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Wagner Lage Gorjão
8 Há anos
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1 ENTREVISTA: VIK MUNIZ Buenos Aires tem uma presença muito grande no meu imaginário Gabriela Grosskopf Antunes Ele é um dos maiores e mais bem pagos artistas contemporâneos. Vik Muniz com suas fotos e colagens com materiais não convencionais como chocolate, diamantes, macarrão, caviar e até lixo conquistaram o mundo das artes. Agora, suas obras chegam a Buenos Aires pela primeira vez. Buenos Aires, 20 de maio de 2015 Parece não ser coincidência que a exposição de Vik Muniz esteja dentro da autoridade de Imigração argentina, antigo hotel para imigrantes, onde estrangeiros dos países limítrofes vêm tirar sua identidade argentina. O artista nasceu em uma favela em São Paulo e não é estranho a imigração. (Selos e postais se transformam na paisagem carioca) Depois de receber uma indenização, por assim dizer, para não denunciar um tiro que levou ao separar uma briga, Vik Muniz usou o dinheiro para mudar-se de mala e cuia para

Vik Muniz com suas fotos e colagens com materiais não convencionais como chocolate, diamantes, macarrão, caviar e até lixo conquistaram o mundo das artes.

2 Nova Iorque. Durante muitos anos, foi um imigrante ilegal a mais em um país abarrotado pelos sonhos dos que chegam. O tiro feriu Muniz mas foi esta bala que impulsionou a carreira de um dos mais importantes artistas plásticos da contemporaneidade. E foi certa justiça poética da vida que fez de Vik Muniz um artista movido por suas contradições sociais: um homem que viveu a pobreza, hoje circula nos mais altos círculos sociais e que tenta não auto intitular-se um artista social ou político, mas que termina, no entanto, devolvendo um pouco de dignidade a toda uma camada de excluídos representados em algumas de suas obras mais expressivas. ( Diamantes também são material para Vik Muniz) Exemplos disso, presentes na mostra, são os retratos dos Meninos de Açúcar, filhos de trabalhadores dos canaviais de uma ilha caribenha ou nos catadores do aterro de Gramacho, no Rio de Janeiro, retratados em lixo, tema do documentário Lixo Extraordinário de 2011, nominado ao Oscar. O Clarín em Português teve a chance de recorrer junto com Muniz a exposição Postais de lugar nenhum que estreia nesta quinta-feira, com 95 obras, no Muntref (Centro de Arte Contemporaneo da Universidad Tres de Febrero) e conversar com o artista, um entusiasta das imagens e de como elas sãorecebidas.

E foi certa justiça poética da vida que fez de Vik Muniz um artista movido por suas contradições sociais: um homem que viveu a pobreza, hoje circula nos mais altos círculos sociais e que tenta não

3 (Mantega de amendoim e geleia desenham a Mona Lisa) Buenos Aires uma cidade quase inventada Eu vim muito pouco aqui. Mas, Buenos Aires tem uma presença muito grande no meu imaginário. Eu conheço Buenos Aires por fontes literárias, meu escritor favorito é Jorge Luis Borges, explica o entusiasmo de expor, pela primeira vez, na capital argentina. Para mim é uma cidade quase inventada, referindo-se ao quadro criado especialmente para a mostra que constrói a paisagem portenha em uma colagem de velhos portões postais. Muniz que, naquele momento, via a montagem em Buenos Aires pela primeira vez, mostrou-se entusiasmado com suas próprias criações e defendeu os espaços de exposição. Os museus são as catedrais modernas. Eu sou um rato de museu, são neles que se pode refletir sobre uma imagem. A imagem como um relógio Uma imagem tem mais ou menos o mesmo funcionamento de um relógio. O que você usa do relógio é a face dele que te informa o tempo. E relógios são desenhados para que você pense no tempo. Uma imagem tem uma linguagem, uma gramática. A função do artista é preparar e refinar o espectador para não só pensar no que está vendo, mas como ele está vendo esta imagem. Bizarro é tinta Para Muniz, os materiais escolhidos (geleia, caviar, lixo, diamantes, chocolate, entre outros) não são exóticos. Tinta óleo, por exemplo, você nem sabe o que tem dentro. Não são materiais estranhos eu trabalho com a familiaridade. Trabalho com imagens

Para mim é uma cidade quase inventada, referindo-se ao quadro criado especialmente para a mostra que constrói a paisagem portenha em uma colagem de velhos portões postais.

4 iconográficas e materiais mundanos que você nunca viu realizadas em um esquema tão grandioso. Bizarro é tinta, meus materiais são coisas que todos conhecem, diz. (Buenos Aires, a cidade quase "inventada" por postais) A civilização está construída em cima das representações, defende sua obra que costuma estar composta de uma série de elementos que juntos formam um grande retrato. Vik o vip, Vik o altruísta Muniz tenta se distanciar do título de artista social. Em algum momento, diz que são projetos pessoais, mas ao mesmo tempo se diz preocupado com temas relacionados à educação, imigração e meio ambiente. Vik está envolvido em diversos projetos de conscientização, mas ganhou o título midiático de Vip Muniz, por circular nas mais altas camadas da sociedade. Uma dicotomia que na qual Vik Muniz (embaixador da Boa Vontade pelas Nações Unidas) não vê contradição. Quem compra de arte é rico. E isso é bom porque acaba gerando um sistema E essas obras terminam num museu. Eu não tenho nenhum preconceito. (Vik encontra pela primeira vez sua obra em Buenos Aires: "Parece estar flutuando", diz) Meu trabalho político é fazer com que as pessoas enxerguem o mundo de uma forma mais eficiente, mais clara.

formam um grande retrato. Vik o vip, Vik o altruísta Muniz tenta se distanciar do título de artista social.

5 Vik está atualmente inaugurando uma escola na favela do Vidigal, no Rio de Janeiro, e está profundamente envolvido com ONGs italianas para ajudar no tratamento mais digno dos imigrantes que chegam a Europa. Se você vive pequeno seu trabalho é pequeno, se você vive grande seu trabalho é grande, afirmou Vik Muniz Serviço A exposição abre nesta quinta-feira (21) e fica até o dia 14 de setembro. Aberta de terça a domingo no MUNTREF, Centro de Arte Contemporáneo sede Hotel de Inmigrantes (Avenina Antártida Argentina 1355). A entrada é gratuita. A exposição é uma iniciativa da Universidad Tres de Febrero, de Buenos Aires.

Se você vive pequeno seu trabalho é pequeno, se você vive grande seu trabalho é grande, afirmou Vik Muniz Serviço A exposição abre nesta quinta-feira (21)

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