PARECER FUNDAMENTADO DE UM PARLAMENTO NACIONAL SOBRE A SUBSIDIARIEDADE

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1 Parlamento Europeu Comissão dos Assuntos Jurídicos PARECER FUNDAMENTADO DE UM PARLAMENTO NACIONAL SOBRE A SUBSIDIARIEDADE Assunto: Parecer fundamentado da Câmara dos Deputados do Parlamento da República Checa sobre a proposta de decisão do Parlamento Europeu e do Conselho que altera a Decisão 1313/2013/UE relativa a um Mecanismo de Proteção Civil da União e Comunicação da Comissão ao Parlamento Europeu, ao Conselho e ao Comité das Regiões Reforçar a gestão de catástrofes pela UE: RescEU - Solidariedade com responsabilidade (COM(2017)0772 C8-0409/ /0309(COD)) (COM(2017)0773) Nos termos do artigo 6.º do Protocolo n.º 2 relativo à aplicação dos princípios da subsidiariedade e da proporcionalidade, qualquer Parlamento nacional pode, no prazo de oito semanas a contar da data de envio de um projeto de ato legislativo, dirigir aos presidentes do Parlamento Europeu, do Conselho e da Comissão um parecer fundamentado em que exponha as razões pelas quais considera que o projeto em questão não obedece ao princípio da subsidiariedade. Transmite-se em anexo o parecer fundamentado da Câmara dos Deputados do Parlamento da República Checa sobre o projeto de decisão e a respetiva comunicação. Segundo o Regimento do Parlamento Europeu, a comissão competente em matéria de observância do princípio da subsidiariedade é a Comissão dos Assuntos Jurídicos. NP\ docx PE v01-00 Unida na diversidade

2 ANEXO Parlamento da República Checa CÂMARA DOS DEPUTADOS ª Legislatura 20 RESOLUÇÃO da Comissão dos Assuntos Europeus, na sua 6.ª reunião, de 31 de janeiro de 2018 sobre a proposta de Decisão do Parlamento Europeu e do Conselho que altera a Decisão n.º 1313/2013/UE relativa a um Mecanismo de Proteção Civil da União Europeia / código do documento 14884/17, COM(2017)0772 final, Comunicação da Comissão ao Parlamento Europeu, ao Conselho e ao Comité Económico e Social Europeu - Reforçar a gestão das catástrofes pela UE: resceu - Solidariedade com responsabilidade / código do documento 14883/17, COM(2017)0773 final. A Comissão dos Assuntos Europeus da Câmara dos Deputados do Parlamento da República Checa, depois de ter ouvido as informações transmitidas pelo Ministro do Interior, Lubomír Metnar, depois de ouvida o a explanação do deputado Petr Vrána, e na sequência de um debate, aprova a decisão anexa à presente resolução. Jan Zahradník (assinado) Verificador Petr Vrána (assinado) Relator Přemysl MALIŠ (assinado) Vice-Presidente PE v /8 NP\ docx

3 Anexo à Resolução n.º 20 Proposta de Decisão do Parlamento Europeu e do Conselho que altera a Decisão n.º 1313/2013/UE relativa a um Mecanismo de Proteção Civil da União Europeia COM (2017) 0772 final, código do Conselho 14884/17 Dossiê interinstitucional 2017/0309/COD Comunicação da Comissão ao Parlamento Europeu, ao Conselho e ao Comité Económico e Social Europeu - Reforçar a gestão das catástrofes pela UE: resceu - Solidariedade com responsabilidade COM(2017)0773 final, código do Conselho 14884/17 Base jurídica: Artigo 196.º do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia. A União deve incentivar a cooperação entre os Estados-Membros, de molde a reforçar a eficácia dos sistemas de prevenção e de proteção tanto das catástrofes naturais como das provocadas pelo homem. Segundo o artigo 6.º do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia (TFUE), a União dispõe de competências para levar a cabo ações destinadas a apoiar, coordenar ou complementar as ações dos Estados-Membros em matéria de proteção civil. Trata-se de uma atividade de apoio da UE em que não é possível harmonizar as disposições jurídicas dos Estados-Membros. Esta competência subsidiária não se sobrepõe à competência dos Estados- Membros. Data de envio à Câmara dos Deputados pela Comissão dos Assuntos Europeus: (COM(2017)0772) (COM(2017)0773) Data da audição pela Comissão dos Assuntos Europeus: (fase 1) Processo: Processo legislativo ordinário. Parecer provisório do Governo (nos termos da Secção 109, alínea a), n.º 1, do Regimento da Câmara dos Deputados): Por carta de 7 de dezembro de 2017, entregue à Comissão dos Assuntos Europeus em 22 de dezembro de 2017, através do sistema ISAP Avaliação relativamente ao princípio da subsidiariedade: A proposta não obedece ao princípio da subsidiariedade (ver infra). Justificação e conteúdo: NP\ docx 3/8 PE v01-00

