PROJETANDO PARA O FUTURO, V PRÊMIO CRIANDO ASAS

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1 GEISSON SILVA Por Maria Beatriz Alves de Araújo, em PROJETANDO PARA O FUTURO, V PRÊMIO CRIANDO ASAS GEISSON SILVA. NO PULSO, SEU MANTRA POSSO MUDAR O MUNDO GEISSON SILVA tem convicção de que a criança encapetada só quer atenção, que empreender é essencialmente lidar com pessoas (e que isso é difícil), que para transformar o mundo tem que conseguir contribuir com todos. O educador social já pensou em desistir muitas vezes, mas são os resultados que o motivam a persistir no caminho da transformação. E conseguir viver do que gosta de fazer. A HISTÓRIA COMEÇA AQUI GEISSON SILVA nasceu em , em Pesqueira (PE) e, ainda bebê, mudou-se para a zona leste de São Paulo, onde foi criado pelo pai e pela madrasta. Geisson só conheceu a mãe biológica aos 19 anos. Embora acredite que a mãe tenha abandonado os cinco filhos por alguma razão muito forte, é para Tia Nice (como se refere à madrasta) todo seu sentimento de amor, gratidão e reconhecimento. Tia Nice é da Bahia e não tem filhos. Se eu pudesse eu colocaria o nome dela no meu sobrenome. Do pai puxou o espírito provedor e guerreiro, e sofreu com o machismo exacerbado. Lembra-se que ao chegar do trabalho o pai só beijava as filhas, atitude que fez o menino por vezes pensar não ser filho legítimo. Nos finais de ano, o pai normalmente não gostava de comemorar a data e preferia dormir mas, se estivesse presente, Geisson tinha seu abraço garantido. Enquanto seus irmãos homens, sem autorização dos pais, jogavam bola na rua e faziam carreto na feira, Geisson tinha medo de apanhar. O caçula diz ter adotado as molecagens mal sucedidas dos mais velhos como exemplo a não ser seguido para sua vida. O aluno inquieto se torna popular Na escola, Geisson sempre gostou de português, inglês e artes. Eu sempre gostei de humanas porque é uma área que permite você criar, reinventar coisas ou potencializar aquilo que já existe. No ensino fundamental, Geisson era muito introspectivo e, não conseguindo se expressar, era como se ninguém o enxergasse. Eu sofria muito preconceito. Em relação a minha cor, classe social. Não tinha o uniforme da escola, mas a única roupa que eu usava acabava se tornando meu uniforme. Na 2ª série, lembra-se bem, foi a professora Ângela que comprou seu material escolar. Depois de oito anos no ensino fundamental tentando fazer parte do Grêmio Estudantil em vão, Geisson e suas ideias se popularizaram quando mudou de escola para cursar o ensino médio. Para isso, convenceu a coordenação a conseguir uma vaga para o super amigo da antiga escola e o amigo a aceitar estudar distante de casa para quem prometeu, e cumpriu, companhia até a metade do caminho todas as noites. No próximo passo, colocou debaixo do braço um livro sobre como montar um grêmio e, repleto de ideias para um futuro melhor, encantou a diretora Zuleica, mais uma referência em sua vida. Excelente gestora, sensível à educação fora da história do quadradinho aula-aluno-lousa. Com o apoio dela ampliou a sala de informática de cinco para vinte computadores e assumiu o cargo de professor voluntário, ganhando por dois anos seguidos a eleição da chapa Conexão Jovem. Além da presidência do Grêmio, e de sua intensa participação nas atividades culturais e esportivas nos finais de semana, Geisson era voluntário da Escola da Família, programa do Governo do Estado. Durante a semana,

