Há opiniões distintas sobre quem foi realmente o inventor do aparelho capaz de registrar e projetar imagens em movimento.

Tamanho: px

Começar a partir da página:

Download "Há opiniões distintas sobre quem foi realmente o inventor do aparelho capaz de registrar e projetar imagens em movimento."

Gonçalo Mascarenhas Ramires
8 Há anos
Visualizações:

1 Resumo do Livro: Folha Conta 100 anos de Cinema Capítulo 1 O Cinema Mudo Há opiniões distintas sobre quem foi realmente o inventor do aparelho capaz de registrar e projetar imagens em movimento. Os norte americanos reconhecem o talento de Thomas Edison como pioneiro. Já os franceses concedem todas as honras aos irmãos Lumière. O pesquisador Laurent Mannoni diz que para ele, o cinematógrafo foi o elo mais visível de uma longa cadeia de pequenos inventores. Desta forma, as invenções foram se unido e se aperfeiçoando, assim, o cinema foi se aperfeiçoando e produzindo pequenos filmes. Em fevereiro de 1895 os irmãos Lumière registraram oficialmente a patente do cinematógrafo e após cem anos o castelo da família foi transformado no instituto Lumière, museu vivo do cinema. A grande sacada dos Lumière foi de aperfeiçoar o registro da imagem em movimento, o cinematógrafo e imediatamente inserir seu invento na ascendente indústria do espetáculo, o cinema. Mais que a máquina, foi a situação-cinema, com projeção de imagens em movimento para espectadores pagantes confortavelmente sentados em uma sala escura, que os imortalizou. Com a visão em conjunto dos filmes de Méliès mostra muito mais do que um artista inventivo lidando com meios primitivos. Com o primeiro cineasta de ficção inaugura-se, na verdade, a linhagem de autores que mais tarde daria em Orson Welles: Os que vêem no cinema uma maneira de questionar as imagens e sua verdade. Méliès faz com que em seus filmes tenhamos um confronto com essa espécie de dilaceramento em que a mentira magicamente se converte em verdade, o que é passa a não ser no instante seguinte, a fantasia se converte em realidade e, finalmente, o real em delírio. Esta arte de trucagem é o que faz seu cinema eterno e moderno. Estes filmes nos reservam outras belezas. O papel de diabo, que ele próprio gostava de representar, fala não só do pensamento anárquico de seus filmes, como significa, de certa maneira, que o cinema já nascia do lado do diabo: descontente, desorganizador de toda a ordem artística

O pesquisador Laurent Mannoni diz que para ele, o cinematógrafo foi o elo mais visível de uma longa cadeia de pequenos inventores.

2 vigente, e abrindo caminha para uma nova forma de conhecimento: a que se define pela captação e projeção de imagens vivas. Verdade ou mentira, a 24 movimentos por segundo. Méliès traz em seus filmes a essência do cinema. Capítulo 2 A Era de Hollywood ( ) Uma cidade que seria como uma rede esticada no deserto, capaz de capturar todos os pássaros comestíveis : cheia de moças e rapazes, ruim e uísque, a salvo de problemas à prova de tufões. Foi como Bertold Brecht imaginou Mahagonny e é como o jornalista Otto Friedrich visualiza sua própria Mahagonny em A Cidade das Redes Hollywood nos Anos 40. Um livro espantoso, onde o autor consegue fazer o leitor tropeçar em uma novidade quase a cada página, mesmo quando se pensava que já não havia o que se dizer sobre aquele período, não apenas do cinema, mas do que o cinema representou nele. Entre 1939 e 1942, por exemplo, o cinema americano ia muito bem. Naquele período, havia mais cinemas nos Estados Unidos do que bancos. Hollywood, com seus 400 filmes por ano, movimentava sozinha mais dinheiro do que todas as cadeias de supermercados juntas. Ia-se tanto ao cinema que, para muita gente, a dieta básica consistia das pipocas que comiam durante os filmes. Cinqüenta milhões de americanos viam pelo menos um filme por semana, todas as semanas, deixando quase 700 milhões de dólares por ano nas bilheterias. John Huston Paulo Francis Gostava de viver, o que é raro em intelectuais e artistas deste século. Jogava a ruína, perdeu duas fortunas na roleta, bebia e fumava muito. Brigou agredindo várias vezes outras celebridades de Hollywood par causa de mulheres. Huston teve quatro mulheres. Enjoava rápido. Mas pagou muito dinheiro as quatro até morrer.

