RELATÓRIO PARCIAL 04/2019
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1 RELATÓRIO PARCIAL 04/2019 Projeto Agrisus Nº: 2533/18 Título da Pesquisa: Atributos microbiológicos em solo sob aplicação de dejetos de suínos Interessado (Coordenador do projeto): Jucinei José Comin Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina Centro de Ciências Agrárias Departamento de Engenharia Rural Rodovia Admar Gonzaga, 1346 CEP: Itacorubi, Florianópolis (SC) Local da Pesquisa: Universidade Federal de Santa Catarina Valor financiado pela Fundação Agrisus: R$ ,00 Vigência do Projeto: 09/10/2018 a 01/11/2019 RELATÓRIO PARCIAL DA PESQUISA: 1. Introdução O uso dos dejetos suínos na agricultura, considerando o seu potencial fertilizante, se apresenta como uma alternativa ao descarte inadequado destes materiais nos recursos naturais (solo e água). Além de reduzir o uso de fertilizantes minerais e, consequentemente, os seus custos de aquisição, também reduz os impactos ambientais, contribuindo para a ciclagem de nutrientes da atividade suinícola e para o incremento do rendimento das culturas (GATIBONI et al. 2008). Comumente os dejetos de suínos são utilizados nas propriedades rurais na forma líquida (dejetos líquidos DL), resultado da junção da água utilizada no processo de lavagem das instalações com urina, fezes e restos de ração, que são posteriormente destinados a esterqueiras anaeróbias. Os DL apresentam em sua composição nitrogênio (N), predominantemente na forma amoniacal (N-NH4 + ) (SOUZA et al., 2009), e outros elementos como o fósforo (P), potássio (K), metais pesados como cobre (Cu +2 ) e zinco (Zn +2 ) (GIROTTO et al., 2010; TIECHER et al., 2013) e carbono orgânico nas formas solúveis e particulada. Com a realização da 15ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP15) no ano de 2009 na Dinamarca, o governo brasileiro assumiu o compromisso de fomentar outras alternativas para o manejo dos dejetos com foco principal na redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE). Desta forma, outras tecnologias foram e estão sendo desenvolvidas e aprimoradas, como é o caso da compostagem, que vem sendo utilizada como alternativa de redução do potencial poluente dos dejetos líquidos (GIACOMINI et al., 2014). Neste sistema, os DL são aplicados sobre material rico em carbono, como por exemplo maravalha,
2 serragem ou casca de arroz. Este processo visa a produção de um composto de dejetos suínos (CS) com reduzidos teores de umidade, elevada relação C/N, além de reduzir o volume inicial (KUNZ; HIGARASHI; OLIVEIRA, 2005), facilitando sua disposição final ao solo. Outro ponto fundamental que contribuiu para a redução dos impactos provenientes da destinação inadequada aos dejetos ocorreu no ano de 2014, com a atualização, em outubro deste ano, da Instrução Normativa N 11 (IN 11) da Fundação do Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina (FATMA). Neste documento são apresentadas as diretrizes para o licenciamento da atividade suinícola no estado. Dentre as atividades que são normatizadas pelas IN11, está a disposição dos dejetos no solo, que é definida em função da análise de solo, da necessidade nutricional da cultura a ser adubada, da concentração de nutrientes dos dejetos e do índice de eficiência agronômica dos nutrientes para cada tipo de fertilizante orgânico utilizado nas áreas de lavoura (FATMA, 2014). Ao longo dos anos, a legislação estadual passou por diversos avanços, todos eles frutos do desenvolvimento científico e tecnológico. Entretanto, pela compostagem de dejetos suínos ser uma tecnologia relativamente recente no Brasil, pouco se sabe sobre os impactos do uso do CS nos atributos microbiológicos do solo. Nos dejetos suínos, o N é o nutriente encontrado em maiores concentrações (TAVARES, 2016), e as formas em que este elemento está presente dependem do tipo de armazenamento. Os DL apresentam N predominantemente em formas amoniacais, enquanto os dejetos sólidos de suínos, como é o caso CS, apresentam maiores proporções de N em formas orgânicas (GIACOMINI; AITA, 2008), reduzindo a disponibilidade de N às bactérias desnitrificadoras. Os compostos nitrogenados presentes nos dejetos de suínos ao serem aplicados, tanto nas formas orgânicas (e.g. ácido hipúrico - C9H9NO3) quanto nas formas livres (e.g, amônia - NH3), são utilizados como fonte de energia pelos organismos do solo, principalmente por bactérias e arqueas. No processo de nitrificação ocorre o consumo de elétrons para a redução de 1 átomo de O2 para água (HEIL; VEREECKEN; BRÜGGEMANN 2016), produzindo alguns intermediários como a hidroxilamina (NH2OH) e o nitrito (NO2 - ), gerando como produto final o nitrato (NO3 - ). Os elétrons são fornecidos por formas lábeis de carbono (PAUL; CLARK, 1989). Após a oxidação da NH3 a NO3 -, este pode ser então utilizado em outras vias, como a absorção pelas plantas e pelos próprios microrganismos do solo, contribuindo para o incremento do rendimento das culturas e para a sustentabilidade da atividade agrícola. Pelo exposto, se fazem necessários estudos para melhorar o entendimento da valorização agronômica dos dejetos de suínos na forma líquida (DL) e sólida (CS), ambas combinadas com a adubação mineral nos atributos microbiológicos do solo e na produtividade das culturas agrícolas. As informações obtidas neste estudo poderão auxiliar em futuras atualizações da Instrução Normativa Nº 11 da FATMA, promovendo ajustes na legislação com foco na redução dos impactos ambientais e no incremento do rendimento das culturas.
