracterizada - Inteligência do artigo 42, parágrafo único, do Código de Defesa do Consumidor- Pequena ressalva apenas para reconhecer a devolução parcial de valores já efetivada - Recurso parcialmente provido. (Apelação n , 31ª Câmara Dir. Privado, J. 22/10/2010)
11 II. Ligação / Conexão / Tarifa TribunaldeJustiçadoEstadodoRiodeJaneiro REPETIÇÃO DE INDÉBITO. TARIFA DE ÁGUA E ESGOTOS. AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. EMBARGOS DECLARATÓRIOS. INEXISTÊNCIA DE OMISSÕES E CONTRADIÇÕES. REDISCUSSÃO. VIA IMPRÓPRIA. (...) Não se trata aqui de cobrança de tarifa mínima (a qual pressupõe serviço eficiente à disposição do consumidor), poisécediçoqueestaélegítima.incasu,cuida-sedehipóteseemquenão há prestação de serviços, ou seja, o autor paga, mas não usufrui de qualquer serviço. A questão é de simples solução, uma vez que se o serviço não é prestado, não há que se falar em cobrança de qualquer tarifa, sendo cabível a repetição. (...)Agravo Retido Rejeitado. Desprovimento do Recurso. (Apelação nº , 9ª Câmara Cível, J. 21/10/2008)
12 II. Ligação / Conexão / Tarifa TribunaldeJustiçadoEstadodoRiodeJaneiro DIREITO DO CONSUMIDOR. SERVIÇO DE ÁGUA E ESGOTOS. CEDAE. CRITÉRIOS DE COBRANÇA. TARIFA POR ESTIMATIVA E MÉDIA. ABUSIVIDADE. TARIFA MÍNIMA. POSSIBILIDADE. REDE DE ESGOTO DISPONIBILIZADA AO CONSUMIDOR. COBRANÇA DEVIDA. O consumidor deve pagar pelo serviço que efetivamente consumir, exceto na hipótese em que o consumo for inferior ao valor da tarifa mínima, quando então deverá prevalecer sobre aquele registrado no medidor. Incidência do Enunciado n.º 84 da Súmula deste Tribunal. Embora não seja usuário do serviço de água e esgoto, o consumidor deve pagar pelo serviço que lhe for efetivamente disponibilizado, pelo mínimo cabível, a fim de possibilitar o custeio da expansão e manutenção do sistema público de água e esgoto. Conhecimento e parcial provimento do recurso. (Apelação nº , 9ª Câmara Cível, J. 09/11/2010)
13 III. Fontes Alternativas / Existência de rede pública Como visto anteriormente, a Lei federal nº /2007, em seu art. 45, bem como o Decreto federal nº 7.217/2010, em seus arts. 6º e 11, prevêem a obrigatoriedade da conexão às redes públicas de abastecimento de água e esgotamento sanitário quando estiverem disponíveis. No entanto, quando ausentes as redes públicas de saneamento básico, são admitidas soluções individuais. Vejamos:
14 III. Fontes Alternativas / Existência de rede pública Art. 45. Ressalvadas as disposições em contrário das normas do titular, da entidade de regulação e de meio ambiente, toda edificação permanente urbana será conectada às redes públicas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário disponíveis e sujeita ao pagamento das tarifas e de outros preços públicos decorrentes da conexão e do uso desses serviços. 1º Na ausência de redes públicas de saneamento básico, serão admitidas soluções individuais de abastecimento de água e de afastamento e destinação final dos esgotos sanitários, observadas as normas editadas pela entidade reguladora e pelos órgãos responsáveis pelas políticas ambiental, sanitária e de recursos hídricos. 2º A instalação hidráulica predial ligada à rede pública de abastecimento de água não poderá ser também alimentada por outras fontes.
