Relatório de Estabilidade Financeira 2017

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1 Relatório de Estabilidade Financeira 2017

2 Relatório de Estabilidade Financeira 2017 Banco de Cabo Verde Cidade da Praia Junho 2018

3 BANCO DE CABO VERDE Avenida Amílcar Cabral, 27 CP Praia Cabo Verde Tel.: / supervisao@bcv.cv Edição Departamento de Supervisão das Instituições Financeiras Todos os direitos reservados. Qualquer reprodução para fins educacionais e comerciais só é permitida, desde que a fonte seja mencionada. O Banco de Cabo Verde agradece o envio da cópia de qualquer publicação que usa este relatório como fonte de consulta. Nenhum uso para finalidade comercial será permitido, salvo autorização expressa do Banco de Cabo Verde. A informação contida neste relatório não pode ser entendida como um aconselhamento financeiro. O relatório está disponível no sítio da internet do BCV

4 Relatório de Estabilidade Financeira 2017 Índice Prefácio... 8 Sumário Executivo Capítulo I Ambiente Macroeconómico e Financeiro Capítulo II Situação Financeira e Endividamento do Setor Não Financeiro Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro Setor Bancário Caixa.1: Garantia Parcial do Crédito- Uma alternativa às garantias tradicionais Caixa.2: Principais indicadores de crédito Setor Segurador Caixa.3: Provisões Técnicas Mercado de Valores Mobiliários Capítulo IV Infraestrutura e Regulação do Sistema Financeiro Sistemas de Pagamento Regulação do Sistema Financeiro Caixa.4: Sistema de Controlo Interno dos Bancos Capítulo V Vulnerabilidades e Riscos para a Estabilidade Financeira Principais vulnerabilidades do sistema financeiro nacional Caixa.5: Bens recebidos em dação possíveis soluções Riscos para a estabilidade financeira Avaliação Global da Estabilidade do Sistema Financeiro Perspetivas de Evolução dos Riscos para a Estabilidade Financeira Caixa.6: Introdução da norma internacional de contabilidade IFRS 9 - Instrumentos Financeiros Capítulo VI Estratégias e Medidas de Estabilização Financeira Anexos

5 Relatório de Estabilidade Financeira 2017 Quadros Quadro 1 Ativos recebidos em dação em cumprimento Quadro 2 Índice HH Quadro 3 Qualidade da carteira de crédito Quadro 4 Cobertura do risco de crédito Quadro 5 Grandes riscos em percentagem do crédito total Quadro 6 Indicadores de liquidez Quadro 7 Estrutura das fontes de financiamento do setor bancário Quadro 8 Mismatches por prazos e gaps de liquidez Quadro 9 Exposição em moeda estrangeira e choque cambial Quadro 10 Resultados dos choques de crédito Quadro 11 Resultados dos choques de liquidez Quadro 12 Taxa de penetração e densidade do seguro Quadro 13 Cobertura das provisões técnicas por ativos Quadro 14 Margem de solvência Quadro 15 Principais indicadores Quadro 16 Operações liquidadas no SGDL Quadro 17 Vulnerabilidade e riscos do sistema financeiro nacional Gráficos Gráfico 1 Crédito às empresas não financeiras e particulares Gráfico 2 Evolução da população residente de Cabo Verde Gráfico 3 Indicador de confiança do setor da construção (saldo das respostas extremas) Gráfico 4 Procura turística Gráfico 5 Hóspedes e dormidas por ilhas e tipo de estabelecimento Gráfico 6 Crédito a empresas não financeiras Gráfico 7 Distribuição do crédito a empresas não financeiras Gráfico 8 Crédito por setores e contribuição de cada sector para o PIB Gráfico 9 Evolução do stock de crédito do setor do comércio, restaurantes e hotéis Gráfico 10 Evolução do stock de crédito do setor da construção e imobiliária... 24

6 Relatório de Estabilidade Financeira 2017 Gráfico 11 Total de stock de crédito às empresas por intervalo Gráfico 12 Distribuição do financiamento por setor Gráfico 13 Crédito a particulares Gráfico 14 Principais rubricas do ativo Gráfico 15 Principais rubricas do passivo e capital próprio Gráfico 16 Evolução do Tier I, Tier II, fundos próprios, ativos ponderados e solvabilidade Gráfico 17 Variação dos ativos ponderados pelo risco Gráfico 18 Distribuição de frequência para o rácio de solvabilidade Gráfico 19 Solvabilidade: comparação internacional Gráfico 20 Evolução dos indicadores de qualidade de crédito Gráfico 21 Crédito vencido: comparação internacional Gráfico 22 Créditos em incumprimento por dias de atraso (Circular 150) Gráfico 23 Rácio de crédito com imparidade por setor de atividade Gráfico 24 Evolução do risco de crédito e dos níveis de cobertura Gráfico 25 Cobertura do Crédito em incumprimento pelas provisões: comparação internacional Gráfico 26 Exposição da banca ao setor da construção e habitação Gráfico 27 Evolução do nível de exposição aos grandes riscos Gráfico 28 Distribuição de frequência para o rácio Grandes Riscos/Crédito Total Gráfico 29 Grandes exposições: comparação internacional Gráfico 30 Evolução do ROA e ROE Gráfico 31 Distribuição de frequência para o ROE Gráfico 32 ROE: comparação internacional Gráfico 33 Evolução do Cost to Income Gráfico 34 Distribuição de frequência para o Cost to Income Gráfico 35 Crédito, Depósitos e Rácio de Transformação Gráfico 36 Rácios de liquidez: comparação internacional Gráfico 37 Principais fontes de financiamento do sistema bancário Gráfico 38 Evolução das fontes de financiamento Gráfico 39 Evolução da estrutura dos depósitos por entidades Gráfico 40 Evolução e composição dos depósitos Gráfico 41 Distribuição de frequência para os cinco maiores depositantes... 58

7 Relatório de Estabilidade Financeira 2017 Gráfico 42 Evolução dos depósitos dos grandes depositantes Gráfico 43 Distribuição de frequência para o custo do financiamento Gráfico 44 Evolução dos gaps de liquidez Gráfico 45- Evolução da taxa de juros Gráfico 46 Risco de taxa de juros: impacto sobre a margem financeira Gráfico 47 - Taxa de Câmbio do Escudo/Dólar americanos e índice de taxa de câmbio Gráfico 48 - Exposição Cambial Líquida/Fundos Próprios: comparação internacional Gráfico 49 Principais rubricas do ativo do setor segurador Gráfico 50 Principais rubricas do passivo e capitais próprios Gráfico 51 Investimentos brutos Gráfico 52 Grau de cobertura das provisões técnicas Gráfico 53 - Transações liquidadas no SGDL por horário (média diária) - Quantidade Gráfico 54 - Transações liquidadas no SGDL por horário (média diária) - Valor Gráfico 55 Evolução do Z-Score Anexos Anexo 1 Indicadores de robustez financeira do sistema bancário e segurador Anexo 2 Balanço e demonstração de resultados agregado do setor bancário Anexo 3 Resultados dos testes de stress: Rácio Solvabilidade Regulamentar de 12 por cento Anexo 4 Balanço agregado do setor segurador Anexo 5 Demonstração de resultado do sector segurador

8 Prefácio A Lei Orgânica do Banco de Cabo Verde, aprovada pela Lei nº 10/VI/2002, de 15 de julho, dispõe que o Banco de Cabo Verde tem por atribuição principal a manutenção da estabilidade dos preços, e como objetivo secundário promover, no país, a liquidez, a solvência e o funcionamento adequado de um sistema financeiro assente na estabilidade do mercado. Por seu turno, a Lei de Bases do Sistema Financeiro, aprovada pela Lei nº 61/VIII/2014, de 23 de abril, veio reforçar as atribuições do Banco de Cabo Verde em matéria de regulação e supervisão do sistema financeiro, tanto no âmbito da supervisão comportamental como da prudencial, sendo esta microprudencial e macroprudencial. Ao nível macroprudencial, a supervisão incide sobre o sistema como um todo e tem como principal função a limitação dos riscos de instabilidade financeira e as perdas daí decorrentes. O Relatório de Estabilidade Financeira é uma publicação anual do Banco de Cabo Verde destinada a apresentar os principais resultados das análises sobre o sistema financeiro relativamente ao ano transato, sobretudo do setor bancário, com especial realce à sua evolução recente, ao seu grau de resiliência face a eventuais choques externos, aos atuais e potenciais riscos que condicionam a estabilidade do sistema financeiro e a sua evolução no curto e médio prazo. O relatório, enquanto instrumento de comunicação com a sociedade em geral e com o sistema financeiro em particular, elenca as principais iniciativas regulamentares e medidas de estabilização financeira implementadas pelo Banco de Cabo Verde em 2017 e faz referênca às medidas levadas a cabo por outras entidades que contribuem para a manutenção da estabilidade do sistema financeiro. Por estabilidade financeira entende-se a manutenção de um ambiente no qual o sistema financeiro - que inclui os intermediários, mercados e infraestrutura de mercado - é capaz de resistir a choques e ao surgimento de desequilíbrios financeiros, diminuindo, assim, a probabilidade de interrupções no processo de intermediação financeira, que são suficientemente graves para reduzir de modo significativo a afetação da poupança para oportunidades de investimento rentável (BCE, 2007). 1 O presente relatório é constituído por seis capítulos. No primeiro Ambiente Macroeconómico e Financeiro faz-se um breve enquadramento do cenário macroeconómico e financeiro nacional e internacional, e seu 1 Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

9 impacto no sistema financeiro nacional. O segundo capítulo Situação Financeira e Endividamento do Setor Não Financeiro analisa a situação e o endividamento de empresas não financeiras e de particulares junto do setor bancário e do mercado de capitais. O terceiro capítulo Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro debruça-se sobre os aspetos relevantes em termos de exposição a riscos, da rentabilidade, liquidez e solvência das instituições que compõem o sistema financeiro nacional, com destaque para o setor bancário. Neste capítulo, incluem-se, ainda, os testes de stress de riscos de crédito, de mercado e de liquidez e os respetivos impactos sobre a solvência das instituições. Faz-se, ainda, referência ao setor segurador, com descrição e análise da sua situação financeira e prudencial, bem como ao mercado de valores mobiliários. O quarto capítulo Infraestrutura e Regulação apresenta os desenvolvimentos recentes nos sistemas de pagamento, analisa as tendências da sua evolução e enumera as principais iniciativas regulatórias para o sistema financeiro nacional promulgadas em O quinto capítulo Riscos para a Estabilidade Financeira identifica os atuais e potenciais fatores de riscos que poderão condicionar o normal funcionamento do sistema financeiro e a sua principal função de intermediação financeira. Por fim, no sexto capítulo - Estratégias e Medidas de Estabilização Financeira são elencadas as principais medidas e recomendações de políticas prudenciais que visam contribuir para a manutenção da estabilidade financeira. O Relatório de Estabilidade Financeira 2017 apresenta, ainda, seis Caixas: Caixa 1: Garantia parcial de crédito- Uma alternativa às garantias tradicionais; Caixa 2: Principais indicadores do crédito; Caixa 3: Provisões técnicas; Caixa 4: Sistema de controlo interno das instituições financeiras; Caixa 5: Bens recebidos em dação Análise da situação e possíveis soluções; Caixa 6: Introdução da IFRS 9 - Instrumentos Financeiros. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

10 Sumário Executivo O enquadramento externo, em 2017 e à semelhança dos dois últimos anos, contribuiu positivamente para o desempenho da economia cabo-verdiana, tendo como principal parceiro económico do país a Área do Euro, assinalada por um crescimento económico mais acelerado desde Continuou-se a assistir à recuperação da atividade económica nacional, indicando um aumento em volume de 3,9 por cento, valor mais elevado desde 2011, de acordo com as estimativas do Instituto Nacional de Estatística (INE). Esta melhoria do contexto e das condições é suscetível de favorecer a situação financeira do setor não financeiro com reflexos positivos na diminuição do risco de crédito de empresas e particulares. O setor bancário nacional apresentou sinais de melhoria em alguns domínios: na atividade; nos indicadores de qualidade de crédito e na respetiva cobertura; nas margens financeiras e complementar com impactos positivos na rendibilidade; na eficiência operacional (cost to income); no aumento dos depósitos e no nível de solvência. Assistiu-se ao crescimento significativo do stock de crédito, em ritmo superior ao observado no ano anterior, o que conjugado com a redução do stock do crédito vencido contribuiu para a melhoria dos indicadores de qualidade de crédito. A cobertura dos níveis de incumprimento apontou igualmente melhorias, mantendo a sua trajetória crescente desde A rendibilidade do sistema financeiro, medida pelo ROA (Return on Asset) e pelo ROE (Return on Equity), aumentou em função do crescimento dos resultados antes de impostos e do resultado líquido. O rácio de solvabilidade fixou-se em 17,3 por cento, assinalando um aumento de 1,8 pontos percentuais fruto do incremento da base de capital, principalmente do capital considerado de maior qualidade. No sector segurador verificou-se um aumento do volume de produção em 6,5 por cento, dos investimentos em 36,0 por cento e dos resultados líquidos em 21,9 por cento. Para este desempenho, contribuíram tanto o segmento Vida como o Não Vida. No mercado de valores mobiliários, a capitalização bolsista alcançou os 68,4 mil milhões de escudos (79,7 por cento pertencente a títulos de dívida pública), com um aumento de 0,9 por cento face ao ano anterior. Os sistemas de pagamentos funcionaram de forma contínua e sem interrupções significativas, e as transações liquidadas no SGDL-Sistema de Gestão de Depósitos e Liquidação, sistema de liquidação sistemicamente importante, ocorreram normalmente, devido ao facto da necesidade de liquidez efetiva ter-se revelado inferior face à disponibilidade. Não obstante estes desenvolvimentos positivos, o sistema financeiro nacional, e em particular o bancário, apresenta ainda um conjunto de vulnerabilidades que podem condicionar a rendibilidade das instituições e Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

11 conduzir à materialização de riscos para a estabilidade financeira, como sejam níveis de crédito em incumprimento ainda em patamares considerados elevados, concentração do crédito num número limitado de contrapartes, principalmente nos setores de construção e habitação e de empresas ligadas à atividade imobiliária e turística, considerável nível de stock de bens recebidos em dação e concentração do funding face aos cinco maiores depositantes. Os testes de stress continuaram a confirmar que este conjunto de condicionalismos constituem ameaças à materialização do risco de crédito e à estabilidade das instituições bancárias, podendo induzir, em situações mais extremas de falência dos três maiores devedores, à consequente insolvência de algumas instituições bancarias. A análise das condições da estabilidade financeira permite, por um lado, reconhecer globalmente uma ligeira melhoria nos fatores de estabilidade, relacionados com o ambiente macroeconómico e financeiro, com a situação financeira de empresas e particulares, com a solvabilidade e desempenho das instituições e com o sistema de pagamentos. Por outro lado, identifica-se a manutenção da exposição significativa do sistema financeiro nacional face a riscos relacionados com a gestão das instituições, com a estrutura do sistema bancário, com o mercado de valores mobiliários e com o contágio entre as instituições financeiras. Além disso, os resultados dos testes de stress alertam para um elevado potencial de perdas face à materialização de riscos de crédito. A referida conjuntura requer da Supervisão o reforço contínuo da capacidade de monitorização do sistema financeiro, com o objetivo da identificação atempada das fontes de risco sistémico e a implementação célere de politicas e medidas de mitigação dos impactos adversos, visando contribuir para a garantia da robustez das instituições financeiras e a manutenção da estabilidade do sistema financeiro nacional. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

12 Capítulo I Ambiente Macroeconómico e Financeiro

13 Capítulo I Ambiente Macroeconómico e Financeiro Enquadramento externo contribuiu positivamente para o desempenho da economia nacional O ciclo de recuperação das economias parceiras do país e dos respetivos mercados de trabalho, fortalecido ao longo de 2017, beneficiou a procura externa e os investimentos no país, contribuindo positivamente para o bom desempenho da economia nacional. De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a atividade económica global continuou a ganhar vigor, registando um crescimento de 3,8 2 por cento em 2017 em virtude de melhores desempenhos, tanto das economias avançadas (particularmente, das europeias), como das economias emergentes e em desenvolvimento (em especial, das asiáticas). O principal parceiro económico do país, a Área do Euro, registou o crescimento económico mais acelerado desde 2007, determinado pelas dinâmicas das exportações, do consumo privado e dos investimentos (residenciais e empresariais). O seu desempenho foi favorecido pela revitalização do comércio global, num contexto de menor apreciação, em termos efetivos nominais, do Euro; pela consistente queda da sua taxa de desemprego (de 10,0 para 9,1 por cento da população ativa); pela manutenção de condições de financiamento favoráveis a investimentos (as taxas de juro nos mercados bancários continuaram historicamente baixas, desincentivando a constituição de depósitos e incentivando a procura de crédito) e pelo aumento da rendibilidade das empresas. Contínua recuperação da atividade económica em 2017 De acordo com as estimativas do Instituto Nacional de Estatística, a economia nacional registou um crescimento em volume de 3,9 por cento em 2017, valor mais elevado desde Do lado da oferta, as performances muito positivas de impostos líquidos de subsídios, indústria transformadora, administração pública, eletricidade e água, alojamento e restauração, bem como a assinalável recuperação do comércio, explicam o melhor comportamento da economia. Do lado da procura, a economia foi impulsionada pela dinâmica da procura interna, em particular do consumo e investimento privados, favorecidos pelo aumento do rendimento disponível das famílias, pela contínua melhoria das condições de financiamento do setor privado e do clima económico, aliada à inversão da tendência de queda da confiança dos consumidores no último trimestre do ano. Refira-se que as condições de financiamento internas continuaram a melhorar em 2017, impulsionadas pela contínua recuperação da confiança na economia e por estímulos monetários adicionais, designadamente, pela redução das taxas de juro diretora e de facilidade de absorção de liquidez, em junho, de 3,5 para 1,5 e 0,25 para 0,10 por cento, respetivamente. 2 World Economic Outlook de abril de 2018 Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

14 Capítulo I Ambiente Macroeconómico e Financeiro Preços no consumidor registaram trajetória ascendente ao longo do ano Os preços no consumidor mantiveram, ao longo de 2017, a tendência de recuperação iniciada em janeiro, tendo a inflação média anual se fixado em 0,8 por cento em dezembro (-1,4 por cento em dezembro de 2016). O crescimento dos preços no consumidor foi essencialmente determinado pelos efeitos diretos e indiretos (na evolução dos preços no produtor e no consumidor dos principais fornecedores do país) do aumento dos preços das matérias primas, especialmente energéticas, nos mercados internacionais, numa conjuntura de fortalecimento da procura interna e da economia dos principais parceiros comerciais do país. A fraca precipitação registada na época das chuvas terá também contribuído para alguma pressão inflacionista. Evolução desfavorável das contas externas A balança de pagamentos evoluiu desfavoravelmente em 2017, com o aumento do défice da conta corrente de 2,7 para 7,1 por cento do PIB, acompanhado de uma redução dos fluxos líquidos de financiamento da economia de 8,0 para 3,5 por cento do PIB. O défice da balança corrente quase triplicou, passando de 2,7 para 7,1 por cento do PIB, sobretudo devido à deterioração do défice comercial de bens e serviços na ordem dos 31 por cento (15 por cento em 2016), determinado pelo aumento das importações de bens e serviços. A redução das remessas dos emigrantes (na ordem dos 6,0 por cento) e, em menor escala, o aumento das remessas de imigrantes (em 12 por cento), principalmente das comunidades europeias residentes no país, bem como o crescimento das remunerações de empregados não residentes (6,9 por cento) e dos juros pagos pelos bancos por depósitos de emigrantes e de outros não residentes (13,2 por cento), explicam, igualmente, o desempenho desfavorável da conta corrente. A contração dos fluxos líquidos de financiamento refletiu, em larga medida, o aumento das aplicações dos bancos no exterior em 2,3 por cento do PIB (-0,2 por cento do PIB em 2016), ainda que numa conjuntura de reforço do pendor acomodatício da política monetária. Traduziu, igualmente, a diminuição do investimento direto estrangeiro no país, relacionado com a dinâmica de execução de grandes empreendimentos turísticos e com o aumento do investimento dos cabo-verdianos no estrangeiro em imóveis mediante empréstimos a empresas relacionadas, para além do decréscimo dos desembolsos líquidos da dívida privada externa. Em consequência, o stock das reservas internacionais líquidas diminuiu em 1,5 mil milhões de escudos para 57,2 mil milhões de escudos (519 milhões de euros), passando a garantir 5,9 meses de importações de bens e serviços (7,1 meses em 2016). Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