3 2. Materiais e métodos O experimento está implantado em uma propriedade suinícola situada no município de Braço do Norte (SC), Sul do estado de Santa Catarina, região Sul do Brasil (Latitude 28 13'58", Longitude 49 6'15 " e altitude de 300 m). O solo é classificado como Argissolo Vermelho-Amarelo (Embrapa, 2013) com textura média (franco argilo-arenosa) na camada de 0-20 cm, com 503, 198 e 299 g kg -1 de areia, silte e argila, respectivamente. O clima na região é classificado como Cfa - subtropical úmido, com temperatura média anual de 18,7 C e precipitação média de mm. A área experimental foi instalada no segundo semestre de 2013 em uma área com histórico de produção de milho e aplicações esporádicas de dejeto líquido de suínos sobre a superfície do solo. O experimento foi conduzido em sistema de cultivo mínimo com sucessão aveia (Avena strigosa Schreb.) e milho (Zea mays L.) sob delineamento em blocos casualizados (cinco tratamentos e quatro repetições), onde cada parcela possui dimensões de 6,5 m por 8,0 m (52 m²). A partir de setembro de 2013 as parcelas receberam os seguintes tratamentos: sem adubação (SA); adubação mineral (AM), seguindo a recomendação para a cultura do milho e da aveia (CQFS-RS/SC, 2004); composto de dejeto líquido de suínos + adubação mineral (CSlim); dejeto líquido de suínos + adubação mineral (DLlim); e dejeto líquido de suínos de acordo com a recomendação para o N (DL100). Nos tratamentos CSlim e DLlim a quantidade de composto e dejeto líquido a ser aplicada é calculada de acordo com o elemento mais limitante, isto é, a partir da recomendação (CQFS- RS/SC, 2004) de um elemento (N, P e K) em que os teores adicionados não excedam os requerimentos nutricionais das plantas. O suprimento dos demais nutrientes é realizado por meio da adubação química, complementando assim a adubação orgânica. Em cada aplicação dos dejetos suínos foi coletada uma amostra do composto e do dejeto líquido e encaminhada ao Laboratório de Análise de Solo, Água e Tecidos Vegetais, do Departamento de Engenharia Rural (UFSC) para análise dos teores de N (nítrico, amoniacal e teores totais), P e K, para a adequação das doses aplicadas e cálculos da adubação química suplementar. As coletas de solo para a condução do estudo foram realizadas ao longo do ciclo do milho (2018/2019). Para tanto, amostras de solo foram coletadas nos tratamentos DLlim, CSlim e Testemunha. Foram coletadas 5 sub-amostras por parcela, na camada de 0-10 cm, com o auxílio de um trado calador. A amostragem foi realizada em 3 blocos, totalizando 3 repetições de campo. As mesmas foram acondicionadas em frascos previamente identificados e armazenadas em caixa de polipropileno expandido contendo gelo, ao qual foram encaminhadas para o Laboratório de Ecologia do Solo do Centro de Ciências Agrárias da UFSC. No laboratório, as amostras foram subdivididas, retiradas raízes e demais resíduos vegetais e peneiradas em malha de 4 mm. Metade do material foi utilizado para análises microbiológicas, logo após a chegada no laboratório. A outra metade foi seca ao ar, peneirada em malha de 2 mm para obtenção da fração Terra Fina Seca ao Ar
4 (TFSA) e utilizada para análise dos teores de C orgânico solúvel (Csol), carbono orgânico total (COT), N mineral, umidade (%) e valores de ph. O carbono e nitrogênio da biomassa microbiana foram determinados de acordo com metodologia descrita pela EMBRAPA (1998). Para tanto, foram pesadas amostras contendo 20 g de solo fresco. As amostras foram acondicionadas em frascos snap-cap (capacidade: ml), com quatro repetições de laboratório para cada tratamento. Metade das amostras foi submetida ao processo de fumigação em dessecadores contendo frascos com 20 ml de clorofórmio