ILUSTRÍSSIMO(A) DOUTOR(A) COORDENADOR(A) DA PROCURADORIA DE JUSTIÇA DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PROCAP

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Flávio Natal
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1 ILUSTRÍSSIMO(A) DOUTOR(A) COORDENADOR(A) DA PROCURADORIA DE JUSTIÇA DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PROCAP NOTÍCIA DE FATO Art. 6º - Lei 7.347/85 - Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá provocar a iniciativa do Ministério Público, ministrando-lhe informações sobre fatos que constituam objeto da ação civil e indicandolhe os elementos de convicção". ASSOCIACÃO DOS PRESTADORES DE SERVICOS DO TRANSPORTE ESCOLAR DO MUNICIPIO DE TAUÁ, associação privada, inscrita no CNPJ nº / , com endereço no Sítio São João Dos Cândidos, nº 01, distrito de Marruás, CEP , Tauá/CE, representada pelo seu presidente Sr. BRUNO RAFAEL ABREU PEREIRA, brasileiro, solteiro, autônomo, inscrito no CPF sob o nº , portador do RG nº SSPDS/CE, com endereço na Rua Elcias Bezerra Cavalcante, nº 91, bairro Tauazinho, CEP , Tauá/CE, vem à presença de Vossa Senhoria, apresentar Notícia de Fato em face do prefeito municipal de Tauá/CE, Sr. CARLOS WINDSON CAVALCANTE MOTA, brasileiro, médico, com endereço na Av. Cel. Lourenço Feitosa, bairro Centro, CEP , Tauá/CE, requerendo assim a instauração do competente procedimento administrativo para apurar os fatos adiante expostos. 1. DOS FATOS E FUNDAMENTOS: Ilustre procurador(a) de justiça, desde o início de seu mandato, o prefeito municipal de Tauá vem administrando aquele município de forma bastante temerária e tomando atitudes em total desconformidade com os mandamentos legais. Neste momento, a presente notícia de fato diz respeito ao transporte escolar da rede municipal de ensino. 1

2 Pois bem, o ora noticiado e a pregoeira da comissão de licitação publicaram edital licitatório (15.001/2018PPRP/2018) onde as normas lá insculpidas contrariavam frontalmente o teor da Lei Municipal nº 2.334/17, ao estabelecer que o certame deveria se dar por lote e não por rota, bem como, exigia número de veículos próprios do vencedor em percentual menor do que o disposto na Lei supramencionada. Outro vício existente no referido edital de licitação dizia respeito a inobservância do Decreto Municipal nº /2013, no que concerne a exigências de qualidade dos veículos e adequação do tipo de veículos ao número de alunos, porém, não havia no edital, a quantidade de alunos a serem transportados em cada rota, sendo impossível saber se o veículo exigido era realmente necessário. Ademais, ao elaborar o já mencionado edital, a recomendação nº 12/2016 do parquet local também não foi observada. Convém destacar que alguns licitantes impugnaram o edital licitatório, entretanto, a pregoeira não decidiu tais impugnações e determinou o seguimento da licitação, que estava marcada acontecer no dia 07 de fevereiro do corrente ano. Ante as irregularidades apontadas (violação aos princípios da Legalidade e da Impessoalidade, clara violação ao caráter competitivo da licitação, dentre outros) necessário se fez ingressar com Mandado de Segurança, que tramita na comarca de Tauá sob o nº , onde a douta juíza da 1ª vara deferiu liminar suspendendo o prosseguimento do certame até o julgamento do mérito do mandamus. Tendo em vista a suspensão da licitação e a aproximação do início das aulas, que começaram no dia 22 deste mês, o município deveria ter aditivado todos os contratos celebrados na última licitação, na forma entabulada no Art. 57, II da Lei 8.666/93. Entretanto, o prefeito tomou atitude pior que fazer licitação dirigida e contrária a Lei, resolveu escolher e contratar pessoalmente os veículos que bem entendeu, beneficiando, logicamente, somente os seus aliados políticos (fotografias tiradas neste dia 22 de fevereiro fazem prova do alegado). Ressalte-se que tal atitude foi tomada sem qualquer amparo legal, AS REFERIDAS CONTRATAÇÕES FORAM FEITAS SEM LICITAÇÃO, SEM PROCESSO 2