Capítulo 2 A Era de Hollywood (1930-1955) Uma cidade que seria como uma rede esticada no deserto, capaz de capturar todos os pássaros comestíveis : cheia de moças e rapazes, ruim e uísque, a salvo de

3 Teve um castelo na Irlanda onde caçava raposas e, principalmente, bebia. Hoje parece não haver mais este tipo de homem. Huston saiu de casa para ser boxeur e oficial da cavalaria mexicana. O cinema de Huston é macho, como ele. O homem é realizador, mas predatório, autodestrutivo. A mulher adoça, civiliza a vida do homem. Mas não há confusão de sexo nos filmes de Huston. Até quando ele retrata um homossexual, Marlon Brando em Reflections in Golden Eye, a masculinidade de Brandon é explosiva. O máximo em que Huston consegue é aventura romântica, em que a mulher desempenha papel acessório. Já tentou fazer uma mulher diferente, mas não é muito convincente. Seu maior sucesso artístico ainda é o primeiro filme que dirigiu O Falcão Maltês. Mas Huston nunca se levou a sério como seus fãs intelectuais. Fez filmes até morrer. Deixa como script e produção The Dead, tirado do conto mais famoso de James Joyse em Dubliners. Akira Kurosawa Amir Labaki Em 1981, aos 71 anos, Akira Kurosawa, o maior cineasta japonês de todos os tempos, cedeu às pressões e publicou seu livro de memórias, Relato Autobiográfico. Akira optou desde cedo pela carreira artística, à pintura foi sua primeira grande paixão. Cursou arte e chegou a ganhar dinheiro com ilustração, porém, perdeu a paixão por pintar e conseguiu seu primeiro emprego em um estúdio, como terceiro assistente de direção. Sete anos depois, dirigiu seu primeiro longametragem, Sanshiro Sugata. Kurosawa firmou-se inicialmente dentro da indústria cinematográfica japonesa como um habilidoso diretor de dramas realistas contemporâneos. Porém, sua consagração mundial veio somente na segunda fase de sua carreira ( ), quando revolucionou o até então maniqueísta gênero Jidai-geki, que seriam os filmes históricos de samurais, como o filme Rashomon, que lhe valeu

Até quando ele retrata um homossexual, Marlon Brando em Reflections in Golden Eye, a masculinidade de Brandon é explosiva.

4 um Leão de Ouro em Veneza-51 e um Oscar de melhor filme estrangeiro. É a época de clássicos como Os Sete Samurais e Trono Manchado de Sangue. Ozu Inácio Araújo Quando os filmes de Yasujiro Ozu começaram a ser vistos na Europa, entre os anos 60 e 70, provocaram uma espécie de comoção nos meios cinematográficos. Um cineasta já morto, japonês, que em nada e por nada poderia ser assimilado por nenhuma moda ou tendência de atualidade, transformou-se de repente na grande novidade que o cinema tinha para mostrar. Existem em seus filmes varias circunstancias paralelas que fazem seu interesse. A primeira é a própria descoberta tardia. O cinema japonês foi razoavelmente exportado a partir dos anos 50. Os filmes de Ozu nunca foram exportados, devido à crença de que jamais seriam entendidos no Ocidente. No Japão, seu prestígio só era comparável ao de Mizoguchi. Em segundo lugar, o fato de essa descoberta se intensificar justamente nos anos 70 recolocava o cinema em questão em um momento de inflação de imagens. Se a impressão que a maior parte do cinema transmite na atualidade é de uma imagem perpetuamente circunstancial, que poderia ser sempre qualquer outra, Ozu aponta na direção contrária. Reduzindo o cinema ao máximo de simplicidade, ele conseguiu aproximar-se talvez mais do que qualquer outro de imagens essenciais. Como se cada plano contivesse uma idéia acabada, definitiva, insubstituível. Em um único plano, Ozu é capaz de mostrar o funcionamento de um código tradicional de relações familiares, a hipocrisia com que as pessoas se comportam dentro dele, portanto, sua fragilidade, arbitrariedade e eminência de decomposição e a recuperação de toda tradição como uma formação que se justifica a cada momento por sua própria história. Yasujiro Ozu realizou 53 filmes, 35 deles mudos. Seus filmes oferecem uma visão particular do Japão. Tido por muitos, a seu tempo, como conservador,

Um cineasta já morto, japonês, que em nada e por nada poderia ser assimilado por nenhuma moda ou tendência de atualidade, transformou-se de repente na grande novidade que o cinema tinha para mostrar.

5 esse trabalho é seguramente um dos mais notáveis documentos sobre as transformações do Japão.

Documentos relacionados

O céu. Aquela semana tinha sido uma trabalheira! www.interaulaclube.com.br

O céu. Aquela semana tinha sido uma trabalheira! www.interaulaclube.com.br A U A UL LA O céu Atenção Aquela semana tinha sido uma trabalheira! Na gráfica em que Júlio ganhava a vida como encadernador, as coisas iam bem e nunca faltava serviço. Ele gostava do trabalho, mas ficava