A TRAGÉDIA DAS CHUVAS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, CATASTROFES NA CIDADE COM ENFANSE NOS ANOS DE 1966/67, 1988 E 2010.
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- Joana Martini de Mendonça
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1 A TRAGÉDIA DAS CHUVAS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, CATASTROFES NA CIDADE COM ENFANSE NOS ANOS DE 1966/67, 1988 E E OS RISCOS E DESASTRES QUE PERMANECEM NA ATUALIDADE. Aluno: Sergio Floriano Siqueira Orientador: Rafael Soares Gonçalves Introdução: A história do Rio de Janeiro se confunde com as histórias de suas enchentes. As inundações ocorridas devidas aos fortes temporais desde muito tempo provocam tragédias na urbe, o verão no sudeste, tempo de chuvas, sistematicamente, também, tempo de enchentes, casas desabando, pessoas desabrigadas e mortes. Certamente, neste momento, se discutem soluções, se anunciam investimentos, novas regulações, e se buscam culpados Neste debate, a falta de planejamento das cidades sempre aparece como a grande responsável pelos desastres. As ocupações irregulares precárias, que não obedecem à lei e a falta de fiscalização aparecem como sinônimos dessa tal falta de planejamento. Como se tivéssemos um sistema de ordenamento territorial ótimo, mas que é desobedecido pelos mais pobres, que ficam construindo favelas e ocupando locais indevidos. Se seguirmos essa lógica, imediatamente, identificamos que sempre consideram os mais pobres como culpados. Muda-se o lugar, o ano, o número de desabrigados e o de pessoas, que perderam a vida, mas os eventos são invariavelmente os mesmos: chuvas intensas e a cidade ainda despreparada. TRAGÉDIA DAS CHUVAS / ANOS DE INUNDAÇÕES E IRRESPONSABILIDADE. Minha pesquisa, ainda em estágio inicial, sugere que as chuvas de verão do Rio de Janeiro se tornaram após 1966 um elemento constante no panorama político. As chuvas de 1966/67, 1988, e 2010 provocaram grandes debates sobre a responsabilidade do governo em prevenir desastres e remediar suas consequências. Os desastres não podem
2 ser explicados somente por razões naturais, são socialmente construídos. É preciso questionar se a distribuição desigual dos recursos para munir os diferentes bairros da cidade com infraestrutura adequada urbana não seria também um dos fatores fundamentais no agravamento dos problemas sociais e ambientais gerados por eventos naturais. Dentre algumas chuvas que causaram grande destruição a cidade do Rio de janeiro, as chuvas de 1966 evidenciaram o conflito entre políticas locais e nacionais. O governo da cidade do Rio de Janeiro, então Estado da Guanabara, era o símbolo nacional de resistência contra a ditadura militar, mas também era o alvo mais provável das críticas da sociedade brasileira. As enchentes foram um alerta vermelho acerca da vulnerabilidade do Rio para as chuvas de verão, especialmente para as classes mais carentes. Seja nas favelas, engavetadas nos taludes dos morros, ou distribuídas pelas planícies marginais da Baía de Guanabara, os mais pobres do Rio sempre foram às vítimas das chuvas de verão, fato esse que permanece até os dias de hoje. O aumento da frequência e intensidade dos eventos climáticos extremos nas zonas urbanas dos países em desenvolvimento elevou o patamar do debate público mundial sobre os desastres. As alterações da dinâmica do clima atribuídas à ação do homem, somadas à urbanização crescente e desordenada, são apontadas como as causas principais da dilatação do cenário de riscos naturais ao qual a sociedade moderna está exposta. Conhecer, portanto, a dimensão das vulnerabilidades dos assentamentos humanos tornou-se passo fundamental para a adoção de medidas mais abrangentes e efetivas de prevenção e redução dos danos socioeconômicos e ambientais causados por essas adversidades. No caso do Estado do Rio de Janeiro, a consequência mais importante desses fenômenos é o aumento na ocorrência de chuvas torrenciais com fortes impactos para a população. As perdas associadas a esses desastres naturais causados pelas chuvas manifestam-se em várias dimensões, sendo que as de maior impacto direto são as perdas de vidas humanas e o deslocamento de populações afetadas. Objetivos