2 estudava e começou a trabalhar no Centro de Testagem e Aconselhamento em DST/Aids CTA. Com seu primeiro salário de 300 reais, como Agente de Prevenção voluntário, comprou um celular de 290. O discernimento veio aos poucos, conforme Geisson amadurecia. Quando foi ao cinema pela primeira vez aos 17 anos, em São Paulo e assistiu Constantine, ficou bastante impressionado com o longa que mescla aventura, horror e fantasia. Fui ao cinema a partir da minha independência, porque aos 17 anos eu já trabalhava. Em 2005, concluiu o ensino médio. Cinemateus e o primeiro curta-metragem O Cinemateus surgiu de um trabalho de escola sobre o racionamento de água. Geisson queria um trabalho fora do papel almaço. Porque não um filme? O aluno produziu seu primeiro roteiro em vão. A vice-diretora julgou-o incapaz de fazer o filme sem o acompanhamento de um profissional da área. O moleque, como ela o chamou, incomodou-se. Geisson criou coragem e no CEU (Centro Educação Unificada) São Mateus encontrou o sim para seu primeiro curta-metragem Riqueza. Márcia Salgado, hoje no CEU Sapopemba, articulou pessoas para apoiar a gravação e Geisson assumiu roteiro e articulação da galera. O filme contou com o pessoal da comunidade, foi gravado dentro da casa de alguns moradores. Amanda Aparecida, a protagonista, viveu seu momento de estrelato. A atriz passava na rua e era reconhecida. Quando o filme foi exibido no CEU, a comunidade se viu. Quando Geisson percebeu a riqueza de outros jovens envolvidos, sem noção de onde isso vai dar, mas querendo e fazendo, foi o primeiro boom. Era a primeira vez que aquela comunidade estava sendo vista de uma forma bacana e positiva, pensou. Como fazer para continuar isso? Como resposta, nasce, em 2004, o Coletivo Cinemateus. Instituto Criar Em 2006, Geisson, indicado pelo CPA (Centro de Profissionalização de Adolescentes) Pe. Bello, foi aprovado para a 3ª turma de Direção e Roteiro do Instituto Criar. No instituto, gostava em particular de Criatividade e Expressão e Elaboração de Projetos, que trouxeram as ferramentas que o empreendedor buscava para dar continuidade ao coletivo. Na biblioteca do instituto, usufruiu de tudo sobre roteiro além dos inúmeros filmes disponíveis na videoteca. Uma relação é construída pelas duas partes. Temos que contribuir para que haja mudança, podemos ser nosso próprio agente de mudança. O coordenador investe na leitura, em especial, focada no empreendedorismo. O empreendedorismo tem essência nas pessoas. Entre as obras, cita Como mudar o mundo, de Bill Drayton, onde encontra a confirmação que tanto busca: soluções criativas visando grandes transformações. Em seu processo de construção, de plano de ação, Geisson chega ao Geração Muda Mundo, um programa de empreendedores sociais da Ashoka. O Cinemateus passou por um dos painéis do Programa Geração Muda Mundo e ganhou o recurso semente. O empreendedor conseguiu uma formação básica, deu o pontapé inicial no Cinemateus, identificando oportunidades e alianças. Audiovisual como ferramenta de transformação social A estrutura do Cinemateus começa a ser montada a partir da seleção de pessoas que tenham vontade de desenvolver o trabalho. Não é preciso ser técnico em audiovisual, mas entender a necessidade de realização de um material que seja capaz não de retratar a realidade, mas de transformá-la. Em , o Cinemateus ganhou o Prêmio IAM - Iniciativas de Jovens Anhembi Morumbi. O projeto ganhou um semestre de formação em Gestão de Projetos, uma semente de dois mil reais no final do processo e Geisson é um dos fellows do IAM como representante da região de São Mateus. Nasce Projetando para o Futuro

