DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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- Olívia Fagundes
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1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL ESTÁCIO-CERS Recursos e o duplo grau de jurisdição. Sistema dos meios de impugnação da decisão judicial. Classificação. Desistência e renúncia recursal. Juízo de admissibilidade e juízo de mérito. Princípio da proibição da reformatio in pejus. Efeitos recursais. Recurso adesivo. Prof. Maurício Cunha Facebook.com/cunhaprocivil cunhaprocivil@gmail.com Conceito TEORIA GERAL DOS RECURSOS (496/512) Como ensina Barbosa Moreira, recurso é o remédio voluntário e idôneo a ensejar, dentro do mesmo processo, a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração de decisão judicial que se impugna. Natureza jurídica O direito de recorrer é conteúdo do direito de ação e o seu exercício se revela como desenvolvimento do direito de acesso aos tribunais. Assim, pode-se concluir que se trata de uma faculdade que se reveste como um ônus processual, pois se não exercida, pode fazer precluir e formar a coisa julgada. Princípio do duplo grau de jurisdição A CF não alude expressamente ao duplo grau de jurisdição, mas, sim, aos instrumentos inerentes ao exercício da ampla defesa (LV, 5º). Por isso que autorizada doutrina pátria repele que o duplo grau de jurisdição esteja alçado à categoria de princípio constitucional (Barbosa Moreira e Nelson Nery). Outros, porém, entendem pelo perfil constitucional do princípio do duplo grau de jurisdição (Humberto Theodoro Jr, Nelson Luiz Pinto, Calmon de Passos, Luiz Rodrigues Wambier e Teresa Arruda Alvim Wambier), comportando limitações, como o disposto no 3º, art. 515, CPC. A expressão princípios processuais vem ganhando, ao longo dos tempos, seja na literatura, seja na jurisprudência brasileira, bastante ênfase (a propósito, ver trabalho desenvolvido por Teresa Arruda Alvim Wambier na obra Recurso especial, recurso extraordinário e ação rescisória. São Paulo: RT, 2009, p. 61). Reconhece-se a eficácia direta dos mesmos, como ocorre com o princípio do devido processo legal e o princípio da razoável duração do processo, dentre outros. 1
2 Com Humberto Ávila, na obra Teoria dos princípios. São Paulo: Malheiros, 2006, p. 78 e seguintes, é possível afirmar que princípio é espécie normativa, norma que estabelece um fim a ser atingido. Se essa espécie normativa visa a um determinado estado de coisas, e esse fim somente pode ser alcançado com determinados comportamentos, esses comportamentos passam a constituir necessidades práticas sem cujos efeitos a progressiva promoção do fim não se realiza. É o mesmo autor que diz os princípios instituem o dever de adotar comportamentos necessários à realização de um estado de coisas ou, inversamente, instituem o dever de efetivação de um estado de coisas pela adoção de comportamentos a ele necessários. A eficácia de um princípio do processo não depende de intermediação por outras regras jurídicas, espalhados na legislação. O princípio da boa-fé processual, p.e., torna devidos os comportamentos necessários à obtenção de um processo leal e cooperativo. Conclui-se, assim, ser possível cogitar de situações jurídicas processuais atípicas (não expressamente previstas) decorrentes da eficácia direta com função integrativa do princípio da boa-fé processual. Críticas (Marinoni e Orestes Nestor de Souza Laspro) Dificuldade de acesso à justiça (prolongamento do processo e elevação dos custos); desprestígio da primeira instância (o primeiro grau seria uma ampla fase de espera); quebra de unidade do poder jurisdicional (insegurança); afastamento da verdade real; inutilidade do procedimento oral (pois a sentença foi proferida por quem teve contato direto com as provas, podendo ser reformada por quem julga com base na documentação dos atos processuais); celeridade (torna a entrega da prestação jurisdicional mais lenta). Vantagens Decorre da própria natureza humana de inconformismo; falibilidade humana; evitar que o juiz cometa arbitrariedades na decisão da causa; melhora da qualidade da prestação jurisdicional por meio da decisão proferida por um órgão colegiado. O sistema dos meios de impugnação da decisão judicial a) recursos; b) ações autônomas de impugnação; c) sucedâneos recursais. 2
3 Reexame necessário Segundo previsão do art. 475, a sentença proferida contra a União, Estado, o DF, o Município e as respectivas autarquias e fundações de direito público, bem como a que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução de dívida ativa da Fazenda Pública, somente produzirá efeitos após sua confirmação pelo Tribunal. As exceções ficam por conta do art. 475, 2º: não se aplica o disposto neste artigo sempre que a condenação, ou direito controvertido, for de valor certo não excedente a 60 (sessenta) salários mínimos, bem como no caso de procedência dos embargos do devedor na execução de dívida ativa do mesmo valor. Razões para que o reexame necessário não seja considerado um recurso: a) ausência de voluntariedade; b) não é dialético; c) previsão de prazo; d) previsão legal; e) legitimidade. Classificação a) quanto à extensão da matéria; b) quanto à fundamentação; c) quanto ao objeto imediato. O STJ, aplicando literalmente a expressão a qualquer momento, entendeu que a desistência pode ocorrer até o encerramento do julgamento do recurso, admitindo-se depois de iniciado o julgamento, inclusive já tendo sido prolatado o voto do relator (RMS 20582/GO, rel. Min. Francisco Falcão, rel. para o acórdão Min. Luiz Fux, j ). A desistência impede uma nova interposição do recurso de que se desistiu, mesmo se ainda dentro do prazo? 3