3 O objetivo deste estudo é compreender como os desastres causados pelas chuvas na cidade do Rio de Janeiro impactaram a vida dos moradores de favelas e impulsionaram a formulação de políticas públicas para lidar com a questão. Metodologia Além do levantamento bibliográfico, entrevistas e pesquisas em jornais da época, estamos levantando documentos oficiais de análise do risco causados pelas chuvas. Essas quatro datas foram escolhidas justamente por causa do impacto das chuvas, e o que acabou estimulando a formulação de políticas urbanas específicas para as favelas. DESASTRES Qual o principal fator dessas tragédias decorrentes de chuvas intensas? O mais fácil é dizer o que não é fator de desastre: a chuva. A chuva é inevitável, mas previsível. As áreas de risco já estão identificadas. O estudo dos estragos das chuvas anteriores permite saber o que pode acontecer. Inundações, escorregamentos, secas, furacões, entre outros, são fenômenos naturais severos, fortemente influenciados pelas características regionais, tais como, rocha, solo, topografia, vegetação, condições meteorológicas. Quando estes fenômenos intensos ocorrem em locais onde os seres humanos vivem, resultando em danos (materiais e humanos) e prejuízos (socioeconômico) são considerados como desastres naturais. Segundo Castro (1998), desastre é definido como resultado de eventos adversos, naturais ou provocados pelo homem, sobre um ecossistema (vulnerável), causando danos humanos, materiais e/ou ambientais e consequentes prejuízos econômicos e sociais. Aqui nota-se que o termo adverso significa hostil, inimigo, contrário, aquele que traz infortúnio e infelicidade. Os desastres são normalmente súbitos e inesperados, de uma gravidade e magnitude capaz de produzir danos e prejuízos diversos, resultando em mortos e feridos. Portanto, exigem ações preventivas e restituidoras, que envolvem diversos setores governamentais e privados, visando uma recuperação que não pode ser alcançada por meio de procedimentos rotineiros. SISTEMA DE ALERTA
4 O sistema de alerta é um instrumento muito importante, especialmente quando tratamos de sistemas urbanos já implantados, uma vez que permite que a comunidade seja informada da ocorrência de eventos extremos e minimize os danos materiais e humanos. E no Rio de Janeiro, já houve grande evolução, desde 2010, principalmente em relação às questões dos planos de emergência, do papel da Defesa Civil e do papel do serviço geológico do Estado (do Rio de Janeiro). As prefeituras se equiparam melhor com as Defesas Civis e com os sistemas de alerta e sirenes, diz Marcelo Motta, geógrafo e professor da PUC-RJ. "(Mas) nosso atraso é anterior, no que diz respeito ao planejamento das cidades, ao planejamento urbano. O alerta toca e avisa aos moradores de áreas de risco: é preciso sair imediatamente de casa e procurar um local seguro. As sirenes emitem som de corneta e uma mensagem gravada indicando que as chuvas atingiram nível preocupante e que é necessário desocupar as casas e dirigir-se a áreas seguras. Tais locais são previamente estabelecidos em treinamentos com lideranças de cada lugar. As sirenes fazem parte de um sistema de alerta contra fortes chuvas instalado depois das enchentes de abril do ano passado. (2010) O equipamento, montado em algumas comunidades do Rio, é comandado por um centro de operações da prefeitura. Nele, técnicos da Defesa Civil monitoram os índices de chuva com a ajuda de um radar meteorológico. Quando há perigo, mensagens de texto são enviadas para os telefones celulares de agentes comunitários que estão em várias regiões da cidade.