3 Os projetos do Cinemateus eram realizados nos finais de semana no CPA. As atividades visualizavam um espaço lúdico para as crianças do Jardim São Gonçalo (comunidade de São Mateus). Foram feitos desfiles de moda com material reciclável, oficinas audiovisuais. Um dia, Geisson fez sua leitura: crianças encapetadas estão pedindo atenção. Surge o Projetando para o Futuro, para exibição de filmes com pipoca para o público infantil e atividades recreativas e pedagógicas pós-exibição. A arte de brincar também forma uma criança. No primeiro ano, antes do Prêmio Criando Asas, a primeira exibição foi um caos, pipoca para todos os lados. O PRÊMIO CRIANDO ASAS ACONTECE V PRÊMIO CRIANDO ASAS Projeto PROJETANDO O FUTURO Participantes: Geisson da Silva, Paulo Henrique de Souza Silva, Laércio Martins da Silva e Stefani de Oliveira Trindade. O Prêmio Criando Asas permitiu o investimento na infraestrutura (equipamentos e material pedagógico) do Projetando para o Futuro. Para aumentar a oferta de atividades culturais para as crianças e os adolescentes, a estratégia utilizada foi estabelecer parceria com o CPA Pe. Bello. Os jovens que cursavam Agentes Sociais foram estagiários voluntários do projeto. No começo, tínhamos que buscar as crianças, depois elas vinham até a gente. Foram 7 sessões de cinema e um evento de Dia das Crianças, totalizando a participação de 380 crianças e 12 pessoas envolvidas diretamente no projeto. Captação de recursos Geisson adota uma captação de recursos estratégica. Diante das dificuldades naturais para encontrar um parceiro mantenedor para o Cinemateus, ele inscreve os projetos separadamente e não o Coletivo. À medida que os projetos se fortalecem, os resultados podem convencer, futuramente, pessoas pra investir no Coletivo CineMateus. O projeto sobrevive de editais. Histórias de transformação Na gravação do making of, quando perguntaram ao menino de seis anos porque ele queria estar ali, ele respondeu: ah, porque aqui é diferente da escola, aqui a gente não fica fazendo só lição, a gente se movimenta, a gente brinca, coisas que a gente não consegue fazer na escola e nem na nossa casa. E porque se a gente se movimenta a gente evita ter caembra (querendo dizer câimbra ). Geisson afirma que é difícil conseguir mensurar se o projeto está conseguindo divertir e formar ao mesmo tempo. Mas que a resposta da criança o convence. Para mim, uma criança nessa idade conseguir expressar sua percepção de que existe diferença da escola para a comunidade para o espaço que ele tá, é fantástico. Um determinado dia, um rapaz de cerca de 40 anos, chegou com um grupo de crianças para participar. Comentou que o espaço do Projetando para o Futuro era uma oportunidade para que as crianças estivessem fora do alcance da ilegalidade. Outra história comovente é da mãe que tinha um dos filhos participando e ela agradecia. Minha filha participou, meu filho está participando, e eu fico tranquila quando eu sei que meus filhos estão aqui. Dica para os próximos vencedores Dar continuidade no projeto que se iniciou. Que o Prêmio Criando Asas não seja o resultado final do projeto, mas o primeiro degrau. O Prêmio Criando Asas sob o olhar do vencedor

4 Conseguir me inscrever no Prêmio Criando Asas e ser vencedor, significou que eu tenho a capacidade de realizar um projeto importante. E não sozinho. Porque na época tinha muito essa questão de fazer sozinho. Nos lugares que passei, aprendi que não dá pra fazer nada sozinho. O Prêmio Criando Asas trouxe um sentido, de que eu tinha asas, capacidade de voar. Ele possibilitou que todos nós do projeto equipe voássemos juntos, e para as crianças que elas também tinham asas e podiam voar. O Criando Asas possibilitou o céu aberto. O projeto finalizou no ano passado e continuamos voando juntos. O prêmio mostra a capacidade que uma pessoa tem de voar. É importante porque muitos jovens desconhecem sua capacidade de voo. E contribui para que esse voo seja alto, um voo que possa ser permanente. A HISTÓRIA CONTINUA Onde está o Projetando para o Futuro O projeto está no mesmo espaço, CPA, mas em