livre de etanol durante 24 horas. Após este processo, as amostras foram incubadas a 30º C, no escuro, durante 10 dias. Das amostras não-incubadas foram extraídas com K2SO4 no mesmo dia (tempo 0), sendo o filtrado guardado em geladeira, em frascos de vidro com tampa até que se processasse a análise. Ao final do período de incubação, em cada uma das amostras de solo, fumigadas ou não, foi realizado o processo de extração do C e N, que foram quantificados no mesmo dia, de acordo com metodologia descrita por Tedesco et al. (1995). O C e N da biomassa microbiana do solo foram quantificados de acordo com as seguintes equações: C da biomassa = Caf Canf Equação 1 N da biomassa = Naf Nanf. 14. NHCl / g Equação 2 Onde, Caf Canf é a fração de C encontrada no extrato liberado pelo clorofórmio (fumigado não-fumigado), Naf Nanf é a fração de N encontrada no extrato liberado pelo clorofórmio (amostra fumigada amostra não-fumigada), 14 é o peso molecular do nitrogênio, NHCl = normalidade do ácido usada para titular o extrato e g = peso seco da amostra de solo. Para a quantificação da respiração basal do solo (RBS), optou-se pela utilização de outra metodologia, que não a sugerida na proposta original. Na proposta de pesquisa submetida, havíamos escolhido a metodologia proposta pela Embrapa (2007), onde através da incubação de amostras deformadas, determina-se a taxa de respiração basal do solo (RBS) pelo método de absorção alcalina. Sendo assim, para melhorar a exatidão dos resultados experimentais, optamos pela quantificação dos fluxos de CO2 in situ, através do uso de câmaras estáticas, e determinação das concentrações de CO2 nas amostras gasosas via cromatografia gasosa acoplada a um espectrômetro de massa. Esta técnica é amplamente utilizada, apresentando maior exatidão e confiabilidade que a determinação em amostras deformadas incubadas em laboratório. Os fluxos de CO2 foram calculados pela alteração linear da concentração dos gases com o tempo de incubação nas câmaras estáticas, conforme descrito na Equação 3.
5 Fluxo = (δ[gás]/ δ t) (Vh/A) ((1-e/P)/VM Equação 3 Onde, (δ[gás]/δt) é a alteração da concentração do gás em função do tempo (mol gás mol -1 s - 1 ); Vh o volume da câmara utilizada na amostragem (m 3 ); A, a área da câmara (m 2 ); e/p, a pressão de água/pressão atmosférica na câmara (kpa/kpa); e VM, o volume molar da câmara (m 3 mol -1 ). O carbono orgânico total (COT) foi quantificado segundo Yeomans e Bremner (1988), no qual foram pesados 0,5 g das amostras de TFSA, macerado e passado pela peneira de 60 mesh. O material foi colocado em erlenmeyer de 250 ml e, em seguida, adicionados 5 ml de dicromato de potássio e 7,5 ml de ácido sulfúrico. Posteriormente, as amostras foram aquecidas em bloco digestor à 170 C por 30 min. Em seguida, foram adicionados 80 ml de água destilada e 0,3 ml da solução indicadora (fenantrolina) para então titular com a solução de sulfato ferroso amoniacal 0,2 mol L -1. A determinação dos teores de N mineral do solo e umidade e dos valores de ph seguiu metodologia proposta por Tedesco et al. (1995). Para a determinação dos teores de Csol foi utilizada metodologia proposta por Chantigny et al. (2007) e determinado em analisador de Carbono Orgânico Total (TOC, Modelo Shimadzu 5000, Shimadzu ). A colheita dos grãos, bem como da parte aérea do milho foi realizada no dia 15 de abril de 2019, em uma área útil de 36 m 2, excetuando as bordaduras. Após a colheita, os grãos e a parte aérea foram acondicionados em estufa a uma temperatura constante de 65ºC, até a parte aérea atingir peso constante e os grãos umidade de 13%. Os resultados obtidos até o presente momento foram analisados quanto à normalidade e homogeneidade dos dados por meio dos testes de Lilliefors e Barttlet, respectivamente. Posteriormente, foram submetidos à análise de variância com aplicação do teste F e os valores médios, quando significativos, foram comparados entre si pelo teste Tukey a 5%. Após obtidos todos os dados, será realizada uma análise estatística multivariada (análise de componentes principais - ACP) para facilitar o entendimento dos processos de uma forma mais ampla. 