GOVERNO FEDERAL MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE MMA INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE ICMBIO

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1 Referência: Processo / Interessado: Agência do Meio ambiente do Município de Resende Municípios: Resende RJ Equipe: Soraya Fernandes Martins - Analista Ambiental Ao Sr. Chefe da APA da Serra da Mantiqueira; Trata-se de encaminhamento feito por V.Sª para análise técnica da solicitação de anuência apresentada pela Agência do Meio Ambiente do Município de Resende, no estado do Rio de Janeiro, para instalação de equipamentos e requalificação ambiental da Vila de Visconde de Mauá. I A análise documental: 1. O processo foi aberto por meio do Ofício nº0269/amar/2008, de 28 de agosto de 2008, com solicitação de anuência da APASM para instalação de equipamentos e requalificação ambiental da Vila de Visconde de Mauá, no estado do Rio de Janeiro i. 2. Anexo ao ofício supracitado, seguiu cópia do Of.109/2008 da Secretaria de Estado de Obras do Rio de Janeiro, assinado pelo então subsecretário de projetos de Urbanismo Regional e Metropolitano, Vicente de Paula Loureiro, dirigido ao presidente da AMAR, que solicita, entre outras providências, o licenciamento ambiental das intervenções projetadas. 3. Nesta mesma ocasião a AMAR encaminhou para análise técnica da APASM seis desenhos arquitetônicos de projetos referentes às intervenções: 1. Cenário urbano - Vila de Visconde de Mauá e Lote 10; 2. Planta de urbanização Vila Visconde de Mauá; 3. Cenário Arborização Vila de Visconde de Mauá; 4. Detalhe 1 ampliado final da Alameda 4, área degradada de Beira do Córrego Vila de Mauá, Planta Cotada Para Execução e Cortes; 5. Detalhe 6 Passeio na beira do rio Visconde de Mauá, detalhe 8 acesso de pedestre e passeio na Beira do rio Visconde de Mauá; 6. Detalhe 7 Passeio e arborização da beira rio fundos da vila antiga, Detalhe 2 urbanização e passeio da beira rio próxima à alameda Em novembro de 2008, considerando que os desenhos não forneciam as informações técnicas completas para devida avaliação dos impactos a serem gerados pelas obras, a APASM solicitou à AMAR, por meio do Ofício nº608/2008/apasm, o memorial descritivo das obras a fim de dar continuidade ao pleito. ii 5. Em 01/01/2009 toma posse o atual governo da Prefeitura de Resende. 6. Em 08/01/2009 o ICMBio publica no DOU a Instrução Normativa nº 01/2009, que regulamenta os procedimentos do órgão para emissão de autorização para o licenciamento. 7. Em 30/03/2009, tendo em vista que até aquele momento a AMAR não havia encaminhado à APASM as informações complementares solicitadas, o Chefe da APA expediu o ofício nº0297/2009/apasm por meio do qual informou à AMAR que esta deveria instruir o processo em acordo com a IN ICMBio 01/09, e deu o prazo de 20 dias para que agência manifestasse o interesse em dar continuidade ao processo. iii 1