15 III. Fontes Alternativas / Existência de rede pública Dessa forma, temos duas interpretações: 1ª) Havendo rede pública de saneamento básico, o usuário não pode utilizar fontes alternativas; ou 2ª) Havendo rede pública de saneamento básico, o usuário 2ª) Havendo rede pública de saneamento básico, o usuário deve estar conectado à ela, mas pode utilizar-se de outras fontes, em rede independente da concessionária pública, desde que devidamente aprovadas pelos órgãos de saúde pública.
16 III. Fontes Alternativas / Existência de rede pública Atualmente, o posicionamento majoritário dos Tribunais, inclusive com uma decisão recente do STJ, tem sido no sentido menos restritivo, possibilitando o uso de fontes alternativas, ainda que existente redes públicas, devidamente aprovada pelos órgãos competentes. Vejamos:
17 III. Fontes Alternativas / Existência de SuperiorTribunaldeJustiça STJ rede pública Na questão de fundo, tem-se que o agravante confunde a obrigatoriedade de ligação das unidades habitáveis ao sistema público de abastecimento de águas com proibição de perfuração de poços artesianos. (...) In casu, ainda que houvesse lei estadual proibindo a perfuração de poços artesianos, iria prevalecer o disposto na norma federal, pois em face da reserva de competência constitucional somente as restrições estabelecidas por normas federais devem ser observadas.(...) Em resumo, as leis estadual e federal exigem apenas e tão-somente a ligação das unidades habitáveis ao sistema público de abastecimento de águas; não proíbem a perfuração de poços artesianos. Somente o Decreto Estadual faz tal restrição, ultrapassando,dessa maneira, o que fora estabelecido pelas leis. (AgRg no RMS 27679/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, 2ª Turma, J. 13/10/2009)
18 III. Fontes Alternativas / Existência de rede pública TribunaldeJustiçadoEstadodoRiodeJaneiro Direito administrativo. Águas provenientes de fontes alternativas. Controvérsia quanto à possibilidade de utilização para consumo e higiene humana, quando existente o fornecimento de água pela rede pública. Artigo 45 da Lei n.º /07 que veda apenas a utilização, por outras fontes, da instalação hidráulica ligada à rede pública, o que não impede a alimentação por ligação autônoma. Competência privativa da União Federal para legislar sobre recursos hídricos. Artigo 22, IV da Carta Magna. Poder regulamentar que não pode alterar ou restringir a aplicabilidade da legislação aplicável ao caso. Proibição de utilização da água provida pelo sistema alternativo para consumo e higiene humana, disposta no Decreto Estadual n.º40.156/06 e na Portaria n.º 555/07 da SERLA, que nada tem de norma técnica, a evidenciar o fenômeno da deslegalização. Busca pela sustentabilidade, utilização racional dos recursos hídricos e garantia ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Sentença de procedência que não merece reforma. Apelo improvido.(apelação nº , 10ª Câmara Cível, J. 13/01/2010)
19 III. Fontes Alternativas / Existência de rede pública TribunaldeJustiçadoEstadodoRioGrandedoSul APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PÚBLICO NÃO ESPECIFICADO. LEGALIDADE DE COBRANÇA DE TARIFAS MÍNIMAS MESMO QUANDO NÃO UTILIZADO O SERVIÇO DE FORNECIMENTO DE ÁGUA PRESTADO PELA CORSAN. MANUTENÇÃO DA REDE QUE É PÚBLICA. PRECEDENTES DESTA CORTE. Em que pese não ser ilegal a manutenção de poço artesiano no fornecimento de água, pois tal vedação não encontra paradigma no Código de Águas, a tarifa mínima é devida, modo manter o sistema que é público e não onerar indevidamente os demais usuários. A cobrança de que se fala, outrossim, tem fundamento legal no art. 4º da Lei Federal 6.528/78. Precedentes desta Corte Hipótese de negativa de seguimento.(apelação nº , 1ª Câmara Cível, J. 22/07/2010)
20 Telefone: (11)
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