A Produção Agropecuária e a Preservação Ambiental
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1 A Produção Agropecuária e a Preservação Ambiental Antônio Calos Coutinho Engº Agrônomo Segundo estimativa do IBGE e publicada em 31/08/2012 a população brasileira distribuída em municípios é de aproximadamente habitantes. No Censo de 2010 éramos , dos quais se declararam índios, ou seja, em torno de 0,52 % da população brasileira se diz de descendência indígena. A extensão territorial do Brasil é de ,3 km², ou seja, na medida oficial para se medir áreas de propriedades rurais, totalizam-se hectares, pois cada km² equivale a 100 hectares, o que corresponde a 100 campos de futebol com medidas oficial. A Revista Dinheiro Rural publicou na sua Edição de novembro de 2012, na Coluna Porteira Aberta, a matéria intitulada O Gigante Rebanho Brasileiro de autoria de Darlene Santiago em que apresenta dados dos Rebanhos Comerciais do País referentes a 2011 e divulgados pelo IBGE no qual, o Brasil possui em torno de animais distribuídos nas seguintes espécies ou categorias: Bovinos (corte e leite) 212,8 milhões; Búfalos 1,3 milhão; Equídeos 5,5 milhões; Jumentos, Jegues e Asnos 974,5 mil; Ovinos 17,6 milhões; Caprinos 9,4 milhões; Suínos 39,3 milhões; Aves 1,3 bilhão. Existem ainda os animais silvestres (aves, mamíferos e répteis), os animais em cativeiros e os domésticos como cães e gatos, que só Deus sabe quantos são! Segundo especialistas do Setor o Brasil possui 90 milhões de hectares agricultáveis e/ou cultiváveis e a pecuária bovina ocupa 199 milhões de hectares, ou seja, em torno de 70% de toda a área utilizável para fins produtivos do setor primário (agricultura e pecuária) da nossa economia é ocupada pela pecuária bovina! Hoje o Brasil detém 65,3 milhões de hectares cultivados, ou seja, plantados e/ou agricultados, sendo que em torno de 50 milhões de hectares com grãos (algodão, amendoim, arroz, aveia, centeio, cevada, ervilha, fava, feijão, mamona, milho, soja,
2 sorgo, trigo e triticale) e o restante 15,3 milhões de hectares com outras culturas como cana de açúcar, mandioca, batata, frutículas, olerículas, etc. Juntas, as lavouras de soja, milho, arroz, feijão, cana de açúcar, algodão e eucalipto, ocupam 90% de toda área agricultada do País! Segundo o IBGE as estimativas anunciadas da safra 2010/2011 de grãos foram de 148,8 milhões de toneladas, depois 159,5 toneladas e por último de 161,96 milhões de toneladas para uma área cultivada estimada primeiramente de 46,5 milhões de hectares, depois 49,3 milhões de hectares e por último de 49,9 milhões de hectares. Em 18 de outubro de 2012 foi publicado no Diário Oficial da União o novo texto do Código Florestal Brasileiro. Depois de muitas idas e vindas, muita polêmica e controvérsias, eis que temos um Ponto de Balizamento para nos orientar com relação às ações ambientais! Por que, Ponto de Balizamento? Achamos que após sua publicação, cabe a nós cidadãos irmos propondo mudanças à medida que o mesmo for sendo posto em prática, pois cada caso é um caso! O Brasil é de uma dimensão continental, biomas diversos, culturas diversas, educação em formação, interesses econômicos e políticos diversos, atividades agro pastoris muito diversificadas e conscientização da preservação ambiental muito incipiente! Os pontos mais polêmicos do Novo Código Florestal a meu ver, nem deveriam existir por questão de lógica como os relacionados às Áreas de Preservação Permanente (APPs) como: proteção das nascentes dos mananciais ou cursos d água, proteção das margens dos cursos d água (Mata Ciliar), proteção de encostas e topos de elevações e recomposição das matas ciliares serem feitas com espécies frutíferas! Com base nos dados levantados por Órgãos Governamentais e especialistas relativos ao rebanho bovino, produção, produtividade, índices zootécnicos e área de pastagens e também com base nos resultados da última safra de grãos, área cultivada e produtividade das lavouras, realizamos alguns exercícios de raciocínio que mostraremos a seguir: Rebanho bovino (corte e leite) com o resultado do levantamento pelo IBGE da existência de cabeças estimamos que 33,12% delas são matrizes, correspondendo a cabeças que a uma taxa de natalidade média estimada de 60% ao ano, se teria matrizes paridas e matrizes falhadas. Seriam crias mamando, que por sua vez com índice médio de mortalidade de 5% ao ano, resultariam em fêmeas de 1 a 2 anos e machos de 1 a 2 anos. Essas categorias, com índice médio de mortalidade de 3% ao ano resultariam em novilhas de 2 a 3 anos e novilhos de 2 a 3 anos. Como seriam descartadas anualmente 20% das matrizes, que corresponderia a cabeças, as novilhas de 2 a 3 anos em número correspondente entrariam para reposição.
