A LOGÍSTICA REVERSA COMO INSTRUMENTO PARA A SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL

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1 A LOGÍSTICA REVERSA COMO INSTRUMENTO PARA A SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL 1 Ana Carolina Bertassini 2 André Luiz Oliveira 1 Graduanda do Curso de Produção Industrial da Faculdade de Tecnologia de Taquaritinga. Rua Flávio Henrique Lemos, 585 Portal Itamaracá, Taquaritinga - SP, (16) (carol_bertassini@hotmail.com) 2 Prof. Doutor da Faculdade de Tecnologia de Taquaritinga. Rua Flávio Henrique Lemos, 585 Portal Itamaracá, Taquaritinga - SP, (16) (andre.oliveira@fatectq.edu.br) Resumo - Os debates sobre temas ambientais evoluem a cada dia dentro das organizações, à medida que as mesmas tomam consciência de que os recursos naturais existentes são finitos. Essa percepção faz com que as empresas busquem meios de minimizar os problemas ambientais, o que pode ocorrer de forma espontânea ou por meio de instrumentos de comando e de controle (legislação). Nesse contexto, as empresas buscam instrumentos capazes de mitigar os impactos ambientais de seus respectivos ramos de atuação, cenário em que a logística reversa se revela uma ferramenta de grande valia para este objetivo, uma vez que é responsável pelo produto desde o ponto de consumo até o seu reprocessamento, agregando valor ou direcionando-o para uma disposição final adequada. Sob essa ótica, a logística reversa é apresentada em consonância com as diretrizes relacionadas ao desenvolvimento sustentável e sustentabilidade empresarial, integrando preocupações de ordem ética, ambiental, social e econômica. Palavras-chave: Meio Ambiente. Logística Reversa. Sustentabilidade. Empresarial. Pneumáticos. Introdução A ação antrópica na natureza vem se manifestando de formas diversas, desde tempos imemoriais, passando por um processo de intensificação nos últimos séculos, oriundos da interação da humanidade com o meio ambiente, da necessidade de conquista de novos espaços naturais, do avanço científico e dos meios de produção, a reboque da essência da sociedade capitalista (OLIVEIRA, 2013). Assim, faz-se necessário que instrumentos sejam pensados e aprimorados para conferir maior proteção aos recursos naturais. Um desses instrumentos é denominado de logística reversa, ação estratégica que tem, dentre seus escopos, a mitigação de impactos ambientais. Hoje é impossível pensar no gerenciamento de uma empresa e na distribuição de seus produtos sem que se pense em logística. Segundo CHRISTOPHER (2010, p.3), Logística é o gerenciamento estratégico da compra, do transporte e da armazenagem das matérias-primas, partes e produtos acabados (além dos fluxos de informação relacionados) por parte da organização e de seus canais de marketing, de tal modo que a lucratividade atual e futura seja maximizada mediante a entrega de encomendas com o menor custo associado.