4 Em suma, à luz do princípio da consumação, concretizado no instituto da preclusão consumativa, com a interposição do recurso o inconformado exaure o respectivo direito de recorrer, não podendo ser novamente exercido contra a decisão já recorrida (REsp /PR, rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, j ) Terceira Turma rejeita desistência e decide julgar recurso mesmo contra vontade das partes (REsp /RS, rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, p ). Em decisão unânime e inédita em questão de ordem, foi rejeitado o pedido de desistência de um recurso especial que já estava pautado para ser julgado. Na véspera do julgamento, as partes fizeram acordo e protocolaram a desistência. Juízo de admissibilidade Opera sobre o plano de validade dos atos jurídicos, mais precisamente do ato jurídico complexo procedimento. É um juízo sobre a validade do procedimento. A ele deve ser aplicado todo o sistema das invalidades processuais, havendo algumas situações excepcionais, porém, como a aplicação do princípio da fungibilidade. Este é derivação do princípio da instrumentalidade das formas. (...) 1. Nos termos dos arts. 258 e 259 do RISTJ, somente é cabível agravo regimental contra decisão monocrática, constituindo erro grosseiro e inescusável a interposição desse recurso para impugnar decisão colegiada. Precedentes. 2. Agravo regimental não conhecido (AgRg nos EREsp /SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, j , p ). 4
5 (...) 1. Os princípios da fungibilidade recursal e da economia processual autorizam o recebimento de embargos de declaração como agravo regimental. (...) 4. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental para negar provimento ao recurso (EDcl na Reclamação nº /GO, rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j ). À Fazenda Pública e ao MP, computa-se em dobro o prazo para recorrer (188), aplicando-se tal disposição para as autarquias e fundações públicas (ver Súmula 116, STJ). Não se aplica o benefício ao prazo de contrarrazões. Também não incide a regra no âmbito dos Juizados Especiais Federais (9º, /2001), nos Juizados Especiais da Fazenda Pública (7º, /2009), para as sociedades de economia mista e empresas públicas. (...) a simples notícia do julgamento não fixa o termo inicial da contagem do prazo recursal, de modo que o recurso interposto antes da publicação do acórdão recorrido é prematuro, a menos que seja posteriormente ratificado (RE ED-EDv/RS, Pleno, rel. Min. Cármen Lúcia, j , p ). STJ, AgRg no AREsp /SP, 2ª Turma, rel. Min. Assusete Magalhães, j , p ; AgRg no REsp /ES, 2ª Turma, rel. Min. Herman Benjamin, j , p ; EDcl no AgRg no AREsp /PR, 3ª Turma, rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j , p Recurso adesivo forma de interposição de alguns recursos; sucumbência recíproca; recurso da parte contrária. 5
6 Em regra, se a parte que interpôs o recurso principal pede a sua desistência, o recurso adesivo seguirá a mesma sorte, e não será mais conhecido (art. 500, III, CPC). Vale ressaltar, ainda, que o recorrente poderá, a qualquer tempo, desistir do recurso, mesmo que sem a anuência do recorrido (art. 501, CPC). Se já foi concedida antecipação dos efeitos da tutela no recurso adesivo, não se admite a desistência do recurso principal de apelação. A apresentação da petição de desistência logo após a concessão dos efeitos da tutela recursal teve a nítida intenção de esvaziar o cumprimento da determinação judicial, no momento em que o réu anteviu que o julgamento final da apelação lhe seria desfavorável, sendo a pretensão, portanto, incompatível com o princípio da boa-fé processual (STJ, REsp SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, j ). NOVO CPC Art Os atos processuais serão realizados nos prazos prescritos em lei. (...) 4º Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo Art Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença: I proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito público; II que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução fiscal. 1º Nos casos previstos neste artigo, não interposta a apelação no prazo legal, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, e, se não o fizer, o presidente do respectivo tribunal avocá-los-á. 2º Em qualquer dos casos referidos no 1º, o tribunal julgará a remessa necessária. 6
7 3º Não se aplica o disposto neste artigo quando a condenação ou o proveito econômico obtido na causa for de valor certo e líquido inferior a: I (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas autarquias e fundações de direito público; II 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas autarquias e fundações de direito público e os Municípios que constituam capitais dos Estados; III 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais Municípios e respectivas autarquias e fundações de direito público. 4º Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em: I súmula de tribunal superior; II acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; III entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; IV entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa. LIVRO III DOS PROCESSOS NOS TRIBUNAIS E DOS MEIOS DE IMPUGNAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS TÍTULO II DOS RECURSOS CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS Art São cabíveis os seguintes recursos: I apelação; 7