3. Resultados preliminares 3.1 Taxa de aplicação dos fertilizantes Nos tratamentos CSLim e DLLim, a quantidade de dejetos aplicada foi calculada de acordo com o elemento mais limitante (N, P ou K), a partir da recomendação do manual de Calagem e Adubação para os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina (CQFS-RS/SC, 2004; CQFS- RS/SC, 2016), no qual os teores adicionados não devem exceder os requerimentos nutricionais da cultura do milho. No ano de 2018, a aplicação de dejetos líquidos já extrapolou a demanda do nutriente mais limitante, no caso o fósforo na primeira aplicação. Diante dos estoques dos demais nutrientes no solo, além do risco de contaminação por Cu e Zn serem evidentes, optou-se por
6 utilizar somente uma adubação neste tratamento, sem a suplementação mineral. Sendo assim, os parâmetros edáficos se manteriam dentro dos preconizados pela legislação ambiental do estado de Santa Catarina. Para o tratamento com adição de composto (CSLim), optou-se pelo parcelamento da adubação em duas doses, levando-se em consideração a menor taxa de mineralização dos nutrientes provenientes do composto. Também optamos pela suplementação nutricional com adubação química, visando atender a demanda nutricional da cultura do milho, com base nos mesmos critérios utilizados para a adubação com dejetos líquidos. Na tabela 1 são apresentadas as quantidades aplicadas dos fertilizantes, bem como as quantidades de nutrientes adicionadas ao solo.
7 Tabela 1. Teores de massa seca (MS), teor de carbono (C), quantidade de adubos aplicada (QA) e teores de N, P e K dos adubos aplicados no cultivo de milho em Braço do Norte, SC, ao longo da safra 2018/2019. Cultivo/aplicação Tratamento MS C N P K N P K QA* C/N % % % kg ha Milho (2018/2019) Test ª aplicação CSLim 30,21 16, ,15 5,50 3,01 3,71 1,02 17,49 30,18 11,85 (25/09/2018) DLLim 42,15 12,21 38,46 2,24 5,45 6,54 3,45 70,68 95,42 55,93 Milho (2018/2019) Test ª aplicação CSLim 30,21 16, ,15 5,95 2,78 2,13 1,65 16,15 (34,62) 17,32 (39,81) 19,17 (23,08) (22/10/2018) DLLim Test = Testemunha; CSLim = Composto de dejeto de suínos + Adubação mineral suplementar; DLLim = Dejeto líquido de suínos + Adubação mineral suplementar; Adubação mineral suplementar para atender a demanda da cultura do milho, conforme CQFS-RS/SC (2004, 2016). A adubação mineral foi realizada com aplicação de ureia (45%), Superfosfato Triplo (46% de P 2O 5), e cloreto de potássio (60% de K 2O). Valores em parêntesis representam as adubações minerais suplementares para os tratamentos CSLim e DLLim, expressos em kg ha -1.
8 3.2 Teores de carbono orgânico total e nitrogênio total no solo No ano de 2018, foram adicionados o equivalente a 4695,96 Kg C ha -1 e 1272,31 Kg C ha -1 nos tratamentos DLLim e CSLim, respectivamente (em base seca). A maior adição de carbono no tratamento DLLim se deu pelo fato de que, na semana anterior à aplicação da adubação, o proprietário da granja de suínos realizou a lavação das instalações, retirando todos os resíduos de ração e pelos incrustados no piso da instalação. Entretanto, essa adição extra de fontes de carbono não refletiu no incremento dos teores deste elemento na camada superficial do solo, quando comparado ao tratamento CSLim, visto ao histórico de 6 anos de aplicação dos tratamentos na área (Figura 1).