2 Atualmente, as empresas são fortemente influenciadas por conceitos socioambientais e de ecologia industrial, passando a ser responsáveis pelos resíduos gerados de sua produção até o fim do ciclo de vida útil de seu produto. Além disso, os consumidores estão ficando cada vez mais exigentes, fazendo com que as empresas busquem novas formas de diferenciação. Nesse contexto, surge a logística reversa, com o objetivo de minimizar o impacto ambiental gerado pelos produtos, dando-lhes destino final adequado e atendendo aos princípios de sustentabilidade. Desse modo, as empresas organizam canais para o correto fluxo relativo ao recolhimento desses materiais, seja para reparos, seja para trocas ou após seu ciclo de vida. O objetivo deste trabalho é apresentar uma abordagem teórica da logística reversa e sua relação com os preceitos de sustentabilidade, evidenciando os benefícios ambientais de sua aplicação. Resultados e Discussão De acordo com Pontes et al. (2014; p.27), logística reversa é o processo de recuperação dos resíduos de pós-venda ou de pós-consumo, pela coleta, pré-tratamento, beneficiamento e distribuição, de forma a ou retorná-los à cadeia produtiva, ou dar-lhes destinação final adequada ; ela opera no sentido inverso da logística empresarial, tendo como objetivo tornar possível o retorno dos produtos ou das matérias que o constituem ao ciclo produtivo ou de negócios, após seu descarte. Leite (2002) define logística reversa como o canal da logística empresarial que faz possível o retorno dos bens de pós-venda e pós-consumo ao ciclo produtivo ou de negócios, com o objetivo de agregar valor de diversas naturezas a esses produtos. Para Pereira et al. (2013), a logística reversa pode ser entendida como um conjunto de operações e ações que trabalham juntas, desde a redução de matérias-primas até a destinação final correta dos produtos com o seu conseguinte reuso/reciclagem. É possível afirmar que a logística reversa é uma versão contrária da logística empresarial, porém utilizando-se dos mesmos processos, como nível de serviço, armazenagem, transporte, estoque, fluxo de matérias e informações. Leite (2009) identifica três vertentes da logística reversa, quais sejam: pelo ciclo de pósconsumo, pós-venda ou pós-industrializado. Segundo o autor, os produtos de pós-consumo envolvem produtos e matérias que chegaram ao fim de sua vida útil, ou que se encontram em estágio de descarte e destinação. Os produtos de pósvendas têm origem motivada quanto à garantia e qualidade, comerciais ou de substituição de componentes. Neste ciclo, há ganhos financeiros e de valorização mercadológica, além de atendimento às diversas legislações ambientais. Quanto aos chamados bens de pós-industrialização, sua relação com a logística reversa se dá quando há um reaproveitamento de refugos e aparas resultantes do processo produtivo dentro da própria unidade produtiva (XAVIER, CORRÊA; 2013). A Figura 1 ilustra a relação dos ciclos de pós-consumo, pós-venda e pós-industrializado, a partir do fluxo de materiais na logística reversa. De acordo com Stock (1998), qualquer empresa pode beneficiar-se com o planejamento, a implementação e o controle de atividades de logística reversa.

3 Figura 1 Fluxo de Materiais na Logística Reversa. Fonte: Pontes et al. (2014) Sustentabilidade Empresarial O conceito de sustentabilidade tem evoluído de forma considerável nos últimos anos, evolução essa que influencia claramente o comportamento das empresas, pois esta passou a ser além de uma necessidade uma fonte de lucro, visto que os clientes atuais estão cada vez mais informados e dispostos a comprar produtos ecologicamente corretos (CALLADO et al., 2009). Para a compreensão do conceito de sustentabilidade, é imprescindível abordar a definição de desenvolvimento sustentável: envolvimento de processos integrativos que buscam manter o desenvolvimento econômico ao longo de gerações, a fim de promover o uso responsável e eficiente dos recursos naturais (RANSBURG; VÁGÁSI, 2007). Já sustentabilidade segundo Souza (2010), diz respeito à capacidade de manter algo em um estado contínuo. Quanto à sustentabilidade organizacional, duas correntes conceituais merecem destaque: sob uma perspectiva macro, a primeira corrente a trata como uma maneira de mobilizar o setor empresarial para contribuir com o desenvolvimento sustentável. Por seu turno, a segunda corrente, sob a égide de uma perspectiva micro, considera-a como uma forma de aprendizado para que as organizações possam difundir visões econômicas, sociais e ambientais (CHENG; FET; HOLMEN, 2010), o que deu origem ao conceito de Triple Bottom Line, que se apoia na integração de questões sociais, ambientais e econômicas (ARAÚJO et al., 2006). Conclusão O caminho a ser percorrido para que todas as empresas se tornem adeptas à logística reversa e à sustentabilidade empresarial ainda é longo, porém é fato que muitas empresas já estão dando passos nessa direção. A busca pela sustentabilidade vem sendo uma constante no competitivo mercado empresarial, uma vez que não somente imposições legais buscam coadunar as diretrizes das empresas às questões