5 MAIS DO MESMO O engenheiro civil Alberto Sayão, da PUC-Rio, explica que grandes deslizamentos ocorrem periodicamente no Rio de Janeiro. O Rio tem condições de topografia, geologia e clima que são favoráveis a esse tipo de coisa. Então a cada dez ou quinze anos mais ou menos nós temos uma ocorrência dessas. Tivemos em 1966 e 1967, depois 1988, daí 1996 e agora (2010), explica. Dizer que é inesperado é impossível, afirma. Ele, no entanto, reconhece que o volume de chuva que atingiu o estado, principalmente na última semana, foi excepcional. É mais ou menos o que aconteceu em Santa Catarina há um ano e meio atrás. Nesses casos sempre vão ocorrer
6 deslizamentos. É impossível que não ocorra. Mas poderia ter sido minimizado o efeito desse temporal. O problema é gestão, é ocupação desordenada, diz ele. Se as chuvas são fenômenos naturais, enchentes são fenômenos sociais, sendo seus resultados fenômenos sociais adversos. A partir do século XX, o impacto das enchentes torna se mais evidentes no cotidiano e os desastres causados pelas chuvas no Estado do Rio de Janeiro já são um problemas secular, um problema muito antigo. No início do século passado, Lima Barreto já escrevia: As chuvaradas de verão, quase todos os anos, causam no nosso Rio de Janeiro, inundações desastrosas. CHUVA DE 1966
7 A enxurrada de 10 de janeiro de 1966, foi noticiada como "o maior temporal de todos os tempos", matou cerca de 200 pessoas, provocou mais de mil desabamentos em vários bairros e deixou mais de 50 mil desalojados. A cidade do Rio de Janeiro ficou em estado de calamidade pública. No ano de 1966, sob cerca de 250 mm de chuva, os cariocas enfrentaram racionamento de gás, energia e água, esta última contaminada por esgotos que romperam os dutos coletores e transbordaram nos sistemas de drenagem de águas pluviais Ainda sob os impactos do verão de 1966, as chuvas voltaram a castigar a cidade no verão seguinte, a cidade ainda não havia se recuperado do trauma de janeiro de 1966 quando, em 18 de fevereiro de 1967, sofreu um outro temporal arrasador. As chuvas causaram a morte de 116 pessoas. O caso mais grave aconteceu em Laranjeiras, uma pedra rolou da encosta e provocou o desabamento de três prédios na Rua General Glicério Neste ano o episodio de desastres e destruições foram mais do mesmo, as chuvas têm sido sinônimo de morte. Aconteceram soterramentos por deslizamentos, desabamentos e casas e pessoas levadas pelas águas, deixando pessoas sem terem onde morar e mais uma vez se buscando culpados. Neste ano, 134 pessoas morreram. Em nove horas de chuvas torrenciais e interruptas, a cidade do Rio de Janeiro naufragou, desabamentos devastaram morro após morro e no, episódio mais cruel de todos, metade de um hospital para pacientes em estado terminal veio a baixo, no bairro de Santa Tereza, deixando os cariocas ao longo do desse fim de semana atônicos com a ferocidade do desastre que se abateu ao seu redor Neste ano, mais uma vez, foi marcado por três grandes tragédias provocadas pelas chuvas. Em janeiro, Angra dos Reis sofreu as consequências de uma ocupação desordenada dos morros. Três meses depois, Niterói contabilizou 47 mortos no Morro do Bumba e a região metropolitana do Rio ficou ilhada depois de uma tempestade e novamente as chuvas fizeram grandes estragos. O temporal deixou um saldo de 180
