Um balanço do GT População e História na ABEP

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1 Um balanço do GT População e História na ABEP RESUMO O presente trabalho busca realizar o balanço das contribuições dos historiadores demógrafos que publicaram comunicações no período que se estende de 2000 a 2016 nos Anais dos Encontros Nacionais da Associação Brasileira de Estudos Populacionais (ABEP), destacando informações como instituição em que a pesquisa foi desenvolvida, locais e períodos pesquisados, temas e segmentos da população privilegiados, fontes e métodos utilizados. Ademais, apontamos as contribuições, avanços e lacunas observadas nessa área e objetivamos dar continuidade, ao menos em parte, aos trabalhos de Samara (1988) e Tupy (2002). No período , 166 trabalhos publicados nos Anais foram apresentados em sessões temáticas organizadas pelo GT População e História, ou seja, 10,9% do total da produção abepiana no intervalo considerado. É possível perceber que os estudiosos de áreas situadas no Rio de Janeiro perdem presença nos encontros da ABEP, ao passo que outros estados como Rio Grande do Sul e Pará passam a se destacar. Outra mudança observada se dá nos períodos estudados. Apesar de o século XIX permanecer com liderança absoluta, o período colonial (século XVIII/ começo do XIX e século XVIII) amplia sua importância frente aos estudos referentes ao final do século XIX/ começo do XX. INTRODUÇÃO O ano de 2017 marca os 50 anos de publicação da tese de doutorado de Maria Luiza Marcílio, La ville de São Paulo: peuplement et population , marco inaugural da Demografia Histórica no Brasil (SCOTT, 2017). Nas últimas cinco décadas, os estudos voltados à Demografia Histórica avançaram significativamente no país, contribuindo para aprofundar o conhecimento acerca do processo de formação e constituição da sociedade luso-brasileira e por seu potencial revisionista em relação à chamada interpretação tradicional da formação econômica e social do Brasil (MOTTA, 2002). Para além do marco comemorativo, consideramos de extrema importância a realização de um levantamento e análise das contribuições dos historiadores demógrafos que publicaram comunicações no período que se estende de 2000 a

2 2016 nos Anais dos encontros nacionais da Associação Brasileira de Estudos Populacionais (ABEP) - comunidade científica que agrega a pesquisa em demografia no Brasil. Como já colocado, (...) a ABEP tem se constituído num fórum privilegiado para onde convergem pesquisadores e resultados de pesquisas de demografia histórica, esta foi a instituição priorizada na seleção das fontes deste trabalho (TUPY, 2000, p. 2). É preciso deixar claro que não pretendemos fazer um estado da arte. Não é nosso objetivo realizar um arrolamento sistemático de toda a produção nacional, uma vez que tal tarefa se mostra demasiadamente extensa para uma comunicação. Trata-se de um trabalho preliminar que busca dar continuidade às reflexões de Samara (1988) e Tupy (2002) e apresentar os trabalhos que se debruçaram sobre o percurso da Demografia Histórica no Brasil. Neste trabalho objetivamos realizar um balanço dos estudos historiográficos e demográficos que compuseram as sessões temáticas do Grupo de Trabalho (GT) População e História entre É importante lembrar que muitos trabalhos realizados por nossos colegas não constam nos anais da ABEP. MÉTODOS A Associação Brasileira de Estudos Populacionais (ABEP) agrega os estudiosos da demografia brasileira e desde 1978 realiza encontros nacionais bianuais. As comunicações que versam sobre demografia histórica e história da população estão presentes nos Anais desde o primeiro evento, realizado em 1978, e se intensificam a partir de 1998 quando foi criado o Grupo de Trabalho População e História. Em 2018, a ABEP se prepara para realizar o seu XXI Encontro Nacional. Uma vez que os estudos voltados à demografia em uma perspectiva histórica no Brasil avançaram significativamente nas últimas décadas, restringimos nossa análise aos trabalhos publicados nos Anais de nove encontros nacionais da Associação Brasileira de Estudos Populacionais (ABEP) a partir de 2000 (após a criação do GT População e História em 1998) estendendo-se até a última publicação em A partir do levantamento de informações como instituição em que a pesquisa foi desenvolvida, locais e períodos pesquisados, temas e segmentos da população privilegiados, fontes e métodos utilizados, buscamos realizar um balanço historiográfico da pesquisa em Demografia Histórica apontando as contribuições,