15 Capítulo I Ambiente Macroeconómico e Financeiro Oferta monetária impulsionada pelo aumento do crédito à economia Numa conjuntura caracterizada pela redução das reservas externas, a massa monetária cresceu 6,6 por cento, impulsionada pelo crescimento, em 7,5 por cento, do crédito à economia. O aumento do financiamento bancário à economia, em particular ao setor privado 3, cujo crédito cresceu 6,8 por cento (3,5 por cento em 2016), terá refletido os efeitos dos estímulos monetários e das medidas de fortalecimento dos mecanismos de transmissão monetária que vêm sendo implementados desde 2013, bem como os efeitos da contínua melhoria do clima económico e de algum alívio na aversão a riscos macroeconómicos por parte dos bancos. Em termos de componentes, a expansão monetária traduziu-se no aumento dos passivos monetários, em particular dos depósitos à ordem em 21 por cento (14 por cento em 2016). Os passivos quase monetários, por seu turno, contraíram ligeiramente em função da redução dos depósitos a prazo em moeda nacional dos residentes e emigrantes, respetivamente, em 3,0 e 1,0 por cento, bem como da diminuição dos depósitos a prazo dos emigrantes em moeda estrangeira, em 22 por cento. Melhoria da situação orçamental Num contexto de implementação de uma política de consolidação orçamental, as finanças públicas registaram um comportamento menos desfavorável em 2017, tendo o défice orçamental se fixado em 3,1 por cento do PIB (3,6 por cento em 2016). O melhor desempenho das contas públicas foi determinado pelo aumento das receitas fiscais e donativos, impulsionado, no caso dos impostos, pela conjuntura macroeconómica mais favorável e atuação mais vigorosa dos serviços na prevenção e mitigação da fraude e evasão fiscal, bem como pela intensificação da diplomacia económica e a solidariedade dos parceiros do país face a situações de catástrofes naturais, no caso dos donativos. As despesas orçamentais, entretanto, apesar da contenção das despesas de funcionamento, aumentaram com a execução mais acelerada do programa de investimentos públicos. A melhoria das contas públicas resultou num crescimento relativamente contido do stock da dívida pública, na ordem dos 2,8 mil milhões de escudos para 215,1 mil milhões de escudos (125 por cento do PIB, que compara a 130 por cento do PIB registado no ano anterior). 3 Crédito ao sector privado inclui crédito bancário concedido às empresas mistas e privadas e o crédito a particulares. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

16 Capítulo II Situação Financeira e Endividamento do Setor Não Financeiro

17 Capítulo II Situação Financeira e Endividamento do Setor Não Financeiro Fortalecimento da procura e da oferta de crédito, reflexo da contínua melhoria do clima económico O desempenho da economia nacional tem evoluído favoravelmente, contribuindo positivamente para o aumento do nível de rendimento e consumo das famílias cabo-verdianas. O aumento do volume das remunerações de trabalho, em função do crescimento da população empregada nos ramos do comércio, construção, administração pública, turismo e indústria transformadora, o incremento de excedentes de exploração e rendimentos de propriedade, bem como o crescimento das prestações sociais, no quadro de uma evolução contida de pressões inflacionistas, têm fortalecido o poder de compra das famílias. O aumento da confiança dos consumidores e agentes económicos, a ligeira redução da restritividade dos termos e condições de concessão de empréstimos a particulares e a empresas, no curto prazo, e a redução dos custos de financiamento, terão contribuído, em termos globais, para dinamizar a procura de crédito, não obstante o ligeiro aumento da restritividade dos critérios de aprovação de empréstimos de longo prazo para as empresas. As condições de financiamento, especialmente as internas, continuaram a melhorar em 2017, impulsionadas pela contínua recuperação da confiança na economia, por estímulos monetários adicionais, designadamente, a redução das taxas de juro diretoras e de facilidade de absorção de liquidez. Neste contexto, as taxas médias efetivas praticadas nas operações de crédito têm reduzido, contribuindo positivamente para o aumento da procura, especialmente dos empréstimos de curto prazo. Com efeito, a taxa de juro média do crédito com maturidade compreendida entre 91 a 180 dias fixou-se em 9,5 por cento em 2017, abaixo da média dos últimos cinco anos (10,4 por cento), tendo reduzido cerca de 1,7 pontos percentuais comparativamente ao ano Igualmente, a taxa de juro média do crédito com maturidade entre 181 dias a 1 ano fixou-se em 7,4 por cento, abaixo da média dos últimos cinco anos (8,6 por cento) e diminuiu 1,6 pontos percentuais, face ao ano Relativamente aos descobertos, a taxa de juro situou-se em 16,5 por cento, bem próximo da média dos últimos cinco anos (17,0 por cento) e registou uma diminuição de 1,4 pontos percentuais, em igual período. Melhoria das condições que favorecem a situação financeira do Sector não Financeiro Num contexto macroeconómico externo e interno favoráveis, a par de outros desenvolvimentos positivos, assistiu-se a uma ligeira melhoria global das condições que favorecem a situação financeira do Setor não Financeiro, exteriorizando alguns sinais de recuperação em setores-chave da economia nacional. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

18 dez/15 dez/16 dez/17 Millhões de escudos % Capítulo II Situação Financeira e Endividamento do Setor Não Financeiro Crescimento contínuo do endividamento total de Empresas não Financeiras e Particulares Em 2017, o endividamento total do setor não financeiro manteve a sua trajetória ascendente. O crédito às empresas não financeiras 4 e aos particulares junto do setor bancário registou um crescimento na ordem de 6,1 5 por cento em 2017 face ao ano anterior, mantendo-se nos 66,6 6 por cento do PIB. Gráfico 1 Crédito às empresas não financeiras e particulares ,0 66,0 61,0 56,0 51,0 46,0 41,0 36, ,0 Crédito às empresas não financeiras e particulares Crédito às empresas não financeiras e particulares /PIB (escala à direita) Sinais de alguma retoma do mercado da construção e imobiliária e melhoria da confiança dos operadores no setor da construção O contexto internacional mais favorável, aliado à boa dinâmica da procura turística por estrangeiros tem permitido identificar alguns sinais de retoma do mercado da construção e imobiliária, muito alicerçado nos segmentos de habitação, resorts, hotelaria e outros grandes empreendimentos turísticos. De referir que a própria dinâmica de crescimento da população residente em Cabo Verde também tem influenciado o mercado imobiliário nacional, tendo em conta o défice habitacional existente. Segundo as projeções demográficas da população de 2010 a 2030 do INE, a população de 2017 foi estimada em pessoas residentes, registando um acréscimo de habitantes em relação ao ano anterior (6.406 habitantes face a 2015). De acordo com os resultados do inquérito sobre o mercado de crédito, com referência a dezembro de 2017, os bancos reportaram um aumento considerável da procura por parte dos particulares, em especial de empréstimos à habitação. 4 Empresas não financeiras públicas e privadas 5 Este valor inclui crédito concedido a empresas públicas não financeiras, empresas privadas e crédito concedidos a particulares 6 Calculado com base no valor da estimativa do PIB, pelo INE, à data de elaboração do relatório. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

19 Capítulo II Situação Financeira e Endividamento do Setor Não Financeiro 1º T º T º T º T º T º T º T º T 2017 Gráfico 2 Evolução da população residente de Cabo Verde Nº habitantes dez/15 dez/16 dez/17 Variação nº de habitantes residentes Fonte: Instituto Nacional de Estatística Os indicadores de confiança apontaram para uma ligeira melhoria da confiança dos operadores económicos do setor da construção, especialmente no quarto trimestre de 2017, embora o desempenho da economia nacional tenha sido, em certa medida, condicionado pelos contributos negativos do setor. Gráfico 3 Indicador de confiança do setor da construção (saldo das respostas extremas) 20,0 10,0 0,0-10,0-20,0-30,0-40,0-50,0 Indicador de Confiança na Construção (s.r.e.) Indicador de Clima Económico (índice = 100) Fonte: Instituto Nacional de Estatística Por sua vez, a evolução do indicador de clima económico, evidenciou, ao longo do ano, o reforço da confiança dos operadores dos setores do turismo, indústria e comércio, sugerindo expetativas positivas quanto à evolução económica nacional. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

20 Capítulo II Situação Financeira e Endividamento do Setor Não Financeiro Aumento das receitas da hotelaria, impulsionada pela dinâmica da procura turística As receitas do turismo continuaram a evoluir favoravelmente, à semelhança dos anos anteriores, em consequência do aumento contínuo do número de hóspedes e dormidas de não residentes no país. As receitas de viagens representaram cerca de 24,7 por cento do PIB do ano 2017, registando um aumento de 1,9 pontos percentuais comparativamente ao ano anterior (22,9 por cento em 2016). Gráfico 4 Procura turística , , , ,5 Nº de turístas ,0 22,5 22,0 21,5 % , ,5 0 20,0 dez/15 dez/16 dez/17 Hóspedes não residentes Dormidas de não residentes Receitas de Viagens/PIB (esc. à direita) Fonte: Instituto Nacional de Estatística Com efeito, de acordo com as estatísticas do turismo do ano 2017, publicadas pelo Instituto Nacional de Estatísticas, os hotéis continuaram a ser os estabelecimentos hoteleiros 7 mais procurados, representando 86,3 por cento do total das entradas e cerca de 90,7 por cento do total das dormidas. Relativamente ao acolhimento, a Ilha do Sal continuou a ter o maior número de hóspedes, representando 47,9 por cento do total, seguido da Ilha da Boavista, com 28,8 por cento e Ilha de Santiago, com 10,9 por cento. 7 Os estabelecimentos hoteleiros incluem hotéis, aldeamentos turísticos, residenciais e outros tipos de estabelecimentos. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

21 dez/15 dez/16 dez/17 Millhões de escudos % Capítulo II Situação Financeira e Endividamento do Setor Não Financeiro Gráfico 5 Hóspedes e dormidas por ilhas e tipo de estabelecimento 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 Sal Boavista Santiago S. Vicente Restantes Ilhas % 100,0 90,0 80,0 70,0 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 Hotéis Aldeamentos turísticos Residenciais Outros Hóspedes Dormidas Hóspedes Dormidas Fonte: Instituto Nacional de Estatística Manutenção da tendência crescente da procura de financiamento por parte das Empresas não Financeiras No segmento das empresas não financeiras, observou-se um aumento do crédito bancário na ordem de 10,5 por cento (5,0 por cento em 2016), representando o saldo global 35,5 por cento do PIB (34,2 por cento em 2016). Gráfico 6 Crédito a empresas não financeiras 36, ,5 35,0 34,5 34,0 33,5 33,0 32,5 32,0 31,5 Crédito às empresas não financeiras Crédito a empresas não financeiras/pib (escala à direita) Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

22 Capítulo II Situação Financeira e Endividamento do Setor Não Financeiro Maior exposição bancária ao segmento Comércio, Restaurantes e Hotéis Em termos de estrutura, destacaram-se como principais devedores as empresas ligadas aos setores do Comércio, Restaurantes e Hotéis, dos Transportes e Comunicações, dos Serviços Sociais e Pessoais 8 e dos Serviços Prestados às Empresas que, conjuntamente, representaram 78,6 por cento do crédito às empresas não financeiras. O gráfico seguinte apresenta a distribuição setorial 9 do crédito a empresas não financeiras. Gráfico 7 Distribuição do crédito a empresas não financeiras 18,4% 0,4% 0,2% 5,7% Agricultura, Silvicultura, Caça e Pesca 4,3% 10,8% Indústrias Extrativas Indústrias Transformadoras Eletricidade, Àgua e Gás Construção e Obras Publicas Comércio, Restaurante e Hotéis Transportes e Comunicações 15,8% 23,2% Serviços Prestados às Empresas Serviços Sociais e Pessoais 21,2% Relativamente à evolução, registou-se um aumento significativo no setor dos Transportes e Comunicações e no setor da Construção e Obras Públicas nos montantes de 2,8 mil milhões de escudos (27,3 por cento) e de 1,5 mil milhões de escudos de (29,3 por cento), respetivamente. O aumento registado no ramo dos Transportes e Comunicações destinou-se, essencialmente, ao financiamento da empresa nacional de transportes aéreos para o reforço da tesouraria e de uma das empresas de telecomunicações para investimentos em ativos. Relativamente à contribuição dos setores de atividade para o PIB, os dados apontaram que o setor dos serviços continua sendo o principal setor gerador de rendimento da economia nacional. Os setores dos Serviços Sociais e Pessoais, Serviços Prestados às Empresas e Comércio, Restaurante e Hotéis 8 Engloba serviços de saneamento e limpeza, serviços de educação, serviços de saúde e veterinários, instituições humanitárias e assistência social, associações económicas e organismos profissionais, outros serviços prestados à comunidade, serviços recreativos e culturais, serviços pessoais e domésticos, institutos científicos e de investigação. 9 Processo de Classificação da Atividade Económica (CAE) em revisão. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

23 dez/15 dez/16 dez/17 Millhões de escudos Capítulo II Situação Financeira e Endividamento do Setor Não Financeiro contribuem em cerca de 48,9 por cento do total do PIB nacional de 2017, à semelhança da distribuição de crédito por setor. Gráfico 8 Crédito por setores e contribuição de cada sector para o PIB 25,0 20,0 15,0 % 10,0 5,0 0,0 Distribuição de crédito por setor Contribuição para o PIB ; Instituto Nacional de Estatística Individualmente, o segmento Comércio, Restaurantes e Hotéis continua sendo o setor de atividade que absorve a maior parcela do crédito bancário, representando cerca de 23,2 por cento do total do ano A boa dinâmica da procura turística terá contribuído para o crescimento do crédito ao setor, que registou um aumento de 5,5 por cento face ao ano 2016, derivado principalmente dos incrementos às empresas do ramo da restauração e hotelaria, em cerca de 14,5 por cento. Gráfico 9 Evolução do stock de crédito do setor do comércio, restaurantes e hotéis Comércio Restaurantes e hotéis Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

24 Capítulo II Situação Financeira e Endividamento do Setor Não Financeiro O crédito destinado à construção e imobiliária registou um crescimento de cerca de 12,1 por cento em 2017, impulsionado essencialmente pelo financiamento de empresas envolvidas na implementação do projeto Hilton Cabo Verde Sal Resort. Gráfico 10 Evolução do stock de crédito do setor da construção e imobiliária Milhões de escudos dez/15 dez/16 dez/17 Maior percentagem do crédito destinado a operações acima dos 100 milhões de escudos No que tange à distribuição do crédito às empresas por intervalo, importa referir que cerca de 53,6 por cento do total de stock de crédito do sistema bancário no final do ano de 2017 estava alocado a operações acima dos 100 milhões de escudos. As operações de crédito a empresas até 10 milhões de escudos, que contemplam o financiamento a micro e pequenas empresas, representaram apenas 12,4 por cento do total. Daí, se deduz que a maioria do endividamento bancário se concentra em grandes operações e em grandes empresas. Gráfico 11 Total do stock de crédito às empresas por intervalo 0,0% 0,4% 0,7% 6,1% 5,2% Até esc esc a esc esc a esc 53,6% 21,3% esc a esc esc a esc esc a esc 12,7% esc a esc Mais de esc Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

25 Capítulo II Situação Financeira e Endividamento do Setor Não Financeiro Aumento do índice de endividamento das empresas não financeiras junto do mercado de valores mobiliários O volume de dívida de empresas não financeiras junto do mercado de valores mobiliários aumentou em 3,6 por cento comparativamente ao ano transato, alcançando o montante de 11,3 mil milhões de escudos. Esta evolução positiva líquida resulta de duas novas operações: uma no montante de 1,8 mil milhões de escudos de um emitente do setor de eletricidade e água, sendo grande parte para a amortização de dívida emitida em 2014; e a emissão de 0,5 milhões de escudos de um emitente do setor de gestão aeroportuária. Em termos de distribuição do financiamento por setor de atividade, de notar que o setor de eletricidade e água representa cerca de 43 por cento do total, o que confirma o financiamento a um número bastante reduzido de empresas não financeiras. Gráfico 12 Distribuição do financiamento por setor Transportes aéreos 26,6% 15,4% Transportes marítimos 1,4% 13,7% Eletricidade e água Produção e comercialização de prod. farmacêuticos 43,0% Imobiliária e construção No que respeita ao nível de incumprimento, de salientar a situação recorrente de não liquidação de juros vencidos no montante de 77,6 milhões de escudos a detentores institucionais, relacionada com emissões de dívida de duas empresas dos setores de imobiliária e dos transportes marítimos. De notar que, comparativamente a 2016, os juros vencidos e não pagos registaram uma redução de 68,8 por cento, fruto da renegociação da taxa de juros das empresas de transportes marítimos, o que representa menos encargos para a própria empresa. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

26 Capítulo II Situação Financeira e Endividamento do Setor Não Financeiro Crédito a empresas - aumento ligeiro da restritividade dos critérios de aprovação no longo prazo, mas ténue redução no curto; diminuição da restritividade dos termos e condições gerais de concessão De acordo com os resultados do inquérito aos bancos sobre o mercado de crédito nacional realizado em 2017, em termos médios globais, os critérios de aprovação de empréstimos 10 de longo prazo a empresas tornaram-se ligeiramente mais restritivos, enquanto os empréstimos de curto prazo registaram uma redução muito ligeira da restritividade. Os riscos associados às empresas sem contabilidade organizada e às garantias exigidas e o nível de incumprimento terão sido os principais fatores a contribuir para o agravamento dos critérios. Por outro lado, as perspetivas para setores de atividade específicos e as expetativas quanto à atividade económica em geral terão contribuído positivamente para a definição dos critérios. Contudo, no que se refere aos termos e condições 11 gerais de concessão de empréstimos, estes tornaramse ligeiramente menos restritivos. Para esta evolução contribuíram positivamente as pressões exercidas pela concorrência e as medidas de política monetária. O nível de tolerância ao risco e a perceção dos riscos, entretanto, continuaram a ser apontados como os principais fatores a influenciar negativamente os termos e condições. Melhoria sensível da situação financeira de Particulares Quanto aos particulares, para além dos ambientes macroeconómicos interno e externo favoráveis, registou-se, em 2017, um conjunto de fatores adicionais que impactaram positivamente as condições que favorecem a sua situação financeira, contribuindo para o aumento do nível de rendimento, do poder de compra e consequentemente do consumo das famílias, nomeadamente: o aumento da massa salarial, em função do crescimento da população empregada na Administração Pública, e nos ramos do comércio, construção, turismo e indústria transformadora; o incremento de excedentes de exploração e rendimentos de propriedade; bem como o crescimento das prestações sociais, no quadro de uma evolução contida de pressões inflacionistas; a redução da taxa de desemprego de 2016 para 2017, de 15 por cento para 12,2 por cento; a evolução contida dos preços; e a melhoria das condições globais de acesso ao financiamento bancário. Outrossim, os depósitos de empresas e particulares registaram um incremento sensível em No caso das famílias, esta evolução está em linha com a tendência de aumento da poupança que se regista desde Observou-se, igualmente, um aumento da carteira de ativos, sobretudo títulos de dívida, detidos por empresas e particulares. 10 Os critérios de aprovação de empréstimos, tais como as garantias oferecidas, a viabilidade do projeto, a idade, dentre outros, são definidos internamente pelos bancos. 11 Em termos específicos, destaca-se a menor restritividade aplicada ao nível do spread dos empréstimos de risco médio, do nível das taxas de juro e das comissões e outros encargos não relacionados com taxas de juro. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