4 No contexto das alterações climáticas e de catástrofes naturais 1 que acarretam a perda de vidas humanas e de bens, com consequências para as economias dos Estados-Membros. Desde 1980, os Estados-Membros sofreram perdas que ascendem a mais de 360 mil milhões de EUR. Em 2017, mais de 200 pessoas morreram na sequência de catástrofes naturais. Os incêndios do ano passado em Portugal destruíram um milhão de hectares de floresta, causaram a morte de mais de 100 pessoas e provocaram danos num montante estimado em 600 milhões de euros. Agora até já há incêndios na Irlanda e na Gronelândia. A Itália foi atingida por sismos que em 2016 provocaram a morte de 290 pessoas, assim como a ilha grega de Cós e a Turquia. Por outro lado, a Europa também está a ser afetada por ataques terroristas e pelo risco de epidemias (ébola e o vírus Zika). À luz do que precede, a comunicação «Reforçar a gestão de catástrofes pela UE: RescEU - Solidariedade com responsabilidade» apresenta as possíveis formas para lidar com estas catástrofes de molde a que os cidadãos estejam mais protegidos. As medidas propostas destinam-se a dar uma resposta mais eficaz a este tipo de catástrofes a nível da UE e a garantir a utilização de todas as ferramentas disponíveis para a prevenção, preparação e resposta a catástrofes. O Mecanismo de Proteção Civil da União tem por objetivo promover a solidariedade entre os Estados-Membros, reforçar a cooperação entre a União e os Estados-Membros e facilitar a coordenação com o objetivo de melhorar a capacidade de resposta tanto a catástrofes naturais como a catástrofes provocadas pelo homem. O atual Mecanismo de Proteção Civil da União opera com base na Decisão 1313/2013/UE, que regulamenta a Capacidade Europeia de Resposta de Emergência (capacidade dos Estados-Membros em termos de voluntários). Caso ocorra uma catástrofe num Estado-Membro ou num país terceiro e esse país não disponha de capacidade suficiente para lidar com a situação, pode contactar o Centro de Coordenação de Resposta de Emergência da Comissão Europeia, através do qual se pode dirigir a outros Estados-Membros apresentando-lhes um pedido de assistência. Este mecanismo funciona com base no princípio do voluntariado, pelo que os outros Estados- Membros decidem por si próprios se dão seguimento ao pedido e se prestam assistência. No entanto, no caso, por exemplo, dos incêndios florestais de 2017, o apoio só pôde ser prestado em relação a 10 dos 17 pedidos. Daí a Comissão ter chegado à conclusão que a oferta voluntária de assistência mútua não é capaz de disponibilizar as capacidades necessárias em todos os casos. O objetivo da proposta, que é executada pela presente Comunicação, consiste, por conseguinte, em reforçar o mecanismo da União, nomeadamente: reforçando as capacidades coletivas da UE e dos Estados-Membros para fazer face a catástrofes mediante a introdução de um sistema dual de capacidade de resposta: 1. resceu gerido ao nível da União capacidade de reserva especial de resposta; 2. a Reserva Europeia de Proteção Civil, que é gerida pelos Estados-Membros; - para reforçar as medidas preventivas; - para garantir a eficácia e a celeridade do mecanismo em termos de procedimentos administrativos. Conteúdo e impacto: A Reserva Europeia de Proteção Civil (a antiga Capacidade Europeia de Resposta de 1 Incêndios, inundações, secas, tempestades, fenómenos meteorológicos extremos, sismos, etc. PE v /8 NP\ docx

