CASA BUNKER Taipa contemporânea. Rodrigo Rocha
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1 CASA BUNKER Taipa contemporânea Rodrigo Rocha
2 1. Perspectiva de maquete eletrônica com paisagismo integrado a volumetria O projeto foi direcionado a uma jovem família, que teve como requisito a ampliação do espaço coletivo, três quartos e um banheiro. Propôs-se a ampliação ao norte da edificação existente, com as áreas coletivas ao leste e áreas intimas a oeste. Situada em um bairro residencial, o desafio foi prover privacidade aos usuários sem comprometer a estética. Na fachada frontal foram posicionadas janelas em uma altura que permite a entrada de luz natural e a vista para as copas das arvores. Com parte das paredes de taipa e um isolamento térmico eficiente, a residência requer o mínimo de climatização artificial. Arq. Rodrigo Rocha Residência, Melbourne, Austrália De maneira simplificada, a execução da taipa pode ser descrita em duas etapas. Na primeira etapa é feita a montagem das formas para todo o material de preenchimento ser colocado em camadas, que serão apiloadas até uma altura de 15 a 20 centímetros sucessivamente, até se atingir a altura final da parede. Percebe-se que a altura das camadas define a quantidade de linhas de compactação, evidentes na face da parede, conforme ilustra a Figura 1. A segunda etapa ocorre no dia seguinte, quando é realizada a retirada das formas, ou a desforma, que marca o início do processo de cura da parede. Após esta última etapa, não há a necessidade de fazer qualquer acabamento ou impermeabilização de paredes, apesar de ser recorrente a aplicação de duas demãos de hidrofugante transparente em suas faces acabadas. Foram demolidas as paredes de tijolo e madeira nas fachadas norte e oeste, todos os tijolos foram retirados de tal forma que pudessem ser reutilizados ou vendidos. Parte do telhado em telhas cerâmicas existentes foi retirado a fim de conectar as vigas da estrutura do telhado da extensão da residência. O trabalho de carpintaria se deu em reforçar e substituir as paredes existentes, foram retiradas todas as placas de gesso acartonado para a substituição de novas placas e gesso posteriormente. Todas as paredes, excluindo as paredes de taipa, são de wood frame, técnica corrente utilizada na Austrália, algumas com colunas duplas ou quádruplas para reforço da estrutura segundo o projeto estrutural. Toda a estrutura do telhado foi feita in loco e projetada com uma inclinação de 4% e 3%.
3 2. Planta baixa de reforma e ampliação da residência existente 3. Corte longitudinal AA 4. Corte longitudinal BB
4 5. Corte transversal CC A fundação da residência executada em radier, com vigas baldrames de 600 mm nas extremidades onde as paredes de taipa se encontram e 300 mm na junção com a estrutura do piso em madeira existente, baldrames de 110 mm nas duas direções formam vãos de 1190 x 1190 mm. Desta forma, após a execução, tem se um piso rígido acabado como um contra piso para aplicação de carpete e azulejos cerâmicos, neste caso. As paredes em taipa de pilão estabilizadas com cimento, foram executadas em 12 dias, com uma produtividade de 15 m2 diários. Em sua mistura foram utilizados 7% de cimento branco, além de adição de água para umidade ideal para compactação e uma pequena quantidade de hidrofugante, regularmente utilizado nas construções em taipa na Austrália. As paredes em taipa foram executadas a 45 mm da fundação, com a intenção de ressaltar essas paredes das paredes externas em wood frame. As paredes externas foram revestidas com chapas de 3 mm de aço corten, definindo as aberturas de esquadrias, dando um certo ritmo das fachadas norte e leste. Chapas do mesmo aço também foram instaladas na fundação, parte inferior das paredes externas, com a intenção de criar leveza as paredes monolíticas de taipa. Foram instalados chapas de 3 mm de ferro pintadas de preto com brilho, acima das janelas como proteção a insolação excessiva dentro dos ambientes adjacentes. 6. Detalhe 1 7. Detalhe 2
5 8. Residência original 9. Armação da fundação radier 10. Execução das paredes em Taipa 11. Execução das paredes em wood frame 12. Detalhe da taipa a 45 mm da fundação 13. Execução das paredes em taipa
6 Sobre a obtenção do material de construção, a terra, é importante pontuar que não se restringe apenas àquela presente no canteiro de obras. Na Austrália os fornecedores de solo e agregados de construção, geralmente empresas com função de fornecer material para pavimentação de vias e rodovias, localizadas nas intermediações entre campo e cidade, são responsáveis também por providenciar material para a produção da taipa. Essas empresas fornecem diferentes tipos de agregados, geralmente tipos de cascalho, sedimentos de rochas, barro arenoso e argiloso com diversas granulometrias, além de triturarem e reutilizarem concreto e tijolos maciços. A diversidade e disponibilidade de solos e agregados são fundamentais para a produção e difusão das paredes de taipa. Neste caso utilizou-se 50% de concreto triturado e 50% de areia fina. A entrada pela lateral da casa ao norte, possibilitou ampliar a sala e transformar um antigo quarto numa ampliação deste ambiente a partir de uma porta de correr, o formato da cozinha possibilita um contato maior com a sala, através de uma janela há o contato com a área externa também. Um largo corredor conecta as áreas íntimas da casa, onde foram criados 2 quartos e uma suíte com roupeiro. O banheiro teve o layout reformulado e todas as paredes e pisos substituídos assim como no quarto existente. Com o desenho, orientação e escolha dos materiais de construção, foi possível obter o dobro de eficiência energética do edifício original, atingindo assim a expectativa dos clientes em utilizar o mínimo de climatização artificial para a utilização do edifício com conforto. 14. Vista da rua da residência atual 15. Fachada frontal 16. Fachada Norte 17. Detalhe da fachada frontal
7 18. Detalhe da cozinha 19. Vista do corredor e sala ampliada 20. Encontro de diferentes materiais 21. Detalhe da janela na suite 22. Vista interna com iluminação natural 23. Detalhe da taipa no banheiro da suíte
8 24. Perspectiva da residência em seu estado atual FICHA TÉCNICA CASA BUNKER VIVIENDA Rodrigo Amaral Rocha Arquiteto e urbanista, atua como arquiteto projetista na Earth House Australia e Olnee Constructions em Melbourne, Austrália. Desde 2010 desenvolve técnicas de bioconstrução com diversas obras e projetos com o uso da terra como principal material de construção, assim como bambu e madeira, com o foco em desenvolver uma arquitetura contemporânea de qualidade sócio ambiental. Desenvolveu e coordenou o Movimento 90º, responsável pela execução de vários jardins verticais em São Paulo em Graduado pela Escola da Cidade, São Paulo em 2011, com intercambio universitário na Universidade de Los Andes, Bogotá, Colômbia em Possui formação complementar em Permacultura, PDC realizado na UNESP-Botucatu em Local: Melbourne, Austrália Data de início do projeto: 2016 Data da conclusão da obra: 2017 Área do terreno: 600 m 2 Área construída: 177 m 2 Arquitetura: Earth House Australia Oliver Petrovic, Travis Ridgway, Asha Ridgway, Nee Petrovic Construção: Olnee Constructions Estrutura: Deery Consulting Hidráulica: Westernport plumbing Eletrica: Two watt electrical Fotos: Travis Ridgway, Rodrigo Rocha, Marcelo Zerwes Fornecedores: Taipa: Olnee Constructions ( Janelas: Trend Windows ( Estrutura em madeira: Moorabbin timber ( Cozinha: Cantilever interiors (
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