Acidificação de um EOSSOLO QUARTZARÊ ICO em função da aplicação de. Tiago Roque Benetoli da Silva 1

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1 32 Acidificação de um EOSSOLO QUARTZARÊ ICO em função da aplicação de nitrogênio oriundo de uréia e sulfato de amônio Tiago Roque Benetoli da Silva 1 Prof. Dr. Faculdade Assis Gurgacz FAG, Curso de Agronomia. Avenida das Torres n. 500, CEP: , Bairro Santa Cruz, Cascavel, PR. benetoli@fag.edu.br. Resumo: Entre os nutrientes requeridos pelas culturas, o nitrogênio é o mais exigido, superando em quantidade o fósforo e o potássio. Entretanto, a aplicação de altas doses de fertilizantes nitrogenados, traz como conseqüência a acidificação do solo. O experimento foi conduzido no Instituto de Pesquisa São Vicente, no laboratório de solos da Universidade Católica Dom Bosco (Campo Grande MS). Objetivou-se avaliar o efeito da acidificação do solo pelo uso de uréia e sulfato de amônio como fontes de nitrogênio, utilizando-se dois métodos de análise de ph (H 2 O e CaCl 2 ). O solo utilizado no experimento foi classificado como NEOSSOLO QUARTZARÊNICO e os tratamentos constituídos por uma testemunha e quatro doses de nitrogênio, (50, 100, 150 e 200 mg dm -3 ) e duas fontes (uréia e sulfato de amônio). Os resultados demonstraram que o ph teve diminuição na medida em que se aumentaram as doses de nitrogênio aplicadas, independente da fonte utilizada. Palavras-chave: ph, nitrogênio. Quartzarenic eosol acidification by nitrogen application with urea and ammononium sulphate like sources Abstract: The nitrogen it is the most demand by plants, overcome phosphorus and potassium on quantity. However, the high rates of nitrogen fertilizer, could be soil acidity. The experiment, carried out in a São Vicente Research Institute, on Soil Laboratory by Universidade Católica Dom Bosco (Campo Grande, Mato Grosso do Sul State, Brazil), to evaluate the effect to soil acidification by use of urea and ammonium sulfate like nitrogen sources, using two ph analyzer methods (H 2 O and CaCl 2 ). The soil was a Quarzarenic Neosol and the treatments were one testimonies and four nitrogen rates (50, 100, 150 and 200 mg dm- 3) and two sources (urea and ammonium sulfate). The results showed the diminution ph at the same moment that increase rates were applied, independent of source used. Key words: ph, nitrogen. Introdução O nitrogênio é o nutriente mais utilizado pelas plantas (Faquin, 1994; Marschner, 1995; Malavolta et al., 1997), a disponibilidade deste nutriente geralmente limita a produtividade das plantas em ecossistemas naturais agrícolas e a principal fonte natural é o atmosférico, com cerca de 78% do volume do ar (Epstein e Bloom, 2006), seu aproveitamento é a fixação pelos microorganismos (Malavolta et al., 1997), é encontrada em grandes quantidades no solo, no

2 33 entanto, em sua maioria, o N fica indisponível às plantas (Marschner, 1995; Epstein e Bloom, 2006). A forma de compensação é a aplicação deste elemento via fertilizante (Model e Anghinoni, 1992), porém altas doses causam acidificação do solo (Freire et al., 2001). O fertilizante nitrogenado mais usado é sem dúvida nenhuma a uréia, outra fonte de nitrogênio é o sulfato de amônio, ambos durante sua transformação pelos microorganismos no solo, resultam em H + (Amaral e Anghinoni, 2001). Sá (1999) observou queda no ph após cultivo da seqüência milho-trigo, provocando acidez de solo com adição de 190 kg ha -1 de N. Silva et al. (2001), Teixeira et al. (2001), Purquerio e Cecílio Filho (2005) e Souza et al. (2006) documentam também a redução do ph do solo em função da aplicação de nitrogênio, utilizando uréia, sulfato de amônio e nitrato de amônio como fontes. Portanto, o presente experimento objetivou avaliar o efeito da acidificação do solo pelo uso de uréia e sulfato de amônio como fontes de nitrogênio, utilizando-se dois métodos de análise de ph (H 2 O e CaCl 2 ). Material e Métodos O experimento foi conduzido no Instituto de Pesquisa São Vicente, no laboratório de solos da Universidade Católica Dom Bosco, em Campo Grande (MS), entre os paralelos 17 e 21 latitude Sul e os meridianos 53 e 56 latitude Oeste. Foram usados 200 ml de solo classificado como NEOSSOLO QUARTZARÊNICO (Embrapa, 1999), em saco plástico transparente. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizados, com quatro repetições. Os tratamentos foram constituídos por uma testemunha (sem nitrogênio) e quatro doses de nitrogênio (50, 100, 150 e 200 mg dm -3 ), utilizando-se a uréia e sulfato de amônio como fontes. Os fertilizantes foram misturados homogeneamente ao solo, recebendo 100 ml de água, com turno de rega de dois dias, objetivando manter o solo a 70% da capacidade de campo. As amostras permaneceram em reação durante 30 dias. Após este período, as mesmas foram colocadas para secar em ambiente protegido durante 72 horas, quando atingiram massa constante, peneiradas, obtendo-se assim terra fina seca ao ar. Foi realizada determinação de ph em H 2 O e CaCl 2, seguindo-se a metodologia de Raij e Quaggio (1983).