27 dez/15 dez/16 dez/17 % Capítulo II Situação Financeira e Endividamento do Setor Não Financeiro Trajetória ascendente do endividamento de particulares Em 2017, à semelhança dos últimos três anos, manteve-se a trajetória ascendente do endividamento de particulares junto do setor bancário, registando-se um aumento na ordem de 2,3 por cento (2,6 por cento em 2016), ritmo ligeiramente superior à média dos últimos três anos (2,0 por cento). Este incremento foi impulsionado essencialmente pelo crescimento do crédito para outros fins (crédito ao consumo), na ordem de 5,3 por cento e, em menor escala, pelo incremento do crédito à habitação em 0,8 por cento, embora este segmento represente 67,1 por cento do crédito total a particulares (31,4 por cento do crédito total à economia). Esta evolução positiva deveu-se ao aumento da oferta, em virtude de perspetivas económicas mais favoráveis, e ao incremento da procura, dada a menor restritividade nos critérios de aprovação dos empréstimos a particulares em 2017, nomeadamente no caso dos empréstimos para aquisição de habitação e ao consumo. A estrutura de financiamento dos bancos nacionais tem-se mostrado bastante estável, assente em recursos de clientes, especialmente em depósitos de emigrantes de longo prazo, o que tem permitido o crescimento dos créditos à habitação, bem como de outros tipos de empréstimos de longa duração. O peso dos créditos à habitação sobre o PIB situou-se nos 20,9 por cento em De referir que a redução verificada nos últimos anos (22,2 por cento em 2015 e 22,1 por cento em 2016) resultou do efeito do aumento do PIB em maiores proporções. Gráfico 13 Crédito a particulares ,8 22,5 22,2 21,9 21,6 21,3 21,0 20,7 20,4 20,1 19,8 % Outros fins (Consumo) Habitação Habitação/PIB (escala à direita) Os termos e condições aplicados nos contratos de crédito à habitação, ao consumo e outros fins a particulares observaram uma ligeira redução da restritividade. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

28 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro

29 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro 3.1. Setor Bancário Atividade, evolução do balanço agregado e resultados Manutenção da evolução positiva da atividade bancária A atividade bancária, medida pela evolução do total do ativo, exibiu um saldo agregado de 240,3 mil milhões de escudos, verificando um crescimento de 5,6 por cento suportado, em grande parte, pelo aumento em 5,7 por cento dos depósitos. De notar que, não obstante a sua variação positiva, o seu ritmo de crescimento comparativamente ao ano anterior (8,8 por cento em 2016) foi inferior, embora não muito distante da média (6,4 por cento) dos últimos três anos. O stock de crédito 12, comparativamente ao ano transato, registou uma evolução positiva de 6,1 por cento, superior ao observado em 2016 (3,2 por cento). De ressaltar que o incremento do crédito e dos depósitos foi visível na maioria das instituições bancárias, sobretudo no segundo maior banco do sistema financeiro. Gráfico 14 Principais rubricas do ativo Millhões de escudos Caixa e Disponibilidades Crédito dez/15 dez/16 dez/17 Aplicações em instituições financeiras Títulos Ativos não correntes detidos para venda e outros activos 12 O stock de crédito inclui (i) ao Setor Público Administrativo, (ii) às empresas públicas (iii) às empresas privadas e (iv) aos particulares (incluindo emigrantes e não residentes). Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

30 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro Manutenção de uma maior preferência das instituições por aplicações em ativos mais líquidos e de menor risco, não obstante o aumento do crédito Estruturalmente, o crédito representa uma parcela substancial do balanço do setor bancário nacional, alcançando o peso de 42,1 por cento (42,0 por cento em 2016). Para além do crédito, nos últimos três anos, os bancos têm investido em ativos mais líquidos e de menor risco, nomeadamente caixa e disponibilidades, aplicações em instituições de crédito e títulos que, juntos, representavam um peso de 51,4 por cento no final de 2017 (51,1 por cento em 2016). A rubrica caixa e disponibilidades, com um peso de 13,8 por cento, embora a um ritmo inferior à média dos últimos cinco anos (19,3 por cento), contribuiu, em 2017, com um aumento de 14,7 por cento (17,4 por cento em 2016), para o incremento do total de ativos do sistema financeiro. A carteira de títulos, com um peso no total de ativos de 19,3 por cento (18,5 por cento em 2016), apresentou um crescimento de 9,5 por cento comparativamente ao ano anterior, o que pode ser explicado, em parte, pela preferência das instituições bancárias por investimentos em títulos em detrimento das aplicações em instituições financeiras. De referir que, do total da carteira de títulos, 60,7 por cento (59,5 por cento em 2016) correspondem a títulos de dívida pública, com um aumento de 11,8 por cento (3,0 mil milhões de escudos) em De modo contrário, as aplicações em instituições financeiras apresentaram uma ligeira redução do seu peso no total de ativos, resultado da preferência dos bancos pelos investimentos em títulos, tendo-se situado em 18,3 por cento em 2017 (19,9 por cento em 2016). Comparativamente ao ano anterior, verificou-se uma diminuição do stock das aplicações na ordem de 3,1 por cento, impulsionado pelo decréscimo das aplicações no Banco de Cabo Verde. De salientar que, no âmbito das operações tipo mercado aberto e das facilidades permanentes, 66,3 por cento das aplicações dos bancos no país permanecem alocadas no Banco de Cabo Verde, sendo 89,7 por cento correspondentes às aplicações overnight e 10,3 por cento referentes aos Títulos de Regularização Monetária (TRM) e Títulos de Intervenção Monetária (TIM). Relativamente às aplicações no estrangeiro, estas apresentaram um aumento na ordem de 35,2 por cento face ao ano anterior. Os ativos não correntes detidos para venda e outros ativos incluem o stock de bens recebidos em dação 13 em cumprimento, que continua a crescer (2,7 por cento em 2017), embora a um ritmo bastante inferior à média dos últimos três anos (105,5 por cento). Em 2017 totalizaram 5,4 mil milhões de escudos, representando 2,4 por cento (2,5 por cento em 2016) do total dos ativos e registaram um aumento de 143 milhões de escudos face ao ano anterior. 13 Inclui as rubricas: ativos não correntes detidos para venda, outros ativos e propriedades de investimento associados aos bens recebidos em dação em cumprimento. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

31 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro Quadro 1 Ativos recebidos em dação em cumprimento Ativos recebidos em dação em cumprimento (milhões de escudos) Sistema bancário Valor bruto Imparidades Valor líquido Alienações Valor bruto Imparidades Valor líquido Alienações Variação Total Peso no ativo total 2,5% 2,4% Fonte: Relatório e Contas dos bancos No que respeita ao passivo, os depósitos permaneceram a principal rubrica e situaram-se em 199,9 mil milhões de escudos, evidenciando um aumento de 5,7 por cento, ritmo inferior quando comparado ao ano de 2016, (10,3 por cento em 2016). Este crescimento deveu-se ao incremento de 16,1 por cento (13,4 por cento em 2016) dos depósitos a ordem, principalmente nas duas maiores instituições de crédito do sistema financeiro. Gráfico 15 Principais rubricas do passivo e capital próprio 100,0 90,0 80,0 70,0 % 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 dez/15 dez/16 dez/17 Recursos de bancos centrais Recursos de instituições de crédito Depósitos Obrigações subordinadas Nota: A rubrica " Recursos de bancos centrais" não aparece no gráfico dadoa pouco expressividade do seu montante. Aumento dos resultados decorrente principalmente do aumento das margens financeira e complementar Os resultados antes de impostos apresentaram em 2017 um total de 1,2 mil milhões de escudos (628,4 milhões de escudos em 2016), apontando um crescimento na ordem de 96,9 por cento face ao ano anterior em resultado, sobretudo, do aumento da margem financeira em 728,9 milhões de escudos (mais 13,0 por cento) e do incremento da margem complementar em 185,3 milhões de escudos (mais 10,9 por cento). Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

32 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro A evolução positiva da margem financeira é explicada pelo aumento dos juros e proveitos equiparados na ordem de 220,1 milhões de escudos (mais 2,1 por cento) e pela redução dos juros e custos equiparados em 508,8 milhões de escudos (menos 10,4 por cento). O incremento da margem complementar é justificado pelo aumento de outros resultados de exploração em 118,4 milhões de escudos (mais 28,4 por cento) e dos resultados de reavaliação cambial em 58,7 milhões de escudos (mais 22,4 por cento), compensando a redução das comissões líquidas na ordem de 11,3 milhões de escudos (menos 1,1 por cento). Neste sentido, o produto bancário assinalou em 2017 um aumento bastante positivo de 914,1 milhões de escudos (mais 12,5 por cento) quando comparado com o ano anterior (17,7 milhões de escudos). No que respeita aos resultados líquidos, estes situaram-se em 1,1 mil milhões de escudos (525,4 milhões de escudos em 2016), refletindo um acréscimo de 101,5 por cento (menos 30,1 por cento em 2016) que contrariou a degradação do ano transato. O setor bancário continua altamente concentrado, com duas instituições sistemicamente relevantes Em 2017 o Índice de Hirshman e Herfindahl (IHH) 14, tanto a nível do crédito como dos depósitos, registou um total de 2.605,5 e de 2.829,6 pontos respetivamente, evidenciando a manutenção da elevada concentração do setor bancário. Quadro 2 Índice HH dez/13 dez/14 dez/15 dez/16 dez/17 Valor Valor Valor Valor Valor IHH - Crédito 2 769, , , , ,5 R1 (*) 0,40 0,40 0,39 0,38 0,34 R2 (**) 0,69 0,69 0,69 0,68 0,67 IHH - Depósito 2 712, , , , ,6 R1 (*) 0,40 0,40 0,42 0,40 0,39 R2 (**) 0,69 0,69 0,70 0,70 0,72 (*) Índice de concentração em relação à maior instituição bancária de CV. (**) Índice de concentração em relação às 2 maiores instituições bancárias de CV De referir que não obstante a alta concentração a nível do crédito, este vem assinalando uma tendência decrescente nos últimos anos em resultado do aumento da quota de mercado dos bancos de menor dimensão. Os dois maiores bancos do sistema financeiro, considerados sistemicamente relevantes, 14 O Índice de Hirshman e Herfindahl (IHH) é uma medida frequentemente utilizada para avaliar a concentração da indústria bancária. Este índice é obtido pela soma das participações proporcionais ao quadrado de todos os bancos no mercado, varia de 0 a pontos. Considera-se que o setor está moderadamente concentrado se o IHH se situar entre 1000 e 1800 pontos e altamente concentrado se se situar acima dos 1800 pontos. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

33 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro passaram a deter juntos uma quota de 67,3 por cento (68,2 por cento em 2016). De modo contrário, a quota dos depósitos nos dois maiores bancos do sistema financeiro aumentou para 71,8 por cento (69,6 por cento em 2016) quando comparado com o ano anterior. Não obstante a ligeira concorrência de mercado em termos de crédito e depósitos, o setor bancário permanece concentrado nas duas maiores instituições bancárias. De salientar que parte do aumento da concentração das quotas de crédito e de depósitos da segunda maior instituição (44,5 por cento e 5,8 por cento, respetivamente) resultou da transferência dos ativos e passivos do Novo Banco, S.A., após a medida de resolução decretada pelo Banco de Cabo Verde em março de Adequação de capital O rácio de solvabilidade do sistema bancário nacional fixou-se em 17,3 por cento, com um aumento na ordem de 1,8 pontos percentuais Em 2017, os fundos próprios elegíveis 15 dos bancos registaram um total de 17 mil milhões de escudos, indicando um crescimento de 13,2 por cento (menos 4,1 por cento em 2016). Este crescimento deveu-se, sobretudo, ao aumento do Tier I 16, capital considerado de maior qualidade, na ordem de 7 por cento e do Tier II em 0,6 por cento. O aumento do Tier I continua sendo explicado pelo reforço das reservas através da aplicação dos resultados, derivado da medida de política macroprudencial (maior prudência relativamente à distribuição de dividendos) adotada pelo Banco Central desde O rácio de solvabilidade fixou-se em 17,3 por cento (15,5 por cento em 2016), acima do mínimo regulamentar (12 por cento), tendo registado mais 1,8 pontos percentuais comparativamente ao ano transato, proporcionado pelo incremento dos fundos próprios elegíveis que compensaram o crescimento de 1,2 por cento dos ativos ponderados pelo risco. De salientar que a melhoria do rácio de solvabilidade do sistema financeiro incorpora o efeito da medida de resolução aplicada ao Novo Banco, S.A. em O rácio Tier I/Ativos ponderados pelo risco situou-se em 16,4 por cento, refletindo um aumento de 0,9 pontos percentuais, impulsionado pelo crescimento do Tier I em maiores proporções que os ativos ponderados pelo risco. Esta variação traduz-se numa maior cobertura do capital de superior qualidade sobre os ativos ponderados pelo risco. 15 Calculado com base no Aviso nº 3/2007, de 19 de novembro. 16 O Tier I corresponde aos fundos próprios de base, de acordo com o Aviso nº 3/2007, de 19 de novembro. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

34 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro Gráfico 16 Evolução do Tier I, Tier II, fundos próprios, ativos ponderados e solvabilidade Millhões de escudos ,0 14,0 12,0 10,0 8,0 6,0 % ,0 2,0 0 dez/14 dez/15 dez/16 dez/17 0,0 Tier I Fundos Próprios Elegíveis Solvabilidade (escala à direita), em % Tier II Total Ativo Ponderado Em 2017, não obstante o aumento dos ativos ponderados pelo risco de crédito, o seu peso no total dos ativos ponderados pelo risco vem apresentando ligeiras diminuições (menos 0,3 pontos percentuais em 2016 e menos 0,2 pontos percentuais em 2017) nos últimos dois anos. Entretanto, mantiveram-se como os principais ativos de risco do sistema bancário nacional, representando 89,2 por cento de todos os riscos do sistema. Os ativos ponderados pelo risco operacional, à semelhança do ano anterior, assinalaram um crescimento de 0,2 pontos percentuais (0,4 pontos percentuais em 2016). Os ativos ponderados pelo risco cambial, com um peso residual, registaram uma ligeira diminuição de 0,1 pontos percentuais comparativamente ao ano anterior. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

35 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro Gráfico 17 Variação dos ativos ponderados pelo risco 10,5% dez/16 10,7% dez/17 0,2% Ativos ponderados pelo risco de crédito - VAPRC 0,1% Ativos ponderados pelo risco de crédito - VAPRC Ativos ponderados pelo risco de taxa de câmbio - VAPRTC Ativos ponderados pelo risco de taxa de câmbio - VAPRTC 89,4% Ativos ponderados pelo risco operacional - VEAPRO 89,2% Ativos ponderados pelo risco operacional - VEAPRO À semelhança dos últimos três anos, em 2017 a maioria das instituições bancárias, com exceção de apenas uma, manteve o rácio de solvabilidade acima de 15 por cento, superior ao mínimo regulamentar de 12 por cento. No entanto, importa referir que o banco cujo rácio de solvabilidade se situa no intervalo entre 12,5 e 15 por cento, logo no escalão de maior risco, para além de não se tratar de um banco sistémico, apresenta o valor da sua solvabilidade próximo do limite superior. Gráfico 18 Distribuição de frequência para o rácio de solvabilidade < ,5 12,5-15 > 15 dez/16 dez/17 Valores do eixo em percentagem. A definição dos intervalos respeita critérios definidos internamente. O valor entre as barras refere-se ao número de instituições de créditocom o rácio pertencente ao intervalo correspondente. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

36 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro Ainda que a solvabilidade do sistema bancário nacional se situe em 5,3 pontos percentuais acima do mínimo regulamentar, o seu nível médio, à semelhança dos anos anteriores, continua a ser inferior ao registado em economias similares. Gráfico 19 Solvabilidade: comparação internacional Nota: Dados obtidos a partir do site IMF, veja-se: Por indisponibilidade de dados, relativos ao final do ano, os valores para Seicheles e Maurícias dizem respeito a 2017 Mês 1 e 2017 Mês 6, respetivamente. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

37 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro Caixa.1: Garantia Parcial do Crédito- Uma alternativa às garantias tradicionais Sistema de Garantia Parcial de Crédito Uma alternativa às garantias tradicionais Observa-se que ao redor do mundo as Micros, Pequenas e Médias Empresas (MPMEs) predominam no panorama das unidades económicas estabelecidas, constituindo a espinha dorsal das economias. No entanto, o seu acesso ao financiamento têm sido muito limitado, o que tem dificultado grandemente o seu maior desenvolvimento. As MPMEs apresentam características comuns que se traduzem na verdadeira dificuldade de acesso ao crédito e/ou financiamento bancário. Com efeito, o alto custo de empréstimos que as instituições financeiras normalmente aplicam a essas entidades, não é o único constrangimento no acesso a financiamentos. Segundo Stiglitz e Weiss (1981, apud Verdier-Chouchane, 2001) e Carvalho e Abramovay (2004, apud Figueiroa Zica e Cordeiro Martins,2008) 17, problemas como os de assimetria de informação e insuficiência de garantias têm preenchido a pauta de restrição dos financiamentos para as micro e pequenas empresas. Além do mais, nos países economicamente menos avançados, a estes problemas soma-se ainda o elevado grau da informalidade por que se caracterizam as MPMEs, oriundo de um sistema económico manifestamente dual (um vigoroso setor informal, em detrimento do próprio setor formal), em consequência dos seus estágios de desenvolvimento económico e social. Estudos e evidências empíricas neste campo são reveladores de que o recurso ao mecanismo de sistema de Garantia Parcial de Crédito tem permitido às MPMEs acederem ao crédito bancário em condições mais favoráveis do que aconteceria alternativamente sem tais garantias. Aliás, o custo final que a empresa suportará por um financiamento bancário sob os mecanismos de um Sistema Parcial de Garantia tende a ser muito mais baixo do que seria o custo caso beneficiasse de um empréstimo do banco de forma individual ou autónomo. Cabo Verde, não fugindo à regra, e à semelhança de vários países em desenvolvimento, principalmente os da região da África Subsariana, apresenta uma realidade económica dominada por uma elevada taxa do setor informal e um universo de pequenas e micros-empresas que, segundo dados estatísticos de 2015, constituía cerca de 98 por cento das empresas em atividades no país e respondia por cerca de 40 por cento dos postos de trabalho, padecendo, porém, de grande constrangimento no acesso ao crédito, o que tem embaraçado seus desenvolvimentos e determinado a existência de uma alta taxa de mortalidade no setor, não obstante a grande importância económica e social de que o setor demostra em termos tributários. É, por conseguinte, neste quadro e baseado nessas premissas, que se encontra em avançado estágio de desenvolvimento um processo de estabelecimento de um sistema de garantia 17 Para mais detalhe ver Verdier-Chouchane. A., (2001) Liberalisation Financière et Croissance Économique: Le cas d Afrique Subsaharienne, Ed. L'Harmattan e Figueiroa Z. R. M., e M. H. Cordeiro (2008), Revista de Administração Pública vol.42 Nº1. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