3 avanços e lacunas observadas nessa área e dar continuidade, ao menos em parte, aos trabalhos de Samara (1988) e Tupy (2002). RESULTADOS E DISCUSSÃO O artigo de Samara (1988) serviu-nos de inspiração para essa proposta de trabalho. Eni Samara realizou um amplo levantamento da literatura referente ao Brasil na área de Demografia Histórica para o período no intuito de avaliar o estado atual das artes [percorrendo] os trabalhos apresentados no âmbito da Abep e o conjunto da produção nacional conhecida e localizável (SAMARA, 1988, p. 99). Entre 1978 e 1986, foram produzidos 36 trabalhos publicados ou não publicados relativos à área de Demografia Histórica em uma perspectiva histórica, dos quais 25 comunicações e um relatório nos Anais da Abep - 10% de toda produção brasileira (SAMARA, 1988, p ). Nesse período, os trabalhos foram produzidos por pesquisadores (as) sediados em instituições de São Paulo, Paraná, Bahia, Rio de Janeiro e Minas Gerais. O local mais estudado foi São Paulo, seguido de Paraná, Minas Gerais e Rio de Janeiro. O século XIX foi o período privilegiado para a maioria dos estudos, seguido dos intervalos entre a segunda metade do século XVIII/ primeira do século XIX e segunda metade do século XIX/ primeira metade do XX. Os segmentos da população mais estudados foram os escravos, imigrantes e livres e o tratamento de dados demográficos se destacou dentre as temáticas pesquisadas nos trabalhos da ABEP (SAMARA, 1988, p ). O artigo de Ismênia Silveira Tupy (2002) complementou o trabalho de Samara (1988) ao focalizar 86 comunicações publicadas em 11 Anais da Abep no período e 18 artigos publicados em 15 volumes da Revista Brasileira de Estudos Populacionais desde o número inaugural lançado em 1984 ao último volume publicado em Entre , 86 trabalhos publicados nos Anais da ABEP se referem a estudos demográficos em uma perspectiva histórica (10,2% do total da produção abepiana). As instituições de origem das comunicações são de São Paulo, seguidas do Paraná, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Os espaços geográficos mais estudados são São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Brasil. O século XIX continua a concentrar a maior parte dos trabalhos, seguido do período que agrega a segunda metade do século XIX/ primeira metade do XX e século XVIII/XIX. Os escravos,

4 seguidos de imigrantes/colonos e das mulheres são os grupos que se destacam dentre os estratos populacionais estudados. Os balanços bibliográficos e de fontes, nupcialidade/fecundidade, família destacam-se dentre as temáticas abordadas (TUPY, 2002, p ). Entre , foram produzidas comunicações referentes a 20 encontros nacionais, das quais 252 (10,6% do total) no âmbito do GT tratam da temática população e história. Quase dois terços dos trabalhos de demografia em perspectiva histórica se concentram no intervalo , o outro um terço entre No período , 166 trabalhos foram publicados nos Anais e apresentados em sessões temáticas organizadas pelo GT População e História, ou seja, 10,9% do total de comunicações da ABEP para o intervalo considerado. As instituições que mais fornecem pesquisadores estão situadas nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Pará, os dois últimos ausentes em período anterior ( ). As áreas mais estudadas são São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Brasil e Rio Grande do Sul. O século XIX continua a despontar como o período mais estudado, seguido dos séculos XVIII/ XIX e século XVIII. É possível perceber que os estudiosos de áreas situadas Rio de Janeiro perdem presença nos encontros da ABEP, ao passo que outros estados como Rio Grande do Sul e Pará passam a ser mais representativos. Isso se deve à mobilidade dos pesquisadores que se dedicam ao estudo da população em uma perspectiva histórica, que deixam de se concentrar em áreas do Sudeste e Paraná e se deslocam para universidades além do Centro-Sul. Outra mudança observada se dá nos períodos estudados. Apesar de o século XIX permanecer com liderança absoluta, o período colonial (o século XVIII/ começo do XIX e o século XVIII) amplia sua importância frente aos estudos referentes ao final do século XIX/ começo do XX. Até o momento, já concluímos o levantamento dos trabalhos que se dedicaram a um balanço historiográfico ou análise crítica da produção em demografia em uma perspectiva histórica, no entanto, não foi possível apresentá-los aqui. Ainda nos falta abordar as temáticas estudadas, os segmentos populacionais analisados, as fontes e métodos empregados, as contribuições, avanços e lacunas dos estudos

5 demográficos em uma perspectiva histórica publicados nos Anais da ABEP entre REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MOTTA, J. F. A família escrava na historiografia brasileira: os últimos 25 anos. In: SAMARA, E. M. (Org.). Historiografia brasileira em debate: olhares, recortes e tendências. São Paulo, SP: Humanitas; FFLCH, USP, p SAMARA, E. M. A Produção da ABEP na Área de Demografia em uma Perspectiva Histórica no Conjunto da Produção Nacional: levantamento, análise e sugestões. In: BERQUÓ, E. (Org.). ABEP, primeira década: avanços, lacunas, perspectivas. Belo Horizonte: ABEP, p SCOTT, A. S. V. Com os olhos no futuro da Demografia Histórica da América Latina : uma homenagem à Maria Luiza Marcílio. Resgate - Rev. Interdiscip. Cult., Campinas, v. 25, n. 2 [34], p. 7-26, jul./dez TUPY, I. S. S. A Demografia Numa Perspectiva Histórica. A Produção da ABEP. 1978/1998. In: SAMARA. E. M. (Org.). Historiografia brasileira em debate: olhares, recortes e tendências. São Paulo: Humanitas; FFLCH, USP, p A Demografia Histórica e o Estudo da Condição Feminina no Brasil: Uma Análise Preliminar das Contribuições da ABEP. In Encontro Nacional de Estudos Populacionais, XII, Anais... Abep: 2000, p