2 8. Só em 24/07/2009, mais de três meses e meio depois, deu entrada na APASM o Ofício nº0290/amar/2009, que encaminhou documento nominado Memorial, que descreve as obras a serem executadas. Tal documento não é assinado por responsável técnico ou mesmo gestor. iv 9. No dia 10/08/2009, anexei ao processo em análise, o Ofício PRM/RES/GAB/IMB/860/09, por meio do qual a Procuradoria da República em Resende encaminhou à APA uma série de documentos referentes ao assunto. Entre eles uma cópia da Licença Prévia nº008/2008, de 23 de setembro de 2008, assinada pelo então Presidente Interino da AMAR, com validade até 23 de setembro de v 10. Também consta entre os documentos enviados pela Procuradoria da República, uma cópia do Ofício SEOBRAS/SSURM Nº93/2009, de 15 de junho de 2009, assinado pelo então subsecretário de Estado de Projetos de Urbanismo Regional e Metropolitano, Sr. Vicente de Paula Loureiro, por meio do qual solicita Licença de Instalação vi. 11. Feita a descrição histórica do processo, passo à análise técnica dos procedimentos adotados pela Agência de Meio Ambiente do Município de Resende. II-Do marco legal 12. A Lei 6.938/1981 criou o Sistema Nacional de Meio Ambiente e definiu: Art 10 - A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento por órgão estadual competente, integrante do SISNAMA, sem prejuízo de outras licenças exigíveis. 13. A Resolução do Conama 01/1986 dispôs sobre os critérios básicos para a avaliação dos impactos ambientais e definiu diretrizes gerais para a elaboração dos estudos de impacto ambiental. Considerando que as obras em análise estão inseridas na APA da Serra da Mantiqueira e no entorno imediato do Parque Nacional do Itatiaia, ambas unidades de conservação criadas e geridas pela União, uma de uso sustentável e outra de proteção integral, conclui-se que o processo de licenciamento das obras deve, necessariamente, obter autorização do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio. 14. O, ICMBio, entidade autárquica de regime especial, com autonomia administrativa e financeira, dotada de personalidade jurídica de direito público, teve suas finalidades assim definidas pelo artigo 1º do Decreto Presidencial nº6.100/2007: I - executar ações da política nacional de unidades de conservação da natureza, referentes às atribuições federais, relativas à proposição, implantação, gestão, proteção, fiscalização e monitoramento das unidades de conservação instituídas pela União; II - executar as políticas relativas ao uso sustentável dos recursos naturais renováveis, apoio ao extrativismo e às populações tradicionais nas unidades de conservação de uso sustentável instituídas pela União; III - fomentar e executar programas de pesquisa, proteção, preservação e conservação da biodiversidade; e IV - exercer o poder de polícia ambiental para a proteção das unidades de conservação instituídas pela União. 2

3 Parágrafo único. A finalidade referida no inciso IV deste artigo não exclui o exercício supletivo do poder de polícia ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA. 15. Portanto, o Instituto ICMBio não tem, dentre suas atribuições a competência legal para licenciar, senão a de autorizar o licenciamento de empreendimentos com potencial impacto ambiental que afetem unidades de conservação criadas e geridas pela União como rege o parágrafo único do Art. 2º da Resolução do Conama nº13/1990: Parágrafo único. O licenciamento a que se refere o caput deste artigo só será concedido mediante autorização do responsável pela administração da Unidade de Conservação. 16. O processo de licenciamento no âmbito do ICMBio está definido pela Instrução Normativa do ICMBio nº01/2009. Em seu capítulo II, esta IN estabelece que: CAPÍTULO II INSTAURAÇÃO DO PROCESSO E DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 3º O procedimento para a autorização a que se refere esta Instrução Normativa obedecerá às seguintes etapas: I - instauração do processo; II - análise técnica; III - decisão; IV - emissão da autorização. Art. 4º A autorização de que trata esta Instrução Normativa será precedida de processo administrativo, devidamente formalizado, instaurado a partir de requerimento dirigido ao ICMBio pelo órgão licenciador. Art. 5º O requerimento de que trata o artigo anterior deverá: I - ser protocolado na sede da unidade de conservação afetada, na coordenação regional à qual a unidade esteja vinculada ou na sede do ICMBio; II - ser instruído com cópia integral de todos os estudos ambientais já realizados e apresentados ao órgão licenciador, sem prejuízo de outros documentos que permitam a análise de sua compatibilidade com os objetivos da unidade de conservação; III - indicar com clareza a localização, concepção e demais especificidades do empreendimento ou atividade. Art. 6º Ao verificar que os elementos apresentados são insuficientes para subsidiar sua manifestação em qualquer das etapas do procedimento, deverá a equipe técnica ou analista ambiental responsável solicitar ao órgão licenciador as informações e documentos que julgar pertinentes. 17. Considerando os atributos ambientais que ensejaram a criação da Área de Proteção Ambiental da Serra da Mantiqueira, descritos no seu decreto de criação nº91.304/1985, e o que definem seus artigos abaixo relacionados, as obras planejadas necessitam de cuidadoso processo de licenciamento, conforme segue: Art 6º - A abertura de vias de comunicação, de canais, a implantação de projetos de urbanização, sempre que importarem na realização de obras de terraplenagem, bem como a realização de grandes escavações e obras, que causem alterações 3