5 Emergência ) continuará a incluir um conjunto de capacidades de resposta, módulos, capacidades de resposta adicionais e peritos dos Estados-Membros, que serão afetados previamente. Também incluirá a partilha de recursos entre os Estados-Membros. Com base nos riscos identificados, a Comissão deve determinar o tipo e o número de capacidades de resposta necessárias (objetivos de capacidade). Por outro lado, incumbe à Comissão monitorizar as insuficiências em termos de cumprimento dos objetivos de capacidade e chamar a atenção dos Estados-Membros para as colmatarem. As capacidades de resposta proporcionadas por um Estado-Membro devem estar disponíveis ao abrigo do mecanismo, salvo se o Estado-Membro se vir confrontado com uma situação excecional que afete o cumprimento das suas incumbências nacionais. Nestes casos, o destacamento das capacidades supracitadas está sujeita ao comando e ao controlo dos Estados-Membros. Para além da Reserva Europeia de Proteção Civil, deve-se criar o sistema resceu para prestar assistência nos casos em que as capacidades existentes não permitam uma resposta eficaz a catástrofes, isto é, como capacidade de última instância que pode ser mobilizada de imediato. O sistema resceu deve incluir uma série de capacidades: meios aéreos de combate a incêndios, bombeamento de elevada capacidade, operações de busca e de resgate em cidades, hospitais de campanha e equipas médicas de emergência. Nos casos em que as capacidades disponíveis não sejam suficientes, a União tenciona contribuir para o financiamento da locação ou do aluguer de capacidades para aumentar a eficácia do mecanismo, nomeadamente aquando de uma catástrofe que afeta vários Estados-Membros, assim como permitir economias de escala e um reforço da coordenação em resposta a catástrofes. O sistema resceu permitirá uma resposta imediata no caso de as capacidades nacionais no Estado afetado não serem suficientes ou estarem sobrecarregadas. No entanto, não deve substituir os esforços a nível nacional, regional ou local. Por outro lado, importa simplificar os procedimentos para um acesso o mais célere possível a assistência e a capacidades, sendo que isto deve incluir a criação de uma única categoria de recursos de resposta cofinanciados ao abrigo da Reserva Europeia de Proteção Civil, a introdução de uma taxa única de cofinanciamento para estes recursos (75 %) para as despesas de adaptação, reparação e funcionamento, assim como restrições à implantação do mecanismo a um período de 90 dias (exceto no caso de necessidades justificadas). A Comissão deve igualmente dispor de competência para adotar atos visando especificar os tipos de capacidades de resposta com base nos riscos identificados e deve também poder decidir relativamente à sua mobilização, incluindo o comando e o controlo. A fim de aumentar os incentivos, a União deve reforçar o seu financiamento, de molde a cobrir as despesas de adaptação, reparação e funcionamento, incluindo o cofinanciamento de 75 % das capacidades pré-afetadas no âmbito da Reserva Europeia de Proteção Civil. Em contrapartida, gostaria de deixar de cofinanciar a utilização de fundos ad hoc. Em comparação com o montante aprovado para a implementação do mecanismo para o período , importa aumentar o orçamento para o mecanismo em EUR para um montante total de EUR. Para fins de prevenção, os Estados-Membros devem apresentar regularmente as suas avaliações de risco e planos de gestão dos riscos de catástrofes, de molde a se poder garantir uma abordagem integrada da gestão de catástrofes. Por outro lado, a Comissão deve também poder exigir dos Estados-Membros que disponham de planos específicos de prevenção e de preparação para certo tipo de catástrofes. Por outro lado, importa reforçar a prevenção, nomeadamente através da utilização de fundos estruturais e de investimento. Neste contexto, a NP\ docx 5/8 PE v01-00

6 Comissão deve ponderar, para o período pós 2020, a utilização de avaliações de risco e das disposições em matéria de planeamento da gestão dos riscos como uma pré-condicionalidade, tanto no âmbito da Política de Coesão como do Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural. Em contrapartida, a fim de melhorar a formação e reforçar a cooperação entre as autoridades nacionais, deverá ser criada uma rede de conhecimentos da UE no domínio da proteção civil. Essa rede deverá incluir não só o intercâmbio das melhores práticas como formação e exercícios conjuntos neste domínio. Impacto no orçamento de Estado e na ordem jurídica da República Checa Segundo o Governo, esta decisão teria repercussões sobre a Lei relativa às Relações de Trabalho, o Código do Trabalho e a Lei relativa ao Sistema Integrado de Emergência, nomeadamente devido à responsabilidade da Comissão em matéria de comando e controlo. Não se prevê repercussões sobre o orçamento de Estado. Parecer do Governo da República Checa: A República Checa pode apoiar um aumento do orçamento do mecanismo no valor de EUR em relação ao financiamento aprovado inicialmente, embora prefira que este montante seja transferido a partir de outros programas da União, mas não recorrendo ao instrumento de flexibilidade. Em compensação, concorda que todas as capacidades registadas estejam autorizadas a recuperar até 75 % das despesas incorridas com custos de adaptação, reparação, transportes e funcionamento (neste momento apenas estão cobertos os custos de transporte) e congratula-se com a partilha das análises de risco e das estratégias de prevenção e preparação nacionais. A República Checa rejeita categoricamente a criação de equipas de reserva e de meios de resposta de proteção civil da UE (resceu). À luz da função subsidiária da Comissão em matéria de proteção civil, não concorda com o facto de a Comissão dispor de capacidades dos Estados-Membros ou de organismos privados com base em acordos não específicos e de poder tomar decisões relativamente à sua mobilização. Considera a resceu extremamente onerosa e pouco eficaz no que se refere à frequência de utilização. Por outro lado, rejeita a proposta de eliminar o apoio financeiro ao transporte de todas as outras capacidades dos Estados-Membros que não estejam incluídas no conjunto das capacidades europeias em matéria de proteção civil ou na resceu, devido a uma eventual falta de capacidade em caso de emergência. A República Checa é a favor da manutenção da possibilidade de recorrer a apoios financeiros da UE, caso se revele necessário, até ao limite de 75 % das despesas de transporte. Neste contexto, a República Checa solicita a supressão da proposta de criação da resceu e propõe um aumento da taxa máxima de cofinanciamento para novas capacidades de 20 % para 80 % dos custos elegíveis. Em contrapartida, a República Checa salienta que a necessidade de novas capacidades deve ter por base uma avaliação da capacidade de gestão dos riscos, que neste momento está a ser desenvolvida pelos Estados, e que a Comissão não dispõe de tais avaliações. Posto isto, a decisão final sobre a mobilização de capacidades de resposta deve continuar a incumbir aos Estados-Membros. Calendário para a apreciação da proposta pelas instituições europeias A análise do projeto de decisão figura na ordem do dia do Conselho «Justiça e Assuntos Internos» (JAI) sob a categoria assuntos internos. As negociações foram realizadas no PE v /8 NP\ docx