38 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro parcial de crédito para as micros, pequenas e medias empresas cabo-verdianas. Os Sistemas de Garantia Parcial de Crédito podem assumir natureza pública, privada e mista, sendo os sistemas públicos os mais prevalecentes em economias emergentes, fazendo parte das políticas públicas de promoção do acesso ao financiamento das MPMEs, inclusive os sistemas estabelecidos pelos organismos internacionais, enquanto que os de natureza privada são geralmente do tipo mutualistas que, com maior predominância em economias mais avançadas, procuram aliviar as necessidades de acesso ao financiamento no seio dos seus grupos de associados. Por fim, vale referir que estes sistemas apresentam-se como garantias mais líquidas e uma alternativa ao sistema tradicional através de garantias reais, este baseado essencialmente em imóveis. Apresentam características, que a nível prudencial, poderão implicar em menos consumo de capital por parte dos bancos e, consequentemente a redução da exposição indireta ao setor imobiliário. No entanto, não dispensam uma análise cuidadosa e criteriosa de risco, por parte dos bancos, e um acompanhamento contínuo por parte da entidade de regulação e supervisão, de forma a contribuir para a mitigação do risco moral. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

39 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro Qualidade dos ativos Indicadores de incumprimento atingem valores mais baixos dos últimos 4 anos. Os indicadores de qualidade da carteira de crédito, representados pelos rácios de crédito em incumprimento, crédito com imparidade sobre o crédito total, e pelo crédito em risco, registaram uma melhoria significativa face ao ano anterior, fruto, sobretudo, da diminuição dos indicadores de incumprimento das instituições bancárias não sistémicas. O crédito em incumprimento, determinado de acordo com a Circular nº 150, de 28 de dezembro de , fixou-se em 13,2 por cento, contra os 14,2 por cento em 2016, assinalando uma redução na ordem de 1 ponto percentual, contrariando a tendência de aumento ocorrida no ano anterior. O nível de crédito com imparidade, calculado pelo critério das IAS/IFRS 19, fixou-se em 14,5 face aos 15,5 por cento em 2016, evidenciando uma redução de 1 ponto percentual. O rácio de crédito em risco, igualmente, assinalou uma redução em 2,1 pontos percentuais, situando-se nos 16,1 por cento comparativamente aos 18,2 por cento em Quadro 3 Qualidade da carteira de crédito Indicadores de qualidade da carteira dez/16 dez/17 Var.(pp) Circular ,2 13,2-1,1 IAS/IFRS 15,5 14,5-1,0 Crédito em risco 18,2 16,1-2,1 Importa, ainda, referir que a melhoria verificada nos indicadores de qualidade de crédito resultou do efeito conjugado da redução do stock do crédito em incumprimento e com imparidade, com o aumento significativo da carteira de crédito dos bancos, em 6,4 mil milhões de escudos em 2017 (3,2 mil milhões de escudos em 2016). 18 Medido de acordo com a Circular nº 150, de 28 de dezembro de Este indicador resulta do quociente entre o crédito em incumprimento com o crédito total, sendo que o crédito em incumprimento inclui o crédito vencido há mais de 90 dias + o crédito de cobrança duvidosa reclassificado como vencido. 19 IAS/IFRS International Accounting Standards/International Financial Reporting Standards. Este indicador resulta do quociente entre o crédito com imparidade e o crédito total, sendo que o valor do crédito com imparidade é obtido através dos modelos de cálculo de imparidade de cada banco. De notar que o crédito com imparidade pode incluir créditos que podem não estar vencidos, mas que, tendo em conta as condições impostas, são capturados pelos mesmos modelos. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

40 % Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro Gráfico 20 Evolução dos indicadores de qualidade de crédito Contrariamente à maioria das realidades similares, o nível de incumprimento em Cabo Verde, medido de acordo com a Circular 150, continuou a manifestar-se em níveis muito mais elevados. Gráfico 21 Crédito vencido: comparação internacional 14,0 12,0 10,0 8,0 6,0 4,0 2,0 0,0 Seicheles (Janeiro 2017) Maurícias(junho 2017) Cabo Verde Nota: Dados obtidos a partir do site IMF, veja-se: Por indisponibilidade de dados, relativos ao final do ano, os valores para Seicheles e Maurícias dizem respeito a 2017 Mês 1 e 2017 Mês 6, respetivamente. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

41 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro Relativamente à distribuição do crédito em incumprimento, medido de acordo com a Circular nº 150, por dias de atraso, verificou-se que cerca de 86,0 por cento do total encontra-se vencido há mais de um ano, portanto, pertencente à categoria de créditos vencidos de longa duração, cuja probabilidade de recuperação é menor, tendo em conta a antiguidade dos saldos. Gráfico 22 Créditos em incumprimento por dias de atraso (Circular 150) 120,0 100,0 80,0 % 60,0 40,0 20,0 0,0 dez/15 dez/16 dez/17 Créditos e juros vencidos de longo prazo (> 1 ano) Créditos e juros vencidos de curto prazo (< 1 ano) Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

42 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro Caixa.2: Principais indicadores de crédito Analisando os indicadores de evolução do crédito no ciclo dos últimos dez anos, é notoriamente visível três períodos distintos: o primeiro, de 2007 a 2011, caracterizado pelo grande boom do crescimento da carteira de crédito, o segundo período, de 2012 a 2014, o mais crítico, e o último período, de 2015 a 2017, que evidencia sinais de alguma retoma e recuperação. Evolução do total de crédito (milhões de escudos) Pré-crise Pós-crise Efeitos da crise Recuperação Dez-07 Dez-08 Dez-09 Dez-10 Dez-11 Dez-12 Dez-13 Dez-14 Dez-15 Dez-16 Dez-17 Credito s/ imparidade Crédito c/ imparidade (IAS/IFRS) Credito Total (esc. à direita) - Com base nos dados disponíveis para o primeiro período, constatou-se que o crédito cresceu em média 17,7 por cento, sendo que em 2008 atingiu 30 por cento. Em consequência, a taxa de transformação alcançou valores bastante elevados, sendo o maior registo de 86 por cento em Esta evolução positiva do crédito é justificada pela atribuição de empréstimos ligados aos setores imobiliário e turístico, com o objetivo de construção de grandes empreendimentos direcionados ao mercado de não residentes, cujo objetivo era possibilitar a aquisição de uma segunda residência em Cabo Verde. Estes empreendimentos, localizados principalmente nas Ilhas do Sal, Boa Vista, Maio, Santiago e São Vicente, tinham como empreendedores empresas de construção e imobiliárias de direito caboverdiano, sendo que nem todos chegaram a ser concluídos. Considera-se que os efeitos da crise financeira internacional, que teve início na segunda metade de 2007, fizeram-se sentir, neste contexto em particular, apenas em 2012, com o stock do crédito a registar a primeira queda em finais de Assim, o segundo período o triénio 2012 a é considerado o período mais crítico em termos dos Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

43 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro indicadores de crédito, com registo de crescimento médio anual do crédito de 0,56 por cento, ocorrendo mesmo desacelerações em 0,3 por cento nos anos de 2012 e Ora, é sabido que os indicadores de qualidade da carteira evoluem em sentido inverso ao ciclo económico. Se no primeiro período estes indicadores, medidos pelos rácios de crédito em incumprimento e de crédito com imparidade, situam-se a um dígito, no segundo, os mesmos atingem valores bastante preocupantes. De notar que em 2014 o rácio de crédito com imparidade/crédito total atinge o valor mais elevado dos últimos dez anos, ou seja, 18, 7 por cento, e o rácio de crédito em incumprimento 14, 3 por cento. Evolução do rácio de crédito c/imparidade, crédito em incumprimento (circular 150) e crédito em risco (%) 30,00 Pré-crise Pós-crise Efeitos da crise Recuperação 25,00 23,94 20,00 15,00 10,00 5,00 5,02 3,09 8,81 4,05 4,11 8,42 11,77 6,92 14,88 8,94 14,06 11,71 20,69 16,37 19,60 18,71 18,22 16,53 15,49 14,34 13,33 14,25 16,13 14,53 13,17 - Dez-07 Dez-08 Dez-09 Dez-10 Dez-11 Dez-12 Dez-13 Dez-14 Dez-15 Dez-16 Dez-17 Crédito c/ imparidade (IAS/IFRS) / crédito total Credito em Risco/ crédito total Credito em incumprimento (Circular 150)/ crédito total Este contexto exigiu um esforço acrescido do Banco de Cabo Verde, cujo acompanhamento e intervenção têm sido permanentes. Diversas medidas foram levadas a cabo pelo Banco de Cabo Verde: Desde 2011 foram feitas quatro avaliações da qualidade do ativo, em especial da carteira de crédito (avaliação conhecida internacionalmente pela AQR - Asset Quality Review) dos bancos comerciais; Determinação do reforço das imparidades e das provisões mínimas regulamentares, por parte dos bancos comerciais; Concessão de um prazo, de até seis anos, para que os bancos comerciais fizessem os ajustamentos necessários às imparidades comparativamente às provisões regulamentares; Em dezembro de 2013, através da Instrução Técnica nº 179, de 9 de Dezembro, determinou-se que até que sejam validados os modelos de imparidades utilizados pelas instituições de crédito, o mínimo de imparidades a constituir, e que deve ser registado nas demonstrações financeiras, é o que resulta da aplicação integral do Aviso sobre classificação das operações de crédito e provisões (Aviso nº 4/2006, de 2 de janeiro de 2007, com as modificações introduzidas pelo Aviso nº 6/2007, de 25 de fevereiro de 2008); Complementarmente, desde 2013 iniciou-se um processo de restrição de pagamento de dividendos dos bancos aos acionistas, por forma a reforçar os níveis de fundos próprios, com vista a suportar eventuais perdas; Prorrogação do prazo de alienação, de dois para cinco anos, relativamente aos imóveis adquiridos em recuperação de crédito próprio, no período entre 2013 e 2016; Em 2017, procedeu-se à avaliação dos modelos de imparidade dos quatro maiores bancos comerciais, no sentido de obter um maior conforto sobre o registo dos créditos com imparidade e determinar as respetivas imparidades para a sua cobertura. Avaliação esta, a qual será dada continuidade em 2018, com o fito de analisar a qualidade e a consistência da informação contida nas carteiras de crédito; Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

44 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro Um novo sistema de reporte de informações de crédito encontra-se em fase de conclusão e, que para além do stock, irá permitir um maior controlo do fluxo, mas também informações adicionais sobre as imparidades e provisões criadas pelos bancos; Acompanhamento, trimestral, através do modelo de análise do risco de crédito, da evolução das grandes exposições a nível do crédito, da constituição das provisões e das imparidades; Reforço do acompanhamento dos bens em dação (bens recebidos em recuperação de crédito próprio), através de uma instrução técnica que requer o envio de informações trimestrais ao BCV; Realização, em base anual, dos testes de stress à carteira de crédito; Adoção da metodologia de supervisão baseada no risco, desde setembro de 2015, cujos resultados culminaram na avaliação do risco de crédito dos dois maiores bancos. Este exercício inclui a avaliação do risco inerente e dos controlos implementados pelos bancos para mitigar o risco de crédito. Os indicadores referentes ao terceiro período a evidenciam alguma retoma do mercado de crédito. Esta inversão de tendência ocorrida em 2015, embora ainda tímida, é considerada um sinal positivo e, de certa forma, indica perspetivas de melhoria do mercado de crédito. Adicionalmente, as projeções do Banco de Cabo Verde apontam para o crescimento do crédito à economia em torno dos 6 por cento. A partir de 2015, os indicadores de qualidade da carteira de crédito evidenciam uma tendência de inversão, mantendo-se ainda, todavia, em patamares considerados elevados. O seguimento contínuo e permanente por parte dos bancos comerciais e por parte do Banco de Cabo Verde, tem permitido adotar medidas de reforço de cobertura dos créditos em incumprimento e dos créditos com imparidade através da constituição de provisões mínimas regulamentares e de imparidades. Rácios de cobertura (%) Pré-crise Pós-crise Efeitos da crise Recuperação 169,29 143,02 145,43 94,19 96,33 84,16 75,31 73,12 68,37 73,85 65,78 69,54 57,03 53,68 51,56 48,84 54,42 58,27 64,15 Dez-07 Dez-08 Dez-09 Dez-10 Dez-11 Dez-12 Dez-13 Dez-14 Dez-15 Dez-16 Dez-17 Imparidade / Crédito com Imparidade (IAS/IFRS) Provisões / Credito em incumprimento (Circular 150) Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

45 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro Melhoria dos níveis de incumprimento por setores de atividade Por setores de atividade, verificou-se globalmente uma melhoria dos níveis de incumprimento decorrente da recuperação de créditos vencidos via recebimento de bens em dação em cumprimento (aumento do stock bruto de 3,8 por cento face a 2016) e do abate de créditos ao ativo (aumento de 8,1 por cento face a 2016). No entanto, o rácio de crédito com imparidade do sistema bancário continua elevado, especialmente para o setor dos serviços prestados às empresas, constituído maioritariamente por operações imobiliárias relacionadas com alguns projetos que tiveram início antes da crise financeira internacional. Gráfico 23 Rácio de crédito com imparidade por setor de atividade 50,0 45,0 40,0 35,0 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 dez/15 dez/16 dez/17 O stock bruto dos bens recebidos em dação em cumprimento tem aumentado continuamente desde 2014, medida levada a cabo pelos bancos para a resolução de alguns créditos em incumprimento. No entanto, o ritmo de crescimento desacelerou de forma significativa desde Após um incremento extraordinário de 109 por cento neste ano, registou-se um abrandamento significativo da receção de bens em dação para 14,7 por cento em 2016 e para 3,8 por cento em De salientar que através do Aviso nº 7/2015, de 24 de dezembro, o Banco de Cabo de Verde prorrogou o prazo de alienação para cinco anos relativamente aos imóveis adquiridos em recuperação de crédito próprio, no período entre 2013 e Crescimento contínuo dos rácios de cobertura do crédito com imparidade pelas imparidades reconhecidas e do crédito em incumprimento pelas provisões mínimas regulamentares O rácio de cobertura do crédito com imparidade pelas imparidades reconhecidas, calculado pelo critério das IAS/IFRS, situou-se em 64,1 por cento, contra 58,3 por cento em 2016, evidenciando um aumento de Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

46 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro 5,9 pontos percentuais, explicado, sobretudo, pelo aumento registado nas imparidades acumuladas na ordem de 9,5 por cento. No que respeita à cobertura do crédito em incumprimento, medido pela Circular nº 150, pelas provisões mínimas regulamentares, situou-se em 69,5 por cento, contra 65,8 por cento no período homólogo, em resultado do aumento registado nas provisões regulamentares de cerca de 3,7 por cento, assim como da redução dos créditos em incumprimento em cerca de 1,9 por cento. Quadro 4 Cobertura do risco de crédito dez/16 dez/17 Var. (pp) Imparidade / Crédito com Imparidade (IAS/IFRS) 58,3 64,1 5,8 Provisões / Crédito em incumprimento (Circular 150) 65,8 69,5 3,7 A trajetória ascendente de cobertura dos níveis de crédito com imparidade pelo reconhecimento de imparidades evidenciou o esforço das instituições bancárias em nivelar as imparidades face às provisões mínimas regulamentares, de acordo com recomendações emanadas pelo Banco Central desde Gráfico 24 Evolução do risco de crédito e dos níveis de cobertura 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 dez/13 dez/14 dez/15 dez/16 dez/17 100,0 90,0 80,0 70,0 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 Crédito com Imparidade (IAS/IFRS) / Crédito Total Crédito Vencido (Circular 150) / Crédito Total Imparidade / Crédito com Imparidade (IAS/IFRS) Provisões / Crédito em Incumprimento (Circular 150) Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

47 dez/12 dez/13 dez/14 dez/15 dez/16 dez/17 % % Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro À semelhança do período homólogo, o nível de cobertura do crédito em incumprimento pelas provisões mínimas regulamentares situa-se acima do de países considerados pertencentes ao peer group de Cabo Verde, evidenciado assim um melhor posicionamento do país neste indicador. Gráfico 25 Cobertura do crédito em incumprimento pelas provisões: comparação internacional 80,0 70,0 60,0 50,0 % 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 Maurícias(junho 2017) Seicheles (Janeiro 2017) Cabo Verde (circular 150) Nota: Dados obtidos a partir do site IMF, veja-se: Por indisponibilidade de dados, relativos ao final do ano, os valores para Seicheles e Maurícias dizem respeito a 2017 Mês 1 e 2017 Mês 6, respetivamente. A carteira de crédito das instituições bancárias continua altamente concentrada em determinados setores económicos e num número restrito de contrapartes A concentração dos empréstimos permaneceu estruturalmente como um fator de risco adicional, principalmente nos setores de construção e habitação e de empresas ligadas à atividade imobiliária e turística. Gráfico 26 Exposição da banca ao setor da construção e habitação 45,0 33,0 43,0 41,0 39,0 37,0 32,0 31,0 30,0 29,0 28,0 35,0 27,0 33,0 31,0 29,0 27,0 26,0 25,0 24,0 23,0 22,0 25,0 21,0 Construção e Obras Públicas Habitação Habitação + Construção /PIB (escala à direita) Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

48 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro À semelhança do ano anterior, o setor bancário evidenciou um crescimento da sua exposição, indireta, relativamente ao setor de construção e obras públicas, tendo em conta que o peso do setor face ao total de crédito à economia aumentou cerca de 1 ponto percentual em 2017 comparativamente ao período homólogo. Relativamente ao crédito à habitação, registou-se uma redução de 1,8 pontos percentuais em igual período. A exposição aos grandes riscos 20 em percentagem do crédito total fixou-se em 18,6 21 por cento contra os 17,3 por cento no período homólogo, fruto do aumento do total de grandes riscos em cerca de 9,0 por cento. O sistema bancário nacional continua a apresentar um elevado grau de exposição perante um número reduzido de contrapartes, na maioria das vezes, pertencentes aos mesmos setores de atividade. A exposição aos grandes riscos das duas maiores instituições bancárias consideradas sistemicamente relevantes fixou-se em 10,9 por cento, evidenciando um aumento de 0,5 pontos percentuais face ao ano anterior. Quadro 5 Grandes riscos em percentagem do crédito total Var. p.p Global 17,3 18,6 1,2 R1 (*) 8,9 7,6-1,3 R2 (**) 10,4 10,9 0,5 (*) Nível de exposição aos grandes riscos da maior instituição bancária (%). (**) Nível de exposição aos grandes riscos das duas maiores instituições bancárias(%) Importa referir que, não obstante a trajetória decrescente nos últimos anos, o nível de exposição aos grandes riscos do sistema bancário cresceu 1,2 pontos percentuais em 2017 face ao ano anterior, mantendo-se em patamares elevados. Gráfico 27 Evolução do nível de exposição aos grandes riscos 14,0 12,0 10,0 8,0 6,0 4,0 2,0 0,0 dez/14 dez/15 dez/16 dez/17 Global (escala à direita) R1 (*) R2 (**) 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 20 Segundo o Aviso nº 7/2007, de 25 de fevereiro de 2008, entende-se por grandes riscos créditos superiores a 10 por cento dos fundos próprios. 21 Calculado com base na média ponderada dos Fundos Próprios Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

