A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Setúbal comemorou, nos dias 19, em Setúbal, e 27 de Outubro, em Azeitão, o seu 129º aniversário.

Transcrição

1 A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Setúbal comemorou, nos dias 19, em Setúbal, e 27 de Outubro, em Azeitão, o seu 129º aniversário. Nas cerimónia realizadas de manhã em Azeitão, na Sociedade Filarmónica Perpétua Azeitonense, registaram-se intervenções do vice-presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Rodeia Machado, do Comandante Distrital de Operações de Socorro da ANPC, Diniz de Jesus, do presidente da Assembleia Geral da AHBVS, Brissos Lino, de dois jovens bombeiros que, este ano, falaram em nome da direção e do comando dos BVS, e da presidente da Camara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira. Momento alto das cerimónias foi a inauguração de um novo Veículo de Socorro e Assitência Táctica, adquirido pela AHBVS com o apoio de verbas do Quadro Comunitário de Apoio. 1 / 8

2 Na parte da tarde, a festa prosseguiu com um almoço para os bombeiros e convidados nas instalações dos BVS em Azeitão. Maria das Dores Meira, na sua intervenção na sessão solene realizada na sala da Perpétua Azeitonense, salientou que a autarquia setubalense, «apesar de ser das que mais gasta no país com os seus bombeiros profissionais, mantém um elevado nível de apoio aos voluntários, com a atribuição anual de um subsídio de cerca de sessenta mil euros». A presidente da Câmara Municipal, numa referência à parceria entre a autarquia e a AHBVS para a prestação de serviço de socorro e emergência nas freguesias de Azeitão, reconheceu que esta «foi uma opção complexa, recheada de incompreensões, de ataques injustificados que ainda hoje continuam a acontecer». Ataques como o de, recordou a autarca, se ter encerrado o serviço de bombeiros em Azeitão, «acusação que, além de injusta, é falsa». Os bombeiros, frisou Maria das Dores Meira estão em Azeitão e «sempre aqui estiveram 24 horas por dia, sete dias por semana, sempre dispostos a prestar socorro com qualidade e competência». Para a edill «não há melhor desmentido do que a realidade, esta realidade que hoje vemos aqui, com um conjunto de bombeiros e bombeiros com todas as qualificações necessárias para prestar o socorro; com recursos materiais e técnicos adequados que a nova viatura que hoje é inaugurada ainda enriquece mais». Perante o balanço positivo que faz da prestação dos bombeiros voluntários em Azeitão, Maria das Dores Meira salientou que tem a «certeza» de que foi seguido o «caminho mais correto». 2 / 8

3 Intervenção dos jovens bombeiros Renato Esperança e Joana Oliveira na cerimónia do 129.º aniversário da AHBVS Bom dia. Os nossos nomes são Joana Oliveira e Renato Esperança, somos estagiários deste corpo de bombeiros e hoje iremos dizer algumas palavras acerca da nossa associação, do nosso trabalho e daquilo que somos. A nossa casa O Corpo de Bombeiros Voluntários de Setúbal atua no concelho de Setúbal, desde 1883, ano em que foi criada a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Setúbal. Há cerca de um ano passámos a atuar nas freguesias de Azeitão e meio envolvente, como equipa de primeira intervenção. O nosso corpo de bombeiros conta com, sensivelmente, 70 elementos no quadro ativo e a nossa área de intervenção abrange cerca 340 quilómetros quadrados e serve, aproximadamente, habitantes. 3 / 8