9 60 (a) Carbono orgânico total (g kg -1 ) B A A (b) A A 4 Nitrogênio total (g kg -1 ) 3 2 B (c) A 16 Relação C/N B B Testemunha DLLim CSLim Tratamentos
10 Figura 1. Carbono orgânico total (a), nitrogênio total (b) e relação C/N (c) na camada de 0-10 cm de profundidade no tratamento testemunha e após a aplicação dos dejetos líquidos (DLLim) e do composto de dejetos suínos (CSLim). Médias seguidas pela mesma maiúscula não diferem estatisticamente entre si, quando comparadas pelo Teste Tukey (5%; ± desvio padrão da média). Em relação aos teores de nitrogênio total, os mesmos não apresentaram diferença significativa entre os tratamentos DLLim e CSLim (Figura 1), visto que este nutriente é um dos critérios para a taxa de aplicação de ambos os fertilizantes. Desta forma, os teores de nitrogênio total são semelhantes em ambas as estratégias de adubação, conforme pode ser observado na tabela Fluxos de CO2 Os fluxos de CO2 apresentaram variações tanto associadas à sazonalidade, quanto ao efeito das adubações realizadas ao longo do período experimental. Na figura 2 são apresentados os fluxos de CO2, bem como os dados de temperatura média e precipitação no mesmo período. Precipitação (mm dia -1 ) Test DLLim CSLim Temperatura (ºC) Fluxo de C-CO 2 (mg m 2 h -1 ) Adubação com CSLim e DLLim Adubação com CSLim + AM 50 0 Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Período experimental
11 Figura 2. Fluxos de CO2 provenientes dos tratamentos testemunha (Test), dejetos líquidos (DLLim) e composto de dejetos suínos (CSLim). Parâmetros meteorológicos disponibilizados pela estação meteorológica da Epagri/Ciram. Dados de temperatura disponíveis de 18/09/2018 até 28/01/2019. Dados pluviométricos disponíveis de 18/09/2018 até 10/12/2018. As setas tracejadas em vermelho indicam o momento das adubações. Os maiores fluxos de CO2 foram verificados após a aplicação dos tratamentos, devido principalmente ao aporte de C e N via adição dos DL, CS e da adubação mineral suplementar. Ao considerarmos esses períodos críticos para a emissão de CO2 ao longo do ciclo do milho, podemos verificar que após a primeira adubação, em especial aos 7 dias após a primeira adubação (DAPA), o tratamento DLLim apresentou o maior pico de emissão tendo um efeito residual até o dia 22/10/2018 (equivalente a 26 DAPA). Esse fato está associado à disponibilidade de formas prontamente disponíveis de C e N presentes no dejeto líquido, que são rapidamente assimiláveis pela microbiota do solo e utilizadas como substrato pelos processos de respiração microbiana, produzindo CO2 como produto final da reação. Com relação ao comportamento de emissão do tratamento CSLim, podemos observar que o efeito nos fluxos de CO2 foi mais evidente após a segunda aplicação, com destaque para os 14 dias após a segunda aplicação (DASA) (Tabela 2). Tabela 2. Períodos críticos para a emissão de CO2 ao longo do ciclo do cultivo do milho em Braço do Norte, Santa Catarina. Eventos Primeira adubação Segunda adubação Tratamento Aplicação de 3,84Mg de CS ha -1 Aplicação de 3,84 7 DAPA 1 e 38,46 m 3 de DL Mg CS ha -1 7 DASA 2 14 DASA ha -1 Data 18/09/ /09/ /10/ /11/ /11/2018 Testemunha 3 62,64 A 33,56 B 29,37 B 12,99 B 37,83 B DLLim 94,23 A 121,48 A 82,94 A 29,79 B 17,41 B CSLim 73,95 A 40,89 B 24,67 B 75,89 A 496,68 A Estação do Inverno Primavera Primavera Primavera Primavera ano CV(%) 4 11,77 8,82 10,18 10,38 26,47 1 DAPA: dias após a primeira adubação; 2 DASA: dias após a segunda adubação; 3 Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna não diferem estatisticamente entre si quando comparadas