8 mortes, a maioria soterrada por deslizamentos de terra. Do total de vítimas, mais de 100 pessoas feridas, segundo o Centro de Operações do Corpo de Bombeiros. O município de Niterói foi um dos mais afetados e contabilizou 48 mortos. Este temporal foi, segundo o Prefeito Eduardo Paes, o maior desde Naquele ano o índice pluviométrico atingiu 245 mm, enquanto que nas chuvas de abril de 2010 o nível chegou a 288 mm (Fonte: oglobo.globo.com). CONSIDERAÇÕES FINAIS A natureza é exatamente simples, se conseguirmos encará-la de modo apropriado... Essa crença tem-me auxiliado, durante toda a minha vida, a não perder as esperanças, quando surgem grandes dificuldades de investigação Albert Einstein Com o aumento da população e consequente urbanização, também aumentou a pressão pela ocupação das áreas de risco de inundações e escorregamentos. Diante dos danos e prejuízos, como mortes, desabrigados, incontáveis danos materiais e degradação do meio ambiente fazem-se necessárias ações de grande alcance. Considerando-se a carência de ações governamentais voltadas para esta temática, é importante a participação popular nas ações preventivas para desastres naturais. Os desastres causados pelas chuvas do Rio de Janeiro devem ser entendidos como uma construção social de risco, ou seja, eventos produzidos pela interferência da sociedade no meio ambiente. As consequências e mortes ocorridas por esta tragédia são frutos inicialmente de uma escolha política e uma ideologia capitalista, que gera uma lenta progressão na aplicação de soluções sociais e econômicas na ocupação do território urbano. Se, por um lado, observamos que os impactos das chuvas torrenciais, que ocorrem regularmente no estado no Rio de Janeiro são extremos, seus custos sociais e econômicos insustentáveis e sua frequência tende fortemente ao crescimento, sua gravidade já vem podendo ser observada há um tempo considerável. Ainda assim, não há ainda nenhum tipo de medida preventiva efetiva sendo posta em prática. Além do que, a socialização do conhecimento permitirá com que a população reivindique a
9 elaboração e execução de políticas públicas para a prevenção dos desastres naturais, especialmente aqueles causados pelas adversidades climáticas. Os fenômenos naturais, especialmente os climáticos, são inevitáveis, obrigando sempre as comunidades a conviverem com eles. Essa convivência deve ser baseada no conhecimento dos mecanismos e processos geodinâmicos, os quais são submetidos às intervenções da sociedade. Da mesma forma, os desastres naturais também são frequentes em nossas sociedades. As sociedades precisam identificar as melhores formas de convivência com eles. Assim, pergunta-se: O que é necessário fazer para alcançar tal nível de convivência? A resposta é clara. Devem-se conhecer ambos os lados do processo, ou seja, os fenômenos naturais responsáveis pelo desastre e as comunidades expostas dessa forma, sendo o conhecimento a melhor maneira de proteção. Faz-se necessário uma mudança do lugar que a população ocupa neste cenário de vítima passiva para uma posição mais proativa nas decisões de consumo consciente, na negociação de projetos sociais e de destino de ocupação dos espaços. Referências Bibliográficas ALBERTO B. SERRA E LEANDRO RATISBONNA, O Clima do Rio de Janeiro, 2ª Edição, CASTRO, A. L. C. Glossário de defesa civil: estudo de riscos e medicina de desastres. Brasília: MPO/ Departamento de Defesa Civil, p. CUNHA, A.E.S.; WASHINGTON, D. C. e MARQUES, V. S.; Associação entre Variáveis Meteorológicas e Chuvas Intensas no Rio de Janeiro. Anais do VIII Congresso Brasileiro de Meteorologia. 2pp PFASFTTETTER, Otto Chuvas intensas no Brasil in TOMINANGA K.L, SANTORO.J AMARAL. R., Desastres naturais: Conhecer para prevenir- São Paulo PINHEIRO, A. Enchente e Inundação. In: SANTOS, R. F. dos (org.) Vulnerabilidade Ambiental: desastres naturais ou fenômenos induzidos? Brasília 2007 VALENCIO.N, SIENA. M, MARCHEZINI.V e COSTA,G.J Sociologia dos desastres construção, interfaces e perspectivas no Brasil São Carlos : RiMa Editora, 2009 Sítios eletrônicos: Acesso 2014
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