parceria com o Plantando Sementes. Dispõe hoje de cursos de violão, inglês, artesanato, dança e do espaço das crianças, que é a formação audiovisual sob a tutela do Cinemateus. O Projetando para o Futuro (ou Cinemateus) é um braço do Plantando Sementes. Da formação original do grupo, Geisson conta hoje com Stefani que, mesmo trabalhando, contribui à distância. Mas outros jovens colaboram como podem com o coletivo que atualmente acontece com 25 crianças, de 5 a 13 anos, todos os sábados. Esse ano (2012) as crianças começaram a fotografar e estão criando fotonovelas. No próximo ano, com a noção do manuseio da câmera a ideia é que cada uma comece a produzir o seu vídeo. Porque as crianças são o futuro Geisson é uma pessoa extremamente otimista e sua fala se baseia em sua crença. Se a gente cuida da criança hoje, amanhã elas estão aqui, no seu lugar no Coletivo e não na criminalidade. É plantar aqui e colher lá na frente. Mesmo que não seja pra gente, mas para o lugar que nós estamos. Sempre digo pra eles, somos jovens vistos como sem conhecimento, incapazes de começar e terminar um trabalho. Está na nossa mão mudar essa imagem, que se você acredita, a sua vontade pode mudar o mundo. Geisson não concorda com mercado de trabalho capitalista. Acredita que os jovens têm oportunidade de criar trabalhos para desenvolver aquilo que gostam de fazer. Não sei se isso convence, mas tento mostrar para o jovem que ele é capaz de ser um agente de transformação. Um modelo de resiliência Foi no Seminário Saberes e Fazeres, realizado em Recife pela parceria Instituto Empodera e Lua Nova, que Geisson foi convidado a compartilhar metodologias de trabalho do Cinemateus com outras organizações presentes. Divididos em grupos, a ideia era falar um pouco o que significava a comunidade e outros conceitos chave. Eis que surge uma dúvida geral, o que é resiliência? A pessoa que estava com a fala, usou a história de Geisson como exemplo. Resiliência, disse ela, é um jovem que tem a ideia de fazer um trabalho, recebe um não, não se contenta com o que ele tem de resposta, mobiliza outros jovens e mesmo com toda a diversidade que ele encontra no meio do caminho, ele faz, ele transforma. Geisson, emocionado, faz um paralelo com o Cinemateus. Não importa quantos nãos eu vou encontrar daqui pra frente e quantos sins eu vou ter. O que importa é saber que outros jovens acreditam no que eu estou desenvolvendo, acreditam nessa mudança, nessa transformação. Hoje São apenas 25 anos de vida e muitas transformações. Há três anos, Geisson resolveu morar só, no Parque Boa Esperança, região de São Mateus, onde já morou com os pais. O Coletivo Cinemateus tem 25 pessoas, jovens de 15 a 29 anos. Trabalhar com pessoas é um desafio grande, tento trabalhar da

5 melhor forma possível, mas às vezes eu sou chato. Geisson cobra a organização do local, característica que herdou da Tia Nice, receber as pessoas, usar o que tem no armário, deixar a mesa farta pra mostrar que você está feliz. Do pai, conquistou um certo carinho, mas a vida já o fez compreender que esse era o jeito que ele sabia gostar. O casal e uma irmã especial de Geisson voltaram para Pernambuco esse ano (2012). Geisson procura falar com os pais mensalmente e se organiza para visitá-los. Os irmãos estão próximos, embora um deles esteja recluso da sociedade. Geisson escolheu viver para a luta de questões sociais. Como se manter financeiramente Geisson é hoje educador por 20 horas semanais no CPA. Abriu mão de muitas coisas no mercado de trabalho, mas nunca desejou trabalhar em empresas. O escritório do Cinemateus funciona em sua casa, ele sobrevive com os 500 e poucos reais das aulas e, ao contrário do que se imagina, está bem. É o trabalho