Sumário. prefácio Véronique Dahlet prefácio à segunda edição Álvaro Faleiros apresentação introdução caligramas puros...
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- Oswaldo Pinheiro
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2 Sumário prefácio Véronique Dahlet... 9 prefácio à segunda edição Álvaro Faleiros apresentação...19 introdução...23 O Espaço Gráfico e a Tradução...23 Os Poemas Plásticos de Guillaume Apollinaire e sua Tradução Os Poemas Plásticos e a Composição da Obra A Importância dos Poemas Plásticos de Apollinaire...56 caligramas puros...61 Cœur Couronne et Miroir / Coração, Coroa e Espelho La Gravate et la Montre / A Gravata e o Relógio La Colombe Poignardée et le Jet d Eau / A Pomba Apunhalada e o Chafariz Il Pleut / Chove Paysage / Paisagem Éventail des Saveurs / Leque dos Sabores Voyage / Viagem caligramas inseridos Fumées / Fumadas La Petite Auto / O Pequeno Automóvel
3 8 Guillaume Apollinaire 2 o Canonnier Conducteur / 2 o Artilheiro Condutor caligramas manuscritos...95 La Mandoline l œillet et le Bambou / O Bandolim o Cravo e o Bambu / Carte Postale / Cartão-Postal Madeleine / Madeleine Venu de Dieuze / Vindo de Dieuze jogos no espaço Oracles / Oráculos Échelon / Escalão Saillant / Posto Avançado Visée / Pontaria SP / SP Aussi Bien que les Cigales / Assim como as Cigarras Loin du Pigeonnier / Longe do Pombal Lettre-Océan / Carta-Oceano Du Coton dans les Oreilles / Algodão nas Orelhas outros caligramas comentários bibliografia
4 Prefácio Há algo de infantil no caligrama, e disso não escapam os Caligramas do poeta francês Guillaume Apollinaire, escritos durante a Primeira Guerra Mundial ( ) e publicados em De fato, o caligrama, por ser escrita-imagem (uma mistura de caligrafia e ideograma), lembra os primeiros passos voltados para a alfabetização, quando a criança desenha e, gradativamente, introduz nos seus desenhos letras, e depois palavras. Entretanto, longe de voltar para uma certa ingenuidade que remeteria ao desejo de uma inocência perdida, o caligrama possui o inigualável poder de erupção. Erupção dentro da unidade da palavra, cujo desmantelamento ocorre em prol da materialidade tipográfica; erupção na linearidade narrativa do discurso, criando ilhas textuais circundadas pelos brancos que preenchem o papel de sintaxe; erupção, enfim, da visibilidade na legibilidade e do figurativo na ordem do signo linguístico. Em relação a essas explorações poéticas que juntam o legível com o visível, quebrando a linearidade da escrita e fazendo da página um espaço reinventado ao se tornar multidirecional, o livro muito bem-vindo de Álvaro Faleiros, Caligramas, oferece aos leitores uma tradução (e uma visão também) belíssima dos caligramas do poeta francês.
5 10 Guillaume Apollinaire Três objetivos norteiam a obra: propor uma tipologia dos caligramas de Guillaume Apollinaire, traduzi-los e, enfim, finalizar o percurso mediante comentários que possibilitam aos leitores a abordagem dos caligramas no seu contexto histórico, cultural e literário. A tipologia dos caligramas, elaborada principalmente em diálogo com o tradutor espanhol de Apollinaire, J. I. Velazquéz, e o escritor e crítico francês M. Butor, possibilitou classificar a variedade dos caligramas em quatro categorias, em função da combinação de critérios formais (os caligramas puros, os inseridos, os manuscritos e, enfim, os jogos no espaço). Entendeu-se que a classificação se fez necessária, não só para o próprio entendimento do leitor, como, também, para uma organização inicial propícia à tradução. Não há dúvida de que Álvaro Faleiros é um tradutor que se destaca pelo rigor da análise, aliado a uma grande sensibilidade quanto ao valor poético. Para traduzir textos poéticos, e singularmente caligramas o que remete a uma dupla especificidade sua reflexão se enquadra na descrição do espaço gráfico elaborada pelo linguista do escrito, J. Anis. Essa descrição levanta os componentes que podem entrar na composição do espaço escrito, no intuito de demonstrar que estes últimos veiculam sentido, por si só como também pelas várias combinações que podem formar entre eles. Assim, Álvaro Faleiros mostra claramente o efeito exponencial da significância nos caligramas, em que se acrescentam, aos componentes em questão, a espacialização do espaço gráfico e a inserção do figurativo. Seria errado acreditar que, paralelamente à tradução do verbal, bastaria reproduzir os traçados (linhas escritas, linhas desenhadas, formas figurativas) do caligrama de partida. Pois traduzir não consiste em importar de uma língua para outra, e sim em transpor. O que está em jogo aqui é a questão do ritmo que, por dar forma a um certo modo de dizer (Meschonnic), configura crucialmente o poema. Ora, entre duas línguas, é raro que haja biunivocidade em nível do significado (por exemplo, de um dado termo ou de uma dada expressão); tampouco existe isocronia em nível do ritmo, de modo que o tradutor depara muitas vezes com deslizes rítmicos, quando não descompassos, ao passar para a língua de tradução. Por isso, não raras foram as situações em que Álvaro Faleiros teve que achar soluções no intuito de manter os equilíbrios do espaço gráfico tais como conce-
6 Caligramas 11 bidos por Apollinaire. Por dar a primazia da significância sobre o sentido literal, lembrando nisso o parentesco com o tradutor Mario Laranjeira, Álvaro Faleiros fez escolhas ousadas, porém, sempre justificadas, que conseguiram alcançar a exata justeza da ritmicidade da versão original. Enfim, o grande mérito desse estudo reside tanto na qualidade das traduções, como também no fato de levar o leitor aos bastidores da tradução, cruzando as respectivas indagações com as da poética e da semiótica do espaço gráfico. Mas tudo isso, com uma elegância de estilo que torna a leitura ao mesmo tempo instigante e prazerosa. O autor de Caligramas conseguiu com muita felicidade transpor para os leitores brasileiros a força de erupção propiciada pelos Caligramas de Apollinaire, trazendo através de sua tradução a visão desta erupção. De fato, a estética dos caligramas se lê também como metáfora das grandes mudanças que perpassam a época de Apollinaire, e foi crucial o tradutor possibilitar ao leitor se tornar espectador dessas mudanças: mudanças do olhar fotografia, cinema, propaganda; mudanças na experiência do tempo e do espaço telefone, trem, avião; mudanças geopolíticas, enfim, no plano internacional, com a primeira guerra na escala mundial. Véronique Dahlet
7 62 Guillaume Apollinaire
8 Caligramas 63
9 64 Guillaume Apollinaire
10 Caligramas 65
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