3 DE DISPENSA E SEM CONTRATO FORMAL, ou seja, tudo na mais absoluta ILEGALIDADE. Nessa perspectiva, podemos notar que o Art. 1º, II, V e XI da Lei de Responsabilidade de Prefeitos e Vereadores (Decreto-Lei nº 201/67) foram infringidos, daí a competência deste órgão. Ademais, como é do Vosso Conhecimento, tal atitude amolda-se ao tipo penal entabulado no Art. 89 da Lei de Licitações, que assim dispõe: Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade: Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa. Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, tendo comprovadamente concorrido para a consumação da ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou inexigibilidade ilegal, para celebrar contrato com o Poder Público. Dito isso, resta inevitável questionarmos COMO O PREFEITO IRÁ PAGAR PELA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS? DE ONDE SAIRÁ A VERBA PARA REALIZAR ESSE PAGAMENTO? O VALOR PAGO PELO SERVIÇO SERÁ JUSTO? OS VEÍCULOS FORNECERÃO SEGURANÇA AOS ALUNOS? COMO O MUNICÍPIO FISCALIZARÁ SE O SERVIÇO SERÁ REALMENTE PRESTADO? COMO SABERÁ SE OS MOTORISTAS POSSUEM HABILITAÇÃO E CURSO ESPECÍFICO PARA TAL FIM? QUAL O AMPARO LEGAL PARA TAL ATO ADMINISTRATIVO? PODE O PREFEITO MUNICIPAL FAZER O QUE BEM ENTENDER NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA? O PREFEITO ESTÁ ACIMA DA LEI???? Ilustre procurador(a), tais fatos demonstram claramente que o prefeito violou também o princípio Constitucional da Moralidade Administrativa, insculpido no Art. 37 da nossa carta maior. Acerca do princípio da Moralidade Administrativa o egrégio Supremo Tribunal Federal assim consagra: O princípio da moralidade administrativa enquanto valor constitucional revestido de caráter ético-jurídico condiciona a legitimidade e a validade dos atos estatais. A atividade estatal, qualquer que seja o domínio institucional de sua incidência, está necessariamente subordinada à observância de parâmetros ético-jurídicos que se refletem na consagração constitucional do princípio da moralidade administrativa. Esse postulado fundamental, que rege a atuação do poder público, confere substância e dá expressão a uma pauta de valores éticos sobre os quais se funda a ordem positiva do Estado. [ADI MC, rel. min. Celso de Mello, j , P, DJ de ] 3

4 Ademais, a Lei de Improbidade Administrativa (Lei 8.429/92) dispõe em seu Art. 10 que: Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente: Já o Art. 11 da citada Lei de Improbidade dispõe que Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente: Por fim, apenas para corroborar, o célebre doutrinador Hely Lopes Meirelles leciona acerca do princípio da Moralidade Administrativa, e assevera que: O agente administrativo, como ser humano dotado de capacidade de atuar, deve, necessariamente, distinguir o Bem do Mal, o Honesto do Desonesto. E ao atuar, não poderá desprezar o elemento ético da sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo do injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas também entre o honesto e o desonesto. (MEIRELLES, 2012, pág. 90) Desta forma, ante a tudo que foi exposto requer a instauração do competente procedimento administrativo, com vistas a apurar os fatos ora narrados, bem como, que se envie Recomendação ao chefe do executivo municipal para que suspensa a contratação dos veículos da forma narrada acima, bem como, que realize aditivo dos contratos firmados no ano passado, por ser esta a forma legal. Caso a recomendação não seja atendida, requer que, nos termos do Art. 5º, III do provimento nº 016/2016 da procuradoria geral de justiça do estado do Ceará, seja ingressada com todas as medidas judiciais pertinentes. Ressalte-se que tais medidas visam preservar tanto o erário público como todo sistema de ensino, desde o motorista, passando pelo professor, até o aluno. 2. DOS REQUERIMENTOS: Isso posto, nos termos do Art. 25, IV, alínea b da Lei nº 8.625/93 c/c Art. 116 da Lei Complementar Estadual nº 72/2008, requer a instauração do competente 4

5 procedimento administrativo para apuração das graves infrações ora noticiadas, bem como, que se envie Recomendação ao chefe do executivo municipal para que suspenda a contratação irregular e realize imediato aditivo aos contratos firmados no ano passado, pelo prazo máximo legal, até que o mérito do mandado de segurança já mencionado seja julgado. Termos em que; Pede e espera Deferimento. Fortaleza/CE, 22 de fevereiro de Paulo Felipe Saboia Dino OAB/CE

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