49 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro Em 2017, o nível global de exposição do setor bancário aos grandes riscos degradou-se face ao ano anterior. Do total de bancos no sistema financeiro, três mantiveram-se no escalão de maior risco e um aumentou o seu nível de risco. Gráfico 28 Distribuição de frequência para o rácio Grandes Riscos/Crédito Total < ,5 15,5-20 > 20 dez/16 Valores do eixo em percentagem. A definição dos intervalos respeita critérios definidos internamente. O valor entre as barras refere-se ao número de instituições de créditocom o rácio pertencente ao intervalo correspondente. dez/17 Em termos comparativos, o nível de grandes exposições apurado em Cabo Verde foi superior ao observado nas Seicheles, mas ainda inferior ao verificado nas Maurícias. Gráfico 29 Grandes exposições: comparação internacional 200,0 160,0 % 120,0 80,0 40,0 0,0 Seicheles (Janeiro 2017) Maurícias(setembro 2017) Cabo Verde Nota: Dados obtidos a partir do site IMF, veja-se: Por indisponibilidade de dados, relativos ao final do ano, os valores para Seicheles e Maurícias dizem respeito a 2017 Mês 1 e 2017 Mês 6, respetivamente. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

50 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro Rendibilidade No final de 2017 registou-se uma melhoria da rendibilidade do sistema bancário cabo-verdiano face ao período homólogo, traduzida num aumento de 0,2 pontos percentuais da rendibilidade do ativo 22 (ROA Return on Assets) e de 3,4 pontos percentuais da rendibilidade dos capitais próprios (ROE Return on Equity), que se fixaram nos 0,5 e 7,5 por cento, respetivamente. Gráfico 30 Evolução do ROA e ROE 8, , ,0 5,0 4,0 3,0 2, Millhões de escudos 1, ,0 dez/13 dez/14 dez/15 dez/16 dez/17 - ROA (Rendibilidade dos Ativos) - Antes impostos ROE (Rendibilidade dos Capitais Próprios) - Antes impostos Resultados antes de impostos A evolução positiva destes indicadores é justificada pelo crescimento dos resultados antes de impostos decorrente, principalmente, do aumento da margem financeira, bem como do incremento da margem complementar. O acréscimo da margem financeira foi impulsionado pelo aumento dos juros e proveitos recebidos, derivado da evolução positiva do crédito concedido a clientes, conjugado com a redução dos juros e custos a pagar, numa conjuntura de ajustamento do custo do funding e de diminuição dos depósitos a prazo constituídos pelos clientes do sistema financeiro nacional. A margem complementar foi alavancada essencialmente pelo aumento dos outros resultados de exploração e dos resultados de reavaliação cambial derivados da depreciação do Dólar. Para o crescimento deste resultado alcançado pelo sistema bancário, destaca-se a significativa contribuição da segunda maior instituição do sistema nacional, impulsionada pelo aumento da sua margem financeira em 544 milhões de escudos no final de Para a evolução da margem complementar, o principal contributo proveio da maior instituição financeira do sistema bancário, que registou um acréscimo de 87 milhões de escudos, sobretudo devido ao aumento dos outros resultados de exploração provenientes de proveitos reconhecidos por ajustes fiscais. 22 Para efeito de rendibilidade de ativos e capitais próprios, foram utilizados os resultados e interesses minoritários antes de impostos. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

51 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro O crescimento dos resultados antes de impostos foi comum à maioria das instituições do sistema bancário nacional, o que se reflete na deslocação da distribuição do rácio de rendibilidade dos capitais próprios para escalões superiores de rentabilidade níveis de rendibilidade acima de 4,0 por cento - para a maioria das instituições. Gráfico 31 Distribuição de frequência para o ROE < 4 4-6,5 6,5-9 > 9 dez/16 dez/17 Valores do eixo em percentagem. A definição dos intervalos respeita critérios definidos internamente. O valor entre as barras refere-se ao número de instituições de crédito com o rácio pertencente ao intervalo correspondente. - O nível de rendibilidade do sistema bancário nacional, medido pelo ROE, é manifestamente inferior quando comparado com as economias insulares similares. Gráfico 32 ROE: comparação internacional 30,0 25,0 20,0 % 15,0 10,0 5,0 0,0 Seicheles (Janeiro 2017) Maurícias(junho 2017) Cabo Verde Nota: Dados obtidos a partir do site IMF, veja-se: indisponibilidade de dados, os valores para Seicheles e Maurícias são relativos a 2017 Mês 1 e 2017 Mês 6 respetivamente. O nível de eficiência operacional do sistema bancário registou uma melhoria relativamente a 2016, traduzido na diminuição em 7,5 pontos percentuais do rácio cost to income, que se fixou nos 60,2 por cento, próximo do valor mais baixo observado em 2011 (67,7 por cento em 2016). Esta redução deve-se, por um lado, ao crescimento do produto bancário em 12,5 por cento, bem superior ao aumento de 1,5 por Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

52 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro cento que se verificou nos gastos gerais administrativos, reflexo do acréscimo registado nas margens financeira e complementar, e por outro lado, à redução dos custos com pessoal em 0,9 por cento. Gráfico 33 Evolução do Cost to Income 80,0 70,0 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 dez/10 dez/11 dez/12 dez/13 dez/14 dez/15 dez/16 dez/17 Custo com pessoal Gastos Gerais Administrativos Cost To income Refira-se, ainda, que a diminuição registada nos custos com pessoal resultou do efeito da medida de resolução aplicada ao Novo Banco, S.A., conjugado com o decréscimo dos custos com pessoal da instituição com menor peso no sistema, devido essencialmente aos ajustamentos salariais efetuados no decurso da substituição de membros dos órgãos sociais. Assim, contrariamente ao período homólogo, o rácio cost-to-income para a maior parte das instituições situou-se abaixo dos 68 por cento. Gráfico 34 Distribuição de frequência para o Cost to Income < > 68 dez/16 dez/17 Valores do eixo em percentagem. A definição dos intervalos respeita critérios definidos internamente. O valor entre as barras refere-se ao número de instituições de crédito com o rácio pertencente ao intervalo correspondente. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

53 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro Liquidez e financiamento Crescimento contínuo dos depósitos e redução dos indicadores de liquidez, não obstante a sua manutenção em níveis aceitáveis Os rácios de liquidez medidos pelo Ativo Líquido/Ativo Total e Ativo Líquido/Passivo de Curto Prazo apresentaram reduções de 1,5 e 1,9 pontos percentuais, respetivamente. Quadro 6 Indicadores de liquidez Indicadores de Liquidez (% ) dez/16 dez/17 Var. pp Ativo Liquido / Ativo total 23,6 22,1-1,5 Ativo Liquido / Passivo de curto prazo 28,5 26,6-1,9 Ativo Liquido /Passivo Total (Aviso nº 8/2007) 52,7 52,9 0,2 A diminuição dos rácios de liquidez é explicada pelo decréscimo de 1,2 por cento que se registou nos ativos líquidos, conjugado com o aumento do ativo total na ordem dos 5,6 por cento e do passivo de curto prazo em 5,7 por cento. A queda dos ativos líquidos, por sua vez, é justificada pela redução das aplicações em instituições de crédito em 3,1 por cento. Regista-se, no entanto, um acréscimo de 9,5 por cento dos títulos, com destaque para os títulos de dívida pública cabo-verdiana. Este comportamento verificou-se na maioria das instituições do sistema bancário nacional, evidenciando a preferência por uma carteira de ativos menos líquida, mas de risco igualmente baixo. Relativamente ao rácio de transformação dos depósitos em crédito, este situou-se nos 55,8 por cento, assinalando um aumento na ordem dos 0,2 pontos percentuais. Verificou-se que os depósitos cresceram a um ritmo inferior ao do crédito concedido no sistema bancário nacional, entretanto, em termos absolutos, o acréscimo dos depósitos ascendeu a 10,9 mil milhões de escudos, superando o incremento do crédito que fixou-se em 6,4 mil milhões de escudos, o que justifica o ligeiro aumento dos depósitos convertidos em crédito. Esta evolução favorável impactou positivamente a rentabilidade das instituições, tendo em conta que crédito figura como a maior rubrica do ativo, não obstante a sua implicação no decréscimo da liquidez disponível. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

54 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro Gráfico 35 Crédito, Depósitos e Rácio de Transformação ,0 Millhões de escudos % % ,0 58,0 57,0 56,0 55,0 54,0 % 0 dez/15 dez/16 dez/17 53,0 Crédito Depósitos Rácio de Transformação* (escala à direita) O nível observado nos indicadores de liquidez mostra-se inferior aos índices registados nas economias similares. Gráfico 36 Rácios de liquidez: comparação internacional 60,0 Ativos Líquidos / Ativos Totais 60,0 Ativos Líquidos / Passivos de curto prazo 50,0 40,0 45,0 30,0 30,0 20,0 10,0 15,0 0,0 0,0 Maurícias(Junho 2017) Seicheles(Janeiro 2017) Cabo Verde Maurícias(Junho 2017) Seicheles(Janeiro 2017) Cabo Verde Nota: Dados obtidos a partir do site IMF, veja-se: indisponibilidade de dados, os valores para Seicheles e Maurícias são relativos a 2017 Mês 1 e 2017 Mês 6 respetivamente. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

55 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro Os depósitos, principal fonte de financiamento do sistema bancário, representam 94,5 por cento do seu total, e as restantes fontes mantêm um peso diminuto. Gráfico 37 Principais fontes de financiamento do sistema bancário 0,6% 0,0% 4,9% Recursos de Bancos Centrais Recursos de Instituições de crédito Depósitos 94,5% Obrigações subordinadas O financiamento obtido através de obrigações subordinadas diminuiu 10,6 por cento face ao ano de 2016, provocando a redução do seu peso no total das principais fontes de financiamento em 0,1 pontos percentuais. Os fundos captados de instituições de crédito registaram um crescimento de 3,9 por cento, no entanto, tendo em conta os valores pouco representativos que esta fonte apresenta, o seu peso no total das fontes de financiamento registou uma ligeira diminuição de 0,1 pontos percentuais. Quadro 7 Estrutura das fontes de financiamento do setor bancário Em percentagem do total das principais fontes de financiamento Var. Absoluta dez/16 dez/17 (milhões de escudos) Depósitos 94,3 94, ,0 5,7 À ordem 41,5 45, ,3 16,1 A prazo 50,4 46, ,0-2,9 Outros 2,4 2,5 394,8 8,1 Recursos de Bancos Centrais 0,0 0,0-0,7-12,4 Obrigações Subordinadas 0,7 0,6-150,5-10,6 Recursos de instituições de crédito 5,0 4,9 386,5 3,9 Var. % Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

56 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro As fontes de financiamento mantêm uma trajetória crescente impulsionada essencialmente pela tendência de crescimento dos depósitos, refletindo a confiança dos clientes no sistema bancário cabo-verdiano. Os recursos de bancos centrais e obrigações subordinadas seguem o padrão de redução observado nos últimos anos e os recursos de instituições de crédito continuam com uma evolução positiva, mas assumindo valores pouco significativos. Gráfico 38 Evolução das fontes de financiamento Millhões de escudos D E Z / 1 3 D E Z / 1 4 D E Z / 1 5 D E Z / 1 6 D E Z / 1 7 Recursos de Bancos Centrais Depósitos Recursos de Instituições de crédito Obrigações subordinadas O acréscimo observado nos depósitos foi determinado pelo aumento dos depósitos do setor público administrativo, de residentes e de emigrantes, destacando-se o contributo dos valores da segunda maior instituição do sistema. No que se refere aos depósitos de emigrantes, salienta-se a evolução positiva registada na maior instituição bancária cabo-verdiana e, quanto ao aumento dos depósitos do setor público administrativo, a instituição com menor peso no sistema financeiro assumiu um papel significativo. Em termos absolutos, os depósitos de residentes registaram o maior aumento (5 mil milhões de escudos) seguido dos do setor público administrativo (4,1 mil milhões de escudos). Relativamente ao crescimento, estes cresceram 14,8 por cento contra 7,5 por cento daqueles. As evoluções favoráveis dos depósitos de residentes e do setor público administrativo contribuiram para o reforço do peso destas rubricas no total de depósitos para 43,1 e 16,0 por cento, respetivamente. Os depósitos de emigrantes aumentaram em 3,5 por cento (2,2 mil milhões de escudos), contudo, o seu peso no total de depósitos apresenta uma tendência decrescente, situando-se nos 31,9 por cento em 2017 (32,6 por cento em 2016). Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

57 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro Os depósitos de não residentes atingiram os 1,4 mil milhões de escudos e apresentaram uma redução na ordem dos 7,4 por cento, explicada, em grande medida, pela variação negativa verificada numa das instituições menos relevantes do sistema. Representam 8,9 por cento do total de depósitos, mantendo a trajetória decrescente do seu peso no total dos depósitos. Gráfico 39 Evolução da estrutura dos depósitos por entidades 45,0 40,0 35,0 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 dez/15 dez/16 dez/17 Do setor público administrativo De emigrantes De outros residentes De outros não residentes Na estrutura de depósitos, predominam os depósitos a prazo que, detêm um peso de 49,1 por cento. No entanto, registou-se uma redução desta rubrica em 2,9 por cento, justificada essencialmente pela diminuição dos depósitos a prazo de residentes e emigrantes. A redução dos recursos a prazo destes dois segmentos registou-se na maior e na terceira instituição mais relevante do sistema bancário, e foi provocada pela suspensão da comercialização dos depósitos a prazo e poupança com prazos acima de 365 dias, comunicado no seu site, e na terceira instituição mais relevante do sistema, devido ao decréscimo das taxas oferecidas para remuneração dos depósitos a prazo. Os depósitos à ordem apresentaram um crescimento de 16,1 por cento, que é explicado pelo aumento dos depósitos à ordem do setor público administrativo, de residentes e de emigrantes, passando a representar 48,3 por cento do total de depósitos. Esta evolução foi comum à maioria das instituições que compõem o sistema financeiro nacional, todavia, destaca-se o contributo da segunda maior instituição bancária caboverdiana no setor público administrativo e nos residentes, e da maior instituição do sistema nos segmentos de residentes e emigrantes. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

58 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro Gráfico 40 Evolução e composição dos depósitos 100,0 90,0 80,0 70,0 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 Outros Depósitos dez/15 dez/16 dez/17 Depósitos a Prazo 89,4 89,2 89,0 88,8 88,6 88,4 88,2 88,0 Depósitos à Ordem Peso dos Depósitos no Passivo (escala à direita) A estrutura de funding do sistema bancário nacional continua a caraterizar-se por uma elevada concentração face aos cinco maiores depositantes, que representam mais de 25 por cento do total de depósitos em grande parte das instituições financeiras do país, à semelhança dos anos anteriores. Gráfico 41 Distribuição de frequência para os cinco maiores depositantes < > 25 dez/16 dez/17 Valores do eixo em percentagem. A definição dos intervalos respeita critérios definidos internamente. O valor entre as barras refere-se ao número de instituições de crédito com o rácio pertencente ao intervalo correspondente. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

59 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro Entre os cinco maiores depositantes, destaca-se o Instituto Nacional de Previdência Social, que figura como maior depositante em seis instituições bancárias, seguindo o padrão observado nos últimos anos, e com peso crescente, traduzido num aumento de 1,7 pontos percentuais em relação ao período homólogo, representando 15,5 por cento do total dos depósitos em ,0 Gráfico 42 Evolução dos depósitos dos grandes depositantes 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 dez/15 dez/16 dez/17 peso 5 maiores depositantes s/ total depósitos peso INPS s/ total depósitos O custo de financiamento apresenta uma redução, com a distribuição de frequência a demonstrar que a maioria das instituições bancárias do sistema financiou-se a uma taxa inferior a 2,1 por cento em Este decréscimo é explicado principalmente pela diminuição generalizada das taxas de juro dos depósitos a prazo ao nível da maturidade por segmento. Gráfico 43 Distribuição de frequência para o custo do financiamento < 2,1 2,1-2,6 2,6-3 > 3 dez/16 dez/17 Valores do eixo em percentagem. A definição dos intervalos respeita critérios definidos internamente. O valor entre as barras refere-se ao número de instituições de crédito com o rácio pertencente ao intervalo correspondente. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

60 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro O gap de liquidez, avaliado pelos ativos líquidos deduzidos dos passivos voláteis em percentagem dos ativos ilíquidos, constitui outro importante indicador de liquidez. Este rácio apresenta uma redução em todas as maturidades analisadas quando comparado com o ano de 2016, o que resulta do aumento dos ativos ilíquidos acompanhado da diminuição dos ativos líquidos deduzidos do passivo volátil. Quadro 8 Mismatches por prazos e gaps de liquidez em milhões de escudos Mismatches por prazos e gaps de liquidez À vista - 1 semana 1 semana - 1 mês 1 mês - 3 meses 3 meses - 6 meses 6 meses - 1 ano Mismatches por prazos Mismatches acumulados Ativos líquidos Passivos voláteis Ativos líquidos - passivos voláteis Ativo total - ativos líquidos Gap de Liquidez (%) ,3% 21,0% 21,2% 19,7% 20,7% Gap de Liquidez (%) ,4% 26,2% 29,6% 26,9% 24,5% Gap de Liquidez (%) ,0% 21,5% 22,7% 20,8% 20,5% Apesar deste decréscimo, os gaps de liquidez continuam a registar valores positivos em todas as maturidades e para a maioria das instituições bancárias, o que demonstra a manutenção de uma situação favorável relativamente ao risco de liquidez. Gráfico 44 Evolução dos gaps de liquidez 35,0 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 1S 1M 3M 6M 12M Gap de Liquidez (%) Gap de Liquidez (%) Gap de Liquidez (%) Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

61 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro O quadro de liquidez do sistema bancário cabo-verdiano mantém-se estável, considerando a evolução favorável dos depósitos como principal fonte de financiamento, e tendo em conta que os rácios de liquidez permanecem em níveis aceitáveis, apesar da redução registada. Não obstante o cenário que se apresenta, subsiste a elevada concentração dos depósitos nos cinco maiores depositantes das instituições bancárias do sistema Sensibilidade ao mercado Exposição ao risco de taxa de juros na carteira bancária Em 2017, as taxas de juro das operações bancárias de curto prazo, passivas e ativas, continuaram a trajetória decrescente verificada nos dois últimos exercícios anteriores, motivada pelo contínuo recobro da confiança na economia e pelo efeito da redução das taxas de juro diretoras e de absorção de liquidez por parte do BCV 23. Dentre as taxas passivas, destacam-se as de operações de depósitos de emigrantes, tendo em conta o seu peso no sistema. As taxas das operações de depósitos de emigrantes de 181 dias a 1 ano registaram uma variação média anual de 0,3 por cento. Apesar da tendência ligeiramente decrescente, a sua volatilidade, medida pelo desvio padrão, situou-se a um nível inferior a 1 por cento. Quanto às taxas de operações de crédito de 181 dias a 1 ano, estas apresentaram uma variação média anual de 0,4 por cento. Relativamente às taxas de emissão dos Bilhetes do Tesouro, após a queda registada em 2016, voltaram a registar um aumento para níveis próximos dos observados em Gráfico 45- Evolução da taxa de juros % 10,0 9,0 8,0 7,0 6,0 5,0 4,0 3,0 2,0 1,0 0,0 dez/11 dez/12 dez/13 dez/14 dez/15 dez/16 dez/17 7,0 6,0 5,0 4,0 3,0 2,0 1,0 0,0 Diretora(escala à direita) Depósitos de emigrantes 181 dias a 1 ano Bilhetes do Tesouro a 180 dias Operações de crédito de 181 dias a 1 ano A baixa volatilidade das taxas de juro em 2017 indicia um baixo nível de risco de taxa de juros. 23 De acordo com Relatório de Política Monetária do Banco de Cabo Verde, de abril de 2018, as taxas de juro de política monetária variaram com objetivo de estimular a atividade económica, incentivando os bancos comerciais a aumentarem os níveis de crédito ao público. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