8 II agravo de instrumento; III agravo interno; IV embargos de declaração; V recurso ordinário; VI recurso especial; VII recurso extraordinário; VIII agravo em recurso especial ou extraordinário; IX embargos de divergência. Art Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso. Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do relator, se da imediata produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso. Art O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica. Parágrafo único. Cumpre ao terceiro demonstrar a possibilidade de a decisão sobre a relação jurídica submetida à apreciação judicial atingir direito de que se afirme titular ou que possa discutir em juízo como substituto processual. Art Cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e com observância das exigências legais. 1º Sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir o outro. 2º O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no tribunal, salvo disposição legal diversa, observado, ainda, o seguinte: 8
9 I será dirigido ao órgão perante o qual o recurso independente fora interposto, no prazo de que a parte dispõe para responder; II será admissível na apelação, no recurso extraordinário e no recurso especial; III não será conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for ele considerado inadmissível. Art O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso. Parágrafo único. A desistência do recurso não impede a análise de questão cuja repercussão geral já tenha sido reconhecida e daquela objeto de julgamento de recursos extraordinários ou especiais repetitivos. Art A renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra parte. Art A parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão não poderá recorrer. Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a prática, sem nenhuma reserva, de ato incompatível com a vontade de recorrer. Art Dos despachos não cabe recurso. Art A decisão pode ser impugnada no todo ou em parte. Art O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão. 1º Os sujeitos previstos no caput considerarse-ão intimados em audiência quando nesta for proferida a decisão. 2º Aplica-se o disposto no art. 231, incisos I a VI, ao prazo de interposição de recurso pelo réu contra decisão proferida anteriormente à citação. 3º No prazo para interposição de recurso, a petição será protocolada em cartório ou conforme as normas de organização judiciária, ressalvado o disposto em regra especial. 4º Para aferição da tempestividade do recurso remetido pelo correio, será considerada como data de interposição a data de postagem. 9
10 5º Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias. 6º O recorrente comprovará a ocorrência de feriado local no ato de interposição do recurso. Art Se, durante o prazo para a interposição do recurso, sobrevier o falecimento da parte ou de seu advogado ou ocorrer motivo de força maior que suspenda o curso do processo, será tal prazo restituído em proveito da parte, do herdeiro ou do sucessor, contra quem começará a correr novamente depois da intimação. Art O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos ou opostos os seus interesses. Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um devedor aproveitará aos outros quando as defesas opostas ao credor lhes forem comuns. Art Certificado o trânsito em julgado, com menção expressa da data de sua ocorrência, o escrivão ou o chefe de secretaria, independentemente de despacho, providenciará a baixa dos autos ao juízo de origem, no prazo de 5 (cinco) dias. Art No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção. 1º São dispensados de preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, os recursos interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelo Distrito Federal, pelos Estados, pelos Municípios, e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal. 10
11 2º A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, implicará deserção se o recorrente, intimado na pessoa de seu advogado, não vier a supri-lo no prazo de 5 (cinco) dias. 3º É dispensado o recolhimento do porte de remessa e de retorno no processo em autos eletrônicos. 4º O recorrente que não comprovar, no ato de interposição do recurso, o recolhimento do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, será intimado, na pessoa de seu advogado, para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de deserção. 5º É vedada a complementação se houver insuficiência parcial do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, no recolhimento realizado na forma do 4º. 6º Provando o recorrente justo impedimento, o relator relevará a pena de deserção, por decisão irrecorrível, fixando-lhe prazo de 5 (cinco) dias para efetuar o preparo. 7º O equívoco no preenchimento da guia de custas não implicará a aplicação da pena de deserção, cabendo ao relator, na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar o recorrente para sanar o vício no prazo de 5 (cinco) dias. Art O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a decisão impugnada no que tiver sido objeto de recurso. 11
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