4 Neste mês de outubro de 2012 a nossa corporação completa 129 anos de idade e de serviço. Afinal o que é ser bombeiro? Bombeiros, porquê este nome? Por trabalharmos com bombas? Talvez não Não é o nome que nos define, nem a nossa beleza, aparência ou forma física, mas sim aquilo que fazemos, com as competências que adquirimos em formações e em contexto de trabalho. Mas há que desmistificar a tendência de que não é qualquer um que pode ser Bombeiro e que o Bombeiro já nasceu com esta vocação. Ser Bombeiro não nasce connosco, aprendemos a sê-lo e adquirimos competências para exercer tal profissão como se adquire para qualquer outra. Entendemos que devemos obter, durante a formação, características como a humildade, a coragem, a solidariedade, a força e a vontade de ajudar. Estas fazem de nós os verdadeiros soldados da paz. Soldados estes que dão a sua dedicação pelo lema, Vida por Vida, lema este que não deve ser seguido à letra, há que proteger a vida dos outros mas também a nossa, porque ser bombeiro não é morrer para salvar a vida de alguém, é manter-se vivo para ajudar e proteger muitas outras vidas, pois Herói é aquele que pensa e atua com responsabilidade, que age com segurança, não aquele que morre por querer salvar alguém sem pensar nas consequências dos seus atos irresponsáveis, deixando família, amigos e camaradas desolados com a sua perda. Deste modo todas as missões devem ser executadas com segurança, tanto para nós como para vitimas, população e todo o meio envolvente. Toda e qualquer missão deverá ser interpretada com o mesmo grau de importância, seja um gato em cima de uma arvore, um incêndio florestal, uma alta hospitalar ou uma vítima em 4 / 8

5 paragem cardiorrespiratória, pois é necessário intervir com coerência, prontidão e respeito para que sejamos eficazes e bem-sucedidos. Por vezes, esta actividade é muito desvalorizada, atrevo-me a dizer que a maior parte da população só nos valoriza em momentos de aflição, principalmente na época dos incêndios florestais e das cheias. Tornando-se um pouco injusta visto que estamos presentes em muitas mais situações, como prevenções, festas populares, eventos sociais e organizações do género, sendo nós uma parte imprescindível para o bem-estar e a proteção da população da nossa cidade. Como referimos anteriormente, servimos uma população com cerca de habitantes e a nossa associação conta com apenas sócios. Achamos que como prova de conhecimento da nossa existência, a população que servimos poderia estar mais ligada à nossa Associação, havendo assim mais sócios que com a sua contribuição, por mais pequena que seja, ajudaria a melhorar as nossas condições de trabalho, nomeadamente a aquisição de equipamentos de proteção e socorro. Joana: opinião pessoal Faço parte desta pequena-grande família há quase dois anos. Entrei porque tinha uma certa curiosidade em descobrir como era fazer parte deste mundo tão importante que é o de ser Bombeiro. Assisti a uma primeira formação, com o incentivo de dois amigos que na altura integravam essa recruta e foi logo nessa formação que a minha curiosidade virou paixão/fascínio. Decidi então juntar-me a esta grande causa que é salvar vidas, porque ser 5 / 8

6 Bombeiro não é só vestir uma farda, há que ter amor a essa, lutar e estudar para ser digno de a usar. Para mim, ser Mulher Bombeiro é uma forma de me sentir viva, prestável e importante, ajudar os outros foi algo que sempre fez parte de mim e poder fazê-lo desta maneira dá-me imenso orgulho e alegria. Desde formações teóricas a práticas, de testes a exames, o mais importante na nossa recruta foi a camaradagem, a dedicação, a entreajuda e o apoio, estas são as palavras de ordem para quem ajuda e quem se deixa ajudar, há que levantar quem mais precisa e escutar quem mais sabe falar do assunto. Desde que cheguei a esta casa só tenho aspetos positivos a apontar, não que ainda não me tenham acontecido situações menos boas, mais desagradáveis, houve até uma altura que pensei em desistir, mas foi tudo isso que me tornou mais forte e me fez chegar aqui, essas experiências e todos os laços afetivos que até hoje criei. Fiz de camaradas grandes amigos, daqueles verdadeiros que podemos contar não só nesta nossa casa como também no nosso lar, amigos que nos ajudam e se preocupam connosco no dia-a-dia, nesta casa há pessoas assim. E encontrei também quem mais força, ânimo e orgulho me deu ao longo deste percurso, o Renato. Porque quem acha que não podem nem devem existir relações entre camaradas engana-se, há que saber separar as coisas e nós sabemos, e o facto de sermos um casal só nos ajuda mais a ter sucesso aqui dentro, pois ajudamo-nos, apoiamo-nos, discutimos e trocamos ideias sobre os mais variados assuntos ligados aos Bombeiros. Se há coisa que temos é respeito à farda que vestimos e a todos os nossos superiores. Recentemente fui convidada e integrada na equipa da escola de cadetes e infantes da nossa casa. Sempre que posso estou presente, assisto, aprendo e auxilio no que posso. Temos uma turminha razoavelmente grande, com várias faixas etárias. Adaptamo-nos aos problemas e formas de aprendizagem de cada um para que estes se consigam também adaptar melhor e mais facilmente a nós. É de louvar o que eles fazem, pois não só andam na escola, como também estudam para ser bombeiros, como ainda têm de arranjar tempo para brincarem e aproveitarem o seu pouco tempo livre. Tenho muito orgulho no que eles são e no que um dia se vão tornar pois mostram um grande empenho e dedicação nas suas formações. Senhor Comandante tenha em atenção que vamos ter dali potenciais Bombeiros. 6 / 8