62 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro No âmbito da mensuração do risco de taxa de juros 24 através de análises de sensibilidade, avalia-se o impacto da variação da taxa de juros de curto prazo em 200 pontos base sobre a margem de juros. Com base em dados de um conjunto de seis instituições bancárias nacionais, com referência a dezembro de 2017, tendo como premissa uma subida das taxas de juro de curto prazo em 200 pontos base, os resultados indicaram um reduzido nível de exposição global, avaliado em termos do impacto sobre a margem de juros 25. Apesar do impacto ser negativo para algumas instituições, a redução da margem financeira seria bastante inferior a 20 por cento, limite considerado crítico. Por conseguinte, as instituições cabo-verdianas estão bem posicionadas para enfrentar, no curto prazo, o risco de taxa de juros, ao nível considerado. Gráfico 46 Risco de taxa de juros: impacto sobre a margem financeira 45,0 35,0 25,0 15,0 5,0-5,0-15,0 dez/16 dez/17-25,0 B1 B2 B3 B4 B5 B6 Limite regulamentar Impacto médio Derivado da composição do balanço dos bancos, na maioria composto por ativos sensíveis à taxa de juros, o efeito simétrico da variação uma redução das taxas de juro na mesma proporção não revela, para a maior parte das instituições, exercer um efeito negativo significativo sobre a margem financeira. Os resultados demostram que as instituições bancárias se afiguram bem posicionadas para enfrentar um eventual risco de taxa de juros, ao nível considerado. Neste contexto, conclui-se que é baixa a exposição global do sistema bancário nacional ao risco de taxa de juros na carteira bancária, dada a reduzida exposição bruta. Porém, os resultados deverão ser analisados com alguma prudência, uma vez que são sensíveis às especificidades de cada instituição e às hipóteses por elas consideradas. 24 Aviso nº 4/2011, de 26 de outubro, e na respetiva Instrução Técnica - Anexa à Circular A nº 164 de 16/12/ Os resultados apontam em termos do impacto sobre a margem de juros, uma variação, em média, da margem financeira de 3,6 por cento. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

63 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro Exposição cambial A composição cambial dos bancos apresenta um risco de exposição cambial relativamente baixo. O total dos Ativos Ponderados pelo Risco de Taxa de Câmbio (VAPRT) representava, em dezembro de 2017, um valor na ordem de 0,1 por cento do total dos ativos ponderados pelo risco, nível de risco considerado baixo, exigindo, por conseguinte, requisitos mínimos de fundos próprios. Dado o regime de câmbios fixos relativamente ao Euro, o risco de perdas associadas a variações na taxa de câmbio fica, consequentemente, dependente da estabilidade de outras moedas, nomeadamente o Dólar, tendo em conta a sua representatividade no mercado internacional. No período em análise, assistiu-se à depreciação significativa da taxa de câmbio do Dólar dos Estados Unidos na ordem de 12,6 por cento face ao escudo. Não obstante, o índice de taxa de câmbio efetiva nominal do Escudo manteve-se ao longo do ano relativamente estável. Gráfico 47 - Taxa de Câmbio Dólar/Escudo e índice de taxa de câmbio ECV dez/11 dez/12 dez/13 dez/14 dez/15 dez/16 dez/17 Taxa de Câmbio USD/ECV Índice de Taxa de Câmbio Considerando a situação da carteira, excluindo o Euro e outras moedas, a posição líquida em Dólares apresentava, em dezembro de 2017, um gap negativo no valor de 515 milhões de escudos, representando em média 3,3 por cento dos fundos próprios dos bancos, o que significa uma exposição moderada ao risco. Com efeito, no período em análise, o sistema bancário acusou ganhos cambiais, resultantes da depreciação significativa da moeda em relação ao Dólar dos Estados Unidos. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

64 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro Quadro 9 Exposição em moeda estrangeira e choque cambial (milhões de escudos / %) Exposição em moeda estrangeira e choque cambial dez/16 dez/17 Disponibilidades Total Disponibilidades (euro) Peso % (euro) 75,2 77,6 Disponibilidades (dólar) Peso % (dólar) 24,8 22,4 Responsabilidades Total Responsabilidades (euro) Peso % (euro) 74,1 74,2 Responsabilidades (dólar) Peso % (dólar) 25,9 25,8 Posição aberta líquida Posição aberta líquida em euro Posição aberta líquida em dólar Em % dos Fundos Próprios -5,5 6,9 relativamente ao euro -2,6 9,9 relativamente ao dólar -3,0-3,0 Hipótese de desvalorização em 30% da moeda nacional Impacto sobre os Fundos Próprios (%) -1,7 2,1 Hipótese de desvalorização em 30% da moeda nacional face euro Impacto sobre os Fundos Próprios (%) -0,8 3,0 Hipótese de desvalorização em 30% da moeda nacional face dólar Impacto sobre os Fundos Próprios (%) -0,9-0,9 Decorrente da exposição cambial reduzida face aos fundos próprios, em caso de uma depreciação do Escudo em 30 por cento face ao Dólares dos Estados Unidos, estima-se uma perda de 0,9 por cento dos fundos próprios. Facto que representa um impacto sobre os fundos próprios inferior a 20 por cento, pelo que, o risco cambial afigura-se baixo. Daí que, o risco cambial do sistema financeiro, à semelhança dos anos anteriores, mostra-se pouco expressivo, uma vez que a maioria das operações são executadas em euro, moeda com a qual o escudo tem paridade fixa. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

65 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro Em termos comparativos, em 2017, a exposição cambial em Cabo Verde, em percentagem dos fundos próprios, foi claramente superior ao que se registou em economias similares, o que reflete um maior nível de risco. Gráfico 48 - Exposição Cambial Líquida/Fundos Próprios: comparação internacional % 11,0 9,0 7,0 5,0 3,0 1,0-1,0-3,0-5,0 Seicheles (Janeiro 2017) Maurícias(junho 2017) Cabo Verde Nota: Dados obtidos a partir do site IMF, veja-se: indisponibilidade de dados, os valores para Seicheles e Maurícias são relativos a 2017 Mês 1 e 2017 Mês 6 respetivamente Testes de adequação de capital Com base nos dados referentes aos quatro maiores bancos do sistema (representativos de mais de 80 por cento do total do ativo do sistema bancário nacional), foram conduzidos testes de esforço para testar a capacidade de resiliência das instituições bancárias à materialização dos riscos de crédito, cambial, de taxa de juros e de liquidez. Assumiu-se que as perdas resultantes têm impacto direto nos fundos próprios (ver anexo 3). Os resultados evidenciaram um ligeiro agravamento da vulnerabilidade das instituições face à materialização do risco de crédito. Choques de crédito Caso ocorra a materialização do risco de crédito, principalmente considerando choques aos setores de apoio aos negócios 26 e serviços sociais e pessoais, habitação e turismo, o impacto de perdas mostrou-se materialmente relevante, com a redução expressiva do rácio de solvabilidade das instituições, mantendose, no entanto, acima do limite mínimo regulamentar. O impacto de perdas em caso de choques ao consumo, comércio e construção e obras públicas manifestase moderado, dada a redução da exposição dos bancos a estes setores, decorrente da redução do nível de incumprimento dos mesmos. 26 Referem-se a serviços sociais e pessoais e serviços prestados às empresas. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

66 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro Diminuição significativa do rácio de solvabilidade em caso de incumprimento dos três maiores devedores Em caso de incumprimento dos três maiores devedores, as instituições financeiras assinalariam perdas expressivas na carteira, com impacto na diminuição significativa do rácio de solvabilidade. Facto que afetaria as quatro instituições analisadas, cujos rácios diminuiriam para níveis inferiores ao mínimo regulamentar. Quadro 10 Resultados dos choques de crédito Choque cambial Para esta análise, foi considerado o impacto referente às duas moedas de maior exposição, nomeadamente o Dólar e Euro. Foram simulados vários choques sobre a exposição cambial de cada um dos bancos e do sistema financeiro, considerando uma hipotética variação da paridade do Escudo cabo-verdiano e flutuações cambiais internacionais, nas seguintes condições: a) Depreciação em 30 por cento do Escudo cabo-verdiano face ao Dólar b) Desvalorização em 30 por cento do Escudo cabo-verdiano face ao Euro. Considerando a depreciação cambial da moeda nacional face ao Dólar, manifestar-se-ia, segundo os resultados, de efeito irrisório sobre o rácio da solvabilidade, mantendo-se o indicador próximo dos valores antes dos choques. Em caso de desvalorização da moeda nacional em 30 por cento face ao Euro, a maioria das instituições registaria ganhos cambiais, devido à sua exposição cambial líquida positiva. Apenas uma instituição sofreria uma perda, dada a sua posição líquida negativa, porém, materialmente pouco relevante, devido à sua reduzida exposição cambial em moeda estrangeira. Os resultados obtidos evidenciaram que os bancos são particularmente resilientes ao choque na taxa de câmbio. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

67 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro Choques de taxa de juros na carteira bancária No choque de taxa de juros, considera-se uma hipotética variação paralela na curva de rendimento de 200 pontos base e o seu impacto sobre a margem financeira. Os resultados diferem consoante as instituições, na medida em que demonstram a vulnerabilidade de algumas, dado o diferencial de ativos e passivos sensíveis à taxa de juros na estrutura do balanço. Contudo, o impacto de perdas em termos da margem de juros evidencia-se limitado. Choque de liquidez Para esta análise foi considerada uma hipotética corrida aos depósitos durante 5 dias consecutivos, nas seguintes condições: a) Saques diários dos depósitos à ordem ao ritmo de 1, 5, 10, 15 e 20 por cento; b) Crescimento diário dos levantamentos dos depósitos a prazo na ordem de 1, 3, 5, 10 e 15 por cento; c) A redução diária da disponibilidade de ativos líquidos em 35, 25, 20, 15 e 10 por cento, respetivamente; d) Capacidade de transformação diária de ativos não líquidos em cash, à razão de um por cento; Os resultados demonstram que num cenário de stress em que ocorresse uma corrida desenfreada aos depósitos a maioria dos bancos não conseguiria cobrir as suas necessidades de liquidez, evidenciando assim problemas de liquidez no final do período considerado. Quadro 11 Resultados dos choques de liquidez RISCO DE LIQUIDEZ Dias Δ de Liquidez (AL - Saques diários) (milhões de escudos) Número Bancos curtos de liquidez Milhões de escudos Cenário de corrida aos depósitos durante 5 dias consecutivos Levantamento diários dos DO ao ritmo de 1, 5, 10, 15 e 20 por cento e dos DP na ordem de 1, 3, 5, 10 e 15 por cento A redução diária da disponibilidade de ativos líquidos em 35, 25, 20, 15 e 10 por cento, respetivamente Transformação diária de AnL de 1% DO - Depósitos à ordem; DP - Depósitos a prazo; NPL (Non performing Loan) - crédito vencido; AL - Ativos líquidos; AnL - Ativos não líquidos; DO e DP - Depósitos à ordem e a prazo; Δ - variação; CVE - escudos cabo-verdianos Apreciação global Os resultados dos testes de stress confirmam a elevada vulnerabilidade do sistema bancário nacional à materialização dos riscos de crédito e liquidez e a pouca expressividade da exposição dos balanços aos riscos de taxa de juros e taxa de câmbio. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

68 Milhões de escudos Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro 3.2. Setor Segurador Atividade O total do ativo da atividade seguradora situou-se em 6,4 mil milhões de escudos, evidenciando um incremento de 24,1 por cento (1,2 mil milhões de escudos) face ao período homólogo. Este crescimento deveu-se, sobretudo, ao aumento de 35,6 por cento (126 milhões de escudos) dos investimentos totais, que representam 70,1 por cento do total dos ativos. Gráfico 49 Principais rubricas do ativo do setor segurador dez/16 dez/17 Caixa e equiparados a depósito a ordem Provisões técnicas de resseguro cedido Investimentos totais Outros devedores por oper. de seguro direto Outros Ativos Relativamente ao passivo, fixou-se em 3,6 mil milhões de escudos e registou um aumento de 21,8 por cento (640 milhões de escudos), fruto do aumento de 134,2 por cento (518 milhões de escudos) de outros credores por operações de seguro direto e de 3,8 por cento (82 milhões de escudos) das provisões técnicas de seguro direto. De igual modo, os capitais próprios apresentaram um crescimento de 27,2 por cento, resultado do aumento das reservas em 48,4 por cento (526 milhões de escudos). Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

69 Milhões de escudos Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro Gráfico 50 Principais rubricas do passivo e capitais próprios dez/16 dez/17 Provisões técnicas de seguro direto Outros credores por operações de seguro direto Outros passivos Capitais Próprios A performance do setor segurador em 2017, comparativamente ao período homólogo, revelou-se bastante positiva, tendo-se observado aumentos do volume de produção em 6,5 por cento, dos investimentos em 36,0 por cento, e dos resultados líquidos em 21,9 por cento, ou seja, 55,8 milhões de escudos. Para este desempenho, contribuíram tanto o segmento Vida como o Não Vida, com variações positivas de 8,4 e 6,4 por cento, respetivamente. Com acréscimos, quer do volume de prémios, quer do PIB, a taxa de penetração dos seguros na economia, medida pelo quociente Prémios/PIB, situou-se em 1,4 por cento, contudo ao mesmo nível de O rácio de prémio per capita, medido pelo quociente Prémios/População Residente, que alcançou 47 USD, contra 42.2 USD em Quadro 12 Taxa de penetração e densidade do seguro Taxa de Penetração e Densidade do Seguro (%) Taxa de Penetração do Seguro na Economia (1) 1,4 1,4 Prémios de Seguro Directo per capita em USD (2) 42,2 47,0 (1) Cálculos efectuados com base nas estimativas do PIB do INE Cálculos efectuados com base nas previsões de crescimento da população, do INE Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

70 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro Provisões Técnicas e Ativos Representativos As provisões técnicas, sendo uma das principais garantias financeiras que as seguradoras devem ter no exercício da sua atividade, é extremamente importante que os valores calculados sejam suficientes para fazer face aos seus compromissos futuros. Neste sentido, no final de 2017, o total de provisões constituído alcançou 2,2 mil milhões de escudos, salientando um crescimento de 3,9 por cento face ao período homólogo, explicado, sobretudo, pelo acréscimo ocorrido nas provisões para prémios não adquiridos 27 e nas provisões matemáticas 28. De modo a que as responsabilidades sejam garantidas financeiramente, as seguradoras devem dispor de ativos que obedeçam os requisitos legais 29 de segurança, rendibilidade e liquidez. Em finais de 2017, os investimentos em carteira eram os seguintes: 4 500,0 Gráfico 51 Gráfico... - Investimentosbrutos Brutos 4 000, ,0 Milhões de Escudos 3 000, , , , ,0 500,0 0, Imóveis (Terrenos e Edifícios) Títulos de rendimento variável Títulos de rendimento fixo Depósitos a prazo nos bancos 27 A provisão para prémios não adquiridos deve incluir a parte dos prémios brutos emitidos relativamente a cada um dos contratos de seguro em vigor, a imputar a um ou vários dos exercícios seguintes. 28 A provisão de seguros e operações do ramo Vida deve representar o valor das responsabilidades da seguradora líquido das responsabilidades do tomador do seguro, em relação a todos os seguros e operações do ramo Vida. 29 Decreto-Legislativo n 3/2010, de 17 de maio. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

71 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro Os investimentos ascendiam a 4,5 mil milhões de escudos e registavam um acréscimo significativo de 36,0 por cento (1,2 mil milhões de escudos), explicado basicamente pelo aumento de 54,6 por cento da rubrica ações. Desta forma, as ações passaram a representar 47,3 por cento face a 27,0 por cento do ano anterior. Para além da participação no capital social de bancos, as empresas de seguros detêm depósitos que, juntos, representam 70,0 por cento dos ativos aceites 30. Por conseguinte, considera-se expressivo o grau de exposição ao setor bancário e o potencial de risco de contágio pela via da interligação dos dois setores. Importa, ainda, e sem prejuízo da gestão eficaz e integrada ao nível dos grupos, evitar estratégias baseadas em arbitragens regulamentares que possam prejudicar a transparência e a condução da supervisão. Relativamente à representação das provisões técnicas, no período de referência, o total de ativos aceites para representar as provisões técnicas ascendia a 2,6 mil milhões de escudos, portanto, superiores às provisões, como evidencia o seguinte gráfico. Gráfico 52 Grau de cobertura das provisões técnicas , ,0 Millhões de escudos ,0 115,0 110,0 105,0 % ,0 0 dez/15 dez/16 dez/17 95,0 1. Provisões Técnicas 2. Activos elegíveis Grau de Cobertura (2\1) (escala à direita - %) 30 São os ativos elegíveis para cobrir as provisões técnicas. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

72 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro Na sequência, o grau de cobertura das provisões técnicas alcançou os por cento, ligeiramente inferior ao registado no período homólogo, mas cobrindo na totalidade as provisões técnicas. Quadro 13 Cobertura das provisões técnicas por ativos (Em milhões de escudos e em %) dez/13 dez/14 dez/15 dez/16 dez/17 1. Provisões Técnicas Activos elegíveis (3)=(2)/(1) Grau de Cobertura 150,6 115,9 108,6 126,4 119,2 (4)=(2)-(1) Excesso de cobertura 911,7 312,8 175,6 562,3 425, Solvência e Resultados As seguradoras devem dispor de uma margem de solvência 31 suficiente para fazer face a riscos imprevistos. Neste sentido, e em virtude do aumento registado no capital próprio, na sequência da reavaliação da participação no capital social de um banco, a taxa de cobertura da margem atingiu os 275,9 por cento (quase 3 vezes superiores ao mínimo exigido), colocando o rácio num nível considerável de conforto. Quadro 14 Margem de solvência (Em milhões de escudos / %) dez/14 dez/15 dez/16 dez/17 1. Elementos Constitutivos da Margem Montante da Margem a Constituir Rácio de Solvência % (1\2) 387,6 401,8 273,1 275,9 Excesso/Insuficiência 1 420, , , ,0 No que se refere aos resultados, no final de 2017, as seguradoras registaram um resultado líquido de 311 milhões de escudos (mais 21,9 por cento) a refletir o impacto da alienação da participação que uma seguradora detinha num banco. 31 Corresponde a um montante de capital próprio necessário para a cobertura de riscos não previsíveis. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

73 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro Caixa.3: Provisões Técnicas As seguradoras devem dispor, para o exercício da sua atividade, de algumas garantias financeiras exigidas pelo BCV para o cumprimento das suas responsabilidades perante terceiros, sendo uma delas as provisões técnicas. As provisões técnicas derivam da atividade principal das seguradoras e correspondem a reservas que as mesmas mantêm para fazer face a futuros pagamentos em caso de provável ocorrência de sinistro, sendo a rubrica do passivo do balanço com maior peso. De acordo com o artigo 62º do Decreto-Legislativo nº 03/2010, de 17 de maio, as provisões devem ser suficientes para permitir que as seguradoras cumpram razoavelmente os compromissos previstos decorrentes dos contratos de seguros. Em Cabo Verde são exigidas algumas provisões técnicas a serem constituídas e mantidas pelas seguradoras, a saber: Provisão para prémios não adquiridos Inclui a parte dos prémios brutos emitidos a imputar a um ou vários exercícios seguintes após a dedução dos custos de aquisição diferidos, tendo como finalidade atender ao princípio de especialização dos exercícios, ou seja, o prémio a imputar a cada exercício e o que corresponde aos riscos a suportar e aos custos administrativos e de gestão a incorrer nesse exercício. Deste modo, a provisão para prémios não adquiridos deve ser calculada contrato a contrato. Provisão para seguros e operações do ramo Vida Representa o valor das responsabilidades da seguradora líquido das responsabilidades do tomador de seguro, em relação a todos os seguros e operações do ramo Vida, como por exemplo: provisões matemáticas; provisões de seguro e operações de ramo Vida onde o risco é suportado pelo tomador de seguro; provisão para compromissos de taxa e provisão de estabilização da carteira. Provisão para sinistro É constituída para todos os ramos Não Vida e para os seguros e operações do ramo Vida. Corresponde ao custo total estimado que a seguradora suportará para regularizar os sinistros que tenham ocorrido até o final do exercício, quer tenham sido comunicados, quer não. O valor das responsabilidades estimadas é deduzido dos montantes já pagos pelos sinistros. O objetivo dessa provisão é precaver a solidez financeira da seguradora numa perspetiva de médio e longo prazo, fazendo com que o valor estimado/provisionado seja suficiente para cobrir as responsabilidades com sinistros a qualquer momento. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