4 ambientais, dependerão da autorização prévia da SEMA, que somente poderá concedê-la: a) após estudo do projeto, exame das alternativas possíveis e avaliação de suas conseqüências ambientais; b) mediante a indicação das restrições e medidas consideradas necessárias à salvaguarda dos ecossistemas atingidos. Parágrafo único - As autorizações concedidas pela SEMA, não dispensarão outras autorizações e licenças federais, estaduais e municipais porventura exigíveis. Art 7º - Para melhor controlar seus efluentes e reduzir o potencial poluidor das construções destinadas ao uso humano, não serão permitidas: a) a construção de edificações, em terrenos que, por suas características, não comportarem, a existência simultânea de poços para receber o despejo de fossas sépticas, e de poços de abastecimento d água, que fiquem a salvo de contaminação, quando não houver rede de coleta e estação de tratamento de esgoto, em funcionamento; b) a execução de projetos de urbanização, sem as devidas autorizações, alvarás, licenças federais, estaduais e municipais exigíveis. 18. Por fim, cabe informar que o Decreto de 22 de julho de 2008, que dispõe sobre as infrações e sanções administrativas ao meio ambiente, estabelece o processo administrativo federal para apuração destas infrações, e dá outras providências, define que (grifo nosso): Art. 66. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar estabelecimentos, atividades, obras ou serviços utilizadores de recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, em desacordo com a licença obtida ou contrariando as normas legais e regulamentos pertinentes: (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008). Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ ,00 (dez milhões de reais). Parágrafo único. Incorre nas mesmas multas quem: I - constrói, reforma, amplia, instala ou faz funcionar estabelecimento, obra ou serviço sujeito a licenciamento ambiental localizado em unidade de conservação ou em sua zona de amortecimento, ou em áreas de proteção de mananciais legalmente estabelecidas, sem anuência do respectivo órgão gestor; e (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008). III - Das Conclusões 19. Com base no exposto e na legislação ambiental em vigor, conclui-se que: a) A Vila de Visconde de Mauá está inserida no bioma Mata Atlântica, protegido pelo pela Lei /2006, na Área de Proteção Ambiental da Serra da Mantiqueira e no entorno do Parque Nacional do Itatiaia. Tais fatos demonstram que a área é de relevante interesse ecológico. a) A AMAR protocolou na APASM o pedido de anuência em 28 de agosto de 2008, com documentação insuficiente para o pronunciamento sobre a viabilidade ambiental do empreendimento. Menos de trinta dias depois emitiu a LP. A licença prévia não poderia ter sido emitida sem a manifestação formal da APA da Serra da Mantiqueira. 4

5 b) Em respeito à IN ICMBio 01/2009, a equipe da APA só poderá se manifestar quanto à viabilidade ambiental das obras após analisar toda a documentação, estudos e pareceres que subsidiaram a emissão da LP, bem como os demais documentos posteriormente anexados ao processo de licenciamento com vistas ao cumprimento das condicionantes da LP e obtenção da LI. IV- Das Recomendações 20. A fim de emitir a autorização para o licenciamento das obras, solicitar à AMAR cópia de todos os documentos, estudos e pareceres que subsidiaram a emissão da LP, e que comprovem o cumprimento de suas condicionantes. Enviar cópia da IN ICMBIO 01/2009 e da presente Nota Informativa. 21. Comunicar o INEA sobre esta solicitação, com cópia da presente Nota Informativa. 22. Comunicar o Ministério Público Federal em Resende sobre estas solicitações, com cópia da presente Nota Informativa. É a informação, que submetemos à vossa apreciação. Itamonte, 13 de agosto de Original assinado Soraya Fernandes Martins AA APA Serra da Mantiqueira Matrícula i Ibama - Processo / , fl. 01 ii ibidem, fl.10 iii ibidem, fl.11 iv ibidem, fl.13 a 33 v ibidem, fl.61 e 62 vi ibidem, fl. 47 5