3 34 Foi realizada análise de variância para os dados, utilizando-se teste de Tukey (5% de probabilidade) para comparação das médias oriundas das fontes de nitrogênio e, regressão polinomial para doses, optando-se por adotar a regressão com maior magnitude do coeficiente de correlação (R 2 ). Resultados E Discussão Conforme observado na Tabela 1, o ph tanto em água, quanto em cloreto de cálcio, não diferiu estatisticamente em função das fontes de nitrogênio. Este resultado discorda de Malavolta (1979, 1980, 1981 e 1987) que verificaram diferenças no poder acidificante do nitrogênio oriundo de diferentes fontes. Ainda pela Tabela 1, nota-se ainda que houve efeito significativo nas doses e na interação fontes x doses. Tabela 1 - ph (H 2 O e CaCl 2 ) em NEOSSOLO QUARTZARÊNICO, em função da aplicação de sulfato de amônio e uréia, como fontes de nitrogênio ph Fontes de nitrogênio H 2 O CaCl 2 Sulfato de amônio 5,6 a 5,1 a Uréia 5,7 a 5,2 a CV (%) 6,4 6,0 Teste F Fontes (F) n.s. n.s. Doses (D) ** ** Interação F x D * * R.L. ** ** R.Q. ** ** Médias, seguidas de mesma letra, dentro de cada parâmetro, não diferem entre si, pelo teste de tukey, a 5% de probabilidade. CV = Coeficiente de variação; R.L. = Regressão Linear; R.Q. = Regressão Quadrática n.s.; * e ** significam não significativo, significativo a 5 e 1% de probabilidade, respectivamente. Pode-se observar nas Figuras 1 e 2, que o ph (H 2 O e CaCl 2 ) diminuiu significativamente em função da aplicação crescente de doses de nitrogênio, nas duas fontes utilizadas, significando que à medida em que se aumentou a dose de nitrogênio ao solo, o ph diminuiu proporcionalmente. Isso mostra que a aplicação de fertilizantes nitrogenados provoca acidez no solo (Sá, 1999; Silva et al., 2001; Teixeira et al., 2001; PURQUERIO e Cecílio Filho, 2005; Souza et al., 2006). Esses resultados são concordantes com Freire et al. (2001), Amaral e Anghinoni (2001) e Sá (1999).

4 35 6,8 6,4 ph (CaCl2) ph (H2O) 6 5,6 5,2 4,8 4,4 4 y = -0,0046x + 6 R 2 = 0,83** y = -0,0068x + 6,38 R 2 = 0,90** Uréia Sulfato de amônio Figura 1 - ph (H 2 O) de um NEOSSOLO QUARTZARÊNICO, em função da aplicação de nitrogênio, oriundo da uréia e sulfato de amônio. ** = significativo a 1% de probabilidade. 5,8 5,6 5,4 5,2 5 4,8 4,6 4,4 4,2 DOSES DE ITROGÊ IO (mg dm -3 ) y = -0,0028x + 5,32 R 2 = 0,92** y = -0,005x + 5,66 R 2 = 0,98** Uréia Sulfato de amônio DOSES DE ITROGÊ IO (mg dm -3 ) Figura 2 - ph (CaCl 2 ) de um NEOSSOLO QUARTZARÊNICO, em função da aplicação de nitrogênio, oriundo da uréia e sulfato de amônio. ** = significativo a 1% de probabilidade. A aplicação de uréia no solo propicia efeito positivo que é a liberação de nitrogênio, porém provoca como conseqüência de sua reação química um efeito indesejável, que é o aumento da acidez de solo (Malavolta, 1979 e 1981).

5 36 Conclusão O ph teve diminuição na medida em que se aumentaram as doses de nitrogênio aplicadas, independente da fonte utilizada. Referências AMARAL, A.S.; ANGHINONI, I. Alteração de parâmetros químicos do solo pela reaplicação superficial de calcário no sistema plantio direto. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.36, n.4, p , EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos. Rio de Janeiro: EMBRAPA/CNPSO, p. EPSTEIN, E.; BLOOM, A.J. utrição mineral de plantas: Princípios e perspectivas. 2.ed. Londrina, Editora Planta, 2006, 403p. FAQUIN, V. utrição mineral de plantas. Lavras: ESAL: FAEPE, p. FREIRE, F.M.; VASCONCELLOS, C.A.; FRANÇA, G.D. Manejo da fertilidade do solo em sistema plantio direto. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.22, n.208, p.49-56, MALAVOLTA, E. ABC da adubação. São Paulo: Ceres, p MALAVOLTA, E. Elementos de nutrição mineral de plantas. São Paulo: Ceres, p. MALAVOLTA, E. Manual de calagem e adubação das principais culturas. São Paulo: Ceres, p. MALAVOLTA, E. Manual de química agrícola, adubos e adubação. São Paulo: Ceres, p MALAVOLTA, E.; VITTI, G.C.; OLIVEIRA, S.A. Avaliação do estado nutricional de plantas: princípios e aplicações. Piracicaba: Potafos, p. MARSCHNER, H. Functions of mineral nutrients: macronutrients. In: MARSCHNER, H. Mineral nutrition of higher plants. 2nd ed. London: Academic Press, p MODEL, N.S.; ANGHINONI, I. Resposta do milho a modos de aplicação de adubos e técnicas de preparo do solo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, 16:2, p.55-59, PURQUERIO, L.F.V.; CECÍLIO FILHO, A.B. Concentração de nitrogênio na solução nutritiva e número de frutos sobre a qualidade de frutos de melão. Horticultura Brasileira, Brasília, v.2, n.3, p , 2005.

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