7 Quero ainda dizer que nunca tive tanto orgulho e vontade de fazer algo como tenho em me tornar Mulher Bombeiro, é difícil, é complicado de conciliar com a vida familiar, pessoal e profissional, mas como diz o meu avô Quem corre por gosto não cansa!, e eu espero nunca me cansar e continuar a fazer parte desta família por muitos mais anos, sempre a melhorar e aprendendo mais todos os dias. Renato: opinião pessoal Ao longo da minha vida, necessitei variadas vezes de apoio de bombeiros, pois na zona onde cresci, diariamente havia inúmeros incêndios que se estendiam por vários dias e noites. Como criança, o fogo era assustador para mim e necessitei, também, de uma ambulância devido a uma queda que teve como consequência uma hemorragia grave. Durante o meu crescimento fui percebendo e compreendendo o que fazem os bombeiros, e a vontade de ser um deles cresceu comigo. Aos 14 anos integrei esta casa e desde então tenho vindo a aprender a ser um bombeiro exemplar. Com cerca de 4 anos desta atividade já passei por muitas experiências, umas boas outras menos boas, nada é mau pois aprendemos sempre alguma coisa em todas as situações. Tenho vindo a participar em formações, prevenções, simulacros, operador de central de comunicações, ocorrências de incêndios, transporte de doentes, emergências pré-hospitalares e atividades extra quartel, como acampamentos e atividades de convívio.a pouca experiência que tenho no terreno já dá para despertar o amor à farda e ter certezas em relação às espectativas que tenho do que é ser bombeiro e da casa em que estou. Nesta casa, sinto-me em casa e espero dela o que ela espera de mim, um futuro de trabalho, experiências e inovações. É fácil habituarmo-nos a algo, o difícil é desabituar e eu não consigo imaginar a minha vida sem vestir esta farda sempre que necessário, seja para o serviço, formação, apoio a operações ou comemorações. Espero poder tirar todo o proveito e experiência possível desta casa para que futuramente possa ser um bombeiro exemplar e conquistar o sonho de ser bombeiro profissional. Valorizo muito os bombeiros, não por ser um, mas pelas funções que exercem, trabalho este desvalorizado por superiores que não dão regalias justas a estes homens e mulheres, e infelizmente muitos camaradas nossos perderam a vida no combate às chamas em troca de nada, é triste que assim seja pois eles deram tudo o que tinham, e nada tiveram como recompensa. Com tudo isto, digo, em alto e bom som que tenho orgulho em ser bombeiro. Espero que esta grande família cresça, com gente de vontade e orgulho no seu trabalho. 7 / 8

8 Agradecimentos Terminamos com o agradecimento à Direção, na pessoa do Sr. Presidente José Luís Bucho e ao Comando, na pessoa do Sr. Comandante Paulo Sedas, Comandante deste corpo de bombeiros, pelo convite para estar aqui, agora, e a todos pela presença nesta comemoração.agradecemos também a vossa atenção nestes últimos minutos.esperamos que gostem desta festa e do almoço. Resto de um bom dia, obrigado. 8 / 8