74 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro Provisão para desvios de sinistralidade A provisão para desvios de sinistralidade destina-se a fazer face a sinistralidade excecionalmente elevada nos ramos de seguros em que, pela sua natureza, se preveja que tenha maiores oscilações, ou seja, servirá para compensar a perda técnica que venha a surgir no final de um exercício. Esta provisão deve ser constituída tanto para o seguro de crédito como para o seguro de caução, por importância anual de 75 por cento do resultado técnico, num máximo de 12 por cento ou 25 por cento dos prémios brutos emitidos no exercício, até que a provisão atinja 150 por cento do montante anual mais elevado dos prémios brutos emitidos dos cinco exercícios anteriores. Provisão para risco em curso Corresponde a um montante complementar que excede o valor dos prémios não adquiridos e dos prémios exigíveis, relativos aos contratos em vigor, a fim de cobrir possíveis indemnizações e encargos a suportar após o fecho do exercício, o que pressupõe que os prémios praticados pelas seguradoras são insuficientes para cobrir os riscos. Estas provisões devem ser representadas, na totalidade, a qualquer momento, por ativos equivalentes, ou seja, o montante dos investimentos afetos, tais como: títulos de dívida, obrigações, empréstimos, ações e outras participações de rendimento variável, participações em instituições de investimento coletivo, terrenos e edifícios. Tais investimentos devem ser sempre iguais ou superiores aos montantes das provisões constituídas. Neste contexto, e com recurso a consultoria externa, o Banco de Cabo Verde procederá, em 2018, a uma avaliação independente de revisão dos modelos utilizados para o cálculo das provisões técnicas constituídas pelas seguradoras. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

75 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro 3.3. Mercado de Valores Mobiliários Atividade e principais indicadores O Mercado de Valores Mobiliários, enquanto um dos segmentos do mercado financeiro encarregue da emissão e facilitação das transações de valores mobiliários, tem vindo a desempenhar um importante papel como alternativa ao financiamento da economia. A performance do Mercado de Valores Mobiliários em 2017 não foi diferente face aos anos anteriores, tendo sido mobilizados, através do Mercado Primário (MP), um montante global de 14,7 mil milhões de escudos, sendo 83,9 por cento das emissões de títulos de dívida pública e, 16,1 por cento a emissões de obrigações corporate, através de ofertas particulares. No concernente aos títulos cotados, nos segmentos acionista e no obrigacionista municipal, a estrutura permanece a mesma de anos anteriores, com quatro empresas privadas com ações cotadas e dois municípios com obrigações cotadas. No segmento obrigacionista registou-se uma diminuição do valor dos títulos no fim do período de 2017, menos 26,7 por cento face ao período homólogo, considerando o fim da maturidade e pagamento antecipado de alguns títulos. Relativamente às transações no Mercado Secundário (MS), a fraca liquidez continua a caracterizar esse mercado,o que se comprova através da redução em 18,2 por cento de frequência e número das transações em 2017 comparativamente ao período homólogo. No final de 2017, a capitalização bolsista global situou-se em 68,4 mil milhões de escudos (sendo 79,7 por cento do referente a títulos de dívida pública), com uma variação positiva de 0,9 por cento comparativamente ao ano anterior, atingindo 40,2 por cento do PIB. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

76 Capítulo III Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro Quadro 15 Principais indicadores Títulos Cotados Var. % (2016/2017) Nº Empresas Cotadas - Equity ,0 Nº Corporate Bond Cotadas ,7 Nº Municipal Bond Cotadas ,0 Nº Títulos do Tesouro (BT e OT) ,7 Total ,8 0,0 Emissões/Transações/Capitalização Bolsista (milhões de escudos) 0,0 Volume Emissões Mercado Primário (MP) ,9 Volume Transações Mercado Secundário (MS) ,8 "Em Bolsa" ,9 "Fora de Bolsa" ,0 Nº de Transações no Mercado Secundário ,2 Capitalização Bolsista Global (milhões de escudos) ,9 Capitalização Segmento Equity ,1 Capitalização Segmento Corporate Bond ,2 Capitalização Segmento OT e BT ,7 Principais Indicadores (%) Capitalização Bolsista Global / PIB 38,3 41,6 40,2-1,4 pp Turnover Ratio 0,3 2,0 0,2-1,8 pp Variação Capitalização Bolsista (efetiva) 5,6 8,5 0,01-8,491 pp MP - Mercado Primário MS - Mercado Secundário TurnOver Ratio = Volume transacionado no MS / Capitalização Bolsista Importa, ainda, referir os eventos corporativos, nomeadamente, o pagamento de juros, dividendos e amortizações de capital. Em 2017, o montante de juros foi de 3.372,3 mil milhões de escudos, em que 20,7 por cento correspondem a Obrigações Diversas (corporate e municipal) e 79,3 por cento representam as Obrigações do Tesouro. Cabe igualmente dizer que o montante total dos juros vencidos e não pagos, em virtude do incumprimento de algumas emitentes do segmento corporate, situou-se em 77,6 milhões de escudos. No que respeita aos dividendos pagos, todas as quatro entidades emitentes cotadas no segmento acionista, à semelhança do ano transato, distribuíram resultados, com referência ao exercício de 2016, no montante total de 372,2 milhões de escudos. Relativamente às amortizações de capital no segmento obrigacionista, registou-se uma variação positiva de 24,2 por cento comparativamente ao período homólogo, situando-se o montante total em 11,2 mil milhões de escudos, sendo 75,1 por cento relacionado com os Títulos do Tesouro e 24,9 por cento com Obrigações Diversas. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

77 Capítulo IV Infraestrutura e Regulação do Sistema Financeiro

78 Capítulo IV Infraestrutura e Regulação do Sistema Financeiro 4.1. Sistemas de Pagamento Ao longo do ano de 2017, o Banco de Cabo Verde prosseguiu com o cumprimento das suas atribuições enquanto entidade reguladora, fiscalizadora e promotora do bom funcionamento do Sistema de Pagamentos Cabo-verdiano. Neste contexto, e num cenário onde os sistemas de pagamentos são cada vez mais complexos e interligados entre si, a preocupação do Banco de Cabo Verde tem-se centrado na mitigação dos riscos, com o objetivo de garantir a segurança e promover a eficiência destes sistemas, incrementando, desta forma, a confiança nos mesmos e na moeda do Banco Central e, ao mesmo tempo, salvaguardar o canal de transmissão da política monetária e manter a estabilidade do sistema financeiro Evolução e funcionamento dos sistemas de pagamento Em linha com o objetivo de estabelecer um ambiente cada vez mais propício ao funcionamento eficiente e seguro das infraestruturas que compõem o Sistema de Pagamentos Cabo-Verdiano, o ano de 2017 ficou marcado pela entrada em produção da nova versão do Sistema Liquidação - Sistema de Gestão de Depósitos e Liquidação (SGDL), que integra: i) A funcionalidade de Crédito Intradiário, que consiste num instrumento de otimização de liquidez disponibilizado aos participantes 32 do sistema, com o objetivo de suprirem eventuais necessidades pontuais de liquidez ao longo do dia e, por conseguinte, mitigar o risco de liquidez; ii) A automatização da liquidação financeira das operações processadas através do sistema de liquidação de títulos do Banco de Cabo Verde, suprimindo, assim, a intervenção dos operadores no processo de liquidação e, consequentemente, minimizar o risco operacional daí adveniente; e iii) Melhorias a nível de segurança e de performance. Em 2017, os sistemas de pagamentos, que englobam os sistemas de compensação e de liquidação, funcionaram de forma contínua e sem interrupções significativas. Do ponto de vista da liquidez agregada 33, a necessidade de liquidez efetiva durante o ano foi sempre inferior à disponibilidade de liquidez dos participantes, garantindo, assim, que as transações liquidadas no Sistema de Liquidação, único sistema sistemicamente relevante no país, ocorressem normalmente. Esta análise é facilmente sustentada se 32 As Instituições de Crédito e o Tesouro. 33 Liquidez do sistema de liquidação financeira. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

79 Capítulo IV Infraestrutura e Regulação do Sistema Financeiro verificarmos que não houve ocorrência de situações relacionadas com a utilização da fila de espera 34, que pudessem evidenciar que os participantes deixaram, ainda que pontualmente, de cumprir com as suas responsabilidades de liquidação. Foram liquidados, através do SGDL, cerca de operações no valor de 8.493,9 mil milhões de escudos, assinalando um crescimento de 38,4 por cento, em quantidade, e 17,1 por cento, em valor, quando comparado com o período homólogo. O quadro a seguir espelha, de forma detalhada, a movimentação das operações liquidadas no SGDL em 2017 comparativamente ao período homólogo. Quadro 16 Operações liquidadas no SGDL Quantidade: unidades Valor: milhões de escudos Variação (%) Quantidade Valor Quantidade Valor Quantidade Valor Liquidação por compensação - SICIL , ,3 38,4 5,5 Cheques , ,6-2,3-4,2 Transferências interbancárias , ,9 7,1 8,6 Rede Vinti , ,8 40,8 15,0 Liquidação por operação , ,2-5,9 17,5 Mercado Cambial , ,2-8,8-15,8 Mercado Monetário , ,4-20,7 17,8 Bolsa de Valores , ,6-0,8-2,2 Operações de depósito e levantamento , ,6 2,1 17,1 Outras operações , ,4 1,3 272,5 Total , ,5 38,4 17,1 Do total das transações, foram liquidadas operações por compensação, no valor de 243,9 mil milhões de escudos, com uma variação positiva de 38,4 por cento e de 5,5 por cento, em termos de quantidade e valor, respetivamente, quando comparado com o ano anterior. Estas variações, tanto em quantidade como em valor, são explicadas pelo aumento das operações processadas através da Rede Vinti4 e das transferências interbancárias. Em 2017, os participantes obtiveram uma poupança de liquidez de aproximadamente 136,8 mil milhões de escudos na liquidação dos saldos de compensação, facto que comprova que a modalidade de liquidação 34 Consiste num instrumento facilitador para a otimização da liquidez disponibilizado aos participantes do SGDL, o qual permite que as transações não liquidadas, num determinado momento, por insuficiência de liquidez, ficam pendentes de liquidação até ao limite de prazo estipulado, período durante o qual devem providenciar os fundos para a sua liquidação. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

80 Capítulo IV Infraestrutura e Regulação do Sistema Financeiro por compensação reduz a necessidade de liquidez, reforçando, assim, a análise da taxa de compensação 35, que tem-se revelado um indicador de mitigação do risco de liquidez. Relativamente à liquidação por operação, foram processadas operações, no valor de mil milhões de escudos, evidenciando uma redução de 5,9 por cento em termos de quantidade (resultante, sobretudo, das operações no mercado monetário) e um aumento de 17,5 por cento em termos de valor, explicado, principalmente, pelo aumento do montante transacionado no mercado monetário e nas operações de depósito e de levantamento de numerário. Observa-se que há uma forte concentração de liquidez nas operações provenientes do mercado monetário que, individualmente, respondem por 98,4 por cento do valor total liquidado bruto no SGDL. Por esta razão, o processamento destas operações tem exigido uma monitorização rigorosa, evitando, assim, que eventuais problemas ou falhas exponham os participantes ao risco de liquidez. A par da monitorização contínua efetuada, de referir que as próprias características do SGDL 36, nomeadamente, a garantia de liquidação dada pela liquidez disponível nas contas única de liquidação, a irrevogabilidade de transações, a discricionariedade de horários de processamento das transações, a existência de instrumentos facilitadores para a otimização da liquidez, entre outros, têm assegurado a mitigação dos riscos inerentes ao sistema, designadamente, o risco de liquidez e sistémico. À semelhança dos anos precedentes, a concentração das transações é mais densa no período normal (que opera das 8 às 15 horas), com uma representatividade de 90,3 por cento da quantidade e de 51,8 por cento do valor das liquidações efetuadas. Em sentido oposto, o período de pré-fecho (que funciona das 15 às 16 horas) concorre com 9,8 por cento da quantidade e com 48,2 por cento do valor de operações liquidadas. Gráfico 53 - Transações liquidadas no SGDL por horário (média diária) - Quantidade 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 52,2 17,1 11,3 9,6 9,5 0,3 08h00 as 11h00 11h01 as 12h00 12h01 as 13h00 13h01 as 15h00 15h01 as16h00 A partir de 16h01 35 Taxa de compensação = ((valor das transações valor de liquidação)/valor das transações)* O SGDL foi concebido e implementado à luz dos princípios internacionais que regem os sistemas RTGS (Real Time Gross Settlement). Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

81 Capítulo IV Infraestrutura e Regulação do Sistema Financeiro O gráfico acima inserido dá-nos uma visão sobre a distribuição dos horários de maior concentração de liquidações no SGDL, onde se destaca o período entre as 8 e às 11 horas, que responde pelo grosso das liquidações efetuadas, seja em quantidade (52,2 por centro), seja em valor (49,2 por cento), durante o qual são liquidados os saldos de compensação, os reembolsos das operações do mercado monetário, as operações com o exterior, as operações de depósito e de levantamento de numerário das instituições de crédito e as operações negociadas através da Bolsa de Valores de Cabo Verde. Em termos de valores, de destacar, ainda, o período entre as 15 horas e as 16 horas, com 47,4 por cento dos montantes transacionados, justificado, sobretudo, pelas operações contratadas pelas instituições de crédito através dos mercados monetário interbancário e de operações de intervenção. Gráfico 54 - Transações liquidadas no SGDL por horário (média diária) - Valor 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 49,2 47,4 10,0 0,0 1,6 0,6 0,4 08h00 as 11h00 11h01 as 12h00 12h01 as 13h00 13h01 as 15h00 15h01 as 16h00 A partir de 16h01 0,8 Importa salientar que o SGDL manteve um nível de desempenho satisfatório, garantindo, assim, a liquidação de todas as transações, mesmo nos períodos de maior concentração de fluxos de pagamentos. Constata-se, ainda, a existência de operações liquidadas após o horário pré-definido de encerramento das liquidações (16 horas) devido à necessidade pontual de garantir a liquidação das operações contratadas no mercado monetário pelos participantes ou, ainda, os saldos de compensação referentes ao segundo ciclo de processamento, que, dada a situações alheias ao SGDL, são enviadas para liquidação próximo ao horário de cut-off do período de pré-fecho. Nestes casos, o horário de encerramento do SGDL é prorrogado por mais 30 minutos, de modo a salvaguardar a liquidação das transações no dia. Exceto nas situações em que o Banco de Cabo Verde teve que prorrogar o horário de liquidação do SGDL, devido às situações acima referidas, não ocorreram acontecimentos relevantes do ponto de vista técnico ou operacional, que tenham levado à interrupção do serviço de liquidação no período em análise. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

82 Capítulo IV Infraestrutura e Regulação do Sistema Financeiro 4.2. Regulação do Sistema Financeiro Em 2017, o Banco de Cabo Verde prosseguiu o processo de regulação da Lei de Bases do Sistema Financeiro (Lei nº 61/VIII/2014, de 23 de abril) e da Lei das Atividades e das Instituições Financeiras (Lei nº 62/VIII/2014, de 23 de abril), priorizando, na escolha da regulamentação desenvolvida, a salvaguarda dos principais potenciais riscos suscetíveis de condicionar a estabilidade do sistema financeiro. Em setembro de 2017 foi concluída a publicação da maior parte do pacote regulamentar trabalhado em 2016, integrado pelos seguintes Avisos: Aviso nº 1/2017, de 09 de fevereiro, o qual determina que as instituições financeiras devem assegurar um rácio de adequação de fundos próprios totais, enquanto um dos indicadores de solvabilidade, no nível não inferior a 12 por cento; Aviso nº 3/2017, de 13 de agosto, o qual estabelece as condições gerais de abertura de contas de depósito bancário nas instituições de crédito legalmente autorizadas a exercer a sua atividade em Cabo Verde; Aviso nº 4/2017, de 7 de setembro, o qual estabelece os requisitos mínimos que o sistema de controlo interno de uma instituição financeira deve respeitar e, bem assim, as responsabilidades do órgão de administração neste domínio; Aviso nº 5/2017, de 7 de setembro, o qual define as condições, os mecanismos e os procedimentos necessários ao efetivo cumprimento dos deveres preventivos da lavagem de capitais e financiamento do terrorismo no que tange à prestação de serviços financeiros sujeitos à supervisão do Banco de Cabo Verde; Aviso nº 6/2017, de 7 de setembro, o qual aprova o código de governo societário das instituições financeiras, o qual fixa os critérios de boa governação que, atento às suas especificidades, se revestem de maior relevo para a atividade desenvolvida pelas instituições financeiras; Aviso nº 7/2017, de 7 de setembro, o qual estabelece o conteúdo mínimo do relatório anual de governo societário das instituições financeiras. Operou-se, ainda, a atualização do Aviso nº 10/2017, de 03 de outubro, que altera o artigo 7º, adita as alíneas v) e w) ao número 3 e os números 8 e 9 ao artigo 2º e revoga o número 5 do artigo 7º do Aviso nº 4/2015, de 10 de julho, que trata dos Planos de Recuperação dos bancos, essencialmente porque o Banco de Cabo Verde entendeu ser necessário que as instituições de crédito incluíssem nos respetivos planos de recuperação o quadro de indicadores qualitativos e quantitativos que permitissem às mesmas assinalarem com maior facilidade o momento em que as medidas de recuperação apresentadas no plano podem ser ativadas. Outrossim, constatada a necessidade de se encurtar o prazo findo o qual as instituições de crédito dispensadas do dever de apresentação dos planos devem proceder a um novo pedido de dispensa, o Aviso Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