4 ambientais, mas também uma nova consciência mercadológica está voltada para a preservação dos recursos naturais vem tomando corpo junto aos consumidores. A adequação das empresas à logística reversa e à sustentabilidade empresarial é necessária, não somente para o bem da comunidade, como também da própria empresa e do meio ambiente, sendo sua viabilidade identificada na literatura, que aborda a logística reversa como uma importante ferramenta neste contexto. Agradecimentos José Bertassini e Gilda Bertassini, não poderia deixar de agradece-los por todo o apoio, dedicação e esforço que empreenderam tanto na minha formação acadêmica quanto de uma pessoa de bem. Às minhas queridas irmãs Elaine e Paula, obrigado por sempre puxarem minha orelha quando preciso e me incentivarem a estudar a cada dia. E agradeço ao meu namorado Lucas, por toda paciência que teve nos dias em que fiquei ansiosa por fazer o melhor neste artigo e pela ajuda em alguns detalhes da composição do mesmo. E claro, jamais poderia me esquecer do meu ilustre professor e orientador, Prof. Doutor André Luiz Oliveira que despertou em mim o interesse por questões ambientais em suas aulas mais que dinâmicas e que durante todo o processo de composição deste artigo tanto me auxiliou. A todos os profissionais que compõem o corpo acadêmico da Fatec Taquaritinga, agradeço por todas as lições aprendidas. Referências ARAÚJO, G. C.; BUENO, M. P.; SOUSA, A. A.; MENDONÇA, P. S. M. Sustentabilidade Empresarial: Conceito e Indicadores. III CONVIBRA (Congresso Virtual Brasileiro de Administração), Disponível em: Acesso em 08 de mai. de CALLADO, A. L. C.; SOARES, A. P. A.; MACHADO, A. G. C.; CALLADO, A. A. C.; OLIVEIRA, C. V.; LEISMAN, E. L.; RIBEMBOIM, J. A.; FENSTERSEIFER, J. E.; ALBUQUERQUE, J. L.; CÂMARA, R. P. B.; OLIVEIRA, R. L.; MORAES FILHO, R. A.; CABRAL, R. M.; AMORIM, T. N. G. F.; LAGIOIA, U. C. T.; LIRA, Z. B. Gestão Ambiental e Responsabilidade Social: Conceitos, Ferramentas e Aplicações. São Paulo: Atlas, CHENG, C.Y.; FET, A.M.; HOLMEN, E. Using a hexagonal balanced scorecard to integrate corporate sustainability into strategy. Proceedings for the 16 th International Sustainable Development Research Conference. Hong Kong, CHRISTOPHER, M. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: criando redes que agregam valor. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, LEITE, P. R. Logística Reversa: nova área da logística empresarial. São Paulo: Publicare, Logística Reversa: meio ambiente e competitividade. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.

5 OLIVEIRA, A. L. Alternativas jurídicas, institucionais e de procedimentos para implantação da Avaliação Ambiental Estratégica no Brasil p. Tese (Doutorado em Engenharia) Universidade de São Paulo, São Carlos, São Paulo. PEREIRA, A. L.; BOECHAT, C. B.; TADEU, H. F. B.; SILVA, J. T. M.; CAMPOS, P. M. S. Logística Reversa e Sustentabilidade. São Paulo: Cengage Learning, PONTES, A.T.; INFANTE; C. E. D. C.; MOURA; E. S.; MENDONÇA, F. M.; BRACONI, J.; CHUM, J. C. B.; COSTA, L.; SOUZA, M. R.; COSTA; M. M.; SOUZA, R. G.; VALLE, R.; CUVILLIER, S. Logística Reversa: processo a processo. São Paulo: Atlas, RANSBURG, B.; VÁGÁSI, M. Concepts and standards for the corporate internalization of sustainable development. Periodic Polythechinica Social Management Sciences, v.15, n.2, STOCK, J. R. Reverse Logistics Programs. Illionois: Council of Management, SOUZA, R. B. O alinhamento entre sustentabilidade e competências em contexto organizacional. Universidade Estadual de Maringá (UEM)/ Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina, XAVIER, L. H.; CORRÊA, H. L. Sistemas de Logística Reversa: criando cadeias de suprimento sustentáveis. São Paulo: Atlas, 2013.