3 As demais não selecionadas seriam vendidas para o abate. Os novilhos da categoria de 2 a 3 anos resultariam em novilhos de 3 a 4 anos, já desconsiderando os mortos com base num índice médio de mortalidade de 2%. Por final a categoria de reprodutores, que na proporção de 1:25 matrizes, estima-se a existência de cabeças. Com o rebanho bovino (corte e leite) estratificado nessas categorias estimadas, as cabeças corresponderiam a Unidades Animal (UA), medida oficial utilizada na pecuária bovina. Cada UA corresponde a 450 kg de peso vivo. Pois bem, para uma capacidade suporte das pastagens de 1,0 UA por hectare, que não é difícil de conseguir, seriam necessários para apascentar todo o rebanho bovino brasileiro de hectares. Se a capacidade suporte fosse de 1,5 UA por hectare seriam necessários hectares de pastagem, ou seja, em torno de 33% a menos! Portanto, os 199 milhões de hectares destinados hoje à pecuária bovina seriam reduzidos de 23% a 48% e olhe apenas melhorando e/ou recuperando as pastagens com baixa produção de forrageiras e/ou degradadas! Já a produção e oferta de bovinos para o abate anualmente, com esse exercício de raciocínio seria estimada em cabeças, distribuídas nas seguintes categorias: Machos = cabeças com peso médio de Matrizes substituídas = cabeças com peso médio de Novilhas descartadas = cabeças com peso médio de e Reprodutores substituídos = cabeças com peso médio de 22,5@. Esses dados não fogem muito dos levantados pelo IBGE/Bigma Consultoria (2010) que mostra o número de abates inspecionados realizados em 2011 no Brasil que totalizaram cabeças assim distribuídas: Fêmeas = cabeças; Machos = cabeças e Vitelos = cabeças. Já que foram computados apenas os abates em frigoríficos inspecionados e levando se em consideração que na maioria dos municípios Brasileiros o abate é feito de forma clandestina, sem fiscalização a diferença de 19,5% a maior entre o número estimado de cabeças abatidas pelo exercício de raciocínio e o levantado pelo IBGE/Bigma Consultoria, a meu ver não são discrepantes, pois corresponderiam em média a 3,5 cabeças abatidas por dia durante 365 dias do ano nos municípios! Produção de Grãos com os resultados da última safra, quando foram produzidas 161,96 toneladas de grãos numa área cultivada de 49,9 milhões de hectares chega-se a uma produtividade média de kg por hectare, somada à produção de todas as lavouras consideradas no levantamento. O Engenheiro Agrônomo já falecido Ney Bittencourt Araújo, Presidente da AGROCERES a época, certa vez fez a seguinte afirmativa: Um país desenvolvido produz para o seu consumo interno uma tonelada de grãos por
4 habitante! Se levarmos em consideração essa afirmativa, estamos aquém na nossa produção de grãos em torno de 15% e olha que não consideramos os grãos que são exportados, portanto, não consumidos internamente! Mas, já evoluímos muito, pois na safra 1992/1993 a produção de grãos foi na ordem de 68 milhões de toneladas e a população Brasileira era na ordem de 150 milhões de habitantes. Nessa época, o déficit na produção de grãos em relação à população era de 55%, contra os 15% atuais! Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EMBRAPA, o crescimento da produtividade da Agropecuária Brasileira de 1975 a 2007 foi de 3,27% ao ano. De 2000 a 2007 ela cresceu 4,75% ao ano! Atualmente a produtividade média de algumas culturas é de: soja = kg/ha; milho = kg/ha, sendo que para propriedades com até 20 hectares de kg/ha e propriedades acima de 500 hectares de hg/ha; trigo = kg/ha e arroz = kg/ha; algodão = 4.000kg/ha e feijão de 800 hg/ha. Na última safra 2011/2012 a produção de algumas lavouras foi de: soja = 73,6 milhões de toneladas, milho = 56,0 milhões de toneladas, arroz = 13,9 milhões de toneladas e de feijão (total 1ª, 2ª e 3ª safra) foi de 3,8 milhões de toneladas. Com uma população na ordem de 191 milhões de habitantes (Censo de 2010) teríamos que produzir só para o consumo interno com base na declaração de Ney Bittencourt Araújo, 191 milhões de toneladas de grãos que corresponderia a uma área plantada, cultivada e/ou agricultada estimada em 59 milhões de hectares, com base na produtividade média obtida na última safra (2011/2012) que foi de kg/ha. É com base nesses exercícios de raciocínio, onde com números mostramos e, queira Deus que estejamos certos, a existência de área suficiente no Brasil para que um Código Florestal atualizado e descente, seja elaborado, aprovado, respeitado e cumprido! O Antigo Código Florestal Brasileiro foi criado em 1965, com objetivos de regularizar a exploração das florestas no Brasil. Em pleno século XXI esse Código Florestal necessitava mesmo de alterações para acompanhar a evolução ocorrida de lá para cá, onde qualquer ação, atitude e/ou empreendimento tem de ser realizada de forma sustentável! O Novo Código Florestal envolve pelo menos três pontos polêmicos defendidos com unha e dentes por ruralistas e ambientalistas, cujos interesses são representados por parlamentares. O primeiro deles, parlamentares e ruralistas uníssonos vem atuando em prol de uma redução das faixas mínimas de APPs Áreas de Preservação Permanente e ainda se obter permissão para praticar cultivos de algumas culturas em morros, o que é vedado nas APPs.
5 O segundo, as áreas de RL Reserva Legal também é foco de debate, uma vez que ruralistas pretendem promover uma redução nessas áreas. Por fim, ambientalistas questionam a anistia para os desmatadores, que deixariam de pagar multas relativas ao desmatamento realizado antes da promulgação da Lei de Crime Ambiental de 22/07/2008. A meu ver, com base num planejamento a, longo prazo para a Agropecuária Brasileira se alicerçaria o Novo Código Florestal, levando-se em consideração os recursos naturais existentes (solo e água), clima, atividades econômicas, metas de produção, produtividade, aptidão, áreas disponíveis, etc. Um Código Florestal a meu ver deve ser elaborado por técnicos e especialistas envolvendo todas as áreas que interferem de maneira direta ou indireta no meio ambiente como, Agronomia, Engenharia Agrícola, Engenharia Florestal, Zootecnia, Veterinária, Engenharia Ambiental, Biologia, Geografia, Geologia, Meteorologia, Economia, Advocacia, etc., além dos Produtores Rurais, através de Associações, Sindicatos, Cooperativas, etc. O Código Florestal não deveria ser nem de Parlamentares do Governo nem de Parlamentares da Oposição, nem de Ruralistas nem de Ambientalistas, mas sim da Nação Brasileira, contribuindo para uma produção agropecuária eficiente e sustentável, que promova o desenvolvimento econômico e social de todos! Antônio Carlos Coutinho Engº Agrº /D CREA-MG coutinho@yahoo.com.br
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