7 âmbito do Grupo da Proteção Civil (PROCIV) entre 19 de dezembro de 2017 e 11 de janeiro de No Parlamento Europeu, a Comissão do Ambiente, da Saúde Pública e da Segurança Alimentar (ENVI) foi incumbida do projeto de decisão e, em 16 de janeiro de 2018, Elisabetta Gardini foi nomeada relatora. Neste momento está pendente uma resolução da comissão. A data do debate em plenária está por fixar. Conclusão A Comissão dos Assuntos Externos: 1. Toma nota da proposta de decisão do Parlamento Europeu e do Conselho que altera a Decisão 1313/2013/UE relativa a um Mecanismo de Proteção Civil, COM(2017)0772 final, Código do Conselho 14884/17, e da Comunicação da Comissão ao Parlamento Europeu, ao Conselho e ao Comité das Regiões sobre «Uma melhor gestão das catástrofes na UE: resceu Solidariedade e responsabilidade, COM(2017)0773 final, Código do Conselho 14883/17; 2. Aprova a posição-quadro do Governo da República Checa sobre a proposta de decisão do Parlamento Europeu e do Conselho que altera a Decisão n.º 1313/2013/UE relativa a um Mecanismo de Proteção Civil da União Europeia; 3. Congratula-se com o facto de haver solidariedade entre os Estados-Membros e com as atividades da União Europeia visando uma gestão eficaz das catástrofes na UE no âmbito do mecanismo da União e, para o efeito, apoia o reforço do financiamento para a implementação deste mecanismo, assim como medidas preventivas; 4. Salienta que, segundo o artigo 6.º do TFUE, em matéria de proteção civil a União apenas dispõe de competência subsidiária e que não pode substituir as competências dos Estados- Membros; 5. Opõe-se a que a Comissão disponha das capacidades dos Estados-Membros e que seja ela a decidir sobre a sua afetação em termos de equipas de reserva e de meios de resposta de proteção civil (resceu); 6. Tendo em conta o que precede, considera que o projeto de decisão vai ao arrepio do princípio da subsidiariedade e aprova um parecer fundamentado nos termos do artigo 6.º do Protocolo n.º 2 relativo à aplicação dos princípios da subsidiariedade e da proporcionalidade anexo aos Tratados; 7. Discorda do facto de o transporte de todas as outras capacidades dos Estados-Membros que não fazem parte da reserva europeia de proteção civil não obterem ajuda financeira da UE; 8. Insta a Comissão a juntar uma avaliação de impacto à proposta de decisão; 9. Exorta o Governo a informá-la sobre o andamento dos debates sobre estes documentos; 10. Autoriza o Presidente da Comissão dos Assuntos Europeus, em conformidade com o Regimento da Câmara dos Deputados da República Checa, a transmitir a presente resolução, através do Presidente da Câmara dos Deputados, ao Governo da República Checa, ao Presidente do Senado, ao Presidente do Parlamento Europeu, ao Presidente do Conselho e ao Presidente da Comissão Europeia. NP\ docx 7/8 PE v01-00

8 Jan Zahradník (assinado) Verificador Petr Vrána (assinado) Relator Přemysl MALIŠ (assinado) Vice-Presidente PE v /8 NP\ docx