83 Capítulo IV Infraestrutura e Regulação do Sistema Financeiro nº 11/2017, de 03 de outubro, alterou o artigo 6º e revogou o número 5 do artigo 6º do Aviso nº 5/2015, de 10 de julho, atinente aos Planos de Resolução dos bancos. Ainda sobre esta matéria, no início de 2018, produziu-se a Instrução Técnica nº 192, de 2 de março, que define os procedimentos relativos à elaboração, conteúdo, apresentação, manutenção e revisão dos Planos de Recuperação; especifica os principais requisitos para a criação de diversos cenários de dificuldade financeira a utilizar em Planos de Recuperação; e identifica os requisitos relativos à lista mínima de indicadores destes planos. Durante o ano de 2017, o Banco de Cabo Verde regulamentou o funcionamento da gestão do Fundo de Garantia de Depósitos através do Aviso nº 8/2017, de 03 de outubro, e determinou, com a publicação do Aviso nº 9/2017, de 03 de outubro, o valor da contribuição anual de cada instituição de crédito participante no Fundo, no âmbito do previsto na Lei nº 07/IX/2017, de 27 de janeiro. Em complemento aos Avisos acima mencionados, ocorreu a divulgação das Instruções Técnicas que a seguir se discriminam: Instrução Técnica nº 189/2017, de 10 de outubro, que define o valor da contribuição anual mínima para o Fundo de Garantia de Depósitos a realizar pelas respetivas instituições participantes no ano de Instrução Técnica nº 190/2017, de 10 de outubro, que define o limite do compromisso irrevogável de pagamento de contribuições referente ao ano de 2018 relativamente ao Fundo de Garantia de Depósitos. Inserido numa política de revisão dos instrumentos normativos atinentes ao setor segurador, cabe fazer referência à finalização do Projeto de proposta Lei que estabelece o Regime Jurídico do Seguro Obrigatório de Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais (SOAT), e à sua submissão aos demais interlocutores para apreciação. Esta iniciativa foi ao encontro da inquestionável necessidade de atualização legislativa, mormente perante a modernização do setor segurador cabo-verdiano, ocorrida desde 2010, aliada à profunda alteração da dinâmica das relações laborais e do mercado de trabalho nacional neste período. No âmbido da regulação do Mercado de Valores Mobiliários, foi trabalhado o Projeto de Diploma de Dinamização e Desenvolvimento do Mercado da Dívida Pública, tendo sido concluído e devidamente socializado com os vários intervenientes do mercado, sendo aprovado em maio de 2018 pelo Conselho de Ministros. Adicionalmente, com o objetivo estratégico de proceder à revisão/atualizaçao do ordenamento jurídico vigente, foram desencadeadas, em 2017, algumas ações com vista à harmonização das últimas reformas legais feitas ao Código de Mercado de Valores Mobiliários, ao Regime Jurídico dos Organismos de Investimento Coletivo e outras leis complementares ao eficiente funcionamento do mercado. Foi feito um levantamento de todas as necessidades legislativas e regulamentares, em termos de harmonização das leis publicadas e por publicar. O resultado deste trabalho culminou na colocação em consulta pública e submissão para aprovação do Governo das seguintes propostas: Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

84 Capítulo IV Infraestrutura e Regulação do Sistema Financeiro Lei sobre Intermediação Financeira que vem, essencialmente, propor algumas alterações à Lei n.º 53/V/98, de 11 de maio, que estabelece as condições de acesso e de exercício das atividades de intermediação em valores mobiliários, à Lei n.º 62/VIII/2014, de 23 de abril, que regula as atividades das instituições financeiras (LAIF), promovendo a sintonia com o regime da referida Lei n.º 53/V/98 e ao Decreto-Legislativo, n.º 1/2012, de 27 de janeiro, que aprova o Código do Mercado de Valores Mobiliários; Lei que estabelece o Regime Jurídico de Comunicação de Irregularidades em Instituições Financeiras e Sociedades Cotadas (Whistleblowing), propondo estabelecer o mecanismo de comunicação de irregularidades (whistleblowing), com vista ao fortalecimento do ambiente de cumprimento nas instituições financeiras; Decreto-Lei que estabelece o Regime Jurídico dos Organismos de Investimento em Empreendedorismo Social, pretendendo introduzir um mecanismo de ligação entre o sistema financeiro e o setor social. Trata de matéria prevista no âmbito do regime jurídico dos organismos de investimento coletivo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 15/2005, de 14 de Fevereiro, tal como alterado pelo Decreto-Lei n.º 3/2014, de 16 de Janeiro. Decreto-Lei que estabelece o Regime Jurídico dos Organismos de Investimento Coletivo de Capital Garantido, propondo concretizar e clarificar o regime jurídico dos organismos de investimento coletivo de capital garantido, alterando e aditando, para o efeito, alguns artigos do Decreto-lei n.º 15/2005, de 14 de alterado pelo Decreto-lei n.º 3/2014, de 16 de janeiro. Lei sobre Divulgação de Transações de Dirigentes de Sociedades Cotadas e Listas de Pessoas com Acesso a informação Privilegiada (Insider Trading), pretendendo alcançar a consolidação na vida económica, de regras e hábitos de correção e de ética empresarial sem, no entanto, gerar inibições e desincentivos da capacidade de iniciativa e do pressuposto de confiança dos empresários, os quais revelar-se-iam economicamente adversos. Propõe-se, para o efeito, algumas alterações ao Decreto-Legislativo, n.º 1/2012, de 27 de janeiro, que aprova o Código do Mercado de Valores Mobiliários. No ano de 2017, foram publicados os seguintes diplomas no que concerne à matéria de microfinanças: Decreto-Regulamentar nº 8/2017, de 19 de Dezembro, que aprova e regulamenta o Plano de Contas adaptado às Instituições de Microfinanças de Cabo Verde; Decreto-Lei nº 59/2017, de 15 de Dezembro, o qual estabelece as atribuições, competências e condições de agrupamento das instituições de microfinanças em Uniões e Federações; Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

85 Capítulo IV Infraestrutura e Regulação do Sistema Financeiro Resolução nº 136/2017, de 30 de Novembro, a qual estabelece a Unidade de Promoção para o Desenvolvimento das Microfinanças, designada UPDM, enquanto estrutura de missão, que funciona na dependência do membro do Governo responsável pela área das Finanças; Resolução nº 113/2017, de 13 de Outubro, que cria, em parceria com os bancos comerciais locais, uma linha de crédito com taxas de juros bonificados para o refinanciamento das Instituições de Microfinanças, definindo os procedimentos de acesso e gestão do programa; Lei N.º 12/IX/2017, de 2 de Agosto, a qual procede à alteração da Lei n.º 83/VIII/2015, de 16 de janeiro, que estabelece o regime jurídico da atividade das microfinanças e respetivas instituições. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

86 Capítulo IV Infraestrutura e Regulação do Sistema Financeiro Caixa.4: Sistema de Controlo Interno dos Bancos O reforço do Sistema de Controlo Interno dos Bancos - a nova regulamentação advinda do Aviso nº 4/2017, de 7 de setembro As falhas da governação societária das instituições financeiras foram um dos fatores que mais contribuíram para fragilizar o sistema financeiro internacional no período anterior ao crash global de O desenrolar da crise mundial pôs em destaque a inadequação dos modelos de governo societário em grande parte das instituições financeiras, desde aquelas de dimensão global às de dimensão meramente local ou regional, e mostrou como essa inadequação proporcionara um terreno fértil à proliferação de modelos de negócio e práticas de gestão imprudentes e pouco éticas. Os principais problemas de governação derivaram de falhas do sistema de controlo interno, das limitações de atuação do órgão de administração e do desajustamento de estrutura e montantes da remuneração de dirigentes de bancos. Cabo Verde não poderia ficar alheio às consequências derivadas da crise financeira, assim, a reforma legislativa de 2014, respeitante ao sistema financeiro, que culminou na aprovação e publicação da Lei de Bases do Sistema Financeiro e da Lei das Atividades das Instituições Financeiras, contemplou regras de governação societária mais robustas extensível a todas as instituições financeiras, de modo a aproximarse das mais recentes soluções internacionais testadas, nomeadamente em matéria de (i) controlo interno; (ii) estrutura do governo; (iii) adequação dos membros dos órgãos de administração e fiscalização; (iv) titulares de funções essenciais; (v) política de conflitos de interesses; e (vi) política de remuneração. O artigo 24º da Lei de Bases do Sistema Financeiro reforça a exigência de que as instituições financeiras devem apresentar dispositivos sólidos de governo societário, estrutura organizativa clara, linhas de responsabilidade bem definidas e transparentes, e uma política de remuneração coerente com uma gestão sã e prudente, como uma das conditio sine qua non para que se possa aceder ao sistema financeiro cabo-verdiano. No mesmo sentido, o artigo 29º deste diploma preceitua que as instituições financeiras devem estabelecer um sistema de controlo interno, sob a responsabilidade do órgão de administração, adequado e proporcional às características de cada instituição. Por seu turno, a alínea f) do número 1 do artigo 4º da Lei das Atividades e das Instituições Financeiras estabelece que as instituições financeiras com sede em Cabo Verde devem organizar processos eficazes de identificação, gestão, controlo e comunicação dos riscos a que estão ou possam vir a estar expostas. O recém-aprovado Aviso nº 4/2017, 07 de setembro, veio estabelecer as condições mínimas que o sistema de controlo interno das instituições financeiras deve observar, bem assim, as responsabilidades do órgão de administração neste domínio. Vale referir que as exigências regulamentares sobre o sistema de controlo interno das instituições financeiras bancárias e não bancárias (com exclusão das seguradoras) encontravam-se dispostas no Aviso nº 2/95, de 24 de março, com as alterações introduzidas pelo Aviso nº 5/99, de 3 de maio, ambos revogados pelo novo regulamento. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

87 Capítulo IV Infraestrutura e Regulação do Sistema Financeiro Resulta do preâmbulo do Aviso que foram incorporadas as recomendações emitidas pelo Comité de Supervisão Bancária de Basileia através do "Framework for Internal Control Systems in Banking Organizations". Importa referir o modelo do Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway (COSO), assente na conceção do sistema de governo composto por múltiplas linhas de defesa: (i) as áreas de negócio como primeira linha de defesa; (ii) áreas de gestão de risco, controlo financeiro, controlo de qualidade, segurança e compliance como segunda linha de defesa; (iii) auditoria interna como terceira linha de defesa; (iv) os supervisores e auditores externos seriam a quarta linha de defesa. O sistema de controlo interno é definido pelo Aviso nº 4/2017, 07 de setembro, como conjunto das estratégias, sistemas, processos, políticas e procedimentos definidos pelo órgão de administração, bem como das ações empreendidas por este órgão e pelos restantes colaboradores da instituição, com vista a garantir os objetivos de desempenho, de informação e de cumprimento (compliance) (vide artigo 2º do regulamento). Para que se atinjam os objetivos suprarreferidos, o sistema de controlo interno deve obedecer aos princípios gerais estabelecidos no Aviso, quais sejam: adequação do ambiente de controlo, adequação do sistema de gestão de risco, eficiência do sistema de informação e comunicação e eficiência no processo de monitorização (vide artigo 3º do regulamento). Nos termos do número 1 do artigo 4º do Aviso nº 4/2017, de 07 de setembro, o órgão de administração é responsável pela implementação e manutenção de um sistema de controlo interno adequado e eficaz (supervisão da gestão de risco e a monitorização do governo). Juntamente com a orientação da estratégia corporativa, o conselho de administração é o principal responsável por monitorizar o desempenho de gestão e providenciar um retorno adequado aos acionistas, evitando conflitos de interesse e equilibrando as exigências antagónicas no seio da empresa (Princípios de Governo das Sociedades do G20 e da OCDE 2016, página 51). Para além das responsabilidades gerais do órgão de administração na conceção de um sistema de controlo interno adequado e eficaz, ao longo do Aviso em questão encontram-se elencadas as responsabilidades deste órgão relativamente ao ambiente de controlo, ao sistema de gestão de risco, aos processos de informação e comunicação e ao processo de monitorização. Efetivamente, no Aviso, atribui-se especial enfâse às responsabilidades do órgão de administração relativamente ao funcionamento e controlo do próprio processo de monitorização dos sistemas de controlo interno e gestão de riscos, sendo que àquele compete promover a criação de condições necessárias para a existência de funções de controlo, de gestão de risco e de monitorização (compliance, gestão de riscos e auditoria interna) formal e efetivamente autónomos e independentes, com a autoridade, o estatuto, independência, e o acesso irrestrito a toda a informação necessária para a Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

88 Capítulo IV Infraestrutura e Regulação do Sistema Financeiro prossecução das suas funções e com os meios humanos e técnicos em quantidade e com formação técnica adequadas (vide artigos 9º e seguintes do regulamento). Facto que resulta do número 3 do artigo 35º da Lei das Atividades e das Instituições Financeiras, segundo o qual o conselho de administração é responsável por estabelecer, aplicar e rever as políticas e os procedimentos de atuação do banco, incluindo as políticas de gestão de risco, de auditoria interna e de controlo de cumprimento. O órgão de administração deve ter um conhecimento adequado dos tipos de riscos a que a instituição se encontra exposta e dos processos utilizados para identificar, avaliar, acompanhar e controlar estes riscos, bem como das obrigações legais e dos deveres a que a instituição se encontra sujeita, sendo responsável pelo estabelecimento e manutenção de um sistema de gestão de riscos apropriado e eficaz. Nos termos do número 3 do artigo 29º da Lei de Bases do Sistema Financeiro, os membros do órgão de administração e as pessoas que exercem funções de direção nas instituições financeiras são individual e solidariamente responsáveis pela conformidade dos respetivos sistemas de controlo interno com as normas legais e regulamentares aplicáveis. Ao órgão de fiscalização cabe fiscalizar a eficácia do controlo interno adotado. As funções de controlo interno (controlo de cumprimento, gestão de risco e auditoria interna), por seu turno, desempenham um papel primordial na identificação, avaliação, reporte e acompanhamento dos riscos a que as entidades supervisionadas estão expostas, funcionando, em termos práticos, como um instrumento do órgão de administração para obter uma visão clara e independente sobre as principais fontes destes riscos. Atento ao princípio da proporcionalidade, o Aviso prevê, excecionalmente, que determinadas instituições financeiras, devido à sua dimensão e volume de negócios, possam não cumprir com a obrigatoriedade de independência e de segregação de funções no que diz respeito às funções de cumprimento (compliance) e de gestão de risco (vide artigos 16 e 17 do Aviso nº 4/2017, de 7 de setembro). Considerando as funções do órgão de administração na implementação e manutenção de um sistema de controlo interno adequado e eficaz, na estratégia da instituição e o papel do conselho fiscal na sua fiscalização, resta evidente que o desempenho objetivo e independente dos órgãos de administração e fiscalização das instituições financeiras é a base de uma gestão sã e prudente, bem assim, contribui para o cumprimento dos objetivos do sistema de controlo interno preconizados no Aviso nº 4/2017, de 7 de setembro. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

89 Capítulo V Vulnerabilidades e Riscos para a Estabilidade Financeira

90 Capítulo V Vulnerabilidades e Riscos para a Estabilidade Financeira 5.1. Principais vulnerabilidades do sistema financeiro nacional O sistema financeiro nacional, e em particular bancário, não obstante alguma retoma do crescimento da economia nacional, observado nos dois últimos anos, apresenta, ainda, um leque de vulnerabilidades que podem conduzir à materialização de riscos para a estabilidade financeira. Os níveis de endividamento das sociedades não financeiras, das empresas públicas e dos particulares permanecem elevados. Este facto, conjugado com o elevado stock de créditos em incumprimento, sobretudo concentrado nos setores da construção e das atividades imobiliárias, bem como o volume considerável de bens recebidos em dação em cumprimento, condiciona a rendibilidade das instituições e mantém-se como uma das principais vulnerabilidades do sistema financeiro nacional. Além disso, e apesar dos esforços de melhoria de gestão de riscos nas instituições, identificam-se, ainda, necessidades de introdução de mecanismos e ferramentas eficazes de controlo interno e de aprimoramento substancial da capacidade de gestão de riscos. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

91 Capítulo V Vulnerabilidades e Riscos para a Estabilidade Financeira Caixa.5: Bens recebidos em dação possíveis soluções O artigo 54.º da Lei das Atividades e das Instituições Financeiras (LAIF), Lei n.º 62/VIII/2014, de 23 de abril, estipula que as instituições de crédito não podem, salvo autorização concedida pelo Banco de Cabo Verde, adquirir imóveis que não sejam indispensáveis à sua instalação e funcionamento ou à prossecução do seu objeto social. No entanto, inerente à atividade creditícia dos bancos, uma das vias de resolução do crédito vencido (sigla em inglês NPL Non Performing Loan), por parte dos bancos, passa por receberem/adquirirem ativos que serviram de colateral ao crédito concedido. Esses ativos, segundo o artigo 56º da LAIF devem ser regularizados no prazo de dois anos, o qual, havendo motivo fundado, pode ser prorrogado pelo Banco de Cabo Verde, nas condições que este determinar. Como consequências da crise financeira internacional assisitiu-se ao aumento do NPL e ao aumento da carteira de bens recebidos em dação no balanço dos bancos. Evolução do stock de bens em dação Millhões de escudos dez/14 dez/15 dez/16 Stock de bens em dação (líquido) dez/17 Millhões de escudos Os dados disponíveis sobre o volume de alienações, para os últimos três anos, mostram que, em média, os bancos alienaram apenas 144 milhões de escudos, o que comprova a fraca dinâmica e liquidez do mercado imobiliário nacional. Tal não tem permitido às instituições desfazerem-se desses bens num ritmo que seria desejável e cumprindo com o requisito prudencial e legal de não permanência dos bens no balanço num período superior a dois anos. Neste contexto, o Banco de Cabo Verde, através do Aviso n.º 7/2015, de 24 de dezembro, entendeu, devido à condição excecional do mercado, relativamente aos imóveis adquiridos em recuperação de crédito próprio, no período entre 2013 e 2016, prorrogar o prazo de alienação de dois para cinco anos, verificados determinados condicionalismos. Em finais de 2017, o stock, líquido das imparidades, de bens recebidos em dação situa-se em 5 mil milhões de escudos e representa 2,4 por cento do total do ativo do sistema bancário. Correspondem na maioria a imóveis, dos quais 59,5 por cento são terrenos. De salientar que cerca de 71,5 por cento do total de terrenos recebidos possuem Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

92 Capítulo V Vulnerabilidades e Riscos para a Estabilidade Financeira um valor de arrematação acima dos 100 milhões de escudos, sendo ativos cuja probabilidade de alienação é mais reduzida num mercado imobiliário com as limitações inerentes. Uma opção tem sido a infraestruturação e o loteamento de forma a possibilitar a alienação. Distribuição do stock de bens em dação de 2017 por tipologia Importa referir que os créditos em contencioso judicial 37 dos quatro maiores bancos do mercado atingiram os 8,5 mil milhões de escudos em 2017, valor correspondente a, sensivelmente, 7,6 por cento do total de crédito do sistema bancário do ano Se considerarmos que o desfecho da maior parte dos processos poderá culminar na resolução através de ativos, o stock dos bens em dação, eventualmente aumentará. Assim, torna-se urgente a procura de soluções de forma a mitigar os impactos da materialização deste risco para a estabilidade do Sistema Financeiro. Os bancos, caso não conseguirem alienar esses ativos, iniciam já em 2018 a dedução do respetivo valor aos fundos próprios, com impactos a nível do rácio de solvabilidade. Que soluções e respetivos impactos das seguintes alternativas: Cenário 1- Permanência dos ativos no balanço dos bancos, com dedução aos fundos próprios e impactos negativos nos indicadores prudenciais, nomeadamente rácio de solvabilidade Considerando que cerca de 50 por cento do volume dos bens foi recebido em 2015, cuja dedução nos fundos próprios, em caso de impossibilidade de alienação, inicia em 2020, os resultados da análise do Cenário 1, demonstram que: Um banco de média dimensão teria o seu rácio de solvabilidade, em 2019, abaixo do mínimo regulamentar de 12 por cento; Dois dos bancos do sistema bancário nacional (um banco sistémico e um de média dimensão) teriam o seu 37 O estudo intitulado "Cabo Verde: Strategy for Increasing Access to Finance for Micro, Small and Medium Enterprises" datado de fevereiro de 2015 aponta como um dos constrangimentos identificado pelos bancos, a necessidade de um adequado e eficiente sistema judicial capaz de resolver atempadamente os processos de crédito em contencioso. Banco de Cabo Verde Relatório de Estabilidade Financeira

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