12 pelo teste Tukey (5%); 4 CV(%) = coeficiente de variação, variável com transformação (-Ln (Y)). Esse comportamento apresentado pelo tratamento CSLim está associado a uma menor taxa de decomposição do composto quando comparado ao dejeto líquido. O composto é um material rico em carbono em formas mais estáveis, o que torna o processo de decomposição mais lento. O comportamento verificado aos 14 DASA pode estar associado a um efeito residual da primeira adubação e ao efeito momentâneo da segunda adubação em conjunto com a disponibilização de nutrientes em formas prontamente disponíveis pela adubação suplementar realizada neste tratamento. Esse pico de emissão aos 14 dias após a aplicação do CS (segunda adubação) também pode estar associado ao efeito de sazonalidade, visto que a primeira adubação ocorreu no período do final do inverno, já os 14 DASA ocorreram no terço final da primavera. Em relação às emissões acumuladas, podemos verificar um incremento constante das emissões de CO2, para todos os tratamentos, até o dia 6 de novembro, o equivalente à 15 DASA, conforme verificado na figura Emissão acumulada de C-CO 2 (kg ha -1 ) Test DLLim CSLim Adubação com CSLim e DLLim Adubação com CSLim + AM 0 Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Período de avaliação Figura 3. Emissão acumulada de CO2 proveniente dos tratamentos testemunha (Test), dejetos líquidos (DLLim) e composto de dejetos suínos (CSLim). As setas tracejadas em vermelho indicam o momento das adubações. Após este período, o pico de emissão verificado no tratamento CSLim causou um
13 incremento das emissões acumuladas deste tratamento na ordem de 6,5 vezes, quando comparamos o período referente aos dias 06 de novembro de 2018 (data da adubação com CSLim) e 18 de março de 2019 (última avaliação). Este incremento pode ser representado pela equação 4: Emissão acumulada (kg C-CO2 ha -1 ) = 1120,3x 569,14 (R 2 = 0,99) Equação 4 Esse aumento da taxa de respiração do solo no tratamento CSLim resultou em uma emissão total acumulada equivalente a 2,5 vezes o verificado nos demais tratamentos (4028,95 kg CO2 ha -1 no tratamento CSLim, comparado a 1594,90 kg CO2 ha -1 no tratamento DLLim) (Figura 4). Esse comportamento pode estar associado à aplicação do composto em conjunto com a adubação mineral suplementar, conforme preconiza a Instrução Normativa Nº11, da FATMA. Apesar do carbono adicionado pelo composto ser mais estável, devido ao uso de maravalha e serragem no processo de compostagem (materiais altamente lignificados), a adição da adubação mineral reduziu a relação C/N do composto de 5,95 para 1,90, incrementando a taxa de respiração do solo Emissão total acumulada de C-CO 2 (kg ha -1 ) B B A 0 Test DLLim CSLim Tratamentos Figura 4. Emissão acumulada de CO2 ao final do ciclo de cultivo do milho, proveniente dos tratamentos testemunha (Test), dejetos líquidos (DLLim) e composto de dejetos suínos (CSLim). Médias seguidas pela mesma letra maiúscula não diferem estatisticamente entre si quando comparadas pelo teste Tukey (5%).
14 4. Conclusões preliminares O uso do composto como fonte de adubação para a cultura do milho, em princípio, só é uma alternativa eficiente para a redução das emissões de CO2 para a atmosfera quando aplicado sem a adubação suplementar. O uso dos critérios definidos pela IN11 da FATMA reduz os riscos ambientais associados a outros parâmetros, como acúmulo de nutrientes e metais de transição ao solo. Entretanto, em princípio, não reduzem os riscos associados aos efeitos na microbiota do solo e na emissão de CO2 para a atmosfera. 5. Descrição das dificuldades e medidas corretivas. Relatório prático: Só para relatórios FINAIS (contendo os principais resultados escrito em linguagem de extensão, de fácil compreensão por lavradores, de no máximo 1 página) Não respondido por ser relatório parcial. Compensações oferecidas à Fundação Agrisus: Só para relatórios FINAIS (descrever de forma sucinta como foram asseguradas as compensações prometidas) Não respondido por ser relatório parcial. Demonstração financeira dos recursos da Fundação Agrisus: Só para relatórios Finais (mencionar outras fontes de financiamento de forma comparativa). Não respondido por ser relatório parcial. 23/04/2019, Jucinei José Comin Observações: Quando se tratar de relatório parcial incluir pequeno resumo do parcial anterior Não respondido por esse ser o primeiro relatório parcial do projeto.
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