social que o move. O Cinemateus possibilita algumas entradas de recursos, por meio da prestação de serviços, como registros fotográficos e participação em algumas mesas. Posso mudar o mundo Geisson usa três pulseiras onde se lê posso mudar o mundo. O evento Como ajudar a mudar o mundo aconteceu no Projeto Quixote, quando a possibilidade da transformação foi discutida a partir da alegria, do trabalho coletivo e da importância das histórias. Sobre o trabalho coletivo, Geisson compartilhou sua experiência com o Cinemateus. Você não consegue mudar nada sozinho. Qualquer trabalho que a gente faz, tem várias mãos. O segundo momento, quando as pessoas passaram por algumas estações do sonho, Geisson foi facilitador. A atividade buscava a resignificação desse olhar para ajudar a mudar o mundo. Quando você pergunta o que você faz pra ajudar a mudar o mundo, as pessoas mencionam suas doações de cestas básicas, suas atitudes politicamente corretas como não jogar lixo no chão, seu esforço no racionamento de água e energia, seu hábito de reciclar materiais. Isso é um princípio básico, no meu ponto de vista, para você ser cidadão. Quando a gente pensa em ajudar o mundo, a transformar, vai no sentido que você pega aquilo que você sabe fazer de melhorar pra contribuir com um projeto ou ação que esteja acontecendo. E o que Geisson faz de melhor? Articular pessoas. É isso que eu tenho que fazer, vou fazer, articular jovens em prol de uma causa para transformar. É o que o Cinemateus faz. Empreendedorismo social Empreendedor social é um indivíduo, pode ser uma criança, um jovem, um adulto, um idoso, que se sente incomodado com um problema, busca soluções criativas para isso, caminha independente da diversidade que apareça, mobiliza outras pessoas que acreditem naquilo e que façam junto com você. O empreendedor social consegue se desenvolver economicamente, ser autossustentável a partir da ideia e do sonho que ele tem. Hoje a gente está trabalhando para que o Cinemateus seja uma produtora social. Tenho muito claro que eu quero viver do que eu faço e é o Cinemateus é o que me impulsiona. Religião x aceitação Geisson deixou de acreditar no catolicismo aos 12 anos. Foi para a Igreja Evangélica Quadrangular, onde ficou até os 18 anos. Dessa vez, saiu porque era ele que incomodava a seita. Homossexual assumido era apregoado de ser um pecador e ter seu fim no inferno. Foi difícil eu me aceitar. Mas aos 18 anos eu não resolvi ser. Eu só decidi assumir o que sou. Mesmo na sala de aula, quando surgem discriminações, o educador fala mais alto, transforma o preconceito em reflexão e chega a provar sua tese de que a diversidade ajuda a mudar o mundo. Nessas horas, deixa claro que somos obrigados a respeitar o ser humano e que nenhuma preferência sexual define o caráter. Geisson se diz pertencer aos grupos de riscos - homossexual, negro, classe baixa. O que eu tenho de valor é o que eu faço, o que acredito. Se

6 tem algum desejo material, é o de ter sua casa própria e o escritório do Cinemateus construídos sobre o mesmo terreno. Para mim, o que importa é a vontade e o desejo deles transformarem junto comigo. O combustível tem que ser a vontade. Eu nunca tinha viajado de avião e o Cinemateus me possibilitou voar e descobrir que o cartão é a chave do apartamento no hotel. Geisson foi para Florianópolis e Recife, representando o coletivo em eventos, onde conhece gente de outras culturas. Na prática, eu aprendi, conheci o mundo, isso não tem preço, isso é retorno, sabe? Sonho Anseio um dia ser um empreendedor social, um fellow da Ashoka, para que a metodologia do Cinemateus consiga ter uma amplitude maior, do país, do mundo. Eu acredito que é possível mudar o mundo com o que eu desenvolvo.